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Academic year: 2017

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Modelo regulat ´orio do setor el ´etrico no

Brasil e sua repercuss ˜ao jur´ıdica nos

contratos de concess ˜ao de transmiss ˜ao

de energia el ´etrica.

Dissertac¸ ˜ao apresentada `a Escola

Polit ´ecnica da Universidade de S ˜ao

Paulo para obtenc¸ ˜ao do T´ıtulo de

Mestre em Engenharia El ´etrica.

(2)

Modelo regulat ´orio do setor el ´etrico no

Brasil e sua repercuss ˜ao jur´ıdica nos

contratos de concess ˜ao de transmiss ˜ao

de energia el ´etrica.

Dissertac¸ ˜ao apresentada `a Escola

Polit ´ecnica da Universidade de S ˜ao

Paulo para obtenc¸ ˜ao do T´ıtulo de

Mestre em Engenharia El ´etrica.

´

Area de concentrac¸ ˜ao: Sistemas de Pot ˆencia

Orientador:

Prof. Dr. Luiz Cl ´audio Ribeiro

Galv ˜ao

(3)

Garc´ıa Hern ´andez, Claudia Lorena

Modelo regulat ´orio do setor el ´etrico no Brasil e sua repercuss ˜ao jur´ıdica nos contratos de concess ˜ao de transmiss ˜ao de energia el ´etrica.. S ˜ao Paulo, 2010. 96 p.

Dissertac¸ ˜ao (Mestrado) — Escola Polit ´ecnica da Universidade de S ˜ao Paulo. Departamento de Engenharia El ´etrica.

(4)
(5)

Agradec¸o `a CNPq pelo apoio econ ˆomico.

A meu orientador Luiz Cl ´audio Galv ˜ao, por se incentivo constante, ao

professor Carlos M ´arcio Tahan pelas valiosas contribuic¸ ˜oes ao meu trabalho.

A meu marido Mario pela forc¸a e solidariedade com a que o caminho se

torna mais leve e as metas mais pr ´oximas.

A minha fam´ılia especialmente a minha irm ˜a Ana Maria pelos conselhos

para a pesquisa.

A Dairo Mesa Grajales, Olga Lucia Pela ´ez e Juan Jos ´e Mesa, pela sua

generosidade e por permitirmos fazer parte da sua fam´ılia.

Os meus amigos Adriana G ´omez por seus coment ´arios oportunos e

francos, Enrique Franco pela sua boa disposic¸ ˜ao para me ajudar, Nathalia

Ervedosa pela sinceridade e honra de ter-lha entre os meus amigos, a Gustavo

Pati ˜no por me mostrar o caminho, Julieta Andrea Puerto Rico, Pascoal

Rigolin, A Crisleine Yamaji, Sofia Ruiz, Josemar Oliveira, Ana Maria Franco,

Paula e Alexander Faria, Jhon Jairo Coronado, ao Professor Helio e Marlene

Goldenstein.

Ao pessoal da ´area financeira da Cteep: Francisco Mazano, Andrea

Damico de Sampaio e Roberta Vaz de Marque, Adolfo Agnelo de Rezende,

(6)
(7)
(8)

Lista de Figuras

Lista de Tabelas

Lista de Abreviaturas

1 Introduc¸ ˜ao 15

2 Metodologia 18

3 O Contrato de Concess ˜ao de Servic¸o P ´ublico de Transmiss ˜ao de

Energia El ´etrica 21

3.1 Introduc¸ ˜ao . . . 21

3.2 O Conceito de Servic¸o P ´ublico Aplicado `a Transmiss ˜ao de Energia 22

3.3 An ´alise cr´ıtica da pol´ıtica regulat ´oria de transmiss ˜ao de energia

el ´etrica . . . 24

3.3.1 Transmiss ˜ao de energia el ´etrica . . . 25

3.3.2 Regulac¸ ˜ao da Atividade Econ ˆomica da Transmiss ˜ao de

Energia El ´etrica . . . 28

3.4 O contrato de concess ˜ao de servic¸o p ´ublico . . . 33

3.5 Contrato de concess ˜ao no setor el ´etrico . . . 35

3.6 Dirigismo contratual da concess ˜ao de transmiss ˜ao de energia

el ´etrica . . . 38

3.7 Conclus ˜oes . . . 41

4 Aspectos Econ ˆomicos do Contrato de Concess ˜ao de Transmiss ˜ao

(9)

4.2 Equil´ıbrio econ ˆomico financeiro dos contratos de concess ˜ao de

transmiss ˜ao . . . 45

4.3 Estruturac¸ ˜ao da Receita . . . 48

4.4 Componentes da Receita . . . 53

4.5 Revis ˜ao Tarif ´aria – RBNI . . . 55

4.6 Primeiro Ciclo de Revis ˜ao Tarif ´aria . . . 57

4.7 Segundo Ciclo de Revis ˜ao Tarif ´aria . . . 58

4.8 Reajuste Anual –RBSE . . . 61

4.9 Audi ˆencia P ´ublica . . . 62

4.10 Pertin ˆencia das modificac¸ ˜oes de pol´ıticas regulat ´orias e sua repercuss ˜ao no equil´ıbrio econ ˆomico financeiro do contrato de transmiss ˜ao . . . 64

4.11 Conclus ˜oes . . . 66

5 Futuro da Concess ˜ao de Transmiss ˜ao no Brasil: Prorrogac¸ ˜ao vs. Licitac¸ ˜ao 68 5.1 Introduc¸ ˜ao . . . 68

5.1.1 Contexto hist ´orico do contrato de concess ˜ao de transmiss ˜ao . . . 71

5.1.2 Prorrogac¸ ˜ao dos Contratos de Concess ˜ao de Transmiss ˜ao de Energia El ´etrica . . . 72

5.1.3 Normas da Prorrogac¸ ˜ao dos Contratos de Concess ˜ao de Transmiss ˜ao . . . 75

5.1.4 Pol´ıticas regulat ´orias que afetam a prorrogac¸ ˜ao . . . 78

5.1.5 Renovac¸ ˜ao dos Contratos de Concess ˜ao de Transmiss ˜ao de Energia El ´etrica . . . 79

5.1.6 A Licitac¸ ˜ao dos Novos Contratos de Concess ˜ao da Transmiss ˜ao . . . 80

5.2 Revers ˜ao de Ativos . . . 84

(10)

6.1 Conclus ˜ao Geral . . . 89

6.2 Trabalhos Futuros . . . 92

Refer ˆencias 93

Anexo 1: Resoluc¸ ˜oes 95

.1 Resoluc¸ ˜oes da Primeira Revis ˜ao Tarif ´aria das Transmissoras . . 95

.2 Resoluc¸ ˜oes da Segunda Revis ˜ao Tarif ´aria Peri ´odica das

(11)
(12)

4.1 Estruturas ´Otimas de Capital das Revis ˜oes Tarif ´arias Peri ´odicas

de Transmiss ˜ao de Energia. . . 51

4.2 Reajustes do primeiro ciclo de revis ˜oes tarif ´arias peri ´odicas das

transmissoras. . . 59

5.1 Empresas de Transmiss ˜ao de Energia El ´etrica com contrato

proveniente do ato administrativo No. 185 de 2001 do Minist ´erio

(13)

ABCE Associac¸ ˜ao Brasileira de Concession ´arias de Energia El ´etrica

ABRATE Associac¸ ˜ao Brasileira das Grandes Empresas de Transmiss ˜ao de Energia El ´etrica

ANEEL Agencia Nacional de Energia El ´etrica

CCI Contrato de compartilhamento de instalac¸ ˜oes

CCT Contrato de conex ˜ao ao sistema de transmiss ˜ao

CNPE Conselho Nacional de Pol´ıtica Energ ´etica

CNPE Conselho Nacional de Pol´ıtica Energ ´etica

COLS M´ınimos Quadrados Ordin ´arios Corridos

CPST Contrato de prestac¸ ˜ao de servic¸os de transmiss ˜ao

CRFB Constituic¸ ˜ao da Rep ´ublica Federal do Brasil

CRFB Constituic¸ ˜ao da Republica Federativa do Brasil

CUST Contrato de uso do sistema de transmiss ˜ao

DEA Data Envelopment Analysisa

DEC Durac¸ ˜ao equivalente de interrupc¸ ˜ao por consumidor

DIT Demais Instalac¸ ˜oes de Transmiss ˜ao

EPE Empresa de Pesquisa Energ ´etica

FEC Frequ ˆencia equivalente de interrupc¸ ˜ao por consumidor

IFRS International Financial Reporting Standard

IGPM ´Indice Geral de Prec¸os de Mercado

LT L´ınea de Transmiss ˜ao

(14)

PA Parcela de Ajuste

RAP Receita Anual Permitida

RBNI Rede B ´asica Novas Instalac¸ ˜oes

RBSE Rede B ´asica Ativos Existentes

RGR Reserva Global de Revers ˜ao

SEB Setor El ´etrico Brasileiro

SFA An ´alise de Fronteira Estoc ´astica

SIN Sistema Interligado Nacional

(15)

1

Introduc¸ ˜ao

A transmiss ˜ao de energia el ´etrica no Brasil tem atravessado v ´arias

transformac¸ ˜oes desde meados dos anos noventa, por ocasi ˜ao das mudanc¸as

do modelo regulat ´orio do setor el ´etrico, materializado a partir de 1995 com a

expedic¸ ˜ao da lei 9.074. Fruto desse processo, a transmiss ˜ao, como atividade

econ ˆomica, tem adquirido maior autonomia tanto econ ˆomica quanto jur´ıdica,

j ´a que se considera vi ´avel de forma aut ˆonoma, ainda que desatrelada de

outras atividades da cadeia produtiva de energia el ´etrica - como a gerac¸ ˜ao ou

a distribuic¸ ˜ao, `as quais tradicionalmente se vinculava para fins pr ´aticos antes

da desverticalizac¸ ˜ao do setor el ´etrico.

