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5 – NOVAS ABERTURAS NO ESPAÇO DIGITAL: potências do encontro da Internet com a metrópole

O próximo capítulo trata de uma série de eventos políticos insurgentes que constituem manifestações concretas das aberturas e rachaduras na direção da alteridade cidadã e do dissenso, já apontados no capítulo anterior. Mas antes de chegar na análise destes acontecimentos – dentre os quais se destacam as manifestações de junho de 2013 no Brasil -, faz-se necessário passar por uma discussão acerca de um novo elemento que se faz presente no cenário social, cultural e político contemporâneo, e que se relaciona diretamente com diversas manifestações políticas assistidas ao redor do mundo desde o início desta década de 2010 e nas quais os eventos de 2013 no Brasil se inserem, que é a progressiva inserção da internet no espaço social contemporâneo. Este novo elemento, o espaço digital em construção, traz desdobramentos políticos ainda no estágio inicial de seus percursos, que por sua vez passam, no argumento que construo a seguir, por sua relação direta com a metrópole num formato de retroalimentação e potencialização recíproca. Neste argumento mais brevemente tecido85, trato de questões que surgem da consideração deste cruzamento entre internet e metrópole, partindo da hipótese de que as erupções de junho de 2013 foram, parcialmente, resultados justamente deste encontro, tendo sido canalizadas através do espaço social agenciado e mobilizado eletronicamente. É claro que aqueles eventos não foram exclusivamente resultantes de um encadeamento que passa pelos transbordamentos do uso político do espaço digital na direção das ruas, e envolvem também outros agenciamentos que tangenciam esta lógica mas não situam-se em seu bojo, como veremos; mas faz-se necessário trazer essa discussão para o terreno dos estudos urbanos com o objetivo de levantar questionamentos e apontar para uma agenda de pesquisas que inclua também o novo campo de ação construído em torno da ligação entre redes e ruas. Ou seja, mesmo sendo óbvio que não é o uso da internet em si que engendra os eventos políticos, é essencial considera-la na análise destes, pois seu formato de agenciamento é fundamental no funcionamento e nas características destes transbordamentos – o que envolve aspectos virtuosos e negativos.

Em termos epistemológicos, situo a linha de argumentação perseguida neste capítulo e no próximo como situada num terreno de privilégio da empiria através de uma abordagem que busca

85 Em que deixo de fazer referência a uma série de pesquisas e publicações já realizadas ou em curso mais centradas no tema das redes digitais a partir de uma vertente sociológica, ou das ciências sociais de forma geral, em função do caráter exploratório e propositivo do argumento tecido neste capítulo.

identificar e mapear associações diretas entre agentes e eventos, formando sequências encadeadas em redes espaço-temporais de interconexões que culminam num estágio atual da contemporaneidade, que obviamente guarda desdobramentos futuros. Neste ponto presente, tem- se uma miríade de processos e condições atuais que são imanentes e reais, e que se apresentam como a constituição do campo que deve ser privilegiado como objeto de análise e intervenção, demandando atuações e compreensões entrecruzadas a respeito deste universo vivo, latente e realmente existente, com desdobramentos abertos no momento histórico presente86. No entanto, busco efetivar tal percurso sem perder de vista o privilégio de uma perspectiva teórica e histórica que caracteriza a discussão realizada nos capítulos anteriores, procurando formas diversas de sintetizar as duas vertentes e promover diálogos produtivos entre elas.

A internet e o direito à cidade: questões acerca do início de uma relação

Traçar uma breve genealogia da produção social do ciberespaço na metrópole brasileira é um primeiro passo importante na direção da análise de seus efeitos sobre a cidade. A internet intensifica sua presença no espaço social nos últimos anos a partir da ampliação do acesso aos equipamentos necessários para tal, e às tecnologias digitais, na generalização recente das redes sociais anteriormente restritas a círculos menores, mais específicos, de usuários. A ampliação e o aprofundamento do espaço digital em interface com o urbano trazem consequências para este, abrindo um campo de possibilidades de ação, bem como uma agenda de pesquisa, e invocando a necessidade de teorização acerca das implicações desta relação para a produção do espaço.

