• Nenhum resultado encontrado

CAPÍTULO 1: MODERNIZAÇÃO, DESENVOLVIMENTO, PARTICULARIDADES DO

1.3. O “Novo rural” brasileiro e a importância das atividades não agrícolas como absorção do

A queda ocorrida no emprego agrícola no Brasil, principalmente, a partir dos anos de 1990, se deu principalmente devido à modernização e à mecanização agrícola (BALSADI, 2005). Entretanto, “(...) a fortíssima redução de atividades nas atividades agrícolas não deixa de ser alarmante num país com elevadas taxas de desemprego e com uma grande dívida social com os excluídos” (BALSADI, 2005, p.7). O que impressiona, reforça o autor, é o ritmo acelerado de destruição de atividades agrícolas vis a vis a capacidade de geração de emprego nas atividades não agrícolas, tanto no meio rural como no urbano (que se expandem, principalmente, a partir dos anos 90). O grande crescimento das atividades não agrícolas da PEA com domicílio rural, porém, inclui outros fatores, os quais se relacionam com a crise na agricultura (na década de 90) e com as funções recentemente criadas no meio rural, com a emergência de novos atores, com as mudanças nas famílias rurais e nas explorações agropecuárias e as similaridades entre os mercados de trabalho urbano e rural. Esses pontos, somados aos avanços tecnológicos, ajudam a explicar, de forma mais adequada, por que cada vez mais a PEA rural ocupa-se fora das atividades agropecuárias. Para Graziano da Silva e Del Grossi (2002),

O que segurou gente no campo brasileiro não foram às atividades agropecuárias, mas sim as atividades não agrícolas: cerca de um milhão e meio de pessoas residentes nas áreas rurais encontraram em atividades diversas das atividades agrícolas, com novos postos de trabalho entre 1981 e 1999 no país (GRAZIANO DA SILVA e DEL GROSSI, 2002, p.13).

Nesse caso, para os autores, a expansão das atividades não agrícolas no meio rural brasileiro não é exclusividade de uma região específica, mas está disseminada por todo o país.

Na década de 90, a produção agrícola passa a ocupar cada vez menos o tempo total de trabalho das famílias rurais e, por conseguinte, a agricultura passa a responder apenas

62 por parte do tempo de ocupação e renda dessas famílias. Assim, além da queda da renda agrícola, observa-se uma crescente importância das atividades e rendas não agrícolas entre as famílias rurais e, em 1998, o total das rendas não agrícolas já ultrapassa o montante das rendas agrícolas recebidas pelos moradores rurais (GRAZIANO DA SILVA e DEL GROSSI, 2002).

Essa tendência de queda dos empregos agrícolas e crescimento dos empregos não agrícolas foi verificada também para o estado de Minas Gerais, ocorrendo tanto nas mesorregiões mais modernizadas como naquelas menos modernizadas, nos períodos posteriores, considerando os anos de 2000 a 2010, dando continuidade a uma tendência que vinha ocorrendo já nos anos 90, conforme os autores estudados. O estímulo para as atividades não agrícolas foi decorrente da própria queda do emprego agrícola e do êxodo agrícola, conforme palavras dos autores:

Enquanto no passado as pessoas que deixavam a atividade agrícola também deixavam o campo, nos anos 90, para uma boa parte da população que deixa a atividade agrícola, não existe mais a migração para as cidades. Pode-se afirmar que o êxodo rural diminuiu ou quase acabou nos anos 90, mas continua existindo ainda um forte êxodo agrícola (GRAZIANO DA SILVA e DEL GROSSI, 2002, p.14).

O êxodo rural, provocou, conforme Maia (2014), um esvaziamento rural, que foi também decorrente da diminuição da taxa de fecundidade que reduziu a razão da dependência na família e, ao mesmo tempo, a disponibilidade de mão de obra para as atividades agrícolas. Outras particularidades desse “esvaziamento” é a migração, principalmente, dos mais jovens para os setores urbanos e o envelhecimento da população rural.

A queda das atividades agrícolas despertou a preocupação de se buscarem novas formas de ocupação para essa população “sobrante” do ponto de vista estritamente agrícola e industrial que foram marginalizados pela modernização conservadora das décadas passadas, tendo sido necessário, como alternativa, estimular as atividades não agrícolas. Fato consonante com uma das principais constatações feitas sobre o meio rural brasileiro a partir da década de 1990, em que foi a clara tendência de queda do emprego agrícola, enquanto que as atividades não agrícolas apresentaram altas taxas de crescimento anual (SHNEIDER, 2003; DEL GROSSI e GRAZIANO DA SILVA, 1995).

