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Capítulo I Notícias sobre o livro Reinações de Narizinho

1.2. Notícias sobre o livro Reinações de Narizinho em fontes impressas: Teses e

O levantamento que segue partiu da consulta às páginas na Internet de duas instituições de fomento à pesquisa, Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Considera os trabalhos, principalmente das últimas três décadas, que abordam o livro Reinações de Narizinho de algum modo, e também aqueles que trilham caminhos de análise similares aos da presente tese. Faz-se necessário dizer que nem todos os estudos puderam ser integralmente lidos.

Pioneira na análise profunda dos recursos expressivos mobilizados por Monteiro Lobato, Nilce Sant’Anna Martins, na tese de Doutorado intitulada A língua portuguesa nas obras infantis de Monteiro Lobato62, de 1972, aborda o livro Reinações de Narizinho em muitas de suas exemplificações. Em meio à variedade dos fatos lingüísticos estudados, e não apenas em relação a esse livro, Martins também trata da linguagem narrativa lobatiana. Isso acontece no sétimo capítulo do trabalho, “O processo de composição de Monteiro Lobato e os tipos de discurso”. Ela destaca, nesse assunto, os procedimentos ativados pelo escritor para obter a coesão entre os capítulos nas obras mais extensas, caso do volume enfocado, e os efeitos obtidos com o uso intenso do diálogo. Nesta tese, passagens do trabalho da pesquisadora são tomadas principalmente como ponto de partida das discussões sobre o acerto das escolhas lexicais do livro Reinações de Narizinho. Sob esse enfoque e com o amparo de Nilce Sant’Anna Martins, foi possível identificar a coesão de alguns procedimentos lingüísticos básicos de Reinações: o léxico popular, representado pelos vocábulos fortes e pelas expressões idiomáticas, e o léxico figurativo/criativo, representado pelas onomatopéias e pelos neologismos.

Um dos primeiros trabalhos a darem destaque a Reinações de Narizinho é A inventividade e a transgressão nas obras de Lobato e Lygia: confrontos63, de Sueli de Souza Cagnet. Trata-se de uma dissertação de Mestrado defendida em 1988. A pesquisadora

62 Nilce Sant’Anna MARTINS. A língua portuguesa nas obras infantis de Monteiro Lobato, 1972. 472p. 2v.

Tese (Doutorado em Letras). USP. São Paulo.

63 Sueli de Souza CAGNET. A inventividade e a transgressão nas obras de Lobato e Lygia: confrontos, 1988.

empreende, de início, duas análises: da obra lobatiana, representada basicamente pelo livro Reinações de Narizinho, relacionando-a às “narrativas tradicionais para crianças”; e da obra de Lygia Bojunga Nunes, em especial do volume O sofá estampado, aproximando-a de “textos lobatianos e pós-lobatianos”. O objetivo de Cagnet, com as análises, é chegar a um levantamento das inovações que as obras referidas atingem em termos de linguagem, estrutura e ideologia. Finalmente, com base no resultado obtido com tal abordagem analítica, ela traça um paralelo entre as obras de Lobato e Lygia, apontando as semelhanças e diferenças entre estas.

Em novembro de 1994, Horácio Dídimo Pereira B. Vieira defendeu a tese de Doutorado intitulada Ficções lobatianas: Dona Aranha e as seis aranhinhas no Sítio do Picapau Amarelo64. O pesquisador identifica no ateliê da personagem Dona Aranha, do episódio “Reino-das-Águas-Claras”, constante do livro Reinações de Narizinho, “o ponto de partida para a mise-en-scène dos processos textuais lobatianos”. Depois o autor mostra que, em Memórias da Emília, a “crítica” personagem do título e o Visconde “didático” dividem a autoria desse volume, presidindo “a transcriação do Sítio do Picapau Amarelo”.

Monteiro Lobato, Clarice Lispector, Lygia Bojunga Nunes: O estético em diálogo na literatura infanto-juvenil65 também é uma tese de Doutorado. Nesse trabalho, Maria dos Prazeres Santos Mendes redimensiona as obras dos autores do título, “refletindo sobre a sua natureza e função, sob o enfoque da semiótica peirceana”. A pesquisadora parte dos mecanismos de criação desses escritores para perscrutar-lhes o “processar estético” e a recepção de suas produções.

