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Capítulo V – Investigação Empírica

5.9. Instrumentos de Recolha de Dados

5.9.4. Notas de Campo

Com este instrumento de recolha de dados é possível obter uma descrição dos acontecimentos relevantes ao estudo, em que envolveram situações de indisciplina e de possível resolução, que ocorreram durante o estágio no CE. Por isso entende-se como “notas de campo: o relato escrito daquilo que o investigador ouve, vê, experiencia e pensa no decurso da recolha e refletindo sobre os dados de um estudo qualitativo” (Bogdan & Biklen, 1994, p.150).

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As notas de campo (apêndice 5) também podem ser escritas durante as entrevistas, de forma a registar aquilo que se perceciona e vê durante o discurso dos entrevistados. As notas de campo são descritivas e interpretativas, pois estas descrevem as situações que ocorreram, o porquê e as razões (Tuckman, 2000).

O objetivo das notas de campo é, segundo Esteves (2008) “registar um pedaço da vida que ali ocorre, procurando estabelecer as ligações entre os elementos que interagem nesse contexto”. Acrescenta ainda que nestas notas é incluído “material reflexivo, isto é notas interpretativas, interrogações, sentimentos, ideias, impressões que emergem no decorrer da observação ou após as suas primeiras leituras” (p.88).

No caso desta investigação procedeu-se ao registo de notas de campo durante a realização do estágio no CE.

5.9.5. Tipos de pesquisa

Em toda a investigação que é realizada, é necessária uma pesquisa com o objetivo de dar respostas à problemática que se pretende investigar. A pesquisa passa desde a formulação do problema à apresentação e discussão dos resultados, embora possa existir outras componentes adjacentes ao estudo que possam ser investigados posteriormente por quem se interesse.

Para que seja possível dar continuidade e respostas às problemáticas foi essencial fazer uma pesquisa bibliográfica e uma pesquisa documental.

5.9.5.1. Pesquisa Bibliográfica

A pesquisa bibliográfica é uma pesquisa em que se pode fundamentar a investigação através de livros, artigos científicos, páginas da internet, que permitem ao investigador desenvolver a temática da problemática em questão (Oliveira & Ferreira, 2014, p.94).

Segundo Boccato (2006), a pesquisa bibliográfica,

busca a resolução de um problema (hipótese) por meio de referenciais teóricos publicados, analisando e discutindo as várias contribuições científicas. Esse tipo de pesquisa trará subsídios para o conhecimento sobre o que foi pesquisado, como e sob que enfoque e/ou perspetivas foi tratado o assunto apresentado na literatura científica (p.226).

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Portanto, com a bibliografia recolhida selecionou-se aquela mais pertinente e mais adequada à temática em estudo, de forma a obter mais informação e conhecimento em relação à mesma.

5.9.5.2. Pesquisa Documental

A pesquisa documental assemelha-se à pesquisa bibliográfica, mas é distinta pelas fontes de pesquisa que são utilizadas, tal como documentos oficiais, jornais, revistas, relatórios, filmes, documentos facultados pela escola tal como o Registo de Ocorrências diárias dos Professores e o PEE, as atas das reuniões de Conselho Pedagógico, as atas das Reuniões de Conselho de Turma, entre outros (Oliveira & Ferreira, 2014, p.94).

Com estes documentos, é possível ficar a conhecer a realidade da escola e obter informações em relação à temática em investigação.

Segundo Bogdan e Biklen (1994) os documentos supracitados “podem revelar informações acerca (…) [dos] regulamentos. Podem também fornecer pistas acerca (…) [da] liderança [que é praticada na] organização” (p.181).

Em relação às atas das reuniões, é também uma via de adquirir informações em relação às decisões e aos procedimentos realizados pelos participantes nas mesmas, e em contrapartida “as actas podem possibilitar-nos um quadro exacto do que oficialmente aconteceu mas, normalmente falta-lhes o detalhe que nos permite compreender o que aconteceu” (Tuckman, 200, p.522).

Contudo, foi possível à investigadora participar e observar as reuniões de Conselho de Turma, mediante permissão do Presidente do CE e da DT do 7.º ano da turma em estudo.

5.10. Público-Alvo

Tendo em conta a delimitação do campo de estudo, “é necessário definir a população junto da qual será recolhida a informação. A população estudada, designada população alvo, é um grupo de pessoas ou de elementos que têm características comuns” (Fortin, 2009, p.69).

O público-alvo nesta investigação não foi selecionado, mas adquirido, por meio da prática de Aikido, pois de acordo com Fortin (2009) “entre os tipos de amostra possíveis,

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mencionamos a amostra acidental, a amostra por raciocínio e a amostra por feixes” e “para determinar o tamanho da amostra não nos baseamos sobre as avaliações estatísticas, como na investigação quantitativa, mas sobre as ações que permitem atingir o objetivo do estudo. O número de participantes é geralmente pequeno (6 a 10)” (p.299).

Inicialmente, aquando da demonstração de Aikido, apresentaram-se cerca de 25 alunos de várias turmas, alguns para observarem (por curiosidade), cerca de metade, e outros para praticarem e experienciarem o Aikido.

Posteriormente, durante as aulas de Aikido, o número de alunos foi variável devido à sua disponibilidade e por ser hora de almoço.

Contudo, o grupo alvo cingiu-se a um pequeno grupo de alunos, por estarem indicados pelos professores com comportamentos de indisciplina.