A partir da década de 1980, uma pequena subcultura urbana constituía-se no Brasil em torno do agrupamento de usuários de computadores pessoais, na troca e na reprodução de softwares piratas e jogos eletrônicos (que a tecnologia digital permitiria realizar sem limites físicos pela primeira vez), bem como no compartilhamento aberto de conhecimento técnico aplicado na manutenção de máquinas, na instalação e elaboração de softwares etc. O início da década seguinte traz alguns progressos tecnológicos importantes que permitem a interligação dos computadores em redes, que através do surgimento do modem poderia ser feita através das linhas telefônicas. O acesso às primeiras redes locais que permitiam esse tipo de interligação telefônica entre

86 Esta segunda frente tem como inspiração uma outra vertente do pós-estruturalismo contemporâneo, qual seja, aquela informada pela filosofia empirista de Gilles Deleuze e Félix Guattari, que privilegiam o imanente diante do transcendente, a partir de uma leitura da imanência em Spinoza.

computadores era feito através dos BBS (Bulletin Board Systems), que eram softwares que organizavam as trocas de informações, softwares e dados entre usuários. Além dos chats, dentre as formas de trocas de dados e informações que este sistema permitia, estava o newsgroup, que era um fórum de discussão aberta de assuntos diversos. Os provedores de acesso a estes serviços eventualmente seriam os primeiros ofertantes de acesso à internet no Brasil – num primeiro momento somente aos provedores de e-mail (em 1993 em São Paulo), e posteriormente à World Wide Web (se espalhando pelo Brasil em 1995), que viria a substituir as redes locais através do acesso direto ampliado que elas mesmo proviam à grande rede interligada mundialmente.

A partir da interligação das comunidades localmente organizadas nas BBSs através do acesso que a rede mundial permitia, os newsgroups se interligavam nacional e globalmente. A plataforma utilizada para a construção dessa ferramenta era a Usenet, rede que já era usada em universidades norte-americanas desde o início da década de 1980 e que tem seu acesso interligado à Web na década seguinte. A criação ilimitada de fóruns temáticos separados por país, língua e assunto permitiu o surgimento de um espaço de discussões que promovia um encontro entre usuários de forma completamente horizontal, sem a necessidade de autoridades exercendo funções centralizadas de controle (com a exceção de moderadores com capacidades de exclusão de mensagens e de usuários, e que eram convocados em situações de desrespeito e abuso). A ferramenta complementar de comunicação e interação entre usuários era o chat, também anteriormente limitado às redes locais, e que com a internet ganha escala mundial, mas quase sempre se delimitando às comunidades de mesma língua, e que tem um histórico de alcance muito mais amplo que os newsgroups, sendo frequentemente dividido em diversos canais de acesso. Neste momento, começa a aparecer um código próprio dos usuários mais assíduos das redes, uma etiqueta, uma série de termos e gírias específicas, e um conhecimento detalhado sobre sua geografia virtual cujos caminhos aprofundavam seu alcance, suas ramificações e o grau de especialização destas. Também neste período a rede começa a servir como ponto de encontro e trocas para subculturas e grupos sociais distintos já anteriormente constituídos e que enxergam uma oportunidade de ampliar seus canais de diálogo através dos novos sistemas interligados digitalmente. Isso ocorre na década de 1990, tanto no ambiente dos chats (através da sua organização em canais de interesse para conversa sobre assuntos específicos) quanto nos grupos de discussão da Usenet, que no Brasil se consolidava nos newsgroups do Universo Online (UOL), e abrangiam 525 fóruns online de temas diversos, desde economia, esportes, política e cultura (com ramificações e sub-ramificações focando em subdivisões específicas dentre estes guarda-chuvas

maiores) até grupos organizados por cidades, regiões e comunidades de imigrantes estrangeiros. As listas de e-mail também foram canais importantes de agregação de comunidades online, na maioria das vezes de acesso aberto, e constituindo grupos de discussão e ação em torno de temas e agremiações específicas, muito frequentemente usados por comunidades no meio da produção artístico-cultural e dentre acadêmicos, separados por campos de conhecimento, com variados níveis e padrões de regionalização.

