• Nenhum resultado encontrado

2 CONTEXTUALIZAÇÃO: A PERÍCIA NA POLÍCIA FEDERAL

3.3 E NTREVISTAS COM OS P ERITOS

Foram realizadas entrevistas com Peritos Criminais Federais de diversas localidades, tempo de serviço e experiências profissionais anteriores. As perguntas realizadas encontram-se no Apêndice A.

3.3.1 Análise Qualitativa – Método

Foram realizadas entrevistas semi-estruturadas com Peritos Criminais Federais de diversas regiões do Brasil.

Pretendeu-se, com as entrevistas, realizar uma pesquisa qualitativa que permitisse retratar como os Peritos Criminais Federais se percebem, como profissionais, elencando as categorias a partir das quais organizam o discurso sobre sua atividade profissional.

O número de entrevistados não foi determinado a priori. Buscou-se por novos entrevistados enquanto houve respostas que poderiam indicar novas perspectivas e pontos de vista, levando-se em consideração a qualidade das informações obtidas em cada depoimento, assim como a profundidade e o grau de recorrência e divergência destas informações.

3.3.2 Participantes

O estudo envolveu um grupo de treze (13) Peritos Criminais Federais, com diferentes tempos de serviço atuando como Perito Criminal Federal, provenientes de diversas localidades (diversos estados do país), com e sem experiências em outros órgãos. O tempo de atuação dos profissionais como Peritos Criminais Federais variou de 3 a mais de 40 anos.

A amostra dos entrevistados não foi aleatória, pois essa não seria eficiente, devido à ampla maioria dos Peritos serem relativamente jovens na Polícia Federal, razão pela qual se buscou entrevistar Peritos Criminais Federais com conhecimento do histórico da Perícia na Polícia Federal. Também foram levadas em consideração, na escolha dos entrevistados, a área de atuação e a lotação, procurando entrevistar Peritos com e sem passagem pelos órgãos centrais, além de Peritos atuando em áreas fora da criminalística. Foi dada preferência à seleção de Peritos que possuem algumas ideias já reconhecidas, principalmente divergentes, quanto à visão da atuação e do futuro do cargo de Perito Criminal Federal dentro da Polícia Federal.

Tabela 2– Dados dos entrevistados

Codinome Tempo como PCF Estado Duração da entrevista

A 15 RJ 10 min. 07 seg. B 8 SP 13 min. 14 seg. C 5 MT 8 min. 53 seg. D 4 DF 18 min. 10 seg. E 13 RJ 11 min. 06 seg. F 4 SP 12 min. 30 seg. G 16 MG 17 min. 48 seg. H 8 DF 11 min. 49 seg. I 15 BA 9 min. 14 seg. J 16 SP 9 min. 38 seg. K 49 DF 18 min. 22 seg. L 8 MG 15 min. 41 seg. M 5 DF 10 min. 14 seg.

3.3.3 Material e Procedimentos

Foram realizadas entrevistas semi-estruturadas, todas gravadas e transcritas, nas quais se abordou a visão do trabalho do Perito Criminal Federal pelo próprio Perito Criminal Federal: auto-reconhecimento, satisfação, anseios, momento atual, objetivos e a projeção de futuro. Todos os entrevistados foram conscientizados da sigilosidade com a qual seria tratado o seu depoimento (GARCIA e TASSARA, 2001).

As entrevistas, presenciais, foram realizadas na cidade de Maceió-AL, em dezembro de 2010, em evento de 5 (cinco) dias que reuniu Peritos Criminais Federais de todo o Brasil. Os entrevistados foram convidados, um a um, para responderem à entrevista, buscando-se para isso um local mais reservado no Hotel Radisson, onde ocorreu o evento.

O fato de a pesquisadora pertencer ao universo estudado traz, segundo Velho (1986) e Durham (1986), armadilhas embutidas na coleta de dados, na medida em que entre os entrevistados havia peritos anteriormente conhecidos da pesquisadora, sendo também de conhecimento prévio os pontos de vista de alguns deles com relação a assuntos correlatos ao objeto de pesquisa. No entanto, este mesmo conhecimento prévio de posições e preocupações pôde colaborar na busca de entrevistados com opiniões firmes que representassem, em grande parte, os grupos de pensamentos da classe, também previamente conhecidos da pesquisadora. Vale ressaltar que não existe relação de hierarquia da pesquisadora com nenhum dos entrevistados, sendo este mais um fator de garantia de neutralidade.