No Brasil, especificamente, vem ocorrendo um aumento das atividades não agrícolas entre a população economicamente ativa (PEA), enquanto que os ocupados na agricultura permaneceram estagnados, principalmente, no meio rural, conforme se nota pelos dados da tabela 3 abaixo:

63 Tabela 3 – População Economicamente Ativa – PEA, segundo a situação de domicílio, condição de ocupação e ramo de atividade, Brasil, 1981/1999, em milhões de pessoas.

Fonte: Adaptado de Graziano da Silva et al. (2002, p44) .

Os dados da Tabela 4, a seguir, mostram que, nos anos 2000-2010, de forma acentuada, a agricultura em Minas Gerais, assim como no Brasil, vem também demonstrando uma reduzida capacidade de ocupação, resultado do processo de modernização. Em decorrência, observa-se, no mesmo período, um crescimento substantivo das atividades não agrícolas.

64 Tabela 4 – Número de Empregados Assalariados para residentes em domicílio rural no Estado de Minas Gerais.

Fonte: Elaboração própria a partir dos microdados do IBGE Censo Demográfico 2000 e Censo 2010. (1): A descrição das atividades não agrícolas estão detalhadas no Quadro 1, Capítulo 4.

Na tabela 4, os dados mostram a queda do emprego nas atividades agrícolas e aumento dos empregos não agrícolas. Em Minas Gerais, a maior concentração de empregados, por ordem decrescente, se refere aos ramos de prestação de serviços, serviços domésticos remunerados (apesar da queda na década), comércio e indústria de transformação, ou seja, as atividades não agrícolas estão mais concentradas nos setores tradicionais e precários.

Pela análise da Tabela 4, em Minas Gerais, de forma geral, o ramo de prestação de serviços e serviços domésticos remunerados (SDR) absorveram o maior número de empregos não agrícolas, sendo os ramos ligados aos serviços de administração pública, serviços sociais e imobiliários foram os que mais aumentaram. Já os serviços domésticos remunerados apresentaram uma queda na década, enquanto a indústria de transformação e a construção não registraram aumentos significativos nesse período. Esses resultados em Minas Gerais são equivalentes aos encontrados por Del Grossi (1999), para o Brasil, no período de 1981-95, evidenciando que a tendência para Minas Gerais, nos anos 2000- 2010 segue semelhante à do Brasil, do período 1981-95. Outra questão importante é que os empregos domésticos, que era o líder na absorção de pessoas ocupadas no Brasil em 2000, continuaram apresentando junto aos serviços, a maior concentração de empregos em Minas Gerais para as atividades não agrícolas no período 2000-2010. A diferença é que, enquanto nos anos 1990, os SDR aumentaram a sua participação no Brasil, nos anos 2000-2010, o substancial volume dessa atividade vem perdendo participação, quando comparados os anos de 2000 e 2010, ou seja, os dados podem estar indicando que, em comparação com os anos 90, os SDR estão perdendo participação no meio rural, apesar de que em volume, esta é uma das atividade não agrícola mais absorve empregos no meio rural.

65 A grande participação dos serviços domésticos remunerados nas atividades não agrícolas no meio rural, conforme afirmam Graziano da Silva e Del Grossi (1997), aponta para três características distintas:

a) a dificuldade crescente da inserção da mulher no mercado de trabalho agrícola, onde os atributos ligados à resistência física ainda são importantes para a força de trabalho agrícola não qualificada; b) o crescimento das moradias de altas rendas nas zonas rurais, seja como chácara de fim de semana, seja como condomínios de alto padrão para as famílias que procuram uma qualidade de vida melhor que a proporcionada pelos grandes conglomerados urbanos; c) o crescimento da população de baixa renda que trabalha em áreas urbanas, mas reside na zona rural em função das facilidades que encontram para conseguir um terreno mais barato e a ausência de restrições legais para a autoconstrução (GRAZIANO DA SILVA e DEL GROSSI, 1997, p.114-115).