Dentro da proposta do novo modelo do setor el ´etrico, adquiriu consist ˆencia

a autonomia de cada atividade do ciclo produtivo de energia el ´etrica, uma vez

que se passou a admitir o contrato de concess ˜ao do servic¸o sob a titularidade

de uma pessoa jur´ıdica encarregada exclusivamente da prestac¸ ˜ao de servic¸o

p ´ublico de transmiss ˜ao.

Uma consequ ˆencia econ ˆomica desta autonomia jur´ıdica ´e a atribuic¸ ˜ao

de receita pr ´opria `a transmiss ˜ao, independentemente daquela gerada pela

atividade de produc¸ ˜ao de energia. Essa independ ˆencia de receitas decorre

da promulgac¸ ˜ao da resoluc¸ ˜ao normativa No. 167 de 2000 da ANEEL, a qual,

por sua vez, ´e fundamento da figura jur´ıdica da preservac¸ ˜ao do equil´ıbrio

econ ˆomico e financeiro do contrato.

Os temas que comp ˜oem o estudo da regulac¸ ˜ao da atividade de

transmiss ˜ao de energia no Brasil s ˜ao melhor compreendidos quando

observados desde a perspectiva do crit ´erio do interesse p ´ublico, uma vez que

estamos na presenc¸a de uma atividade que envolve a prestac¸ ˜ao de um servic¸o

p ´ublico. Sendo assim, o conceito de interesse p ´ublico adquire relev ˆancia no

momento de abordar os temas que comprometem seu desempenho, por ser

ela uma atividade que satisfaz necessidades b ´asicas da sociedade e requer

(16)

´

E assim que, tendo em conta o crit ´erio do interesse p ´ublico, torna-se

poss´ıvel adotar decis ˜oes coerentes e convenientes para cada atividade do

setor energ ´etico, tanto desde o enfoque jur´ıdico quanto econ ˆomico, eis que

a partir da ´otica do interesse p ´ublico, a compreens ˜ao das vicissitudes que

se apresentam durante a elaborac¸ ˜ao das pol´ıticas p ´ublicas e regulat ´orias,

tornam-se mais facilmente observ ´aveis.

No caminho da consolidac¸ ˜ao da atividade de transmiss ˜ao dentro do

setor energ ´etico, que deve pautar-se pela prestac¸ ˜ao do servic¸o p ´ublico com

qualidade, ´e importante identificar e abordar os aspectos mais relevantes que

afetam a transmiss ˜ao como atividade econ ˆomica. Para tal fim, ´e indispens ´avel

levantar as quest ˜oes de pol´ıtica regulat ´oria que tem o potencial de influenciar

o desenvolvimento da atividade econ ˆomica objeto de an ´alise.

Para tal efeito o trabalho se divide em quatro cap´ıtulos al ´em deste

introdut ´orio. O escopo consiste em percorrer dois dos assuntos que maior

pol ˆemica t ˆem gerado para o setor el ´etrico desde o ponto de vista regulat ´orio,

quais sejam: a hip ´otese de prorrogac¸ ˜ao ou renovac¸ ˜ao dos contratos de

concess ˜ao e os procedimentos de revis ˜oes tarif ´arias peri ´odicas. Portanto,

a an ´alise se centra nestas duas situac¸ ˜oes que atualmente geram grande

impacto para a atividade de transmiss ˜ao, por serem elas quest ˜oes estruturais

do contrato de concess ˜ao por meio dos quais se consolida a pol´ıtica

regulat ´oria sobre essa atividade.

No cap´ıtulo dois, ser ˜ao discutidos os aspectos dogm ´aticos do contrato de

concess ˜ao de servic¸o p ´ublico e sua import ˆancia para desenvolver atividades

estruturais da economia. Ainda nesse cap´ıtulo, destacar-se- ˜ao as suas

caracter´ısticas essenciais e as peculiaridades da atividade de transmiss ˜ao,

tendo como fio condutor o interesse p ´ublico que lhe ´e inerente. Neste sentido,

desenvolver-se- ´a a noc¸ ˜ao de contrato de concess ˜ao como instrumento

formador de pol´ıticas p ´ublicas, perfeitamente adapt ´aveis `as necessidades da

prestac¸ ˜ao do servic¸o p ´ublico de transmiss ˜ao.

O cap´ıtulo terceiro ´e dedicado `a an ´alise das cl ´ausulas econ ˆomicas do

contrato de concess ˜ao `a luz do princ´ıpio do equil´ıbrio econ ˆomico e financeiro

dos neg ´ocios jur´ıdicos com foco na transmiss ˜ao. Para tanto se ter ´a como

ponto de partida a pol´ıtica de regulac¸ ˜ao econ ˆomica adotada para o setor

el ´etrico, e os princ´ıpios pelos quais se rege. Outrossim, far-se- ´a menc¸ ˜ao

`a l ´ogica dos procedimentos que fazem efetivas as cl ´ausulas econ ˆomicas,

(17)

peri ´odicas e aos reajustes aplicados `as receitas das concession ´arias

efetuados pelo ´org ˜ao regulador.

No quarto cap´ıtulo, revisar-se- ˜ao as alternativas jur´ıdicas com as quais

conta o poder concedente para solucionar o tema de prorrogac¸ ˜ao dos

contratos de concess ˜ao de transmiss ˜ao de energia, cujo termo de vig ˆencia

expira em 2015. Para tanto, percorrer-se- ´a pelas diferentes correntes

doutrin ´arias que abordam o assunto. Neste t ´opico, expor-se- ˜ao as

hip ´oteses que desde a t ´ecnica jur´ıdica apresentem maior favorabilidade ao

desenvolvimento do setor energ ´etico, sendo certo que complexo assunto

envolve aspectos regulat ´orios, econ ˆomicos e pol´ıticos.

O tema desta pesquisa ´e bastante atual, pois, a despeito de sobre ele

haver hip ´oteses formuladas, o assunto ainda ´e cercado de grande incerteza

no que tange `a postura a ser adotada pelo governo em sua pol´ıtica de

agora em diante. Prova da atualidade aduzida ´e a apresentac¸ ˜ao de dois

projetos de lei destinados a validar a prorrogac¸ ˜ao em an ´alise, um deles

destinado de forma exclusiva `a atividade de gerac¸ ˜ao e outro, com enfoque

mais abrangente, destinado a contemplar a possibilidade de prorrogac¸ ˜ao para

todas as atividades que integram o setor de energia el ´etrica.

De fato, urge que o poder concedente do servic¸o p ´ublico de transmiss ˜ao

esclarec¸a se ter ´a interesse na prorrogac¸ ˜ao dos contratos de concess ˜ao ou se

a postura ser ´a de abertura de processo licitat ´orio, uma vez que a obscuridade

das regras atinentes `a atividade em aprec¸o, apontam para preju´ızos a serem

arcados por toda a sociedade.

O estudo aqui proposto ser ´a iniciado pelo enfoque das cl ´ausulas do

contrato que cogitam a possibilidade de prorrogac¸ ˜ao e o arcabouc¸o jur´ıdico

que suportava tais cl ´ausulas no momento do aperfeic¸oamento do referido

contrato, para, por fim, tecer-se considerac¸ ˜oes assinalando as possibilidades

que oferece, em termos de efici ˆencia e qualidade, o modelo regulat ´orio do

(18)

2

Metodologia

´

E interessante abordar um tema de estudo que encerre a regulac¸ ˜ao de

um importante setor como ´e o caso do el ´etrico e particularmente da

atividade de transmiss ˜ao de energia, eis que este det ´em tanto impacto na

economia nacional, especialmente pelo fato de concentrar, em si mesmo,

uma necessidade s ´ocio-econ ˆomica que conta com o trac¸o carater´ıstico da sua

essencialidade para o conglomerado social, raz ˜ao pela qual deve ser objeto

de gest ˜ao pelo Estado.

Sendo assim, o Estado encerra o poder-dever de criar as condic¸ ˜oes a

partir das ferramentas jur´ıdicas e pol´ıticas para a prestac¸ ˜ao do servic¸o p ´ublico,

seja este prestado direta ou indiretamente. Com efeito, esse poder-dever est ´a

fulcrado na satisfac¸ ˜ao de garantias fundamentais, que s ˜ao de modo gen ´erico

reconhecidas na Constituic¸ ˜ao Pol´ıtica, e logo particularmente detalhadas na

lei e nas resoluc¸ ˜oes.

Para isso ´e indispens ´avel percorrer o sistema normativo que afeta

diretamente a atividade de transmiss ˜ao, o qual se assenta principalmente

sobre a disciplina jur´ıdica das pol´ıticas p ´ublicas, dos servic¸os p ´ublicos,

dos deveres de garantias fundamentais, do contrato de concess ˜ao e das

resoluc¸ ˜oes normativas emitidas pela Aneel. N ˜ao ´e demasiado aferir

que o sistema normativo tem impacto imediato na relac¸ ˜ao negocial e no

desempenho do servic¸o p ´ublico.

Evidentemente para o estudo destes temas ´e indispens ´avel considerar

como pano de fundo os aspectos dogm ´aticos do contrato de concess ˜ao e sua

adequac¸ ˜ao no marco de uma atividade que pelo seu interesse p ´ublico deve

submeter-se `a regulac¸ ˜ao econ ˆomica. Assim, para dar sustento `a an ´alise, a

observ ˆancia das resoluc¸ ˜oes normativas constitui uma ferramenta vital.

Para a an ´alise integral da problem ´atica da transmiss ˜ao de energia ´e

importante conferir os cont´ınuos pronunciamentos dos agentes econ ˆomicos

(19)

pela sociedade acad ˆemica. Ciente de tal import ˆancia, para a realizac¸ ˜ao

deste estudo far-se- ´a acompanhamento dos pronunciamentos nos meios

de comunicac¸ ˜ao do governo, da ag ˆencia reguladora, e das agremiac¸ ˜oes

das transmissoras de energia el ´etrica, n ˜ao se esquivando de verificar as

contribuic¸ ˜oes e resultados das audi ˆencias p ´ublicas e outros eventos e f ´oruns

onde se debatem os temas nomeados.