Estes alunos pertenceram à mesma turma, de 7.º ano e apesar de um deles mudar de turma no 2.º período, foi uma mais-valia, para a investigadora, no que concerne à análise dos seus comportamentos e ao acesso à informação informal.

5.11. Tratamento de Dados

A etapa de tratamento de dados é a mais extensa, uma vez que obriga o investigador a ter um maior cuidado e atenção, de forma a não distorcer as informações obtidas. É necessário validá-los, através de uma observação minuciosa.

A investigação é uma metodologia com um trabalho profundo, pois o conhecimento científico pressupõe um raciocínio lógico, uma vez que o investigador tem “à sua disposição resultados significativos e fiéis”, podendo “então propor inferências e adiantar interpretações a propósito dos objetivos previstos” (Bardin, 2008, p.127).

Neste estudo, os dados obtidos foram através das respostas das entrevistas realizadas, sendo posteriormente feito o tratamento, a apresentação e a análise e o cruzamento dos dados obtidos mediante os instrumentos com a bibliografia e com os documentos.

Para Bogdan e Biklen (1994), o tratamento que é feito em relação aos dados é muito importante, bem como o significado que é dado aos mesmos, em que representa a realidade em estudo. Pois,

a análise de dados é o processo de busca e organização sistemático de transcrições de entrevistas, de notas de campo e de outros materiais que foram sendo acumulados, com o objetivo de aumentar a sua própria compreensão desses mesmos materiais e de lhe permitir apresentar aos outros aquilo que

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encontrou. A análise envolve o trabalho com os dados, a sua organização, divisão em unidades manipuláveis, síntese, procura de padrões, descoberta dos aspetos importantes e do que deve ser aprendido e a decisão sobre o que vai ser transmitido aos outros (p.205).

Assim, com as entrevistas é feita uma análise de conteúdo e posteriormente a

triangulação de todos os dados. 5.11.1. Análise de conteúdo

A análise de conteúdo (apêndice 6) é um instrumento ajustável e uma técnica imprescindível, no que concerne à investigação qualitativa. É, desta forma, utilizada para analisar as entrevistas que foram realizadas, após a investigação, que se encontram gravadas em áudio e cuidadosamente transcritas (apêndice 4) e visa “obter, por procedimentos, sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (qualitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/receção (variáveis inferidas) destas mensagens” (Bardin, 2008, p.44).

A análise de conteúdo possibilita um tratamento organizado das informações obtidas e/ou dos testemunhos complexos através das entrevistas realizadas. Para tal, é necessária a categorização das informações/testemunhos, permitindo assim a qualquer investigador, uma análise mais objetiva, pois tende a reduzir o que foi obtido, cingindo-se ao que realmente interessa para o estudo.

As categorias acima mencionadas é “uma espécie de gavetas ou rubricas significativas que permitem a classificação dos elementos de significação construtivos da mensagem” (Idem, p.39). Atendendo à informação obtida nas entrevistas, e de acordo com a temática e a problemática em estudo, os documentos, e os objetivos de investigação, definimos as categorias, as subcategorias e os objetivos (tabela 1).

De acordo com Bento (2015) para realizar a análise de conteúdo é importante seguir quatro etapas definidas como a “pré-análise”, em que se trata “de uma exploração inicial dos documentos, mais ou menos intuitiva, para o investigador poder fazer uma ideia sobre o tipo de documentos e dos seus conteúdos”; a “exploração da documentação”, que trata “da análise de conteúdo (…) em que se procede à categorização do material, em que os dados brutos são sistematicamente transformados em unidades que se agrupam em categorias possuidora de características pertinentes de conteúdo”; a “categorização”,

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definida como “uma operação dos elementos constitutivos de um conjunto, por diferenciação e, seguidamente, por reagrupamento segundo o género, com os critérios previamente definidos” e o “tratamento dos dados, inferência e interpretação” em que “os resultados brutos obtidos deverão ser tratados de modo a poderem tornar-se dados normalizados e ponderados, que permitam estabelecer quadros, gráfico e diagramas que sintetizem e descrevam as informações obtidas”. Este autor refere ainda que “durante esta fase, é preciso voltar atentamente aos marcos teóricos, pertinentes à investigação, pois eles dão o suporte e as perspetivas significativas para o estudo. A relação entre os dados obtidos e a fundamentação teórica é que dará sentido à interpretação” (pp.105-106).

Categoria Subcategoria Objetivo

Liderança A liderança na

organização

Averiguar o conceito de liderança

Averiguar o conceito de líder (enquanto professor) Enumerar algumas características de um líder

Indisciplina A indisciplina na sala de

aula e/ou na escola

Averiguar o conceito de indisciplina Averiguar as causas da indisciplina

Enumerar os comportamentos dos alunos na sala de aula e/ou escola

Averiguar as estratégias implementadas pela escola

Averiguar o papel do líder enquanto professor perante a indisciplina

Averiguar as consequências da indisciplina Averiguar a diminuição da indisciplina na escola

Compreender a importância da abordagem de conteúdos programáticos sobre a indisciplina para os

professores

Aikido

A prática de Aikido na escola

Averiguar o conceito de Aikido

Enumerar alguns benefícios da prática de Aikido Averiguar as vantagens do Aikido na escola Compreender a contribuição do Aikido perante a

indisciplina A prática de Aikido com

jovens problemáticos

Averiguar as vantagens do Aikido em jovens problemáticos

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