O crescimento de moradias de altas rendas nas zonas rurais, como chácaras e condomínios de alto padrão, também podem ter alavancado as atividades imobiliárias e as atividades financeiras que, junto com a administração pública e serviços sociais, além da educação e saúde, compõem o setor de serviço estudado nesta tese, sendo esse o setor que mais cresceu na década em relação aos empregos não agrícolas.

Em Minas Gerais, às atividades de serviços (6,7 e 8), segue a tendência do que ocorreu no Brasil em 1995, ocupando a maior participação de todas as atividades não agrícolas, com destaque para a Administração Pública e Serviços públicos. Para Del Grossi (1999), mais da metade das pessoas residentes e ocupadas em atividades não agrícolas estavam, em 1995, ocupadas no setor de serviços.

Sobressai-se a importância do setor público na geração de atividades não agrícolas, seja diretamente através da Administração pública, seja através de serviços sociais que por ela prestados. No Brasil, estes serviços já somavam em 1995, mais de 700 mil pessoas, indicando uma faceta fundamental da “urbanização do meio rural” que é o acesso aos serviços públicos (DEL GROSSI, 1999, p.89).

A partir dessa lógica, vai se delineando novas possibilidades de desenvolvimento rural, fundamentadas, principalmente, por Graziano da Silva e os estudiosos do Rurbano, que analisam as possibilidades de desenvolvimento rural sob a perspectiva do novo rural e das atividades não agrícolas. Diante disso, é preciso, pois, conforme estes estudiosos remover o viés urbano e agrícola das atuais políticas públicas, sem o que o desenvolvimento do novo rural brasileiro fique comprometido. Ainda, é preciso tomar o rural como um espaço de múltiplas dimensões e não apenas como um local onde se realizam atividades agropecuárias,

66 Conforme Graziano da Silva (1999), o meio rural ganhou “novas funções” 18 e a expansão dessas novas atividades rurais agrícolas e não agrícolas, altamente intensivas e de pequena escala, tem proporcionado outras oportunidades para muitos produtores que não podem ser chamados de agricultores ou pecuaristas, e que, muitas vezes, não são nem mesmo produtores familiares, uma vez que a maioria dos membros da família estão ocupados em outras atividades não agrícolas e ou urbanas. Dessa forma, surge nesse meio um novo ator social: as famílias pluriativas, que combinam atividades agrícolas e não agrícolas na ocupação de seus membros, deixando, assim, de serem trabalhadores agrícolas especializados para se converterem em trabalhadores (empregados ou por conta própria) que combinam diversas formas de ocupação (assalariadas ou não) em distintos ramos de atividade agrícola e não agrícola.

Para Graziano da Silva (1995):

Como a urbanização do meio rural ocorreu em paralelo à queda dos preços dos produtos agropecuários, o aparecimento de atividades não agrícolas passou a ser a “salvação da lavoura,”, ou seja, foi à possibilidade de obter atividades e rendas não agrícolas que muitas vezes, impediu o abandono total das propriedades, especialmente pelos membros mais jovens das famílias rurais. Por outro lado, o meio rural ganhou, por assim dizer, novas funções e novos tipos de atividades, emergindo um novo inter- relacionamento entre o espaço rural e o urbano, o qual permite um entrelaçamento de mercados de trabalho rural para atividades agrícolas e não agrícolas (GRAZIANO DA SILVA, 1995, p. 48).

Outros fatores que se encontram atrelados à crescente inserção da população rural em atividades não agrícolas, além das tradicionais abordagens da queda das atividades agrícolas e da rentabilidade na agricultura, são: as mudanças na estrutura da família rural; as alterações na estrutura da exploração agropecuária; e as interfaces e similaridades dos mercados de trabalho urbano e rural. Além disso, frente à diminuição da dedicação exclusiva dos membros familiares à atividade agropecuária, cresceram, em contrapartida, as atividades no mercado de trabalho não agrícola, havendo, assim, uma maior homogeneização e mesmo uma unificação dos mercados de trabalho urbano e rural (BALSADI, 2002, p.18).

Balsadi (2000) aborda que o meio rural deixou de ser sinônimo de agrícola e passou a ser também o local de atividades que eram tipicamente urbanas, o que permite novas

18 Conforme Graziano da Silva (1999), analisando essas novas funções no meio rural, não se pode caracterizá-las somente como agrários. É preciso incluir outras variáveis como as atividades rurais não agrícolas: moradias de alto padrão, turismo rural, lazer e outras atividades agropecuárias intensivas como, olericultura, floricultura, psicultura, criação de aves exóticas, entre outros, que buscam nichos de mercado para sua inserção econômica.