Outro formato de consolidação de uma comunidade própria da internet em interligação com agrupamentos existentes fora da rede e que utilizam das ferramentas online para ampliar o alcance de suas trocas que surge no final dos 90 e cresce exponencialmente no início da década de 2000 são os blogs. Jornalistas, poetas, escritores, críticos de música e cinema, e a enorme massa de estudantes dos campos correspondentes compunham um grupo que iniciavam suas próprias páginas independentes online e escreviam regularmente sobre temas diversos, fazendo surgir a figura do

blogueiro. Muito antes de o formato ser adotado pelas próprias empresas de mídia e por jornalistas

de renome que passam a atuar independentemente, ou com patrocínios diretos de partidos políticos ou grandes empresas, os blogueiros criam uma grande constelação de canais de acesso independente à informação disponibilizada e processada de formas diversas, permitindo também que movimentos sociais, partidos políticos, e grupos diversos tenham seus próprios canais de comunicação com a internet como um todo, sem a necessidade de passar por canais comerciais de difusão da informação (que muitas vezes criam um viés inerente, não somente devido à vinculação frequente dos controladores dos grandes meios de comunicação a grupos de interesse privado específicos, mas também devido à influência exercida por grandes anunciantes no conteúdo dos jornais destes meios empresariais tradicionais). Assim como nas ferramentas descritas acima, os blogs também constituíram uma subcultura própria, com interfaces com dinâmicas situadas fora do espaço da rede e que o utilizavam como suporte, mas conformando neste ponto de encontro um código de práticas e valores típicos de um agrupamento social bem definido. Ademais, são espaços de difusão que funcionam como as rádios independentes (nas favelas, por exemplo), divulgando informações, relatos acerca de eventos diversos e fazendo jornalismo independente e autônomo de forma geral.87

Outro aspecto importante que deve ser levado em consideração em relação à blogosfera é que a presença da contracultura online é marcante desde os primórdios das BBSs descritos acima,

87 Não por acaso as rádios independentes tendem a ser severamente reprimidas pelas autoridades reguladoras da mídia, jamais interessadas em criar formas de regulamentação que poderiam contemplar tais experiências.

e têm nos blogs um terreno fértil para sua reprodução. Desde grupos vinculados à música criada por fora da indústria cultural em sua vertente comercial principal (o chamado mainstream) até anarquistas de tendências diversas utilizavam a internet como ponto de encontro para trocas de dados e informações desde a primeira metade da década de 1990, promovendo eventos, encontros de usuários de comunidades virtuais etc., o que continua a ocorrer com estas novas ferramentas, de maior alcance em potencial. No plano específico da política, ressalta-se que este caldo anti-

establishment do mundo virtual não é e nunca foi exclusivamente progressista e/ou vinculado a um

pensamento de esquerda, sendo muitas vezes povoado por grupos radicais situados no outro extremo do espectro político.

A expansão destas formas rizomáticas de agregação e encontro se dá tanto no crescimento do próprio acesso às tecnologias por parte de contingentes mais ampliados quanto no aumento do alcance de cada uma dessas formatações das ferramentas tecnológicas disponíveis, que atingem grupos distintos, geralmente maiores que as primeiras interfaces que surgiram nos anos de 1990 descritas acima. Outro aspecto significativo é que a liberdade de expressão advinda da independência das redes cria canais de acesso irrestrito, tanto para os difusores de mensagens quanto para seus leitores em potencial, o que possibilita uma abertura para a utilização destes novos meios de difusão de informação por grupos que precisam fazê-lo por fora dos meios tradicionais por motivos diversos. Desde os newsgroups em seus primeiros anos no UOL, as discussões atingem níveis acentuados de aprofundamento em função da presença de especialistas nos temas que muitas vezes debatiam entre si, em interação com o público mais amplo, e em temas mais interligados à política propriamente dita, muitas vezes a figura do militante já se fazia presente nos debates.