A defesa da tese aconteceu igualmente em novembro de 1994 e resultados das descobertas sobre o processo de escrita de Lobato foram apresentados pela pesquisadora no artigo “O processo de criação em Monteiro Lobato: de A Menina do Narizinho Arrebitado a Reinações de Narizinho”, presente nos anais do IV Encontro Internacional de Pesquisadores do Manuscrito e de Edições, Gênese e memória, de 1995, já comentado neste capítulo.

Em A representação da infância na narrativa infantil brasileira66, dissertação de Mestrado de Flávia Brocheto Ramos, verificam-se as seguintes etapas no trabalho: primeiramente, a pesquisadora estuda a infância como uma fase de características específicas,

64 Horácio Dídimo Pereira B. VIEIRA, Ficções lobatianas: Dona Aranha e as seis aranhinhas no Sítio do

Picapau Amarelo, 1994. 198 p. Tese (Doutorado em Letras) UFMG. Belo Horizonte.

65 Maria dos Prazeres Santos MENDES, Monteiro Lobato, Clarice Lispector, Lygia Bojunga Nunes: O estético

em diálogo na literatura infanto-juvenil, 1994. 265 p. Tese (Doutorado em Comunicação e Semiótica) USP. São Paulo.

66 Flávia Brocheto RAMOS, A representação da infância na narrativa infantil brasileira, 1994. 180 p.

analisando o lugar da criança na família, na escola e na sociedade. Na seqüência, observa aspectos da literatura destinada a esse leitor. Depois, ela mostra, numa leitura diacrônica, a representação da criança na narrativa infantil brasileira do período de 1919 a 1976, destacando os livros Saudade, de Tales de Andrade, e Reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato. A defesa da dissertação deu-se em dezembro de 1994.

Sueli Lindalva Fonseca Vilhena é a autora da dissertação de Mestrado de título A carnavalização no universo mágico de Emília: Uma leitura da narrativa lobatiana67, defendida em janeiro de 1997. Depois de inserir a obra de Lobato no cenário da literatura brasileira e apontar seu alcance, a autora desenvolve um percurso crítico em que analisa o universo narrativo do Sítio do Picapau Amarelo, e em especial da personagem Emília, fundamentada na teoria de Mikhail Bakhtin.

Andrea Maleski dos Santos, autora da dissertação de Mestrado intitulada O mito do nacionalismo da literatura infantil de Monteiro Lobato68, defendeu seu trabalho em agosto de 1997. O objetivo da pesquisadora é investigar e analisar a construção do mito do nacionalismo na obra infantil lobatiana, tendo a teoria de Gilbert Durand como suporte. O trabalho apresenta três capítulos, e o primeiro desenvolve-se em três tópicos: “símbolo e mito”, em que se apresenta a teoria de base; “nacionalismo e literatura”, momento da discussão do nacionalismo na literatura brasileira; e “literatura infantil e Monteiro Lobato”, que traz dados sobre a biografia do autor e considerações a respeito de seu pensamento em relação à criança e ao livro a ela destinado de acordo com a ideologia de seu tempo. No segundo capítulo, realiza-se uma leitura de três livros da ficção infantil de Lobato, Reinações de Narizinho, O poço do Visconde e As caçadas de Pedrinho, em que se busca “encontrar os símbolos redundantes de cada um, relacionando-os com a biografia e com a época do escritor”. No terceiro capítulo, mediante a comparação dos “sistemas comuns e contrários presentes nas obras”, procura-se descobrir o mito pessoal de Monteiro Lobato.

Meninas em estado de sítio69, de Karina Klinke, é o título da dissertação de Mestrado defendida em outubro de 1998. Em sua pesquisa, Klinke contrapõe “representações de infantil-feminino”, identificadas nas narrativas do livro Reinações de Narizinho, a artigos de três periódicos: Revista do Brasil, Revista do Ensino de Minas Gerais e Revista Feminina. O propósito da pesquisadora é compreender como outros intelectuais da época em que foram

67 Sueli Lindalva Fonseca VILHENA, A carnavalização no universo mágico de Emília: Uma leitura da

narrativa lobatiana, 1997. 91 p. Dissertação (Mestrado em Letras). Universidade Federal de Juiz de Fora.