O tema de estudo compreende tr ˆes perspectivas:

- Institucional: a partir da an ´alise da Ag ˆencia Reguladora de Energia

El ´etrica Aneel, o fato de pertencer `a administrac¸ ˜ao indireta e ter que acolher

na sua atuac¸ ˜ao os princ´ıpios regulat ´orios pr ´oprios do modelo de gest ˜ao de

uma atividade de interesse p ´ublico. O que leva `a sua consequente an ´alise

da pertin ˆencia e idoneidade das diretrizes que emitem dentro do processo

regulat ´orio.

- Jur´ıdica: tendo em conta a import ˆancia e a evoluc¸ ˜ao dentro da

tradic¸ ˜ao legislativa que h ´a tido o contrato de concess ˜ao de servic¸o p ´ublico

e sua harmonizac¸ ˜ao com a atividade de transmiss ˜ao. Assim, com base na

estruturac¸ ˜ao do contrato de concess ˜ao do servic¸o p ´ublico de transmiss ˜ao

de energia efetuar-se- ´a a an ´alise das cl ´ausulas referentes `a prorrogac¸ ˜ao do

contrato e as garantias reservadas `a preservac¸ ˜ao do equil´ıbrio econ ˆomico e

financeiro.

- Econ ˆomica: o impacto econ ˆomico das decis ˜oes adotadas em mat ´eria

de regulac¸ ˜ao econ ˆomica pela ag ˆencia reguladora de energia el ´etrica Aneel,

fruto da selec¸ ˜ao dos princ´ıpios econ ˆomicos que devem estar presentes

numa atividade desenvolvida por particulares em regime de monop ´olio

natural. Igualmente, observa-se como as tomadas de decis ˜oes das

ag ˆencias nas metodologias adotadas para as revis ˜oes tarif ´arias influenciam o

desenvolvimento do contrato de concess ˜ao e os fundamentos te ´oricos dessas

decis ˜oes de regulac¸ ˜ao econ ˆomica.

Ent ˜ao, resulta conveniente acudir ao m ´etodo de investigac¸ ˜ao sistem ´atico,

j ´a que na pr ´axis jur´ıdica, ´e o mais indicado para efetuar a an ´alise em conjunto

da normatividade que surge em torno a um tema e a sua articulac¸ ˜ao pr ´atica.

Especialmente por que permite efetuar uma an ´alise hol´ıstica dos dados que

apresentam maior complexidade, a partir do aprofundamento nos motivos

conjunturais que originam os vazios jur´ıdicos e t ´ecnicos nas decis ˜oes do ´org ˜ao

(20)

Portanto, o debate interpretativo, ser ´a alimentado pela consolidac¸ ˜ao

da normatividade que resultar na mat ´eria. De tal forma que paralelo `a

utilizac¸ ˜ao do m ´etodo de interpretac¸ ˜ao sistem ´atico do ordenamento jur´ıdico e

sua articulac¸ ˜ao com as disposic¸ ˜oes que comprometam a atividade do setor

el ´etrico, ser ´a acompanhado de uma an ´alise hist ´orica.

Vislumbram-se, dentro do modelo regulat ´orio, uma s ´erie de imprecis ˜oes

nas suas pol´ıticas que podem chegar a comprometer o cabal desenvolvimento

do setor de transmiss ˜ao e ao mesmo tempo o setor energ ´etico em

geral, encontrando uma fonte de inseguranc¸a jur´ıdica que n ˜ao deve

estar presente nas construc¸ ˜oes dogm ´aticas das pol´ıticas p ´ublicas do

nomeado setor da economia. Isso porque o ordenamento jur´ıdico em

ocasi ˜oes s ´o tem previsto uma s ´erie de respostas abstratas, deixando uma

ampla margem de interpretac¸ ˜ao, emboras as compet ˆencias devessem ser

claramente determinadas. Nesta perspetiva, resulta conveniente perceber as

contribuic¸ ˜oes te ´oricas do servic¸o p ´ublico e sua articulac¸ ˜ao nos contratos de

concess ˜oes.

Finalmente, para identificar e dilucidar as imprecis ˜oes presentes no

arcabouc¸o regulat ´orio, conta-se com a contribuic¸ ˜ao do interesse p ´ublico como

princ´ıpio axiol ´ogico que norteia o sentido da consolidac¸ ˜ao das vari ´aveis que

comprometem a vida da atividade de transmiss ˜ao de energia el ´etrica. O que

compreende um processo que, al ´em de descritivo, pretende desentranhar a

efic ´acia na escolha dos princ´ıpios que regem a transmiss ˜ao de energia e sua

(21)

3

O Contrato de Concess ˜ao de

Servic¸o P ´ublico de

Transmiss ˜ao de Energia

El ´etrica

3.1

Introduc¸ ˜ao

Neste cap´ıtulo ´e analisado o contrato de concess ˜ao de servic¸os p ´ublicos,

sua natureza, suas peculiaridades e sua import ˆancia para o desenvolvimento

de atividades econ ˆomicas por parte de agentes do setor privado, sob a

observ ˆancia do Estado. Enfatizar-se- ´a ainda o servic¸o p ´ublico de transmiss ˜ao

de energia el ´etrica, destacando que algumas atividades n ˜ao necessariamente

t ˆem que ser assumidas diretamente pelo Estado, embora seja necess ´aria a

sua intervenc¸ ˜ao e seu controle em raz ˜ao do interesse p ´ublico que envolve.

Os temas analisados combinam o conceito de servic¸os p ´ublicos, aplicado

de forma espec´ıfica ao setor de energia el ´etrica, com as concess ˜oes

administrativas nas quais se viabilizam tal servic¸o. Concess ˜oes por meio

das quais se faz gest ˜ao dos servic¸os e dos bens p ´ublicos que se encontram

afetados a esses servic¸os.

Conv ´em salientar que se revisar ´a a revers ˜ao dos ativos que est ˜ao

diretamente relacionados `a prestac¸ ˜ao do servic¸o concedido e os crit ´erios que

t ˆem que ser levados em conta para garantir que o processo de revers ˜ao seja

equitativo para as partes.

Vislumbrar-se- ˜ao as peculiaridades do contrato de concess ˜ao com relac¸ ˜ao

`a atividade de transmiss ˜ao de energia el ´etrica, e as relac¸ ˜oes jur´ıdicas estabelecidas com outros agentes econ ˆomicos em decorr ˆencia da assinatura

do contrato original. Todos esses t ´opicos devem ser abordados segundo a

(22)

regime jur´ıdico contratual apropriado para sua prestac¸ ˜ao.

3.2

O Conceito de Servic¸o P ´ublico Aplicado `a

Transmiss ˜ao de Energia

Ao longo da hist ´oria, a normatividade sobre o tema Servic¸o P ´ublico apresenta

grande variedade de conceitos dependendo do contexto s ´ocio-econ ˆomico e da

qualidade de vida pretendida pela coletividade. A natureza do servic¸o p ´ublico

´e de dif´ıcil avaliac¸ ˜ao jur´ıdica, porque envolve muitas condic¸ ˜oes que est ˜ao

relacionadas com um determinado momento hist ´orico. Ser ˜ao ditos servic¸os

p ´ublicos aqueles que atendam `as necessidades essenciais do ser humano.

Portanto, o certo ´e que o conceito ´e din ˆamico, o que o leva a uma cont´ınua

evoluc¸ ˜ao de acordo com as premissas sociais e culturais em um determinado

tempo. J ´a no sentido econ ˆomico pode-se dizer que servic¸o p ´ublico ´e uma

esp ´ecie do g ˆenero atividade econ ˆomica (GRAU, 2007). Al ´em de todas as posturas doutrin ´arias ´e imperioso referir-se ao texto constitucional no que

tange `a delimitac¸ ˜ao dos princ´ıpios que regem as atividades econ ˆomicas. No

artigo 175 da CRFB de 1988, claramente, determina-se que os servic¸os

p ´ublicos est ˜ao no ˆambito de compet ˆencia do Poder P ´ublico.

Os princ´ıpios que informam a prestac¸ ˜ao do servic¸o p ´ublico `a luz da CRFB

s ˜ao: universalidade, modicidade das tarifas, qualidade e continuidade do

servic¸o. Todos estes princ´ıpios pertencem `a doutrina do direito p ´ublico e ´e

segundo a l ´ogica do direito p ´ublico que devem ser aplicados `as circunst ˆancias

espec´ıficas que se debatem no momento de elaborar as leis que afetam de

forma direta ou indireta sua prestac¸ ˜ao.

Na doutrina brasileira BANDEIRA DE MELLO, define servic¸o p ´ublico

como “toda atividade de oferecimento de utilidade ou comodidade material

destinada `a satisfac¸ ˜ao da coletividade em geral, mas fru´ıvel singularmente

pelos administrados”(BANDEIRA, 2008) .

Verificar que a energia el ´etrica ´e o t´ıpico exemplo de servic¸o p ´ublico resulta

f ´acil num contexto de verticalizac¸ ˜ao do neg ´ocio das atividades que a integram,

como gerac¸ ˜ao, transmiss ˜ao, distribuic¸ ˜ao e comercializac¸ ˜ao. N ˜ao obstante,

´e cab´ıvel perguntar se, sob a definic¸ ˜ao dada por BANDEIRA DE MELLO, a transmiss ˜ao, particularmente considerada, no modelo desverticalizado,

(23)

funcionalidade dentro do setor el ´etrico. Entendendo ali ´as as peculiaridades

que decorrem de nexo causal estabelecido entre a gerac¸ ˜ao e a distribuic¸ ˜ao,

relacionando-o `a impossibilidade de ser prestada a transmiss ˜ao sen ˜ao em

func¸ ˜ao da pr ´opria cadeia produtiva de energia el ´etrica.