Num primeiro patamar, a internet recriava o espaço da praça pública onde se conversava sobre assuntos correntes que afetavam a esfera pública e o comum de forma relativamente aberta (o que no interior jamais deixou de existir), e que na escala da metrópole é substituída pelos jornais com suas diversas barreiras à entrada, suas distorções, seu isolamento e sobretudo sua via de mão única nesse trânsito da informação, que o público amplo recebe e reage somente em sua escala imediata. Inaugurava-se aí uma interseção discursiva com a esfera pública radicalmente aberta à intervenção e à participação do público amplo, que se torna também ponto de encontro alimentador de reciprocidades e com um enorme potencial latente de transbordamento para o espaço fora dos computadores e suas redes. Este potencial é comercialmente explorado por promotores de eventos e empresas visando nichos de mercado específicos, sendo que sua vertente política permaneceria em fermentação por mais alguns anos. E se a discussão em praça pública tinha significativas

barreiras à entrada e sua própria forma de censura das minorias e dos subalternos, a internet constitui um espaço mais aberto que propicia e fertiliza os encontros internos a estes grupos e entre eles, gerando também transbordamentos para o público amplo com consequências políticas virtuosas.

O terceiro espaço comunitário da sociedade de esquina, que cumpre um papel importante na sociabilidade urbana em pequena escala (Whyte, 2005), transborda para o espaço digital de forma complementar ao urbano, retroalimentando pontos de encontro e trocas mútuas que ocorrem nas ruas de forma potencialmente autônoma, horizontal e altamente diversificada. Mas isso não acontece sem reações de discursos machistas, homofóbicos, racistas, xenófobos, contra populações indígenas, contra os pobres, dentre outros – também difundidos e articulados digitalmente, e muitas vezes tendo alimentadores instalados nos meios de comunicação tradicionais. Este tipo de atuação gera um efeito cascata em enorme escala na ação dos usuários/leitores que replicam este formato de discurso no meio digital. Mais recentemente, pode-se identificar também uma forma de apropriação das ferramentas digitais por grupos interessados em disseminar, deliberadamente, discursos de calúnia, difamação e boatos (muitas vezes com linchamentos verbais na sequência), o que tende ser efetivo e de difícil reversão, devido a esta característica da ampliação livre dos efeitos de espraiamento de informações que demarca as redes eletrônicas. Nos casos em que as acusações são baseadas em fatos comprovados, algumas vezes há, mesmo assim, a mobilização desta forma de agenciamento através das redes eletrônicas, de forma paralela ou não ao acionamento do aparato de justiça formal. O que constitui uma ferramenta que pode ser utilizada para objetivos diversos, e levadas em inúmeras direções distintas, de acordo com as intenções de seus operadores, e com efeitos em potencial também variados (potencialmente muito graves e de difícil controle).

As redes sociais em seu formato atual surgem no início de 2004, se espalhando rapidamente pela internet brasileira ainda naquele ano. Assim como os newsgroups e as listas de email anteriormente, elas se tornam um espaço de encontro entre ativistas e o público geral, provocando um progressivo ganho de escala nesta interação, a partir da combinação entre blogs e a divulgação viral/exponencial de textos nas redes, formatadas tecnologicamente em padrões que facilitam o espalhamento de postagens em progressão geométrica, possibilitando o alcance de públicos em escala inédita. As novas ferramentas ampliam o raio de alcance das informações compartilhadas de forma orgânica, descentralizada e horizontal, em que os agentes propagam informações exponencialmente, com audiências sem limites de quantidade de visualizadores em potencial. Este é o dispositivo que permitiu que a fermentação da conversa política na internet atingisse a escala

