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No atual contexto da conjuntura social, política, econômica, histórica e cultural da sociedade contemporânea, tanto em nível mundial como nacional, as crianças e os adolescentes se encontram em um processo de expansão dos seus direitos e garantias individuais e coletivas, confirmando a existência de um Estado Democrático de Direito. Sendo assim, as crianças e os adolescentes vivenciam as

efetivações das determinações normativas contempladas no processo democrático instituído na convenção da ONU de 1989, na Constituição Federal de 1988 e na criação do ECA de 1990.

A efetivação das normas jurídicas implementadas pelo ECA revela a sua importância diante da gritante desigualdade social. Assim, a fim de equalizar as desigualdades sociais, devem ser priorizadas as questões relacionadas às crianças e aos adolescentes, independente da sua condição social, desmistificando a visão de que conflitos com a lei não estão relacionados unicamente com a pobreza. Urge, portanto, uma política pública cujo trabalho não envolve somente as crianças e os adolescentes em conflito com a lei, mas toda a família e a sociedade.

Para isso, é necessário entender que o papel da família, da sociedade e do Estado é diferente hoje do que foi outrora. A família, como instituição social, é considerada aquela onde a criança aprende a ter os primeiros contatos com o mundo exterior, sendo responsável por grande parte da conduta dessas crianças como cidadãos. No seu contexto vivenciam-se conflitos que ocasionam desestruturações familiares, consideradas decisivas no comportamento e no futuro das crianças e dos adolescentes. Esses conflitos merecem atenção e intervenção da sociedade e do Estado, cujas ações, muitas vezes, são ineficazes.

Com relação às políticas públicas, menos da metade das crianças e dos adolescentes vive em lugares com saneamento adequado. A desinformação dos pais também provoca danos irrecuperáveis, pois o efeito perverso da ignorância traz riscos. Pais sem instrução afetam o desenvolvimento físico, intelectual e mental dos seus filhos que, quando adultos, reproduzem a mesma lógica. A forma de resolver essas epidemias, portanto, chama-se EDUCAÇÃO. Entretanto, a família que faz parte desse contexto não consegue visualizar essa necessidade, e o Estado a negligencia, não dando oportunidade às famílias saírem dessas condições.

O Brasil também precisa combater o trabalho infantil, que é traduzido nos casos de exploração de crianças e de adolescentes, especialmente em residências. Segundo dados do relatório Brasil Livre de Trabalho Infantil, da ONG Repórter Brasil, divulgados em 13 de maio de 2013,

Estima-se que aproximadamente 258 mil crianças e adolescentes entre 10 e 17 anos trabalham na casa de terceiros no país – das quais 94% são do sexo feminino. No mundo, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) avalia que 15,5 milhões de pessoas com menos de 18 anos exerçam atividades domésticas. (AGÊNCIA BRASIL, 2013, s/p).

Esses dados são altamente elevados, pois revelam que há uma cultura de exploração do trabalho infantil, principalmente do gênero feminino, de classes sociais desprovidas economicamente. Para reduzir esses números é necessário um trabalho de conscientização das famílias e a implementação de políticas públicas que ofereçam condições para essa população buscar espaços de qualificação e aperfeiçoamento. Ações do Estado que possibilitam oportunidades e fiscalização podem fazer com que famílias se tornem sujeitos de sua própria história de transformação social, inibindo ações como da exploração do trabalho infantil.

Com a aprovação da Emenda Constitucional 7240, no mês de abril de 2013 passou a ser proibido o trabalho doméstico insalubre aos menores de 18 anos, bem como qualquer tipo de atividades aos menores de 16 anos. Há necessidade, contudo, de o próprio Estado viabilizar instrumentos que possam coibir essa prática mediante fiscalização efetiva e rigidez na aplicação de penalidades aos que cometem esse tipo de infração.

Adolescentes que cometem um ato infracional são submetidos à intervenção do Estado que aplica, por exemplo, várias medidas possíveis, como: advertência, obrigação de reparar o dano, prestação de serviços à comunidade, liberdade assistida, semiliberdade e, somente como último recurso, a internação. Mas esses atos, muitas vezes, ocorrem a partir de julgamentos e análises elaborados pela sociedade e pelos representantes do Estado, de forma isolada e não contextualizada. O sofrimento mental e estrutural das crianças e dos adolescentes que são submetidos a essas medidas em sua trajetória influencia na sua formação pessoal.