67 atividades rurais.19 Dessa forma, o emprego rural não pode mais ser explicado apenas a partir do calendário agrícola e da expansão/retração das áreas e/ou produção agropecuárias. O conjunto de atividades associados às atividades não agrícolas, assim como a ocupação da população economicamente ativa com domicílio rural nos setores do comércio, da indústria e da prestação de serviços públicos e privados, respondem, cada vez mais, pela nova dinâmica populacional do meio rural. Um fenômeno que auxilia no entendimento dessa inserção da população rural em atividades não agrícolas, conforme o autor é o commuting, ou seja, o ir e vir (diário, semanal, etc) da residência para o local de trabalho em áreas consideradas urbanas, e que acaba por incorrer em uma homogeneidade dos mercados de trabalho urbano e rural. “O autor destaca também a pluriatividade e as atividades não agrícolas no desenvolvimento das famílias rurais”. Acrescenta que há um incremento da proporção da população rural que passa a não depender exclusivamente da renda da atividade agrícola, resultado das mudanças rurais (rural diferente de agrícola), e que a distribuição do emprego está cada vez menos polarizada e cada vez mais similar nas áreas urbanas e rurais. Assim, para autor:

As políticas de desenvolvimento rural não podem ser orientadas somente para os produtores modernos e viáveis, pois a agricultura cumpre um papel não apenas produtivo, mas de manutenção de um tecido social articulado com o meio rural. Daí a importância da pluriatividade e das atividades em atividades não agrícolas no desenvolvimento das famílias rurais (BALSADI, 2000, p.158).

Esse fato reporta, conforme o autor, a que o mercado de trabalho rural passa a se diversificar, criando uma multiplicidade de mercados rurais de trabalho, sendo necessários, assim, meios de efetivá-los e adaptá-los a essa realidade. Além disso, ocorrem também mudanças das famílias que deixam de ser nucleadas e orientadas segundo uma estratégia única baseada na agricultura, ampliando as fontes de renda e com a liberação da mão de obra familiar para as atividades não agrícolas, e muitos dos antigos membros familiares não remunerados acabam se ocupando na condição de empregados.

Seguindo essa lógica da mudança nas famílias rurais, a partir das atividades não agrícolas, Nascimento (2008) enfatiza que as mudanças ocorridas nas formas de organização do trabalho entre as famílias rurais têm, nas últimas décadas, propiciado uma crescente participação de fontes de renda não agrícolas na composição dos orçamentos das famílias

19

Os estudos sobre a emergência dessas novas atividades rurais não agrícolas, o novo rural Brasileiro é também compartilhada por vários autores como Graziano da Silva (1999), Balsadi (2000), Del Grossi (1999), Nascimento (2008), Ortega (2008), Souza (2000).

68 rurais. Conforme o autor trata-se da pluriatividade, importante instrumento na sustentação da renda rural20. Em suas palavras:

O conceito de pluriatividade, adota a família como unidade de análise introduzindo no centro das atenções atividades não agrícolas dos membros da família- Independentemente de serem exercidas dentro ou fora da exploração agrícola-que tem significância na geração da renda familiar” (NASCIMENTO, 2008, p.259).

A unidade de análise relevante da pluriatividade, portanto, deixou de ser a exploração agrícola e passou a ser a família. Nesse ponto, a agricultura familiar assume primordial importância em relação à pluriatividade.

A pluratividade está relacionada a uma variedade de estratégias familiares, na busca por inserção de novos mercados em respostas principalmente as dificuldades financeiras, uma tentativa de reduzir os riscos da atividade agrícola ou ainda as oportunidades surgidas nos mercados de trabalho e de produtos. (...) As infraestruturas das economias locais, os recursos culturais e humanos são também aspectos a serem levados em conta ao analisar o maior ou menor êxito da pluriatividade em um determinado território (NASCIMENTO, 2008, p. 90)

Para Fuller apud Nascimento (2008), a pluriatividade representa a segunda etapa de um processo de reconceitualização que acontece desde o final dos anos 80, a partir do conceito de agricultura a tempo parcial. A adoção do termo pluriatividade obedece a seu mais amplo significado, ao estar se referindo a uma unidade econômica que realiza outras atividades além da agricultura. Para esse autor, entre as atividades realizadas pela unidade familiar agrária, em adição à agricultura, incluem-se as seguintes: a) o emprego em outras explorações agrárias; b) as atividades denominadas para-agrárias no interior do estabelecimento, como a transformação de alimentos; c) as atividades não agrárias realizadas na exploração como o turismo e o artesanato, por exemplo; d) o emprego fora da exploração do setor agrário.