A atividade de transmiss ˜ao, na verdade, compreende um condom´ınio de

uso de bens que integram o sistema interligado nacional. Por ´em,

deve-se dizer que essa atividade n ˜ao ´e fru´ıvel singularmente pelos usu ´arios de

maneira direta. Para caracterizar a prestac¸ ˜ao desse servic¸o como de natureza

p ´ublica ´e conveniente reconhec ˆe-la como etapa fundamental para a chegada

da energia ao consumidor final, eis que o ciclo de energia ´e composto de

diferentes atividades, todas elas s ˜ao indispens ´aveis para permitir a fruic¸ ˜ao

singular. ´E, portanto, fundamental para a prestac¸ ˜ao do servic¸o a transmiss ˜ao,

a qual deve ser entendida dentro do conjunto, como parte de um sistema com

diversos componentes.

Nesta ordem de id ´eias, se a transmiss ˜ao ´e entendida como uma atividade

complementar dentro do ciclo de energia el ´etrica, emerge com clareza solar

que esta faz parte do servic¸o p ´ublico a ser prestado, j ´a que permite a chegada

da energia ao consumidor final singular.

Para caracterizar-se uma atividade como sendo um servic¸o p ´ublico ´e

necess ´ario o preenchimento de tr ˆes requisitos: um material, um subjetivo e

um formal.

a) Material ou objetivo: a transmiss ˜ao integra a cadeia de produc¸ ˜ao de

energia el ´etrica, sem ela ´e imposs´ıvel concluir o servic¸o para que o usu ´ario

final satisfac¸a as suas necessidades.

b) Subjetiva: esta atividade desenvolve-se por meio de um concession ´ario

que atua em qualidade por delegac¸ ˜ao da Uni ˜ao.

c) Formal: A atividade, em todas suas inst ˆancias, ´e regulada pelo direito

administrativo, os bens afetados ao servic¸o consideram-se p ´ublicos e o

contrato de concess ˜ao, como marco das obrigac¸ ˜oes e direitos do prestador

do servic¸o, edificados em torno dos princ´ıpios e regras do direito p ´ublico.

A ess ˆencia da noc¸ ˜ao do servic¸o p ´ublico encontra-se em seu elemento

material ou objetivo, a transmiss ˜ao submete-se aos princ´ıpios que fazem

com que uma atividade seja considerada servic¸o p ´ublico. Devendo, por

conseguinte, atender `a continuidade do servic¸o para o qual, no caso

(24)

na prestac¸ ˜ao do servic¸o, sendo todo objeto de fiscalizac¸ ˜ao pelo Operador

Nacional do Sistema - ONS.

A noc¸ ˜ao de servic¸o p ´ublico foi desenvolvida por DUGUIT, que criou a

escola de servic¸o p ´ublico partindo na sua primeira fase do seu conceito em

sentido material (DUGUIT, 1923). O servic¸o p ´ublico associa-se a um crit ´erio de coes ˜ao social, mas tamb ´em ´e preciso levar em considerac¸ ˜ao sua estruturac¸ ˜ao

formal dentro do contexto do Estado Moderno inscrevendo-se dentro do Direito

Administrativo.

O contexto social no qual ser ´a desenvolvido o servic¸o p ´ublico ´e

fundamental para instrumentalizar os mecanismos necess ´arios `a efetivac¸ ˜ao

da sua prestac¸ ˜ao. Delimitar essas quest ˜oes ´e um assunto de pol´ıtica p ´ublica,

que motiva a preservac¸ ˜ao dos princ´ıpios econ ˆomicos, levando `a aplicac¸ ˜ao

pr ´atica das leis e `a celebrac¸ ˜ao de contratos de concess ˜ao de servic¸o p ´ublico,

com direitos e deveres devidamente configurados.

´

E a partir do contexto pol´ıtico e econ ˆomico do servic¸o p ´ublico que se torna

plaus´ıvel interpretar os dados que levam a sua regulamentac¸ ˜ao confi ´avel e

segura. O servic¸o p ´ublico ´e a resposta a uma finalidade essencial com duas

dimens ˜oes a do Estado e a da sociedade, sendo as duas conduzidas pelo

interesse geral.

O servic¸o p ´ublico sob a titularidade do Estado compreende igualmente

v ´arias possibilidades de prestac¸ ˜ao. Seja de forma direta, em regime de

monop ´olio, ou de forma indireta ou por delegac¸ ˜ao, em concorr ˆencia com os

agentes econ ˆomicos privados.

No bojo do conceito de servic¸o p ´ublico situa-se uma categoria especial

de necessidades de ordem geral as quais podem ser representadas por

princ´ıpios como o da continuidade e o da ininterrupc¸ ˜ao do servic¸o.

Ressalte-se, outrossim, que a efetivac¸ ˜ao desses servic¸os deve realizar-se sob a

observ ˆancia de procedimentos provenientes do Direito P ´ublico.

3.3

An ´alise cr´ıtica da pol´ıtica regulat ´oria de

transmiss ˜ao de energia el ´etrica

A transmiss ˜ao de energia el ´etrica ´e uma atividade econ ˆomica de interesse

p ´ublico, e por tanto integra o leque das atividades reguladas pela ANEEL, na

(25)

el ´etrica. Por esta raz ˜ao, sujeita-se `a aplicac¸ ˜ao dos princ´ıpios de regulac¸ ˜ao

econ ˆomica definidos na Constituic¸ ˜ao Federal. Prop ˜oe-se aqui apresentar,

de forma cr´ıtica, como se articulam os princ´ıpios econ ˆomicos no panorama

geral dos atos regulat ´orios que regem a atividade de transmiss ˜ao de energia

el ´etrica.

A abordagem do tema regulat ´orio da transmiss ˜ao parte, em primeira

inst ˆancia, da especificac¸ ˜ao de sua natureza t ´ecnica e jur´ıdica. Para tal

fim, descrever-se- ´a sucintamente a atividade de transmiss ˜ao de energia, sua

func¸ ˜ao econ ˆomica, destacando o papel desempenhado pelas transmissoras

no setor el ´etrico brasileiro. Em seguida, estudar-se- ´a a repercuss ˜ao jur´ıdica e

econ ˆomica desta atividade constituir, tecnicamente, um monop ´olio natural.

Num segundo momento, efetuar-se- ´a a revis ˜ao dos fatos que

determinaram a evoluc¸ ˜ao e consolidac¸ ˜ao do sistema regulat ´orio de

transmiss ˜ao de energia no contexto do equil´ıbrio sist ˆemico do setor

energ ´etico. Desta forma, questionar-se- ´a a efic ´acia do modelo regulat ´orio

para a transmiss ˜ao de energia el ´etrica, tomando-se por par ˆametro a constante

presenc¸a de fatores regulat ´orios, que decidem o desenvolvimento da relac¸ ˜ao

jur´ıdica entre concession ´ario e poder concedente.

Por fim, enfatizar-se- ´a a relev ˆancia do contrato de concess ˜ao de

transmiss ˜ao, como instrumento fundamental de dirigismo das pol´ıticas

p ´ublicas, na medida em que as concession ´arias precisam atrelar suas

atuac¸ ˜oes `a aprovac¸ ˜ao da Ag ˆencia reguladora, a qual disp ˜oe de um

grande poder discricion ´ario. De fato, cada ato jur´ıdico que celebram as

concession ´arias em aprec¸o passa pelo controle regulat ´orio, o que reduz a

sua capacidade para auferir receitas por outros neg ´ocios jur´ıdicos alheios

ao objeto da concess ˜ao. A obtenc¸ ˜ao de receitas pela explorac¸ ˜ao das ditas

“atividades alheias” est ˜ao condicionadas a que o sistema capte os benef´ıcios

dessas outras gest ˜oes da concession ´aria e reverta em modicidade tarif ´aria.

3.3.1

Transmiss ˜ao de energia el ´etrica

Entender que a natureza da atividade de transmiss ˜ao ´e aut ˆonoma dentro

do ramo da energia el ´etrica foi um processo lento. Tradicionalmente a

transmiss ˜ao foi considerada como atividade secund ´aria perante a gerac¸ ˜ao

(26)

de transmiss ˜ao no modelo regulat ´orio anterior, pois de conformidade com o

preceituado no Decreto No. 41.019 de 1957 o servic¸o p ´ublico de transmiss ˜ao

s ´o poderia ser prestado por empresas que tivessem a concess ˜ao de gerac¸ ˜ao

e distribuic¸ ˜ao de energia el ´etrica.

O tema da independ ˆencia jur´ıdica da transmiss ˜ao ficou esclarecido

na configurac¸ ˜ao do novo modelo do setor el ´etrico brasileiro, onde se

segmentaram as quatro atividades da ind ´ustria de energia el ´etrica, atribuindo

autonomia a cada uma, assim outorgando-lhes uma parcela espec´ıfica da

tarifa para remunerac¸ ˜ao de cada atividade e um contrato de concess ˜ao para

cada atividade.

Uma vez consolidada como atividade independente, considera-se

conveniente aprofundar sua funcionalidade como bem econ ˆomico. Na

disciplina econ ˆomica, tem-se que as caracter´ısticas que permitem definir

um bem de natureza econ ˆomica (NUSDEO, 2001) s ˜ao sua rivalidade e sua escassez associada `a utilidade. Portanto, pode-se considerar a

energia el ´etrica como um bem p ´ublico de natureza econ ˆomica. Por

conseguinte, as atividades diretamente vinculadas `a sua produc¸ ˜ao e entrega

aos consumidores tornam-se mat ´eria de interesse p ´ublico, o que gera a

necessidade de sua regulac¸ ˜ao (FRIEDRICH, 1967).