Neste sentido, a universalização das políticas públicas impõe a implantação de redes de compromisso social de atendimento à população, conforme assevera Custódio em seu artigo “Teoria da Proteção Integral: pressuposto para compreensão

do direito da criança e do adolescente”:

40 Emenda constitucional nº 72, de 2 de abril de 2013. Altera a redação do parágrafo único do art. 7º da Constituição Federal para estabelecer a igualdade de direitos trabalhistas entre os trabalhadores domésticos e os demais trabalhadores urbanos e rurais.

Parágrafo único. São assegurados à categoria dos trabalhadores domésticos os direitos previstos nos incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as condições estabelecidas em lei e observada a simplificação do cumprimento das obrigações tributárias, principais e acessórias, decorrentes da relação de trabalho e suas peculiaridades, os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como a sua integração à previdência social. (MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO, 2014).

O princípio da ênfase nas políticas sociais básicas visa a promover o reordenamento institucional, provendo um conjunto de serviços de efetivo atendimento às necessidades de crianças, adolescentes e suas próprias famílias por meio de políticas de promoção e defesa de direitos, bem como, de atendimento em todos os campos no reconhecimento da assistência social como um campo específico de políticas públicas com caráter emancipatório, desvinculado dos tradicionais laços assistencialistas e clientelistas. (CUSTÓDIO, 2013, p. 35).

Segundo o autor supracitado, as políticas públicas a serem instituídas pelo Estado devem promover a defesa dos direitos das crianças e dos adolescentes e de sua própria família, bem como buscar a sua emancipação. Não se caracteriza, contudo, os tradicionais laços assistencialistas e clientelistas, mas sim aqueles que atendam às normas jurídicas instituídas na CF/88, no ECA/90 e as retificações das convenções internacionais sobre esse tema.

A busca pela proteção integral e prioridade de atenção de direitos fundamentais das crianças e dos adolescentes requer a criação e o fortalecimento de redes de compromisso social, entendidos como um conjunto articulado de instituições governamentais, não governamentais, serviços e programas que priorizem o atendimento integral na realidade local. A este respeito a ex-conselheira A assevera que:

Entrevistador: No teu ponto de vista, que medidas socioeducativas fazem os adolescentes ressocializarem?

Eu não vejo que, eu acho que o trabalho de rede de atendimento com a família, conselho tutelar é um trabalho ainda mais eficiente de que se tem sido feito, eu acho que falta de profissionais para atender a demanda e que tenham uma maior disponibilidade, que dê um olhar especial, por que não? Hoje nossa Fase, antiga Febem, eu não vejo recuperadora! Eu acho que não tem suporte suficiente para recuperar e para trabalhar os adolescentes, não adianta ir para a Fase, ou uma Febem como era antes e não está sendo feito aquele trabalho com a família, e que muitas vezes pela demanda os profissionais que existem na rede não conseguem dar atenção que necessitam que precise ter essa família e esses adolescentes pra quando ele retornar para o convívio familiar seja diferentes do que eram antes. (ex-conselheira A).

Segundo ponderações da entrevistada, a partir de experiências vivenciadas pela profissional quando atuava como conselheira tutelar no município de Ijuí-RS, a eficácia do trabalho com as crianças e os adolescentes em conflito com a lei ocorre por intermédio do trabalho integrado em redes de compromissos sociais, que abrange um trabalho eficiente e profissional. Já as famílias dessas crianças e adolescentes, segundo relato da conselheira A, não percebem a internação em instituições do Estado, de forma isolada, como uma ação ressocializadora.

Nesta mesma linha de raciocínio, a ex-conselheira A defende que, para que os resultados sejam eficazes, as políticas públicas devem acontecer com maior qualidade, e que os projetos devem ser direcionados à ressocialização a partir do entendimento obtido por intermédio de uma pesquisa de campo que tratou dos fatos que levaram crianças e adolescentes a cometer os atos infracionais.