A explicação não pode ser derivada da família em si, mas no processo de reprodução social por ela empreendido, bem como pelos aspectos externos à unidade familiar de modo que o entorno social rural, desempenham um papel fundamental nas formas de reprodução social e econômica das famílias consolidando um tipo de desenvolvimento e de integração particular (NASCIMENTO, 2008, p. 92).

Ainda nesse sentido, situa-se a leitura de Kageyama apud Nascimento (2008), para os quais “a segunda atividade” da família não se exerce deslocada da economia, mas num mercado de trabalho em outro nível analítico em que se pressupõe o vínculo com a

69 propriedade rural de origem. A manutenção do vínculo com a propriedade rural (inclusive, com a moradia) implica em atividades em mercados de trabalho locais não muito distantes.

Maia (2014) também aborda sobre a pluriatividade no que diz respeito ao crescimento da participação de membros de domicílios rurais que desempenham atividades não agrícolas, devido, principalmente, à redução das atividades agrícolas. Para o autor, além da expressiva redução do número de residentes rurais, diminuiu substancialmente a parcela desses que desempenham atividades agrícolas (MAIA, 2014).

Ainda sobre a pluriatividade, Ortega (2008) aponta que algumas transformações recentes podem ser destacadas a partir da pluriatividade do emprego, como: a) O aumento e a importância das atividades não agropecuárias e da multisetorialidade; b) Uma crescente integração dos espaços rural e urbano; c) Gestão sustentável do ambiente e recursos naturais, transformações na institucionalidade rural, relevância dos “novos atores sociais”, preocupação com a qualidade da produção para atender a demandas mais exigentes, além da importância da incorporação de novas tecnologias de informação e de comunicação, em que se enquadram, por exemplo, maior acesso a internet, as redes sociais etc.. (ORTEGA, 2008)

Depois da especialização agropecuária vivenciada nas ultimas década por boa parte da agricultura e que possibilitou uma integração a indústria, que formou os complexos agroindustriais, agora é preciso observar que o tempo sobrante do meio rural criou condições para a emergência de atividades rurais não agropecuárias que constituíram mercados de bens e serviços importantes na geração de emprego e renda para o mundo rural. (ORTEGA, 2008, p.81).

Uma vez colocadas estas questões, o objetivo a seguir é se voltar para a questão do desenvolvimento rural, e se estas novas configurações no meio rural tem permitido condições da emergência do mesmo. Graziano da Silva (1999) destaca que o desenvolvimento rural, será propiciado, principalmente, a partir da formulação de políticas públicas capazes de gerar novas formas de ocupação e renda para segmentos da população que aí vivem e que não têm qualificação necessária para se inserirem nos setores urbanos em expansão. Para Kageyama (2008), o desenvolvimento rural não pode ser identificado como crescimento econômico e da renda, mas visto como um processo que envolve múltiplas dimensões: dimensão econômica; dimensão sócio cultural; dimensão político institucional; e dimensão ambiental. Segundo a autora, “A renda embora necessária para o desenvolvimento é um meio e não um fim, e o bem-estar da sociedade depende de como a renda é utilizada, e não apenas do seu nível” (KAGEYAMA, 2008, p.61).

70 Ainda conforme Kageyama (2008), [o desenvolvimento rural implica a criação de novos produtos e novos serviços associados a novos mercados (...), representando, enfim, uma “saída para as limitações e falta de perspectiva intrínsecas ao paradigma da modernização, e ao acelerado aumento de escala e industrialização que ele impõe”]. Assim, o desenvolvimento rural se apresenta como alternativa ao declínio da agricultura modernizada.

Seguindo essa abordagem do novo rural, Murdoch e Marsden apud Kageyama (2008) mostra que a chave do desenvolvimento rural, principalmente, no Brasil, deve estar numa mudança do uso da terra orientada a diferentes setores de produção e consumo (atividades agrícola, pecuária, pesca e florestal, recreação, residência, indústrias que se descentralizam etc.). Para os autores, o peso de cada um desses mercados vai mudando e

Documentos relacionados