68 Andréa Maleski dos SANTOS, O mito do nacionalismo na literatura infantil de Monteiro Lobato, 1997. 85 p.

Dissertação (Mestrado em Lingüística e Letras) PUC-RS. Porto Alegre.

69 Karina KLINKE, Meninas em estado de sítio, 1998. 125 p. Dissertação (Mestrado em Educação) UFMG. Belo

produzidas originalmente as histórias de Monteiro Lobato, a década de vinte, “reapresentaram as meninas para o público adulto”. A autora conclui que o tratamento da “diversidade” e das “ambigüidades de ser/estar menina” é uma característica do escritor, apesar da tentativa da sociedade de sua época de “delimitar o ser masculino do feminino”. Faz-se necessário lembrar que alguns resultados dessa pesquisa foram divulgados por Klinke no ensaio “Um faz-de- conta das meninas de Lobato”, do livro Lendo e escrevendo Lobato, já comentado.

Ricardo Iannace é o autor de Leituras e leitores na obra de Clarice Lispector70, dissertação de Mestrado também defendida em outubro de 1998. O pesquisador efetua, em seu trabalho, a análise das relações intertextuais mantidas pelas narrativas clariceanas com escritos de diferentes escritores brasileiros e estrangeiros, com o objetivo de “rastrear e confluir leituras”. O trabalho divide-se em duas partes, sendo a primeira organizada em dois capítulos principais, “Narrando-se a leitura” e “Clarice e seus personagens leitores”, estratificado em cinco análises. Nestas, o autor compara textos da autora com romances e contos que ela leu, conforme revelou em depoimento, na pré-adolescência e juventude. Nos escritos estudados nesse capítulo, as personagens quase sempre se ocupam dos livros lidos nas fases de vida apontadas pela escritora.

A correlação, assim, dá-se entre: “os dois contos de Clarice Lispector – “Felicidade clandestina” e “Restos do Carnaval”- e Reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato; “Amor”, de Clarice Lispector, e “Bliss”, de Katherine Mansfield; “A bela e a fera ou A ferida grande demais”, de Clarice Lispector, e o conto de fadas La belle et la bête, de Mme. Leprince de Beaumont; A maçã no escuro, de Clarice Lispector, O lobo da estepe, de Hermann Hesse, e ainda Crime e castigo, de Dostoievski; e, finalmente, A hora da estrela, de Clarice Lispector, e Humilhados e ofendidos – novela também de Dostoievski.” A segunda parte da dissertação traz a catalogação das referências a escritores e títulos lidos por Clarice Lispector. Em agosto de 1999 foi defendida a dissertação de Mestrado de Maria Otília Farto Pereira. Em Reinações lexicais do homem do porviroscópio: Um estudo do vocabulário no Sítio do Picapau Amarelo71, a autora descreve e analisa o vocabulário empregado por Monteiro Lobato em nove livros de sua produção infantil: Reinações de Narizinho, Viagem ao céu, Emília no país da gramática, Aritmética da Emília, Memórias da Emília, Histórias de tia Nastácia, O poço do Visconde, O Picapau Amarelo e A reforma da natureza. A análise, amparada na Lexicologia, em disciplinas afins e em dicionários, “revelou que a linguagem

70 Ricardo IANNACE, Leituras e leitores na obra de Clarice Lispector, 1998. 243 p. Dissertação (Mestrado em

Literatura Brasileira) USP. São Paulo.

71 Maria Otília Farto PEREIRA, Reinações lexicais do homem do porviroscópio: Um estudo do vocabulário no

literária lobatiana repousa num paradigma lexical vasto e diversificado.” Essa diversidade vocabular, como aponta Pereira, pode ser um auxiliar do professor de língua materna na educação básica, pois permite reconhecer a complexidade do sistema lexical e desenvolver o vocabulário dos aprendizes. Deve-se ressaltar que algumas considerações feitas na presente tese, sobretudo as relacionadas ao emprego dos neologismos semânticos, fundamentam-se no trabalho de Maria Otília Pereira.

