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NORMAS QUANTO AO USO DO DOM DE LÍNGUAS

O dom de línguas hoje

6. NORMAS QUANTO AO USO DO DOM DE LÍNGUAS

Quanto ao exercício do dom de línguas, o apóstolo Paulo não só ratifica a liberdade que o crente tem de exercitar o dom, mas também estabelece um princípio normativo para esse exercício, principalmente no culto público, onde pessoas não-crentes tenham acesso.

Segundo Paulo, aquele que possui o dom de línguas deve observar  o seguinte:

a) - "Pelo que, o que fala em outra língua, ore para que a  possa interpretar", 1 Co 14.13.

Paulo diz que se alguém fala em línguas e as interpreta está contribuindo para a edificação da igreja, como também o faz aquele que  profetiza. Assim, aquele que fala em outra língua deve ter o cuidado de

não fazer do culto público um espetáculo de glossolalia, a não ser que  possa interpretar a língua que fala.

b) - "No caso de alguém falar em outra língua, que não seja mais do que dois ou quando muito três, e isto sucessivamente, e haja quem interprete. Mas não havendo intérprete, fique calado na igreja, falando consigo mesmo e com Deus", 1 Co 14.27,28.

O culto público nunca deve ser transformado num festival de línguas estranhas; tampouco a mensagem evangelística ou de doutrina deve ser interrompida pelo falar em língua estranha. Pergunta o apóstolo Paulo:

"Se, pois, toda a igreja se reunir no mesmo lugar, e todos se  puserem a falar em outras línguas, no caso de entrarem indoutos ou

incrédulos, não dirão porventura, que estais loucos?" 1 Co 14.13.

 No caso de manifestar-se o dom de línguas em culto público, que somente dois, ou quando muito três, falem em línguas; não os dois ou os três de uma só vez, mas um após o outro, e com a condição de haver quem

interprete; do contrário, que "fique calado na igreja, falando consigo mesmo e com Deus", ou seja, que não perturbe a boa ordem do culto atraindo para si as atenções dos presentes, em detrimento da pregação e do louvor.

7. "FAÇA-SE TUDO DECENTEMENTE E COM

ORDEM", 1 Co 14.40

Os pentecostais, em geral, são tachados de barulhentos, emocionais e, às vezes, de desordeiros. Para aqueles que se lhes opõem, "faça-se tudo decentemente e com ordem"  é o versículo preferido. Para esses (os antipentecostais) "decência e ordem" é o mesmo que silêncio. Um cemitério, por exemplo, retrata muito bem a decência e ordem que eles gostariam de ver entre os pentecostais. Os que habitam os cemitérios não  perturbam ninguém, eles têm perfeita ordem; mas eu conheço milhares de  pessoas que preferem mil vezes a "desordem" dos vivos à decência e ordem dos mortos. Vem ao caso lembrar as palavras do Dr. John Alexander  Mackay, presidente emérito do Seminário Princeton:

"Se eu tivesse de fazer uma escolha entre a vida inculta dos  pentecostais e a morte estática das igrejas mais antigas, pessoalmente,  preferiria essa vida inculta". Noutra oportunidade disse ainda o Dr. Mackay: "Alguma coisa está errada quando a emoção se torna legítima em tudo, exceto na religião". Um certo pregador disse:

"Hoje em dia, vai-se ao futebol para torcer; ao cinema para chorar, e à igreja para gelar". E, prosseguindo, disse como testar a realidade da emoção em qualquer experiência espiritual, usando esta regra: "Não me importa seus pulos e gritos em meio à emoção, desde que, passando aquele momento, você tenha vida equilibrada".

O medo dos "erros" dos pentecostais, manifestos por excesso de emoção, tem impedido que muitos crentes sinceros gozem um Cristianismo vivo e dotado do genuíno frescor espiritual. Eles são pessoas incapazes de acertar, porque são dominados pelo medo de errar, pelo que jamais farão

coisa alguma. Conheço muitos crentes que estão acuados entre o  profundamente humano e aquilo que podem experimentar pela operação do

Espírito Santo, só porque os seus líderes os ensinaram a pensar e a agir  assim. Lembra-me a história do pescador que, ao apanhar um peixe, o media, e, se o pescado medisse mais de 25 centímetros de comprimento, ele o devolvia à água. Naquele instante aproximou-se um turista que, curioso com o que via, perguntou porque o pescador agia assim, ao que ele respondeu: "É que minha frigideira só tem vinte e cinco centímetros de diâmetro, e não adianta levar para casa um peixe maior do que a medida que ela comporta". Infelizmente, muitos crentes são como esse pescador: incapazes de buscar e reter consigo uma experiência que vá além dos limites estabelecidos pelos seus teólogos e líderes.