Entrevistador: Existem políticas públicas que amparam os adolescentes em conflito com a lei?

Eu acho que alguns programas, projetos até que se tem o que falta mesmo é maior qualidade, nós não temos que trabalhar com quantidades de projetos, mas com resultados que cada projeto vai ter em relação a cada adolescente e a cada família, nos temos que trabalhar em cima de resultados, qual é o resultado que nós temos com os projetos e programas sociais? Essa avaliação precisa ser feita ao implantar determinadas políticas públicas voltadas à ressocialização tem que fazer uma pesquisa de campo, vê quais os tipos de adolescentes que estão em conflito com a lei, o porquê que levou ele a atual situação? Um estudo das famílias que se encontram nessa situação. Pra daí criar um programa de políticas públicas para esses adolescentes, eu acredito que fazendo um estudo, um levantamento, oferecer cursos de qualificação, trabalhando a autoestima dos adolescentes e das famílias, mostrando uma nova perspectiva de vida, aí eu acho que podemos ter maior resultados. (ex-conselheira A).

Assim, mediante a implementação de políticas públicas em nível local é possível produzir resultados positivos, evitando desperdícios de investimentos sem alcançar bons resultados. Essas políticas públicas devem ser implantadas a partir de estudos que atendam as carências e as necessidades da realidade local, priorizando o atendimento das crianças e dos adolescentes e suas famílias.

Outra questão abordada em relação às políticas públicas que atendem as crianças e os adolescentes e suas famílias, atualmente vigentes no Brasil, consideradas o “carro chefe” do Governo Federal e de destaque internacional, são o Programa Bolsa-Família. O ex-conselheiro B, integrante desta pesquisa de campo, assim se manifesta a respeito:

Prá mim ser bem sincero essa bolsa família de uma certa forma veio contribuir, pelo menos os pais muitas as vezes passam a ter obrigação, até pelo aquele valor que tem a receber, eles procuram manter o filho na escola, então eu vejo positivamente esse lado, por aí os pais se preocupam, bom se não forem na escola não tem aquele dinheirinho, a gente sabe que não deveria ser assim, mas é uma forma de pressionar o pai e a mãe para ficar mais atento na participação do filho na escola, então isso traz essa vantagem, mas eu desejo que esse projeto não seja permanente, mas tem alguns que estão se tornando permanente, [...] a assistência não pode ser permanente, se não ela vicia, ela tem que ter um período até a pessoa se recuperar e tocar a vida dela, fazer as coisas como se fosse dela. O assistencialismo eu sou contra, paternalismo né, isso tem que ser mudado [...]. (ex-conselheiro B).

No caso específico do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), instituído pelo Governo Federal, a família passa a ter deveres, como a proteção e o desenvolvimento físico e intelectual das crianças e dos adolescentes em troca do direito ao benefício. Para ser eficiente, esse benefício precisa ser transitório e não permanente, caso contrário pode haver acomodação na família do beneficiário, que deixará de lutar por direitos mais amplos.

Do ponto de vista político, o Bolsa-Família é um programa de grande impacto econômico e social devido a sua abrangência e valor distribuído. Por outro lado, alguns setores questionam o cunho eleitoral que o mesmo representa, pois com sua distribuição muitas famílias de baixa renda e risco de vulnerabilidade social conseguem proporcionar um melhor tratamento às crianças e aos adolescentes. Há, porém, uma acomodação social que beneficia quem está no poder e mantém as desigualdades sociais.

Outro aspecto abordado na entrevista realizada a partir da pesquisa de campo que efetivou a realização deste estudo foi destacado pela ex-conselheira A, que aponta que a religião influencia na ressocialização de crianças e adolescentes em conflito com a lei, como se pode perceber a seguir:

Eu acredito que a religião acaba dando o “norte” para a vida de cada um. Qual a motivação que um jovem que chega em casa, vê miséria, não tem comida, falta as coisas em casa, tem briga, tem alcoolismo, qual é o motivo que esse jovem tem? O que vai dar força? Quem vai dar ânimo? Impulsionar esse adolescente a mudar de vida? Eu vejo a religião que dá esse impulso, essa força pra essa mudança. (ex-conselheira A).