Em Personagens infantis da obra para crianças e da obra para adultos de Monteiro Lobato: convergências e divergências, uma dissertação de Mestrado defendida em novembro de 1999, Cilza Carla Bignotto compara as personagens infantis dos contos “Bucólica”, “A vingança da peroba”, “Pedro Pichorra”, “O fisco”, “Negrinha” e “Duas cavalgaduras”, com as criaturas ficcionais protagonistas dos livros A Menina do Narizinho Arrebitado (1920) e O saci (1921), respectivamente Narizinho e Pedrinho. Na introdução do trabalho, a autora esclarece, sobre esses livros: “Como essas histórias foram profundamente modificadas por Monteiro Lobato, até serem publicadas em edições definitivas, elas são analisadas juntamente com as versões finais, Reinações de Narizinho (1934) e O saci (1946) (sic!)”.72

Antecede a análise comparativa o estabelecimento de “um panorama social do Brasil durante a República Velha (1889-1930), que enfatiza aspectos relativos à infância, ao cotidiano familiar e à educação” no período estudado. Quanto às convergências a que a pesquisadora chega no cotejo, destacam-se a faixa etária das personagens, o espaço das narrativas e o papel da imaginação infantil nas histórias. No que diz respeito às divergências, Bignotto aponta os destinos trágicos dos pequenos seres nos contos, diferentemente da proteção e do incentivo às brincadeiras e à fantasia direcionados aos infantes da ficção para crianças.

Stella Maris Souza da Mota é a autora da dissertação de Mestrado que tem por título O Reino das Águas Claras: Uma possibilidade de ressignificação edípica73 defendida em 2001. Concentrando-se no episódio “Reino-das-Águas-Claras”, do volume Reinações de Narizinho, a pesquisadora analisa o texto que lhe serve de base à luz da teoria psicanalítica freudiana do desenvolvimento psicossexual infantil. Com isso, clarifica significações relacionadas aos nomes das personagens, à posição delas na história narrada, e à construção do espaço literário, apontando a “convergência entre as características peculiares à narrativa lobatiana e os

72 Cilza Carla BIGNOTTO, Personagens infantis da obra para crianças e da obra para adultos de Monteiro

Lobato: convergências e divergências, 1999. 165 p. Dissertação (Mestrado em Teoria e História Literária) UNICAMP.

73 Stella Maris Souza da MOTA, O Reino das Águas Claras: Uma possibilidade de ressignificação edípica,

conflitos próprios da criança em processo de desenvolvimento emocional”. Tal correspondência, de acordo com Mota, explica a “repercussão emocional que essa obra tem sobre a psique infantil.”

Na dissertação de Mestrado intitulada A recepção crítica das obras A Menina do Narizinho Arrebitado (1920) e Narizinho Arrebitado (1921)74, defendida em 2003, Caroline Elizabeth Brero organiza em ordem cronológica e analisa criticamente artigos, ensaios e referências publicados em livros, periódicos e em meio eletrônico, entre 1920 e 2001. Com o encaminhamento dado a sua pesquisa, Brero identifica duas categorias de estudos críticos sobre as obras: “os que contribuíram com análises esclarecedoras e inovadoras sobre os dois livros e os que se limitaram a repetir lugares-comuns acerca deles”. Em vários momentos desta tese se dialoga com o trabalho de Caroline Brero, reforçando ou contestando dados apresentados por ela. Um dos textos críticos publicados em periódicos sobre o livro Reinações de Narizinho, como anteriormente já se ressalvou, é aqui apresentado graças ao esforço de pesquisa de Brero.

Pode-se afirmar, pois, com o apoio das informações fornecidas sobre as pesquisas acadêmicas envolvendo o livro Reinações de Narizinho, que há prevalência de estudos comparativos e de investigações que abarcam outros volumes além do que está em questão. Isso repercute na dispersão de aspectos essenciais do livro. Embora as abordagens sejam variadas e combinem ao enfoque do livro recortes que se associam basicamente às áreas da psicanálise, da sociologia, da lingüística e da crítica literária, ainda há carência de estudos que se debrucem sobre o discurso literário posto em prática por Monteiro Lobato nessa obra.

