• Nenhum resultado encontrado

Novos caminhos

No documento Mais uma proposta para o Aterro (páginas 30-43)

Mobilidade Como vimos, o Aterro Baía Sul sempre serviu ao transporte sobre rodas, e principalmente, o individual. Conforme o tempo passa, essa área vem ganhando cada vez mais vias, ocupando um solo urbano estratégico. O discurso por trás do ampliamento viário, sem segregação entre modais públicos e privados, já deveria ter sido superada e o investimento em transporte público e modos não motorizados é prioridade no desenvolvimento urbano que deveríamos almejar.

No caso da Região Metropolitana da Grande Florianópolis, além do excessivo uso do carro, todo o fluxo entre ilha e continente encontra-se afunilado nas duas pontes de concreto(Pedro Ivo e Colombo Salles). Portanto, a chegada dessas infraestruturas, tanto na ilha como no continente, são a maior expressão da situação caótica em que se encontra a mobilidade urbana da cidade. Para imaginar esses espaços cumprindo outras funções que não o exclusivo escoamento de veículos seriam necessárias mudanças radicais no modo que nos locomovemos na cidade, além da criação de outros modos de acessar a ilha.

Somente após uma redução significativa do número de automóveis seria possível a reorganização viária necessária para uma ocupação efetiva e adequada do Aterro Baía Sul. O aterro é localizado em uma região extremamente estratégica na cidade e esse potencial deveria ser aproveitado para contribuir com a melhoria da região como um todo.

É de extrema importância a priorização do transporte público em relação ao automóvel. É necessário que os modais públicos sejam mais vantajosos que os privados, só assim poderemos inverter o caminho que estamos seguindo e progredir para um número cada vez menor de carros nas ruas. O espaço cada vez maior ocupado pelo carro na cidade está estrangulando a vida urbana e se continuarmos repetindo erros estaremos fadados a construir uma cidade insustentável e caótica. Os modais públicos têm capacidade de transportar um número muito maior de pessoas ocupando um espaço extremamente reduzido.

No desenho: As duas pontes(Pedro Ivo e Colombo Salles) com duas faixas exclusivas para o transporte público, uma para o transporte de carga e o carro limitado a uma única faixa, ilustrando o desejo de ver o uso do automóvel quase desaparecendo da cidade. As duas pontes chegam em um aterro completamente transformado, no lugar de ruas, quadras esportivas, pistas de skate e áreas de parque, o lago existente já permite o acesso a suas bordas.

Mobilidade

No desenho: Na frente do mercado, chega um canal que permite a integração do transporte marítimo com os modais rodoviários e a chegada do peixe diretamente por mar. Bordeando a água, uma rua que permite, de forma tranquila, a passagem de pedestres à baía. Já os prédios, diminuem o gabarito conforme se aproximam do centro histórico.

O investimento em transporte marítimo também é imprescindível para o alívio do afunilamento atual. As rotas pela água são muito mais diretas e encurtariam as distâncias percorridas entre ilha e continente. Essas deveriam desembarcar em estações intermodais, conectando com linhas rodoviários, ou até mesmo, ferroviárias, que fariam a parte em terra do percurso.

Além disso, é relevante a discussão sobre novos acessos aos modais terrestres. A Ponte Hercílio Luz será reinaugurada em breve e é imprescindível a priorização do transporte público se quisermos caminhar em direção a alguma melhoria na situação do tráfego de veículos. Além disso, é pertinente a discussão sobre a criação de uma quarta ponte entre a Beira-Mar Norte e o Estreito, porém isso não é prioridade no momento.

Mobilidade

É necessária a melhor distribuição de atividades na região metropolitana. Hoje, os empregos concentrados no centro de Florianópolis obrigam trabalhadores de toda a região a se deslocarem distâncias enormes em vias engarrafadas. O incentivo à geração de emprego nas regiões mais periféricas, aliada à oferta acessível de moradia na região central, é essencial para a melhoria da mobilidade na Região Metropolitana, pois reduz as distâncias entre emprego e moradia permite à população caminhar ou pedalar ao trabalho. Isso tudo deve estar aliado a um desenho urbano que permita o deslocamento seguro e confortável dessas pessoas na cidade: boas calçadas, ciclovias conectadas e abrangentes, travessias seguras, etc.