Velho (1986) observa que, nessa situação, em que o pesquisador estuda seu próprio habitat, é necessário buscar a forma mais adequada de lidar com o objeto de pesquisa, fazendo com que sua subjetividade (do pesquisador) seja incorporada ao que denomina de processo de conhecimento desencadeado, evitando-se que se transmita a realidade exclusivamente pela ótica do interlocutor.

É importante ressaltar que toda experiência contada por um entrevistado tem um cunho político, para enfatizar um aspecto ou outro de acordo com seu ponto de vista, sua forma de ver o mundo. A matéria-prima do trabalho é a fala do entrevistado. Desta forma, o método de entrevista que envolve o estudo da

experiência deve reconciliar o vão entre o que está sendo analizado (a experiência individual) e o que está sendo revelado na análise (algo sobre a experiência individual, mas também algo sobre o contexto cultural e social daquela experiência) (OBERWEIS e MUSHENO, 2001).

3.3.4 Resultados e Discussão

A partir das entrevistas, buscou-se apreender, utilizando a análise de conteúdo, o que significa ‘ser um Perito Criminal Federal’ para esses profissionais, quais significados eles se auto-atribuem, partindo do pressuposto de que as opiniões emitidas nas entrevistas foram sinceras e expressaram a verdade daquele indivíduo.

A partir das respostas apresentadas pelos Peritos Criminais Federais, foram destacados no material das entrevistas aspectos relacionados à profissão que foram considerados indicadores de construção da identidade desses profissionais. Estes indicadores, ou categorias, foram definidos por meio do critério de categorização semântico, onde cada categoria consiste em um tema que agrupa elementos de análise sob títulos que representam determinada ideia, a partir das perguntas presentes no roteiro inicial das entrevistas (BARDIN, 2004).

Assim, foram destacadas as seguintes categorias: I. A Justiça e o papel do Perito Criminal Federal; II. O Perito Criminal Federal na Polícia Federal;

III. A autonomia necessária ao Perito Criminal Federal;

IV. A efetividade do resultado final do trabalho do Perito Criminal Federal;

V. A preocupação da qualidade versus quantidade de Laudos Periciais Criminais produzidos;

VI. Como atuar no sentido de consolidar a identidade, sob a ótica do próprio Perito Criminal Federal.

Por meio de procedimentos qualitativos, os dados coletados e categorizados foram analisados, interpretados e consolidados, sendo os resultados expostos nas seções seguintes, com os principais pensamentos e alguns trechos de

declarações que ilustram as opiniões predominantes referentes a cada um dos temas elencados.

3.3.4.1 A Justiça e o papel do Perito Criminal Federal

O acesso ao direito e à justiça é um direito do ser humano, consagrado na Declaração Universal dos Direitos Humanos, proclamada em 1948, pela Organização das Nações Unidas (PEDROSO, 2002). O acesso à justiça é o requisito fundamental de um sistema jurídico moderno e igualitário que pretenda garantir, e não apenas proclamar, os direitos de todos (CAPPELLETTI, 1998).

No Brasil, a Constituição Federal estabelece, no art. 3º e no art. 5º, que constitui objetivo fundamental da República Federativa do Brasil a construção de uma sociedade livre, justa e solidária, erradicando a pobreza e a marginalização e promovendo o bem de todos, que são iguais perante a lei.

Em busca da justiça, no Estado Democrático de Direito, é preciso conciliar o respeito aos direitos humanos com uma investigação eficaz dos crimes, de forma a condenar os criminosos e libertar os inocentes. A perícia criminal, neste contexto, sendo a responsável pela produção da prova material do ato e da identificação de sua autoria, assume papel de extrema importância, utilizando-se do conhecimento científico e das inovações tecnológicas aplicadas à elucidação dos casos.

Nesta categoria, a análise de conteúdo das declarações revelou que os Peritos Criminais Federais entrevistados são uníssonos quanto ao entendimento que possuem sobre seu papel no processo criminal. Em todas as entrevistas, tanto de Peritos com pouco tempo de atuação como dos mais antigos, quer sejam os que atuam em órgãos centrais quanto os que trabalham nos estados, identificou-se o profissional Perito Criminal Federal como um cientista trabalhando em prol da justiça, em busca da verdade, por meio da materialização e busca de autoria de um crime.

Por definição, a gente busca uma verdade fundamentada, né? E pra isso, usando um método científico (Entrevistado E).