O encaminhamento dado ao presente estudo, portanto, pode enriquecer a pesquisa numa linha de estudos em que há comprovada escassez de inquirições. Torna-se necessário, ainda, em razão do exposto, expandir a busca e informar também sobre pesquisas que, apesar de não tratarem do livro Reinações de Narizinho, discutem temas do universo ficcional lobatiano relacionados aos objetivos do presente trabalho. No que respeita à reflexão sobre o processo de escrita e sobre a consciência de construção literária em Lobato, é conveniente mencionar, em primeiro lugar, a dissertação de Mestrado de Milena Ribeiro Martins, Quem conta um conto...aumenta, diminui, modifica. O processo de escrita do conto lobatiano, defendida em 1998.

74 Caroline Elizabeth BRERO, A recepção crítica das obras A Menina do Narizinho Arrebitado (1920) e Narizinho Arrebitado (1921), 2003. 263 p. Dissertação (Mestrado em Letras) UNESP. Assis.

Martins mostra o processo de escrita de vinte e nove contos de Lobato publicados na Revista do Brasil entre 1916 e 1923, os quais, posteriormente, foram editados em livro. A autora explica seu empenho:

De cada conto, analisamos três versões: a versão da Revista do Brasil (publicada entre 1916 e 1923) a versão da 1a edição (entre 1918 e 1923) e a versão das Obras completas ( de 1946). (...) O que pretendemos, então, foi verificar como se deu o processo de escrita e reescrita desses contos em dois momentos específicos: 1o ) momento da passagem da revista para o livro, caracterizando as atitudes do escritor sobre o texto quando da sua edição; e 2o ) momento da passagem do texto para as Obras completas, última interferência do autor sobre seus contos, motivo pelo qual é esta a edição definitiva.75

A pesquisadora buscou compreender o processo de escrita do conto lobatiano mediante o conhecimento das versões referidas de cada narrativa e a verificação das informações contidas nas cartas do escritor, onde há registros da atividade de reescrita. A pesquisa sobre as edições dos contos lobatianos prosseguiu, e, em 2003, Martins defendeu tese de Doutorado, também na Universidade de Campinas, com o título Lobato edita Lobato: história das edições dos contos lobatianos.

Em Oscilações na escrita de Monteiro Lobato: Escritura ou escrevência?76, uma dissertação de Mestrado defendida em agosto de 1999, Neide das Graças de Souza relê cinco obras da produção infantil do escritor, Viagem ao céu, Memórias da Emília, D. Quixote das crianças, O Picapau Amarelo e A reforma da natureza, utilizando como pressupostos teóricos os conceitos de escritura e escrevência, de Roland Barthes.

Por fim, Sônia Aparecida Vido Pascolati, na dissertação de Mestrado intitulada Nos andaimes do texto: A metatextualidade como traço da poética lobatiana77 defendida em dezembro de 1999, se ocupa da reflexão sobre o fazer literário inserta na ficção e do papel dela na construção dos contos de Monteiro Lobato. Assim procedendo, Pascolati chega às linhas gerais da poética lobatiana, da qual destaca os seguintes pontos: “a concepção de literatura do escritor; a linguagem marcada pela oralidade, neologismos e coloquialismos; a

75 Milena Ribeiro MARTINS, Quem conta um conto... aumenta, diminui, modifica. O processo de escrita do

conto lobatiano, 1998. 129 p. Dissertação (Mestrado em Teoria e História Literária) UNICAMP. p. 9-10.

76 Neide das Graças de SOUZA, Oscilações na escrita de Monteiro Lobato: escritura ou escrevência?, 1999.

125 p. Dissertação (Mestrado em Letras) UFMG. Belo Horizonte.

77 Sônia Aparecida Vido PASCOLATI, Nos andaimes do texto: a metatextualidade como traço da poética

introdução do espaço sertanejo no universo literário; a inserção do leitor no mundo ficcional; o diálogo crítico com a tradição literária”. Esses traços, como considera a pesquisadora, revelam a modernidade da produção de Lobato.

Finalizado o levantamento das teses e dissertações que tratam do livro Reinações de Narizinho e de questões atinentes à escrita lobatiana, é necessário indicar o material existente sobre o volume em meio eletrônico.

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