atualmente vista, sendo que os blogs cumpririam um papel-chave neste contexto, por abrigarem textos maiores, repletos de informações que os usuários compartilhariam à enésima potência. Durante os eventos de junho de 2013, ganhou destaque também o crescimento de mídias descentralizadas, horizontais e em grande medida autônomas na cobertura direta (e na maioria das vezes com transmissão em vídeo ao vivo) dos atos nas ruas, o que amplia em potencial a capacidade da rede de criar canalizações que passem por fora do controle dos meios tradicionais com alcance inédito, muitas vezes divulgando amplamente, através de imagens gravadas ou em transmissão em tempo real, eventos não difundidos pela grande mídia.

A profusão de redes distintas aumenta o grau de heterogeneidade da internet, bem como sua capacidade de criação de rotas de fuga sem obstáculos significativos, como bem evidenciam as inúmeras tentativas por parte da indústria fonográfica de cercear o compartilhamento de arquivos de áudio online e as sempre bem-sucedidas saídas tecnológicas que a comunidade de usuários dedicados a esta atividade cria de forma autônoma através da simples produção de novas ferramentas. No entanto, em algumas situações, tais aberturas na direção da fuga de restrições impostas verticalmente não ocorrem facilmente. Além de casos diversos de censura a determinados tipos de conteúdo, alterações nas tecnologias de algumas redes sociais geram impactos importantes no padrão aberto, horizontal e rizomático das interações que se verificavam anteriormente, em função de um privilégio à difusão do conteúdo em páginas pagas pelos usuários. Trata-se de alterações na configuração técnica da rede, em função de objetivos estritamente mercadológicos por parte da grande empresa privada que provê o acesso à rede social de maior uso no momento atual, que gera efeitos significativos nas interações entre usuários e no próprio caráter horizontal e rizomático, geralmente presente nas redes, podendo diminuir consideravelmente o grau de alcance de publicações sem vínculos a fontes de renda que permitam promovê-las. Outro fator preocupante para alguns ativistas que se articulam através de redes sociais é o potencial de ligação de algumas dessas tecnologias com aparelhos de vigilância e repressão de ações de protesto, inclusive em padrões ilegais de quebra de sigilo e acesso a informações pessoais e trocas de mensagens privadas entre usuários, fazendo surgir a discussão acerca da necessidade de se criar tecnologias autônomas que continuem na lógica (incontrolável, em função da natureza descentralizada da própria rede) de criação de rotas de fuga, buscando evitar que estes padrões verticais e autoritários surjam em tentativas de vigilância, manipulação e ordenamento, bem como de extrair valor das redes. Há também a limitação do alcance e do aprofundamento do ativismo estritamente virtual,

estigmatizado por muitos como uma prática redutora dos debates a um nível de superficialidade que seria inerente às conversas mediadas por tais tecnologias.

No entanto, o ponto a ser destacado no argumento proposto é que as aberturas para novos vetores no espaço social surgem a partir da interação entre as redes e a cidade, em que estes dois domínios se complementam e se retroalimentam criativamente. Não se trata de propor que a internet em si crie potenciais, mas que seu entrecruzamento com o urbano engendre transformações importantes em ambos. A partir deste quadro proponho três transbordamentos em potencial com algumas manifestações concretas já evidenciadas deste valor de uso complexo consolidado nas redes eletrônicas na direção da produção do espaço urbano com possíveis consequências para os embates em torno do direito à cidade.

A internet e o sinoicismo urbano

Tomando em primeiro lugar a concepção do sinoicismo inerente à cidade nos termos de Soja (2000), ou seja, “o estímulo gerado pela aglomeração”, ou a capacidade criadora que a própria