Do ponto de vista histórico e cultural a religião sempre influenciou e continua influenciando as sociedades, sendo possível enumerar vários aspectos positivos e também negativos. O que sempre aconteceu e que continua a acontecer ainda hoje é o fato de que as religiões se envolvem em aspectos sociais quando o Estado é omisso nesses assuntos. Quanto aos aspectos positivos pode-se enumerar o abrigamento, auxílio alimentação, educação, orientação moral, ética e religiosa, e nos aspectos negativos observa-se a alienação, o conformismo e a aceitação da situação vigente.

Observa-se, então, que as instituições religiosas ocupam espaços que deveriam ser ocupados pelas famílias e pelo Estado. As novas configurações familiares e as funções dos pais e dos filhos nessa organização, portanto, não estão

definidas. Outrossim, se houvesse uma eficácia por parte das instituições religiosas em relação aos problemas sociais, no caso específico do Brasil, os casos problemáticos deveriam ser menores, pois nunca na história houve uma diversidade religiosa e, tampouco, uma numerosa multidão de adeptos.

Histórica, cultural e politicamente, a ressocialização dos adolescentes em conflito com a lei histórica sempre foi maquiada pelo Estado e pela própria sociedade, pois poucos se preocuparam em investir principalmente em saúde, educação e lazer das crianças e dos adolescentes. As políticas públicas ainda hoje são tímidas, muito aquém do que realmente deveriam ser. Prova disto é a implementação e regulamentação do próprio DAC, de 1990, que não está totalmente efetivada, mesmo depois de duas décadas de aprovação.

Neste sentido, pode-se observar a entrevista concedida por Taís Schilling Ferraz, presidente da Comissão da Infância e Juventude do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), publicada em 8 de agosto de 2013 pela Agência Brasil. A entrevista faz parte do relatório “Um olhar atento às unidades de internação e

semiliberdade”:

Defende investimentos na ressocialização de jovens infratores, avalia que a situação em unidades de internação reforça a necessidade de mais investimentos no sistema de ressocialização de crianças e adolescentes em conflito com a lei. Promotores da justiça da infância e juventude inspecionaram 287 unidades de internação provisória ou definitiva em março de 2012 e março deste ano. O relatório “um olhar atento às unidades de internação e semiliberdade para adolescentes” aponta outros problemas constatados nas unidades visitadas, como a falta de separação dos internos por faixas etárias, porte físico e tipos de infração. O Brasil tem atualmente um déficit de quase 3 mil vagas para acolher os 18.378 jovens em conflito com a lei obrigados a cumprir medidas socioeducativas. Segundo um relatório do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), divulgado hoje (8), as 443 unidades de internação e de semiliberdade, juntas, somam 15.414 vagas. Além disso, mais da metade dos estabelecimentos inspecionados foram considerados insalubres. (AGÊNCIA BRASIL, 2013, s/p).

O referido relatório evidencia a necessidade de investimentos na ampliação da infraestrutura e adequação dos espaços para a efetivação da ressocialização das crianças e dos adolescentes em conflito com a lei. No ritmo em que está sendo proposto, porém, não consegue atender a demanda, ocasionando um déficit de vagas e superlotação, não dispondo de salas adequadas, espaços de profissionalização e equipamentos para as práticas esportivas.

Neste sentido, a sociedade deve cobrar investimentos que garantam a efetividade do sistema socioeducativo, antes de propor, por exemplo, a redução da maioridade penal como solução para o problema da violência das crianças e dos adolescentes. Os adolescentes em conflito com a lei que vão para uma unidade de internação que apresenta problemas estruturais ou de profissionais, não estão tendo condições de ressocialização, o que leva a concluir que o Estado não está conseguindo dar uma resposta adequada à sociedade no que tange a essa questão.