Ser perito é o profissional que, ele... utiliza da ciência pra desvendar um crime, então ele é o... como se fosse os olhos do juiz, né, ele tenta reproduzir aquilo que aconteceu baseado no método científico, na ciência. Então, ele é um profissional que tá em busca da verdade para solucionar os crimes (Entrevistado C).

[...] é você ser um pesquisador, ser um cientista, mas com uma atividade essencialmente prática, não fica só na pesquisa, no mundo acadêmico, no estudo. Você precisa colocar em prática seu conhecimento, para poder, de alguma forma, contribuir para que a justiça seja feita (Entrevistado A).

É uma forma de você colocar em prática seu conhecimento científico, seu conhecimento teórico, em prol da sociedade. Eu acho que é uma relação direta, do que você aprendeu na faculdade, no curso de formação que você fez, você consegue de alguma maneira auxiliar a sociedade através da justiça (Entrevistado A).

Também foi destacada pela maioria dos entrevistados a satisfação que a missão precípua do trabalho traz, como bem caracterizado nos depoimentos a seguir:

[...] ser PCF é ter essa sensação de estar contribuindo com a sociedade, estar contribuindo por um mundo mais justo (Entrevistado M).

Eu vou responder o que me motivou a ser perita, né, além de outras coisas, mas assim, é, essa questão, quando você faz um laudo e consegue ver que efetivamente ele é conclusivo, que você tá contribuindo, eu acho que ser PCF é isso, se sentir muito importante pra sociedade, porque você vai contribuir para aquilo que falei no início, para que a justiça seja feita e para que menos corrupção haja, menos tráfico haja, e esses crimes assim e todos os outros, então eu acho que é ser alguém muito importante pra sociedade (Entrevistado D).

Vale ressaltar ainda a preocupação dos Peritos com relação ao real significado de se buscar a verdade. Ocorre que, frequentemente, confunde-se a atuação pericial com a investigação policial, imaginando-se a perícia em busca do dolo ou da culpa. O trabalho pericial, ao buscar tão-somente a verdade, não só pode trazer as consequências para um criminoso, ao se comprovar com provas materiais a ocorrência de um crime, como pode também trazer o alívio a um inocente acusado.

[...] a verdade, a gente tem que descobrir a verdade, né, ou pra inocentar, ou pra acusar, mas você sente a satisfação né, grande, de

estar contribuindo nesse processo todo de justiça, né (Entrevistado I).

Neste contexto, considerando a realidade econômica, política e social do Brasil, a busca pela verdade absoluta6, e a consequente justiça, nem sempre é de interesse das pessoas. Como bem comentou o entrevistado H, a verdade deveria interessar a toda a sociedade, mas não interessa aos envolvidos em algum crime.

Então, acho que é gratificante porque você consegue entregar um produto pra sociedade, que interessa a todo mundo, menos a quem tem algo a esconder (Entrevistado H).

Percebe-se, portanto, nesta categoria, pela fala dos entrevistados, que existe um entendimento de consenso a respeito do papel do trabalho do Perito Criminal Federal no processo criminal, como especialista que utiliza a ciência em prol da justiça. Contudo, alguns entrevistados trazem a reflexão quanto ao interesse real da sociedade e dos governantes pela busca da verdade, e as consequências da razão de ser do Perito no contexto sócio-político e econômico do país.

Uma reflexão e discussão mais profunda acerca de toda responsabilidade do trabalho deste profissional é válida e sadia para a sociedade.

3.3.4.2 O Perito Criminal Federal na Polícia Federal

Com relação ao trabalho na Polícia Federal, alguns entrevistados citaram alguns aspectos negativos característicos, como a excessiva personalização e arbitrariedade de ações gerenciais.

Historicamente, o DPF sempre sofreu muito com problemas de gestão, problemas de modelo organizacional, problemas de institucionalização das ações, as ações são muito pessoalizadas (Entrevistado G).

6 É importante ressaltar, com relação ao termo ‘busca pela verdade absoluta’, que tal afirmação é

totalmente possível em exames laboratoriais, como a identificação de um entorpecente, ou a busca de uma imagem em um computador. Porém, no caso de exames em locais de crime, a busca pela verdade absoluta é, de fato, a busca pelas evidências e provas que materializem o crime e que possam, com a maior probabilidade possível, validar uma hipótese de dinâmica dos fatos e autoria.

