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Capítulo I Notícias sobre o livro Reinações de Narizinho

1.3. Notícias sobre o livro Reinações de Narizinho em meio eletrônico

Está nesta parte a indicação dos principais posicionamentos críticos, teóricos e testemunhais sobre o livro Reinações de Narizinho disponíveis na rede mundial de computadores. Em relação aos estudos críticos e teóricos, deve-se destacar, inicialmente, o texto “Monteiro Lobato e as fábulas: adaptação à brasileira”, de Alice Áurea Penteado Martha78. A pesquisadora trata do volume em questão principalmente quando se reporta aos eventos narrados no País-das-Fábulas, penúltimo de Reinações. Parte de sua reflexão é utilizada nesta tese, no tópico que discute a ilusão criada pelo discurso lobatiano, de modo a simular a recepção visual de certas fábulas pelas personagens.

Existem também os textos de Adriana Silene Vieira, “Peter Pan, uma leitura inglesa no Sítio do Picapau Amarelo”79, e de Cilza Carla Bignotto, “Duas leituras da infância segundo Monteiro Lobato”80. Nos dois documentos há considerações sobre o volume em estudo que integram as dissertações de Mestrado das pesquisadoras, já apresentadas anteriormente.

Vincula-se à crítica do livro igualmente a relação “Os 100 livros brasileiros do século 20”81, que arrola as cem obras consideradas as mais importantes da referida centúria. Os livros foram selecionados através de votação promovida pela Câmara Brasileira do Livro, em 1999. Na relação, o livro Reinações de Narizinho aparece na nona colocação. Também se insere no campo da crítica o texto “O nascimento de Narizinho e do Sítio do Pica-pau- amarelo”, de Carmen Lucia de Azevedo, co-autora do livro Monteiro Lobato: furacão na Botocúndia.

78 Alice Áurea Penteado MARTHA (2001) Monteiro Lobato e as fábulas: adaptação à brasileira.

http://www.cuatrogatos.org/7monteirolobato.html. Acesso em: 26 mar 2005.

79 Adriana Silene VIEIRA, Peter Pan: Uma leitura inglesa no Sítio do Picapau Amarelo.

http://www.unicamp.br/iel/memoria/Ensaios/Picapau. Acesso em: 10 abr. 2005.

80 Cilza Carla BIGNOTTO, Duas leituras da infância segundo Monteiro Lobato.

http://www.unicamp.br/iel/memoria/Ensaios/cilza.html. Acesso em: 10 abr. 2005.

Nesse material, Azevedo fala do dossiê Monteiro Lobato, pertencente ao Fundo Raul de Andrada e Silva, do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) da Universidade de São Paulo. A pesquisadora destaca a descoberta do manuscrito em que o escritor manifesta o que ela acredita ser “uma versão anterior a todas as versões depois reunidas no livro Reinações de Narizinho.” Antes de apresentar o documento, uma história protagonizada pelas personagens Joãozinho e sua irmã Nenê, escrita num caderno de anotações, Carmen Azevedo ainda afirma, no texto introdutório:

Em 1931, de volta ao país após uma temporada de quatro anos nos Estados Unidos (onde foi adido comercial do Brasil), Lobato decidiu reunir todas as historietas infantis que já publicara (sic!) e soltou então o volume intitulado Reinações de Narizinho. Ligeiramente modificado (sic!), se comparado à edição de 1920, o primeiro episódio do novo livro é justamente um passeio da menina Lúcia (a do narizinho arrebitado) ao ribeirão que passa nos fundos do pomar do Sítio do Pica-pau-amarelo. Depois de dar comida aos peixes, ela deita-se na grama e, embalada pelas nuvens e pelo mexerico das águas, penetra no fabuloso Reino das Águas Claras.82

Apesar das imprecisões apontadas no texto introdutório, o material divulgado por Azevedo é importante, pois traz a informação sobre o caderno de notas de propriedade de Lobato e a transcrição de um escrito comprovadamente do autor, como se constatou na visita feita em março deste ano de 2005 ao IEB. Quanto ao entendimento dessa história como “a gênese não só da personagem Narizinho, inicialmente chamada Nenê, como de todo o sítio do Pica-pau-amarelo”, como quer Azevedo, é oportuno recordar o pensamento do escritor sobre o significado dessas anotações:

Por que não grafar isso diariamente --- não mariscar diariamente, de peneira, essa escumalha e pô-la no papel para futuro regalo? Essas idéias-nuanças, essas sensaçõezinhas-tons? Comecei a fazer isso o ano passado e esta noite, relendo trechos do primeiro caderno, já cheio e relegado para o fundo da gaveta, achei-lhes um estranho sabor de autenticidade e cor fresca --- e aí vai a amostra para te induzir a fazer o mesmo. Infelizmente esses arrepios de

82 Carmen Lucia de AZEVEDO (2004) O nascimento de Narizinho e do Sítio do Pica-pau-amarelo.

momento são grafados em letra também de momento indecifrável às vezes, já que a letra segue o estado d’alma. Há nelas um descosido, um desprezo às regras de enfurecer qualquer Catão da língua. Pontuação, ortografia --- nada atrapalha. A impressão só, nada mais --- manchinhas, como se diz em gíria de pintor.83

Os destaques na carta de Lobato foram feitos para indicar a atitude de cautela, que se acredita seja a mais apropriada, que se adota em relação a essas anotações. Para concluir as notícias sobre o livro Reinações de Narizinho em meio digital, há que se referir aos testemunhos de pessoas conhecidas, revelando o papel desempenhado pela leitura do volume enfocado em sua formação literária. São vários os manifestos e personalidades como a escritora Ana Maria Machado, o sócio fundador e presidente da Associação de Escritores e Ilustradores de Literatura Infantil e Juvenil, Luiz Antonio Aguiar, o escritor Walcyr Carrasco e a escritora Lygia Bojunga Nunes falam em vários sites sobre a iniciação à literatura promovida pelo livro.

Cabe indicar uma entrevista de Lygia Bojunga, concedida em setembro de 2004 ao site Jornal do Portal84. Nesse endereço, a escritora fala a Karla Hansen do impacto causado pela leitura de Reinações de Narizinho quando ganhou o livro de seu tio, e comenta também o prêmio Astrid Lindgren Memorial Award (ALMA) recebido em maio de 2004, do governo sueco, pelo conjunto de sua obra. 4

83 Monteiro LOBATO, A barca de Gleyre, p. 114-115 (1o tomo), carta de 1905.

84 Karla HANSEN (2004). 6o Salão de Livros para Crianças e Jovens: Lygia Bojunga é a grande homenageada.

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