João Wesley, o grande avivalista inglês, acerca dos gritos, convulsões, danças, visões e coisas testemunhadas nos seus dias, disse:

"O perigo consiste em dar-lhes um pouco de valor, em condená-las abertamente, em imaginar que não provenham da parte de Deus; e isso serve de obstáculo ao trabalho do Espírito, pois a verdade é que:

"a. Deus tem convencido, forte e subitamente, a muitos de que são  pecadores perdidos, e as conseqüências naturais disso têm sido clamores

súbitos e violentas convulsões corporais;

"b. para fortalecer e encorajar os que crêem, e para tornar a sua obra mais evidente, o Senhor favoreceu a alguns deles com sonhos divinos, e a outros com êxtases e visões;

"c. em algumas dessas instâncias, após algum tempo, a natureza humana mescla-se com a graça;

"d. o próprio Satanás imita essa parte da obra de Deus, a fim de lançar no descrédito toda a obra; no entanto, não é mais sábio desistir  dessa porção do que desistir do todo. A princípio, sem dúvida alguma, tudo se originava inteiramente em Deus. E, parcialmente, continua assim, até os nossos próprios dias; e Ele nos capacitará a discernir até que ponto, em cada caso, a situação é pura, bem como onde se mescla com coisas

estranhas e se degenera. A sombra não é motivo para desprezarmos a subs- tância, nem o diamante falso para recusarmos o autêntico".

Outro depoimento digno de observação quanto a esse assunto, é do Dr. T.B.Barratt, de Oslo, Noruega:

"Os sinais sobrenaturais, os dons do Espírito, as demonstrações do corpo, tudo é uma parte apenas desse Movimento Pentecostal, mas a grande influência moral desse avivamento, o poderoso ímpeto espiritual que ele nos traz é de monta muito maior".

Os antipentecostais, preocupados em denunciar as exceções,  pisoteiam as regras. Ao tentarem expurgar os pentecostais do seio da Igreja, estão denunciando a esterilidade de suas próprias igrejas. Isso lembra o que disse o teólogo suíço, Karl Barth:

"Ao jogarem fora a água em que banharam a criança, jogaram também a criança. Ao tentarem tornar o cristianismo plausível para os céticos, o que conseguiram foi torná-lo destituído de sentido".

O capítulo 6 de 2 Samuel relata a volta da arca do Senhor á cidade de Jerusalém. A alegria de Davi pelo evento era tal, que "saltava com todas as suas forças diante do Senhor".

Mas "sucedeu que, entrando a arca do Senhor na cidade de Davi,  Mical, a filha de Saul, estava olhando pela janela; e, vendo o rei Davi, que

ia bailando e saltando diante do Senhor, o desprezou no seu coração".

 No final da festa, "embriagado" pela alegria do Senhor, Davi volta  para casa, e Mical, sua mulher, sai-lhe ao encontro e lhe censura o

comportamento, dizendo:

"Quanto honrado foi o rei de Israel, descobrindo-se hoje aos olhos das servas de seus servos, como sem pejo se descobre qualquer vadio. "Disse,  porém, Davi a Mical: Perante o Senhor, que me escolheu a mim antes do

que a teu pai, e a toda a sua casa, mandando-me que fosse chefe sobre o  povo do Senhor, sobre Israel, perante o Senhor me tenho alegrado. E 

ainda mais do que isto me envilecerei, e me humilharei aos seus olhos; e das servas, de quem me falaste, delas serei honrado", vv.20-22.

Para Mical, indiferente ao significado da volta da arca do Senhor à cidade de Jerusalém, era fácil, através da janela do palácio real, fazer mau  juízo de Davi, que, feliz, em meio ao povo, dançava de alegria na presença do Senhor. Para Mical importava a "etiqueta", como para os antipentecostais importa hoje a "decência e ordem" cemiterial.

 Na cristandade de hoje acontece o mesmo: ser pentecostal é para muitos um agravo ao pudor evangélico. Alguém pode escrever ou dizer   porque não é pentecostal, e o seu testemunho é como um grande serviço  prestado a Deus; mas, se alguém escreve porque é pentecostal, isso parece

uma idiotice: é como Davi tentando convencer a Mical porque dançava nas ruas de Jerusalém no meio da plebe.

O último versículo do capítulo 6 de 2 Samuel diz:

"E Mical, a filha de Saul, não teve filhos, até ao dia da sua morte". O contexto deste versículo mostra que a esterilidade de Mical era devida à censura feita por ela ao rei Davi. Esta, sem dúvida, tem sido a inevitável sentença sob a qual têm estado grande parte das denominações cujos líderes têm feito do antipentecostalismo o seu apostolado.

Apesar disso, o número de pentecostais continua crescendo, e sabe- se que há hoje em todo o mundo nada menos de cinqüenta milhões de crentes que têm experimentado a promessa pentecostal do batismo com o Espírito Santo, acompanhada do falar em outras línguas.

O crescimento das igrejas pentecostais tem sido considerado um verdadeiro fenômeno pelos estudiosos de assuntos eclesiásticos. O escritor  não-pentecostal, Peter Wagner, no seu livro "Cuidado! Aí vêm os Pentecostais", quanto ao comportamento das igrejas não-pentecostais diante do acelerado crescimento das igrejas pentecostais, escreveu:

“... as igrejas não-pentecostais ainda têm um problema: seus dirigentes reconhecem (e é óbvio) que as igrejas pentecostais estão crescendo muito mais rapidamente do que as das outras denominações. Eles mesmos fazem a pergunta: 'Por que' E se tornam mais frustrados quando colocam o que está acontecendo em termos teológicos, e levantam

a possibilidade de que, por alguma razão, o Espírito Santo seja capaz de trabalhar o milagre da regeneração mais freqüentemente nas igrejas  pentecostais do que em suas próprias. Em vez disso, eles deveriam pensar: 'O que nós podemos fazer para limpar a erva daninha das nossas igrejas, de modo que o Espírito Santo possa trabalhar? '"

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