O principal aspecto negativo são esses que hoje impedem a aplicação livre de toda e qualquer metodologia necessária para alcançar a verdade. Limitação de ações, né, do perito, seja por questões administrativas, ou de comando. Então, todos elementos que cerceiam o livre emprego da ciência na sua função (Entrevistado E).

Em algumas entrevistas, ficou também evidenciada a atuação do Perito Criminal Federal em diversas áreas, além da atribuição precípua de realização de exames periciais:

[...] resgatar o fato passado, que aconteceu. Só que o Perito Criminal Federal é mais que isso. Ele também é um policial, então ele realiza atividades policiais, e ele também realiza atividades técnicas que ele detém aquele conhecimento específico, que outro profissional não vai conseguir realizar da maneira como o PCF realiza. Os melhores exemplos que eu tenho disso é a parte de Controle de produtos químicos, a parte do GBE, bombas e explosivos (Entrevistado B). Eu acho que a gente extrapola o papel da perícia, e muito. Eu acho que nós contribuímos demais pra toda parte, principalmente assim, técnica, na administração. Olha só, na COF7, por exemplo, né, na

parte de Orçamento Financeiro, [...] lá do Escritório de Projetos, Planejamento Estratégico e Gestão de Processos, assim, a parte técnica de organizar, de dar contribuição, pesquisar, pra implantar melhores formas de gestão, em tudo isso tem peritos envolvidos e que não estão na área fim [...]. Então a gente contribui demais pra Polícia Federal. [...] Eu acho que a gente contribui muito além do que é realmente assim, a nossa função (Entrevistado D).

Com relação à participação em outras atividades, efetivamente como servidor policial, como a efetiva atuação em operações policiais, foram identificadas basicamente duas visões: a de que os Peritos Criminais Federais devem atuar colaborando no planejamento e execução de operações policiais e a de que os Peritos, nessas atividades, estão sendo desviados de sua função principal, atuando em atividades inerentes a outros cargos policiais. A seguir alguns trechos que mostram o anseio de alguns Peritos em colaborarem em todo o processo investigatório:

Os delegados em geral procuram a gente antes de formular quesitos, algumas operações que são mais críticas, e tudo, então nos procuram pra elaboração de quesitos, participação em operações, mas ainda é um pouco embrionário, acho que deveria ser mais. Acho

que nossa participação deveria ser inclusive no planejamento das operações (Entrevistado M).

[...] porque eu não vejo, assim, a perícia separada da investigação. Eu vejo cada vez mais a importância da investigação, da gente estar mais próximo da investigação (Entrevistado I).

Eu gosto muito dessa proximidade com os outros cargos, de acompanhar um pouco do trabalho do delegado, do escrivão, do agente, de poder estar participando de operações, então eu acho que tudo tem que funcionar integrado (Entrevistado M).

Neste contexto, é necessário esclarecer que a atividade de perícia criminal destina-se não apenas à fase pré-processual (inquérito policial), como também, e primordialmente, à fase processual (judiciária) da persecução penal, o que faz exigir, sobretudo, atributos de isenção e imparcialidade do profissional responsável por sua realização. Prova disso é o fato de o Código de Processo Penal definir a Perícia Criminal como meio de prova e função auxiliar da justiça, sujeitando os Peritos Criminais à disciplina judiciária e às hipóteses de suspeição e impedimento próprias dos magistrados, sendo, portanto, necessário muito cuidado ao se contextualizar o Perito Criminal Federal nas fases de investigação, busca e apreensão.

Por outro lado, também há depoimentos de insatisfação com a arbitrariedade e incongruência na forma de gestão, como o destacado a seguir:

Estão sempre tentando colocar a gente em operações pra fazer trabalho de agente, colocar em plantão pra fazer trabalho de agente, é... então... sendo que a gente tem uma carga de trabalho que é muito grande e que é muito importante, eles estão sempre tentando colocar a gente pra fazer outras coisas, né. Então isso é muito ruim (Entrevistado L).

Um exemplo de inconsistência na gestão que recentemente afetou vários Peritos Criminais Federais foi a instauração de Processos Administrativos Disciplinares relativos à suposta demora na realização de exames e elaboração de Laudo Pericial Criminal, ocasião em que não foi demonstrada a fundamentação sobre a qual se estipulou o prazo máximo determinado para tal execução. Em várias situações, o servidor havia passado a maior parte do tempo, naquele período, atuando na gestão e execução de obras da própria Polícia Federal, ou ainda, em viagens em missões do próprio órgão.