É necessário, portanto, que o Estado invista em políticas públicas a fim de garantir às crianças e aos adolescentes a proteção integral, segurança, saúde, educação, profissionalização e cultura. Todas as crianças e os adolescentes, independente do nível socioeconômico, étnico, religioso, político e cultural, têm direito a uma família digna que atenda os seus direitos fundamentais, sendo esta uma função essencial do Estado e da sociedade.

Diante da afirmação de que o Estado pode e deve investir em políticas públicas a fim de assegurar o direito fundamental do desenvolvimento das crianças e dos adolescentes, transcreve-se um exemplo recente de positivação de medidas ressocializadoras, divulgado pela imprensa gaúcha na comemoração do Dia Mundial dos Direitos Humanos:

Declaro extinta a medida socioeducativa. E tu não sabes com que prazer o faço. Vai com Deus. Proferida com emoção maternal, a decisão da juíza Vera Deboni da Vara da Infância e Juventude de Porto Alegre, autorizou Luisa41, 18 anos, a deixar o Centro de Atendimento Socioeducativo Feminino (Casef) e ensaiar os primeiros passos para um dia, quem sabe, estar na cadeira mais alta de uma sala de audiências. Aprovada para cursar Direito em uma universidade particular do interior, a jovem saiu do Fórum, na ultima 5ª feira, apanhou seus pertences na sede do Casef, na vila Cruzeiro, despediu-se das amigas e embarcou com os pais em um ônibus que levaria de volta a sua cidade de origem. Luisa recuperou na fundação socioeducativo o gosto pelos estudos durante os nove meses de internação. Voltou à escola, terminou o Ensino Médio e participou com dedicação das aulas do pré-vestibular oferecidas pelo Programa de Oportunidade e Direitos (POD) do governo do Estado. (ZERO HORA, 2012, p. 10).

O POD42 é uma política pública de iniciativa do governo do RS, que auxilia

adolescentes internos e egressos da Fase a retomar a vida longe da criminalidade.

41 A identidade da jovem foi preservada de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente. 42 Programa de Oportunidades e Direitos (POD) é um programa do governo do Estado do RS voltado aos adolescentes internos, que tem adesão opcional e oferece bolsas e cursos profissionalizantes aos egressos da Fase. O programa atingiu índice de reincidência de 9,5%, em 2012. Dos 221 egressos inseridos no programa de janeiro a outubro, apenas 21 voltaram a cometer atos infracionais. De acordo com a diretora de Direitos Humanos e Cidadania da Secretaria da Justiça e dos Direitos

De acordo com os números, houve uma drástica redução nos índices de reincidência. Isso demonstra que o caminho para que ocorra a ressocialização precisa de políticas públicas por parte do Estado e também o desejo do próprio adolescente em buscar saídas da situação em que se encontra. Nesse sentido é indispensável o apoio da família e da sociedade, bem como a determinação em estudar, os quais estão explícitos no depoimento da adolescente.

Tendo em vista que fortalecer convicções a partir de políticas públicas, incentivos, interesse, determinação, formação, apoio e oportunidades são pré- requisitos para a ressocialização, toma-se o exemplo de Roberto da Silva que foi interno da Febem e, depois de adulto, passou 10 anos detido numa penitenciária. Atualmente é membro do Conselho da Fundação Casa e pesquisador consulado por todos os governos sobre educação nas prisões:

Dotar a Fundação Casa dos instrumentos adequados para se trabalhar a perspectiva socioeducativa da medida, que a mera mudança de nome de Febem para Fundação Casa não garante, e também na construção de unidades menores. Além disso, o fortalecimento das estruturas de garantias dos direitos das crianças e adolescentes. O governo estadual abandonou o Conselho da Criança e do Adolescente, usa este conselho para satisfazer seus próprios caprichos. Não dá a eles as condições que precisam. Não se faz investimento nos conselhos tutelares e praticamente nenhuma medida preventiva no sentido de não realimentar a delinquência infanto-juvenil. Se o Estado fizesse isso e cumprisse todas as obrigações legais éticas e morais que se impõe ao governante, aí nós consideraríamos a possibilidade de alterar a legislação. (SILVA, 2013, s/p).

É preciso, portanto, adequar as instituições conforme a legislação determinada pelo DCA. Isso não significa apenas mudar o nome das instituições,