Mobilidade

No desenho: O final da praça XV conecta-se com o parque proposto e as pessoas caminham ou pedalam tranquilamente para casa. O famoso Miramar revitalizado conforma a passagem do antigo para o novo.

A densidade populacional nos principais eixos do transporte também é importante para a melhor eficiência dos sistemas. O espraiamento urbano dificulta e encarece os serviços de transporte, pois necessita de um grande número de linhas para abranger todo o território. A oferta de moradia próxima aos principais trechos do sistema aumentaria a demanda, diminuiria as tarifas e possibilitaria o uso do transporte de massas, além de diminuir a necessidade de transferência para modais de menor capacidade. A redução do número de viagens motorizadas concomitante a um transporte público eficiente e barato é primordial para começarmos a sonhar com uma cidade quase sem carros.

Mobilidade

No desenho: A Avenida Hercílio Luz com uso exclusvo do transporte público, apresenta novamente o Rio da Bulha, dessa vez com mais orgulho. O forte Santa Bárbara, à direita, encontra-se inserido nesse sistema de espaços livres que compõe a paisagem. A parte linear do parque começa na praça dos 3 poderes(à esquerda) e termina na Ponte Hercílio Luz.

“Densidades são muito baixas, ou muito altas, quando frustram a diversidade da cidade ao invés de estimulá-la” disse Jane Jacobs na obra “Morte e Vida das Grandes Cidade” em 1961. Essa afirmação, de quase 60 anos, ainda é extremamente atual, visto que o desenvolvimento que seguimos, ainda hoje, estimula o espraiamento e a setorização das atividades urbanas.

A densidade deve ser vista como um dos principais focos de atenção no planejamento urbano. Cidades mais compactas apresentam performances da suas infraestruturas maximizadas em relação aos centros urbanos mais esparsos, e consequentemente, investimentos de instalação e manutenção reduzidos.

Densidade

No desenho: O espaço, que hoje é utilizado para estacionar os ônibus, densificado. Nos terraços, estão representadas quadras esportivas e usos diversos, esses seriam os espaços utilizados pelas escolas que deveriam suprir a demanda por educação da população inserida.

A Grande Florianópolis é uma cidade extremamente esparsa e descontínua, menos de 5% de sua mancha urbana tem predominância de edifícios com mais de 4 andares. Visto que ainda hoje seguimos nesse caminho, vi no TCC uma forma de advogar a favor da densificação da cidade e do Aterro Baía Sul. Provido de infraestrutura, localizado em eixo importante do transporte e encostado na maior concentração de empregos da região metropolitana, o aterro apresenta densidade populacional quase nula.

A densidade exacerbada também pode ser fator de insustentabilidade da proposta, pois pode gerar o saturamento das infraestruturas. Logo, é importante pensar em uma densidade que seja compatível com os meios de transporte pensados para Florianópolis. Por isso, tive como referência a densidade do eixo estrutural de Curitiba(600 hab/ha) para estabelecer um limite, visto que nessa cidade o modal estruturante do transporte público é o BRT, o mesmo sugerido pelo PLAMUS(Plano de Mobilidade Urbana Sustentável da Grande Florianópolis).

Densidade

No desenho: Prédios ocupando áreas que hoje são canteiros das rodovias. O rio, que deságua entre os ranchos de pesca, já limpo e conformando um espaço público verde que atravessa a rodovia por baixo. Ao fundo, o Hospital de Caridade.

Densidade

Caso não ocorra controle criterioso na distribuição de atividades, a densidade construtiva pode reforçar a atual matriz insustentável de desenvolvimento. É importante a presença de comércios e serviços nessa área de expansão do centro, mas é vital a predominância residencial para que a proposta seja benéfica à região e contribua para o desenvolvimento sustentável e orientado ao transporte. Caso contrário, viria a reforçar a concentração de empregos na região central e o espraiamento das moradias na periferia.

No desenho: O espaço em frente ao Mercado Público conformando o parque linear que delimita o centro histórico da intervenção proposta. Os peixes que chegam de barco, são levados ao mercado por carrinhos de mão. Ao fundo se enxerga a ponte Hercílio Luz.