Ao serem questionados sobre as vantagens de se pertencer à Polícia Federal, os entrevistados citaram algumas características próprias do ambiente policial, como o porte de arma e a aposentadoria especial, e outros anseios comuns a qualquer trabalhador, como o bom salário e a aceitação pela sociedade.

Eu acho que a profissão ela tem uma aceitação boa na sociedade, né? porque a gente faz um trabalho que tem um resultado muito importante... e o salário (Entrevistado C).

[...] que o nosso salário graças a Deus é muito bom. [...] A outra coisa é o seguinte, porque, por exemplo, nós temos aposentadoria especial, né, [...] (Entrevistado K).

[...] prerrogativas funcionais que só são garantidas por sermos policiais, é... previdenciária, aposentadoria especial, eu acho que tudo isso traz um rol de vantagens [...] (Entrevistado H).

Eu acho que a vantagem que a gente tem, de estar no DPF é você ter porte de arma (Entrevistado C).

É importante aqui ressaltar alguns pontos sobre o aspecto do porte de arma e da aposentadoria especial. O porte de arma é necessário ao profissional Perito Criminal Federal, devido à sua atuação em locais de crime e pela própria natureza de seu trabalho, sujeita a possíveis ameaças e situações de perigo de vida. Similarmente, a aposentadoria especial é um benefício ao qual o Perito Criminal Federal faz jus, pois está relacionado ao cumprimento ao disposto no art.40, § 4º, I da Constituição Federal, que atribui a aposentadoria especial a servidores públicos que exercem atividades de risco.

Foi citado também o problema da falta de reconhecimento do trabalho realizado, tanto interna como externamente:

[...] é que muitas vezes com esse problema que se tem da questão dos delegados, e tudo, muitas vezes você acaba não sendo reconhecido, né, você é, por exemplo, o pessoal, elogia o trabalho, mas,... isso não tem o reconhecimento na hora certa (Entrevistado D).

Falta de reconhecimento fora da própria criminalística, né, falta de visibilidade fora do nosso trabalho (Entrevistado L).

Os Peritos Criminais Federais demonstraram que consideram, em geral, um orgulho pertencer ao quadro de servidores públicos do Departamento de Polícia Federal, conforme ilustrado nos trechos de entrevistas a seguir.

O prestígio do DPF. O DPF é uma instituição forte, com visibilidade na sociedade, uma instituição respeitada, é [...] nós todos, do DPF, contribuímos para que chegássemos a esse estágio atual (Entrevistado A).

[...] é que a gente tem muita, muita força, mesmo, poder. [...] as portas se abrem, você é da PF, [...] Então a gente tem esse nome forte nos ajudando a entrar nos lugares, a buscar provas, documentos, e tudo (Entrevistado D).

A Polícia Federal ela é uma marca extremamente valiosa (Entrevistado G).

É a imagem, né,o nome, a blindagem que você tem hoje com a Polícia Federal (Entrevistado H).

No DPF ninguém fala “eu sou Perito Criminal Federal”, todo mundo fala “eu sou da Polícia Federal”. Então, o nome da Polícia Federal é muito forte mesmo, né, é muito marcado, muito forte, e todo mundo tem orgulho de falar, eu sou Policial Federal. Mas eu acho que pode começar a pensar, né, que eu sou Perito Criminal Federal é... deve ser a primeira, né [...] o primeiro nome tem que ser perito criminal federal (Entrevistado J).

Nota-se, nesses trechos, a importância da marca, da imagem da Polícia Federal no contexto da identidade do Perito Criminal Federal. A consciência de que os próprios Peritos contribuíram muito para a construção dessa imagem e desse reconhecimento pela sociedade é destacada pelo entrevistado identificado pela letra ‘E’:

Olha, o departamento, mal ou bem, ele tem hoje uma aceitação muito grande na sociedade, que mal ou bem também, a gente construiu junto, não... achar que só uma carreira construiu isso, não é verdade... Eu acho que a gente é muito tímido, não... em fazer o nosso trabalho aparecer, a gente tem que levar mais o nosso trabalho aos juízes, conversar mais, aos promotores, todos nossos clientes, nossos clientes não só os delegados (Entrevistado E).

Apesar do orgulho de pertencer à Polícia Federal, foram destacados problemas relativos à disputa pelo poder entre os cargos, a desmotivação perante a falta de uma real gestão por competências e a ingerência sobre o trabalho.

Documentos relacionados