Um importante avanc¸o para a atividade de transmiss ˜ao constituiu o

reconhecimento da sua natureza aut ˆonoma com relac¸ ˜ao `as atividades de

gerac¸ ˜ao e distribuic¸ ˜ao. Este processo de desenvolvimento do setor requer

acompanhamento da t ´ecnica jur´ıdica para conferir seguranc¸a ao mercado de

energia, o que ´e condic¸ ˜ao indispens ´avel `a atrac¸ ˜ao de investimentos privados

para o setor.

O planejamento do setor de energia el ´etrica, no que faz refer ˆencia

`a atividade de transmiss ˜ao, no Brasil, desde meados da d ´ecada de 70,

diferentemente de outros pa´ıses, sempre deu uma import ˆancia `a transmiss ˜ao,

respons ´avel por transportar energia das (muitas vezes distantes) usinas

hidrel ´etricas, fato que acarretou um expressivo aumento na produc¸ ˜ao de

energia. Novos avanc¸os vieram a partir do surgimento da figura do Operador

Nacional do Sistema – ONS – em 1998, conferindo autonomia funcional ao

setor el ´etrico. Assim, o Estado, ao promulgar a lei que instituiu o ONS,

implementava as bases jur´ıdicas para conferir maior seguranc¸a ao sistema.

A energia el ´etrica proveniente de recursos h´ıdricos atinge 85,4 % de

(27)

torna imperioso um maior desenvolvimento para o transporte de energia aos

locais de consumo, que usualmente ficam distantes das fontes geradoras.

Ressalta-se a import ˆancia da transmiss ˜ao de energia ao afirmar que:“ pode

ser considerada o eixo central da estabilidade do sistema el ´etrico”(RENNO M. E SAMPAIO, 2006).

A energia de fonte hidroel ´etrica ´e a principal respons ´avel da cobertura

pela oferta interna de energia el ´etrica. Como pol´ıtica p ´ublica de expans ˜ao

e qualidade adequada da prestac¸ ˜ao do servic¸o pelas concession ´arias,

o planejamento da transmiss ˜ao ´e fundamental, tornando-se ainda mais

importante em raz ˜ao do constante aumento da demanda por energia, a qual

cresce nos ´ultimos anos `a taxa anual de 5,3 % no mercado de energia el ´etrica

do Sistema Interligado Nacional – SIN .

“O sistema de transmiss ˜ao conduz os maiores blocos de pot ˆencia e, por

isso, ´e f ´acil compreender que seus componentes (transformadores, linhas e

dispositivos de manobra) s ˜ao, n ˜ao s ´o os mais importantes, como tamb ´em,

do ponto de vista da engenharia de sistema, os mais interessantes. Deve

ser salientado que o desenvolvimento de um sistema de transmiss ˜ao ´e um

processo gradual de crescimento. No projeto de novas redes deve-se sempre

tomar como base as previs ˜oes de crescimento populacional e industrial para

a ´area”(ELGERD, 1976).

Assim, evidencia-se a cont´ınua necessidade de expans ˜ao de linhas

de transmiss ˜ao. Para que se concretize satisfatoriamente essa expans ˜ao,

todavia, ´e indispens ´avel o advento de pol´ıticas eficientes para a regulac¸ ˜ao

econ ˆomica e capaz de atrair investimentos do setor privado. Pois nem sempre

o Estado disp ˜oe de recursos suficientes para suprir expans ˜oes e reforc¸os do

sistema interligado nacional.

Reconhecendo a car ˆencia de recursos do Estado, atribui-se ao setor

privado compet ˆencia para entrar no mercado como investidor. O retorno

desse investimento ser ´a compensado pelo direito de explorac¸ ˜ao do servic¸o

de transmiss ˜ao de energia em regime de monop ´olio natural, concedido pelo

poder p ´ublico por licitac¸ ˜ao, pela configurac¸ ˜ao econ ˆomica correspondente `a

figura do leil ˜ao no contexto de competic¸ ˜ao entre os agentes econ ˆomicos,

com o padr ˜ao Price Cap, ou seja, o prec¸o teto da receita do concession ´ario,

que corresponde ao modelo de regulac¸ ˜ao por incentivos, pr ´oprio de servic¸os

p ´ublicos sob regulac¸ ˜ao econ ˆomica.

(28)

responsabilidades regulat ´orias, que v ˜ao desde reduzir assimetrias de

informac¸ ˜ao entre os agentes e o regulador, at ´e criar mecanismos para

incentivar a concorr ˆencia a entrar no mercado.

A desverticalizac¸ ˜ao das atividades de energia el ´etrica, integradas como

monop ´olio natural, levou a rever a perspectiva tanto do sistema jur´ıdico

quanto do modelo econ ˆomico. Assim, introduziu-se competic¸ ˜ao na gerac¸ ˜ao

e comercializac¸ ˜ao e, tanto a distribuic¸ ˜ao quanto a transmiss ˜ao, ficaram como

monop ´olio natural. O sistema desverticalizado tem como vantagem para o

mercado as possibilidades de novas formas de negociac¸ ˜ao, com base no livre

acesso, o que se reflete nos contratos de compartilhamento de instalac¸ ˜oes,

assim como no incentivo ao ingresso de novos agentes econ ˆomicos.

Perante essa nova realidade do setor, viu-se a necessidade de consolidar

o regime regulat ´orio. Desde a perspectiva regulat ´oria resulta mais conveniente

abordar a disciplina de cada atividade da cadeia produtiva de energia el ´etrica

de forma isolada, especialmente considerando que os sistemas verticalizados

apresentam enormes dificuldades de concentrac¸ ˜ao de informac¸ ˜ao nas

concession ´arias, o que dificulta a gest ˜ao do regulador.

A expans ˜ao da rede de transmiss ˜ao ´e um tema que est ´a sob a

responsabilidade da Uni ˜ao, que vem sendo desenvolvido pelas entidades de

administrac¸ ˜ao indireta como a Empresa de Pesquisa Energ ´etica (EPE) que

escolhe as novas instalac¸ ˜oes que o SIN precisa e, a ANEEL, que licita estas

novas instalac¸ ˜oes requeridas. A pol´ıtica regulat ´oria para expans ˜ao do sistema

´e executada atrav ´es dos leil ˜oes para construir, operar e manter a rede de

transmiss ˜ao, dando-lhe aplicac¸ ˜ao ao estabelecido no Programa de Acelerac¸ ˜ao

do Crescimento.

3.3.2

Regulac¸ ˜ao da Atividade Econ ˆomica da Transmiss ˜ao

de Energia El ´etrica

Dentro das tend ˆencias que afetam o Estado p ´os-moderno

evidencia-se o fen ˆomeno da privatizac¸ ˜ao, que permeou evidencia-setores de infra-estrutura

tradicionalmente administrados ou geridos pelo Estado, inclusive o setor

el ´etrico. Gerando, por sua vez, o incremento de um Estado planejador que

abre caminho `a prestac¸ ˜ao de servic¸o p ´ublico sob a responsabilidade da

iniciativa privada, que, buscando prestar um servic¸o plenamente adequado,

deve ter como crit ´erio orientador o interesse p ´ublico inserido em um

(29)

Adicionalmente, como a prestac¸ ˜ao do servic¸o sai das m ˜aos do Estado, ´e

indispens ´avel consolidar as pol´ıticas p ´ublicas e regulat ´orias projetadas dentro

das autarquias, no caso de energia el ´etrica, mediante a ANEEL.

Uma vez apontadas estas caracter´ısticas presentes no mercado,

avalia-se sua efici ˆencia, na medida em que os agentes econ ˆomicos

harmonizam-se com o Estado regulador e com os interesharmonizam-ses difusos que decorrem de

cada atividade. O exerc´ıcio da regulac¸ ˜ao da transmiss ˜ao de energia ´e

indispens ´avel, sendo trivial a impossibilidade de deixar ao livre-arb´ıtrio do

agente econ ˆomico a compet ˆencia planejadora, que est ´a sob a titularidade do

poder do Estado no que se refere `a energia el ´etrica.

O n´ıvel de exig ˆencia do planejamento eleva-se devido `a imin ˆencia de

externalidades que podem surgir pela aus ˆencia de regulac¸ ˜ao, particularmente

na transmiss ˜ao, que ´e um monop ´olio natural. Nesta atividade a interac¸ ˜ao entre

as concession ´arias e consumidores livres condiciona-se pelo princ´ıpio de livre

acesso dentro do modelo do monop ´olio natural.

Segundo a vertente da economia institucional, ao falar de servic¸os

p ´ublicos que per se comprometem o tema interesse p ´ublico, deve-se contar com par ˆametros de inclus ˜ao social aplicados atrav ´es de pol´ıticas distributivas.

As premissas constitucionais que tratam da atividade de energia el ´etrica

estabelecem a compet ˆencia privativa da Uni ˜ao na mat ´eria, tanto para

sua explorac¸ ˜ao econ ˆomica e seu regime de contratac¸ ˜ao, quanto para sua

exclusividade na compet ˆencia legislativa nas seguintes disposic¸ ˜oes:

No artigo 21 da CRFB ´e compet ˆencia da Uni ˜ao: XII - explorar, diretamente ou mediante autorizac¸ ˜ao, concess ˜ao ou permiss ˜ao: b) os servic¸os e

instalac¸ ˜oes de energia el ´etrica e o aproveitamento energ ´etico dos cursos de ´agua, em articulac¸ ˜ao com os Estados onde se situam os potenciais hidroenerg ´eticos; No artigo 22 da CRFB, estabelece-se que Compete

privativamente `a Uni ˜ao legislar sobre: IV - ´aguas, energia, inform ´atica, telecomunicac¸ ˜oes e radiodifus ˜ao

O novo modelo do Setor Energ ´etico Brasileiro incorporado mediante

a Lei 9.074 de 1995, e modificado pela Lei 10.848 de 2004, teve como

principal caracter´ıstica a desvertizalizac¸ ˜ao das atividades e a abertura para

os processos de privatizac¸ ˜ao das empresas do setor. Todo este processo

teve por fundamento a reforma constitucional efetuada no Brasil em 1988.