Densidade

Além da densidade populacional, é importantíssimo enxergarmos essa área como uma oportunidade de amenizar a estrutura de segregação e exclusão social. Não adianta fomentar a densidade sem garantir o acesso de toda a população a essas residências e continuar contribuindo para o afastamento compulsório das famílias de mais baixa renda, que representam maioria do déficit habitacional. E como visto, as áreas densas, urbanizadas e centrais estão ocupadas exclusivamente pelas camadas de maior poder aquisitivo. Por isso a provisão de moradia popular é essencial para propiciar uma cidade realmente diversa, em todos os aspectos.

No desenho: A rua que vai do mar ao mercado bordeia o canal onde passa uma embarcação cheia de gente. As crianças brincam nas estruturas de sustentação da passarela, uma família toma sorvete sentada nos pilares e comerciantes de rua são vistos exibindo seus produtos. Apesar do térreo dos edíficios serem comerciais, os andares logo acima devem também serem ocupados por habitação, mantendo um contato mais direto com a rua em períodos não comerciais.

Serviço de Moradia Social

Como ofertar habitação social em áreas suscetíveis a especulação imobiliária? Essas foram as perguntas que me levaram a materiais que discutiam o implementação do Serviço de Moradia Social, produzidos pelo Ministério das Cidades, em 2008. Esse modo de habitação baseia-se no aluguel de imóveis, de propriedade pública ou privada, com taxas proporcionais à renda familiar dos beneficiários.

O parque imobiliário pode ser provido pelo Estado ou por proprietários privados mediante cessão de uso dos imóveis. No caso de Florianópolis, seria interessante começar pela utilização dos imóveis vazios do estoque construído já existente. Mas somente isso não seria suficiente para suprir o déficit habitacional e combater o espraiamento urbano. Por isso defendo a utilização da maioria da área construída projetada em minha proposta para habitações dessa natureza.

No desenho: Denovo o canal aparece nos desenhos, dessa vez a outra margem é destacada. A continuidade peatonal das ruas do centro histórico conforma uma passagem à area de intervenção. Os prédios expressam índices de ocupação que diminuem com a altura atingida. As palmeiras de Burle Marx, mais uma vez, conformam o espaço público e delimitam cenários.

Serviço de Moradia Social

Assim como o direito à saúde e educação, o direito à moradia deveria ser um serviço prestado a população. Imóveis ociosos e vazios urbanos, que hoje estão longe de cumprir sua função social, deveriam ser usados para garantir o acesso à moradia digna e direito à cidade às populações mais carentes, que hoje, compulsoriamente, ocupam as áreas de risco e/ou periféricas. A idéia de trazer a população de menor poder aquisitivo para habitar os centros urbanos, além de melhorar a qualidade de vida das famílias atingidas, mostra-se como possibilidade de revitalização dos centros urbanos. O funcionamento da política depende de um sistema de gestão e financiamento para que se torne perene. As entidades gestionárias seriam organizações da sociedade civil, sem fins lucrativos, que realizariam a gestão e manutenção preventiva dos conjuntos habitacionais, além de administrar e acompanhar os contratos com os beneficiários.

No desenho: Em frente à rodoviária Rita Maria, o lago já se mostra livre das ruas e seu acesso é feito tranquilamente. O viaduto adjacente, já não é mais usado pelos carros e é transformado em uma passarela verde que vem do canal à baía. A borda d‘água é utilizado como praia.

Serviço de Moradia Social

A diversidade de renda dos beneficiários, além de propiciar uma cidade heterogênea e inclusiva, é necessária para a manutenção econômica do sistema. Já que a cobrança do aluguel seria feita proporcionalmente à renda familiar, é necessário o atendimento também à famílias com rendas superiores, a fim de manter o equilíbrio fiscal e possibilitar o atendimento às faixas mais necessitadas. Hoje o Aterro Baía Sul é propriedade da União e continuaria assim com a implementação desse tipo de política habitacional.

No desenho: O fluxo do transporte que da acesso às pontes passa por baixo de um parque elevado que garante a continuidade peatonal do mercado a Ponte Hercílio Luz.

Comércio e serviços.

Além das habitações seriam necessários serviços de saúde, educação e apoio

No documento Mais uma proposta para o Aterro (páginas 30-43)

Documentos relacionados