(30)

artigos 170 a 175 da Constituic¸ ˜ao da Republica Federativa do Brasil CRFB,

associada aos direitos de livre iniciativa, liberdade de concorr ˆencia, atribuindo

responsabilidade social `a propriedade privada e `a p ´ublica.

O papel do Estado dentro deste contexto jur´ıdico e econ ˆomico, conta

com uma interessante justificativa, qual seja, sua intervenc¸ ˜ao planejadora

da ordem econ ˆomica em prol da defesa de interesses coletivos e difusos,

encontrando entre os obst ´aculos para execuc¸ ˜ao desta tarefa do regulador a

exposic¸ ˜ao `a captura pelos grandes grupos econ ˆomicos. Por ´em, a grande

func¸ ˜ao do Estado ´e agir como regulador aut ˆonomo, com uma intervenc¸ ˜ao

oportuna nas situac¸ ˜oes que a demandem. Segundo o estipulado no artigo

174 da CRFB, o Estado deve atuar como “agente normativo e regulador da

atividade econ ˆomica”.

Adverte-se que o grau de intervenc¸ ˜ao ´e proporcional ao bem jur´ıdico

objeto de protec¸ ˜ao. Assim, quanto mais se vinculam os interesses de uma

coletividade, mais acentuado ser ´a o n´ıvel de intervenc¸ ˜ao a ser exercido. V ˆe-se

na atividade de transmiss ˜ao de energia, um crescente n ´umero de investidores

e usu ´arios do sistema, os quais conformam um grupo econ ˆomico importante.

Da´ı que a justificativa de regulac¸ ˜ao, tanto na vertente da atividade quanto nas

relac¸ ˜oes jur´ıdicas, atinge um alvo de efici ˆencia sist ˆemica tanto jur´ıdica quanto

econ ˆomica.

O processo de regulac¸ ˜ao para a administrac¸ ˜ao indireta, como se vem

observando, atinge um setor espec´ıfico da economia, o qual apresenta uma

problem ´atica singular que requer medidas adequadas para incrementar sua

efici ˆencia perante a sociedade. Portanto, previamente `a sua exist ˆencia, em

sede de administrac¸ ˜ao indireta, o Estado v ˆe-se forc¸ado a fazer um ju´ızo de

valor; ponderando os elementos em jogo, que se veriam comprometidos no

caso de decidir por n ˜ao intervir na atividade econ ˆomica, essa resposta obt

ˆem-se a partir do interesˆem-se p ´ublico que ˆem-se esta atingindo.

Um dos grandes desafios da atividade regulat ´oria ´e a busca do equil´ıbrio

nas relac¸ ˜oes entre consumidores, agentes econ ˆomicos e o Estado.

Adverte-se como fato relevante, que entre eles exercem-Adverte-se pesos e contrapesos pela

disparidade inicial de seus interesses individualmente considerados. Portanto,

precisam ser observados os diferentes contornos que podem alcanc¸ar o

conflito de interesses, avaliando as alternativas para diminu´ı-lo por meio do

exerc´ıcio da regulac¸ ˜ao e, especialmente, mediante a aplicac¸ ˜ao do princ´ıpio

(31)

diferentes atores, resulta plaus´ıvel gerar avanc¸o na estruturac¸ ˜ao da atividade

de transmiss ˜ao de energia. A sinergia da tripla relac¸ ˜ao: sociedade, Estado e

concession ´aria, tem origem na capacidade de superar as particularidades de

cada um e vislumbrar o objetivo comum da efici ˆencia do sistema energ ´etico.

Entende-se ent ˜ao que a estruturac¸ ˜ao do marco regulat ´orio pode

apresentar uma disfunc¸ ˜ao, pois surge como ponto de converg ˆencia dos

interesses ou pode, igualmente, ser fonte de instabilidade para a atividade

de transmiss ˜ao de eletricidade, entendida esta, na perspectiva da sua func¸ ˜ao

econ ˆomica. Contudo, o aspecto relevante da selec¸ ˜ao do modelo de conduta

apontada aos agentes pela ANEEL, dever ´a ser norteado pela adequada

escolha dos princ´ıpios que ter ˜ao prefer ˆencia no momento da conduc¸ ˜ao do

processo regulador nas esferas aqui abordadas.

Define-se regulac¸ ˜ao econ ˆomica como “o conjunto de regras de conduta

e de controle da atividade privada pelo Estado, com a finalidade de

estabelecer o funcionamento equilibrado do mercado”. Seguindo esta linha

de pensamento, ´e conveniente afirmar que esse poder-dever de regulamentar

da ag ˆencia reguladora est ´a demarcado por certos limites que justificam seu

poder normativo, que n ˜ao ´e absoluto.

Assim, os temas que apresentam maior complexidade para a atividade

de transmiss ˜ao de energia, entendida como servic¸o p ´ublico oscilam entre:

a adequada configurac¸ ˜ao das obrigac¸ ˜oes no contrato de concess ˜ao como

instrumento catalisador do processo de elaborac¸ ˜ao das pol´ıticas regulat ´orias;

a expans ˜ao do sistema interligado nacional visando captar investimento

privado para sua realizac¸ ˜ao; e as especificac¸ ˜oes da qualidade do servic¸o em

par ˆametros de disponibilidade do sistema.

Pois bem, para Grau, a continuidade do servic¸o encontra-se

“Estreitamente vinculada `a pr ´opria ess ˆencia do servic¸o p ´ublico, o princ´ıpio, da

sua continuidade se expressa como exig ˆencia de funcionamento regular do

servic¸o, sem qualquer interrupc¸ ˜ao al ´em das previstas na regulamentac¸ ˜ao a

ele aplic ´avel”(GRAU, 2007).

A observac¸ ˜ao dos referidos temas `a luz da legislac¸ ˜ao na mat ´eria, deve

atender `a conjunc¸ ˜ao de princ´ıpios regulat ´orios como, universalizac¸ ˜ao do

servic¸o, continuidade do servic¸o, modicidade tarif ´aria e livre acesso. O

v´ınculo com os princ´ıpios para o agente econ ˆomico aparece na formulac¸ ˜ao

de incentivos do regulador materializados na sua receita, viabilizando assim

(32)

Desse modo, as escolhas de intervenc¸ ˜ao pol´ıtica acabam determinando a

melhoria da qualidade do servic¸o e sua continuidade. Paralelo a isso, sob

a lente da efic ´acia da regulac¸ ˜ao, ser ´a avaliada sua fidelidade ao objetivo

de incrementar a qualidade na prestac¸ ˜ao do servic¸o mediante cobranc¸a de

tarifas razo ´aveis. Conv ´em expressar que ao definir os limites de atuac¸ ˜ao

do poder concedente, atribui-se seguranc¸a jur´ıdica ao sistema, o que atrai

investimentos.

Merece especial refer ˆencia o princ´ıpio distributivo que se erige como

v ´ertice da regulac¸ ˜ao da transmiss ˜ao imerso nos atos administrativos da

ANEEL, com o qual se pretende incentivar a cooperac¸ ˜ao dentro da ordem

econ ˆomica. Um exemplo deste princ´ıpio distributivo encontra-se na Lei no

9.427, de 26.12.1996, que define o regime econ ˆomico e financeiro das

concess ˜oes de energia el ´etrica, nos termos das Leis 8.987 e 9.074, de 1995.

Nestas leis consagram-se conceitos de regulac¸ ˜ao econ ˆomica que atingem

o princ´ıpio distributivo, entre eles: tarifas baseadas no prec¸o pelo servic¸o;

responsabilidade da concession ´aria em investimentos; revers ˜ao `a Uni ˜ao dos

bens afeitos `a concess ˜ao na extinc¸ ˜ao do contrato; e a qualidade do servic¸o da

transmiss ˜ao.

Articulam-se na Lei no. 9.427, de 26.12.1996 e suas regulamentac¸ ˜oes

subsequentes os interesses comuns dos agentes que conformam a relac¸ ˜ao

jur´ıdica (Agente econ ˆomico, Estado e consumidores). Sendo cautelosamente

esquematizada a regulac¸ ˜ao, de tal forma que gere incentivo para que o agente

econ ˆomico privado invista no setor el ´etrico sem privilegiar em excesso seu

poder econ ˆomico, em detrimento dos usu ´arios.

Igualmente, o princ´ıpio de livre acesso, que ´e consagrado no art. 15,§6o,

da Lei no 9.074, de 1995 e na Resoluc¸ ˜ao Normativa 281, de 10.10.1999, d ´a

fundamento jur´ıdico para que surjam entre os agentes econ ˆomicos contratos

com o objeto de efetuar o compartilhamento das linhas de transmiss ˜ao, cujo

uso, em princ´ıpio, ´e atribu´ıdo `a concession ´aria. Para evitar que o sistema

de interligac¸ ˜ao como um todo esteja condicionado ao direito de uso do

concession ´ario, imp ˜oe-se como restric¸ ˜ao ao direito de operac¸ ˜ao das redes

a garantia do acesso para outras concession ´arias e usu ´arios, em prol da

preservac¸ ˜ao do equil´ıbrio do sistema e em cumprimento da func¸ ˜ao social

deste bem.

O que ´e imprescind´ıvel dentro da regulamentac¸ ˜ao para consolidar a

(33)

quais sejam os interesses difusos da sociedade e o interesse privado, sendo

certo que para a efici ˆencia do funcionamento do sistema n ˜ao se pode permitir

que este interesse sobreponha-se `aquele. Contudo, o n´ıvel de intervenc¸ ˜ao

estatal sobre a atividade regulada deve-se relacionar intimamente ao impacto

que a dita atividade possa ter para a coletividade.

O sistema energ ´etico condensa uma grande quantidade de interesses

individuais e p ´ublicos, tendo em vista que se consubstancia em um setor

estrutural da economia. O interesse p ´ublico imerso no servic¸o p ´ublico de

energia el ´etrica deve proteger fundamentalmente duas quest ˜oes, quais sejam:

de um lado a qualidade do servic¸o e do outro a modicidade tarif ´aria.

Finalmente, no cen ´ario regulat ´orio tem-se o contrato como importante

ferramenta de direcionamento da relac¸ ˜ao jur´ıdica entre agentes econ ˆomicos

e o Estado, representado pela ag ˆencia reguladora. O dirigismo contratual

do Estado ´e uma realidade ineg ´avel, sendo o contrato, instrumento relevante

para entrelac¸ar os princ´ıpios regulat ´orios, com o interesse particular dos

contratantes no contrato de concess ˜ao.

3.4

O contrato de concess ˜ao de servic¸o p ´ublico

Corresponde `a t ´ecnica jur´ıdica dos contratos administrativos considerar o

interesse p ´ublico em todas as etapas de sua vida jur´ıdica desde o ato licitat ´orio

at ´e o fim da vig ˆencia do contrato estabelecido. Contudo, a legitimidade do

interesse p ´ublico processada pelo marco normativo n ˜ao se justifica por si s ´o,

devendo guardar perfeita conson ˆancia com o sistema jur´ıdico sob cuja ´egide

concretiza-se.

O contrato administrativo em geral e o contrato de concess ˜ao de servic¸os

p ´ublicos de forma espec´ıfica, deve velar por disciplinar a supremacia do

interesse p ´ublico, na sua interac¸ ˜ao com o interesse privado presente em um

dos extremos contratuais, impedindo qualquer preju´ızo contra aquele.

Para a teoria geral do contrato, os efeitos dos neg ´ocios jur´ıdicos ficam

adstritos `as partes que assinam o contrato. Contudo, a evoluc¸ ˜ao da figura

jur´ıdica do contrato ocasionou a elasticidade dessa premissa, observando que

nem sempre os efeitos jur´ıdicos de um neg ´ocio limitam-se exclusivamente `as partes que o concretizaram. Com efeito, em muitas ocasi ˜oes, terceiros,

alheios a uma relac¸ ˜ao negocial, podem ver-se afetados por ela, ainda que n ˜ao

(34)

corresponde `a situac¸ ˜ao desses terceiros a situac¸ ˜ao vivenciada pelos usu ´arios

de servic¸o p ´ublico objeto de contrato de concess ˜ao.

J ´a nos contratos administrativos essa l ´ogica dapacta sunt servandasofre uma mitigac¸ ˜ao por conta do interesse p ´ublico configurado em um dos polos

da ralac¸ ˜ao jur´ıdica. Aqui, entra-se no terreno da func¸ ˜ao social do contrato que

se torna mais evidente dentro da concepc¸ ˜ao do Estado Social e Democr ´atico

de Direito.

A concess ˜ao, tal como se concebe hoje, teve origem no S ´eculo XIX

na Europa, tendo por finalidade a realizac¸ ˜ao de obras e servic¸os que

demandavam um forte investimento econ ˆomico e um conhecimento t ´ecnico

adequado, para isto, outorgava-se concess ˜ao a agentes privados.

O servic¸o de eletricidade, pela sua natureza complexa quanto ao n´ıvel de

investimentos e conhecimentos t ´ecnicos, sempre se contava entre aqueles

que requeriam este tipo de contrato.

O neg ´ocio jur´ıdico da concess ˜ao, associado `a id ´eia de outorga do

soberano, era uma simples prerrogativa e podia consistir, tanto na prestac¸ ˜ao

de um servic¸o ou a execuc¸ ˜ao de uma obra, como na designac¸ ˜ao para um

cargo p ´ublico(MEDUAR, 1995). Compreendia esse contrato um conceito t ˜ao amplo que pode chegar a tornar-se confusa a aferic¸ ˜ao de sua natureza na

atualidade, pois, em sua primeira fase, foi implementado como um contrato

de gest ˜ao de servic¸os. Embora tivesse o neg ´ocio jur´ıdico alguns trac¸os

do contrato de concess ˜ao, conforme concebido hoje, suas caracter´ısticas

essenciais distam de sua atual configurac¸ ˜ao.

“O termo concess ˜ao parece ter sido utilizado no s ´ec. XVII tamb ´em para

denominar atos de benevol ˆencia do soberano, muitos dos quais implicavam

transfer ˆencia de prerrogativas e derrogac¸ ˜ao de normas” (MEDUAR, 1995). O fato de que a Constituic¸ ˜ao Federal menciona o contrato de concess ˜ao,

dentro da ordem econ ˆomica no art. 175, evidencia a import ˆancia desta

figura jur´ıdica para o desenvolvimento de quest ˜oes fundamentais dentro da

economia do pa´ıs, como s ˜ao os servic¸os p ´ublicos. A lei que regulamenta de

forma espec´ıfica o contrato de concess ˜ao ´e a de No. 8.987 de 1995, embora

n ˜ao se possa perder de vista que o contrato de concess ˜ao integra o leque

dos contratos administrativos, devendo guardar a observ ˆancia aos princ´ıpios

Constitucionais, m ´axime aqueles constantes do artigo 37 da CRFB e, sua

(35)

pelas leis 8.883 de 1994 e 9.648 de 1998, as quais, em conjunto, comp ˜oem o

marco normativo em mat ´eria de contratos administrativos.

A concess ˜ao de servic¸o p ´ublico consiste em que um particular assume

por sua conta e risco a prestac¸ ˜ao do servic¸o, cuja titularidade em princ´ıpio,

pertence `a administrac¸ ˜ao p ´ublica. Esta transfer ˆencia para a prestac¸ ˜ao n ˜ao

implica passividade total por parte do Estado, j ´a que o servic¸o concedido

sempre envolve um interesse p ´ublico que n ˜ao pode fugir da guarda e do

controle do Estado. Sendo certo que n ˜ao se pode deixar ao livre arb´ıtrio da

autonomia privada sua prestac¸ ˜ao, j ´a que envolve,per se, um interesse p ´ublico. Uma vez que o Estado n ˜ao disp ˜oe da capacidade t ´ecnica e financeira

necess ´aria para prestar eficientemente os servic¸os p ´ublicos desenvolvidos

como atividade econ ˆomica em sentido estrito, consolida-se a import ˆancia

do contrato de concess ˜ao. Conv ´em ressaltar que por meio da concess ˜ao

concretiza-se a func¸ ˜ao social `a que est ˜ao subordinados os bens e as

atividades econ ˆomicas no contexto do Estado moderno.

Atrav ´es da consolidac¸ ˜ao da atividade regulat ´oria a Administrac¸ ˜ao exerce

controle sobre o servic¸o concedido, contribuindo com a evoluc¸ ˜ao da

figura jur´ıdica da concess ˜ao de servic¸o. “Nos contratos administrativos,

a Administrac¸ ˜ao age como poder p ´ublico, com todo o seu poder de

imp ´erio sobre o particular, caracterizando-se a relac¸ ˜ao jur´ıdica pelo trac¸o da

verticalidade” (DIPIETRO, 2008).

Decorre da natureza do contrato de concess ˜ao reconhecer ao Estado as

prerrogativas de que esse reveste-se na relac¸ ˜ao jur´ıdica que trava com os

particulares. Essa preponder ˆancia dos interesses p ´ublicos sobre os privados

legitimam a conduta ativa por parte da Administrac¸ ˜ao P ´ublica no exerc´ıcio do

seu poder.

Art. 37. A administrac¸ ˜ao p ´ublica direta e indireta de qualquer dos Poderes da Uni ˜ao, dos Estados, do Distrito Federal e dos Munic´ıpios obedecer ´a

aos princ´ıpios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e efici ˆencia.

3.5

Contrato de concess ˜ao no setor el ´etrico

Para abordar a an ´alise do contrato de concess ˜ao do servic¸o p ´ublico de

(36)

isso, ´e mister referenciar o not ´avel trabalho do jurista Alfredo Vallad ˜ao, que

elaborou a exposic¸ ˜ao de motivos acerca do c ´odigo de ´aguas (Decreto 24.643

de 1934). O doutrinador justifica a escolha da concess ˜ao como instrumento de

socializac¸ ˜ao da ind ´ustria hidrel ´etrica, contemplando tamb ´em a possibilidade

de prestac¸ ˜ao direta do servic¸o por parte da Uni ˜ao.

No livro III Titulo I Cap´ıtulo I, dos artigos 139 a 143, normatizava-se o

tema da energia hidr ´aulica, estipulando que seu aproveitamento

submeter-se-ia ao regime de autorizac¸ ˜oes e concess ˜oes, sendo as concess ˜oes outorgadas

por decreto do Presidente da Rep ´ublica. Sendo certo que alguns dos trac¸os

caracter´ısticos do neg ´ocio jur´ıdico, `a ´epoca, guardam semelhanc¸as, com o

que se conhece hoje, como contrato de concess ˜ao.

Da adequada interpretac¸ ˜ao e aplicac¸ ˜ao da lei no. 8.987 de 1995 depende

o tratamento jur´ıdico que se confere ao contrato de concess ˜ao, j ´a que esta lei ´e

a ferramenta por meio da qual se pretende edificar a figura jur´ıdica em torno da

prestac¸ ˜ao de servic¸o por agentes econ ˆomicos diferentes do Estado. Portanto,

o fundamento desta figura jur´ıdica, est ´a justamente em sua capacidade de

atribuir coer ˆencia `a interac¸ ˜ao dos agentes econ ˆomicos que integram o setor

energ ´etico, orientando-lhes ao interesse p ´ublico, imerso nos contratos de

concess ˜ao. No artigo 2 da Lei 8.987 de 1995, define-se a concess ˜ao do

servic¸o p ´ublico nos seguintes termos:

II - concess ˜ao de servic¸o p ´ublico: a delegac¸ ˜ao de sua prestac¸ ˜ao, feita pelo poder concedente, mediante licitac¸ ˜ao, na modalidade de concorr ˆencia, `a pessoa jur´ıdica ou cons ´orcio de empresas que demonstre

capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco e por prazo determinado.

Da definic¸ ˜ao oferecida pela lei de concess ˜oes extraem-se os elementos

essenciais do contrato de concess ˜ao do servic¸o p ´ublico:

a) Delegac¸ ˜ao do servic¸o: deve ser entendido que a titularidade do

servic¸o permanece nas m ˜aos do poder concedente - a Uni ˜ao no caso da

transmiss ˜ao - existindo um deslocamento, apenas da prestac¸ ˜ao do servic¸o,

para o concession ´ario. Em virtude dessa titularidade do poder concedente ´e

poss´ıvel fiscalizar a atividade e manter regulado o servic¸o, o que ´e prudente

para preservac¸ ˜ao do interesse p ´ublico.

b) Mediante licitac¸ ˜ao: para escolher a proposta mais id ˆonea para a

(37)

vantajosa, quanto `a qualidade e ao prec¸o ofertado. Ressalte-se que os

processos de licitac¸ ˜ao observam a aplicac¸ ˜ao do princ´ıpio de transpar ˆencia,

pois ´e um processo p ´ublico do qual podem participar todos aqueles a quem

se atribua idoneidade para a prestac¸ ˜ao do servic¸o.

c) Capacidade do concession ´ario: requer conhecimentos t ´ecnicos

bastante espec´ıficos, o que demanda expertise, mas tamb ´em abrange sua

capacidade financeira e administrativa que dever ´a ser devidamente certificada

durante o processo de licitac¸ ˜ao e mantida durante a vig ˆencia do contrato. Em

raz ˜ao dessa capacidade t ´ecnica, administrativa e financeira, com as quais se

pressup ˜oe que conta o concession ´ario, ´e poss´ıvel atribuir-lhe a prestac¸ ˜ao do

servic¸o por sua conta e risco.

d) O regime da exclusividade: O servic¸o p ´ublico de transmiss ˜ao ´e

concedido em regime de exclusividade, sendo isso uma excec¸ ˜ao `a regra geral

institu´ıda no artigo 16 da Lei 8.987. Considera-se a aus ˆencia do regime de

concorr ˆencia como um desest´ımulo para a procura de efici ˆencia na gest ˜ao.

Esse malef´ıcio ´e mitigado justamente pela presenc¸a da atividade regulat ´oria

estatal.

´

E cedic¸o que a atividade de transmiss ˜ao constitui-se no regime de

monop ´olio natural, n ˜ao sendo poss´ıvel enquadr ´a-la no cen ´ario da competic¸ ˜ao

por raz ˜oes t ´ecnicas. Contudo, o sistema ´e atualmente concebido de forma a

permitir a entrada de novos agentes na operac¸ ˜ao do neg ´ocio. Essa viabilidade

´e possibilitada grac¸as `a figura jur´ıdica dos leil ˜oes estabelecidos para construir,

operar e manter novas linhas de transmiss ˜ao.

Embora a transmiss ˜ao seja concebida no regime de monop ´olio, o trabalho

do regulador tenta inserir mecanismos para que estejam presentes os

fatores que favorecem a prestac¸ ˜ao eficiente do servic¸o, contemplando ainda

a razoabilidade do custo tarif ´ario. Saliente-se que se deve atribuir aos

contratos de concess ˜ao de transmiss ˜ao um prazo de vig ˆencia suficientemente

longo para que seja poss´ıvel amortizar os altos investimentos que o servic¸o

demanda, considerando-se que os custos de transac¸ ˜ao s ˜ao elevados em

(38)

3.6

Dirigismo

contratual

da

concess ˜ao

de

transmiss ˜ao de energia el ´etrica

Perante a legislac¸ ˜ao atual o respeito aos contratos administrativos e em

especial aos contratos de concess ˜ao goza de uma margem ampla de

seguranc¸a jur´ıdica, no tocante ao desenvolvimento das relac¸ ˜oes jur´ıdicas que

se estabelec¸am entre o Estado e os demais agentes econ ˆomicos.

Dentro destas relac¸ ˜oes ´e relevante encontrar na qualidade do servic¸o

p ´ublico de transmiss ˜ao o escopo comum do contrato, j ´a que esse conceito

permite matizar as diferenc¸as dos interesses inicialmente diferentes das

partes.

A evoluc¸ ˜ao da teoria do contrato contribuiu para a utilizac¸ ˜ao deste como

um instrumento relevante para a consecuc¸ ˜ao dos fins de interesse p ´ublico.

Igualmente, durante o desenvolvimento do contrato de concess ˜ao,

inserem-se atos regulat ´orios que permitem efetivar o dirigismo contratual do Estado

sobre a atividade concedida, enderec¸ada a atender e desenvolver programas

de pol´ıticas p ´ublicas.

Entre as mudanc¸as para aperfeic¸oar o setor el ´etrico brasileiro, est ´a o

incentivo `a interac¸ ˜ao eficiente entre os agentes econ ˆomicos, embora sejam

concorrentes dentro do mesmo ramo da atividade de transmiss ˜ao.

Apontam-se nos contratos de concess ˜oes de transmiss ˜ao de energia el ´etrica quest ˜oes

que resvalam do contrato para nutrir as relac¸ ˜oes, orientando-as no sentido de

estimular a cooperac¸ ˜ao entre as concession ´arias e os usu ´arios do sistema.

Uma vez assinado o contrato de concess ˜ao de transmiss ˜ao, surge uma s ´erie

de situac¸ ˜oes que originam outras relac¸ ˜oes jur´ıdicas entre diversos agentes

econ ˆomicos. Estes contratos que decorrem da pr ´e-exist ˆencia do contrato de

concess ˜ao de transmiss ˜ao de energia refletem o dirigismo contratual, embora

sejam constitu´ıdos em regime de autonomia da vontade.

A ANEEL, em cumprimento `a sua func¸ ˜ao reguladora, v ˆe-se orientada a

incentivar os contratos relacionais que geram equil´ıbrio sist ˆemico no setor

energ ´etico. Entre os contratos que derivam da concess ˜ao da transmiss ˜ao pela

necess ´aria interac¸ ˜ao entre as transmissoras com outros agentes econ ˆomicos

encontram-se os seguintes:

• CCT- contrato de conex ˜ao ao sistema de transmiss ˜ao celebrado entre

(39)

• CPST- contrato de prestac¸ ˜ao de servic¸os de transmiss ˜ao–celebrado

entre o Operador Nacional do Sistema ONS e as concession ´arias

de transmiss ˜ao, onde se estabelecem os termos e condic¸ ˜oes para

prestac¸ ˜ao do servic¸o de transmiss ˜ao de energia el ´etrica aos usu ´arios,

por uma concession ´aria detentora de instalac¸ ˜oes de transmiss ˜ao

pertencentes `a rede b ´asica, sob administrac¸ ˜ao e coordenac¸ ˜ao do ONS.

• CUST-contrato de uso do sistema de transmiss ˜ao–celebrado entre o

ONS, as concession ´arias de transmiss ˜ao e os usu ´arios, estabelece

termos e condic¸ ˜oes para o uso da rede b ´asica por um usu ´ario incluindo

a prestac¸ ˜ao dos servic¸os de transmiss ˜ao pelas concession ´arias de

transmiss ˜ao, mediante controle e supervis ˜ao do ONS e a prestac¸ ˜ao, pelo

ONS, dos servic¸os de coordenac¸ ˜ao e controle da operac¸ ˜ao dos sistemas

el ´etricos interligados.

• CCI - contrato de compartilhamento de instalac¸ ˜oes- originou-se com a

resoluc¸ ˜ao 281 de 1999. Seu objeto jur´ıdico destina-se a estabelecer

procedimentos, direitos e responsabilidades para o uso compartilhado

de instalac¸ ˜oes.

Vale `a pena deter-se um pouco para fazer menc¸ ˜ao ao contrato de

compartilhamento de instalac¸ ˜oes, devido `a sua import ˆancia na evoluc¸ ˜ao

das relac¸ ˜oes regidas pela cooperac¸ ˜ao entre os agentes econ ˆomicos que se

vinculam juridicamente em exerc´ıcio da sua autonomia da vontade.

Assim, o contrato de compartilhamento de instalac¸ ˜oes de transmiss ˜ao

de energia el ´etrica, tal como hoje ´e concebido, representa um avanc¸o no

comportamento das negociac¸ ˜oes das companhias de transmiss ˜ao p ´ublicas

e privadas. Para conseguir um consenso sobre a conveni ˆencia de celebrar

este tipo de contratos, foram muitos os debates que se deram entre estes

agentes, especialmente na ABRATE. J ´a que tradicionalmente era dif´ıcil chegar

a acordos sobre manutenc¸ ˜ao e reparac¸ ˜oes das redes compartilhadas.

Segundo o artigo 15 da Lei 9074 de 1995 ´e assegurado aos fornecedores

e respectivos consumidores o livre acesso aos sistemas de distribuic¸ ˜ao e

transmiss ˜ao de concession ´ario e permission ´ario de servic¸o p ´ublico, mediante

ressarcimento do custo do transporte envolvido, calculado com base em

crit ´erios fixados pelo Poder Concedente.

Dentro da compet ˆencia funcional do Operador Nacional do Sistema

Imagem

Tabela 4.1: Estruturas ´ Otimas de Capital das Revis ˜oes Tarif ´arias Peri ´odicas de Transmiss ˜ao de Energia.
Figura 4.1: Receita por Ativos.
Tabela 4.2: Reajustes do primeiro ciclo de revis ˜oes tarif ´arias peri ´odicas das transmissoras.

Referências

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