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A alimentação fornece os nutrientes necessários à formação, crescimento e reparação das células e tecido. Fornece ainda os constituintes orgânicos necessários à produção de energia, bem como os nutrientes que devem ser acumulados sob a forma de reservas próprias do organismo, contribuindo para um metabolismo equilibrado (Peres, 1980).

O Instituto de Medicina Norte Americano (IMN) em conjunto com a Associação Americana de Dietética (ADA) desenvolveu recomendações nutricionais em termos de energia, proteínas, carboidratos e micronutrientes, com base no sexo, idade e características individuais. As recomendações diárias de alimentos (RDA) são valores de referência que estimam as necessidades de ingestão de nutrientes que devem ser utilizadas para assegurar a saúde dos indivíduos.

Neste sentido, factores dietéticos podem estar implicados na modificação da saúde, sendo que a maioria dos estudos que relacionam a DMO com dieta centralizam-se no estudo do cálcio, considerando o principal mineral ósseo.

Williams (2002) sugere que uma dieta apropriada de cálcio é fundamental para a manutenção da massa óssea. O cálcio é essencial para todas as células do corpo, incluindo coração, nervos e músculos. Assim, é importante que a necessidade de cálcio pelo corpo não seja maior do que a quantidade oferecida na dieta alimentar diária. Mantido esse equilíbrio, o organismo não precisa retirar a reserva de cálcio dos ossos. As funções fisiológicas do cálcio têm preferência sobre a formação do tecido ósseo, daí o perigo de descalcificação que pode ocorrer em desportistas de modalidades de endurance se não tiverem um adequado nutricional de cálcio. No entanto, a ingestão de cálcio por si só não é factor suficiente para uma boa saúde óssea, pois o metabolismo do osso está fortemente dependente da acção controladora das vitaminas D e K (Rodrigues dos Santos, 2002).

Na dieta que apresenta uma baixa quantidade de cálcio durante certo período, o corpo pode deslocar parte desse mineral dos ossos pela acção de hormonas, como o paratormona e a forma hormonal da vitamina D, de forma a manter a quantidade adequada de cálcio na forma iónica.

Diversos estudos têm indicado que uma alta ingestão de cálcio conduz à redução de perda óssea e risco de fracturas, incrementando desta forma a competência mecânica do osso (Williams, 2002).

De facto, são vários os estudos que demonstram a importância do cálcio para a saúde óssea. Merrilees et al. (2000); Teegarden et al. (1998) e Dawson- Hughes, 1998) concluíram nos seus estudos que o grupo que apresentou uma elevada ingestão de cálcio revelou valores superiores de massa óssea e DMO em quase todos os locais anatómicos estudados, comparativamente ao grupo de inferior ingestão.

Contudo, outros estudos referiram que a ingestão de cálcio tem um maior impacto durante a puberdade (Nichols et al., 2007). Boot e os seus colaboradores em 1997 mostraram nos seus estudos que o consumo de óptimas quantidades de cálcio durante a infância está associada com uma maior massa óssea. Assim, uma ingestão adequada de cálcio durante a infância e adolescência é importante para a óptima mineralização do osso, sendo este um período importante para o aumento da DMO (Williams, 2002).

Neste sentido, Bean (2004) recomenda que se inclua muito cálcio na dieta das crianças em função dos ossos crescerem em longitude, largura e forma durante esta fase, pois uma dieta pobre de cálcio resultaria na reabsorção do mesmo para manter o bom funcionamento dos músculos e nervos.

No entanto, outros estudos forneceram evidência que o crescimento esquelético pré e pós pubertal é alcançado por actividades físicas regulares, e que o óptimo alcance da DMO na adolescência pode não ser dependente de uma alta ingestão de cálcio. De facto, Bronea (1997) concluiu que o ganho maior em massa óssea nos locais que receberam carga pode ser alcançado quando actividades de impacto moderado são combinadas com aumento da dieta de cálcio. Assim, a evidência actual sugere que a melhor estratégia para

ossos fortes no final da infância passa pela actividade de impacto, combinada com uma correcta ingestão de cálcio.

No entanto, o processo nutricional do organismo é muito mais complexo do que à primeira vista pode parecer. São raros, se existir algum, os nutrientes que são metabolizados por si só. Assim, o cálcio tem noutros nutrientes factores coadjuvantes ou antagonistas da sua própria absorção. O fósforo é um mineral importante para o metabolismo do cálcio (Rodrigues dos Santos, 2002).

De acordo com Szejnfeld (2000), o fósforo é o segundo mineral mais abundante no organismo depois do cálcio. No organismo humano o fósforo existe apenas como sal de fosfato, na forma de fosfato inorgânico ou é ligado a outros minerais ou componentes orgânicos. Cerca de 80% a 90% do fósforo do organismo combina-se para formar o fosfato de cálcio, usado no desenvolvimento dos ossos e dos dentes.

Na mesma linha de raciocínio atrás expandido, existem duas vitaminas fundamentais para a saúde do osso, vitamina K e D (Rodrigues Santos, 2002).

Em relação ao papel da vitamina K, não abordado neste estudo, ressalta a sua importância na síntese da osteocalcina, uma proteína importante para a síntese do osso extracelular (Anderson, Stender, Rondano, Bishop & Duckett, 1998). A vitamina D pela sua importância crucial na saúde do osso, exige especiais cuidados nutricionais.

A vitamina D assume uma importante influência na manutenção da massa óssea, pelo papel desempenhado na absorção do cálcio do intestino delgado para o sangue (Graaff, 2003). As concentrações séricas diminuídas desta vitamina parecem contribuir para a perda óssea pela diminuição da absorção do cálcio, estimulando a secreção de hormona paratiróidea (PTH) com aceleração da taxa de remodelação óssea. Por outro lado, a vitamina A influencia o equilíbrio entre a formação e a reabsorção óssea, necessário para o crescimento e fortalecimento do osso (Bean, 2004).

Relativamente à ingestão proteica, estudos experimentais sugerem que estados de deficiência ou excesso proteico possam afectar negativamente o balanço de cálcio e levar à redução da densidade e resistência óssea (Williams, 2002). Acredita-se que a ingestão proteica influencie a síntese de HC

e produção hepática de IGF-1 (Insulin-like growth factor 1), levando a um crescimento esquelético deficitário e contribuindo para o baixo pico de massa óssea. O IGF-1 actua positivamente sobre a taxa de deposição óssea periosteal, aumentando o diâmetro externo dos ossos longos, além de influenciar o crescimento longitudinal do esqueleto e a massa óssea (Szejnfeld, 2000 citado por Oliva, 2006).

Assim, Nichols et al. (2007) referem que crianças e adolescentes têm necessidade de aumentar os seus níveis proteicos para assegurar o crescimento e o desenvolvimento de massa isenta de gordura e também fornecer energia suficiente, caso contrário, a proteína poderá ser utilizada como fonte de energia e não para a síntese dos tecidos musculares.

Relativamente ao flúor, Graaff (2003) afirma que este pode permitir um aumento da DMO, uma vez que aumenta o número de osteoblastos e a consequente formação óssea.

De uma forma geral, é aconselhado um elevado consumo de fibras dietéticas, principalmente para as mulheres que são mais susceptíveis a prisão de ventre. No entanto, os excessos podem ser perigosos uma vez que um elevado consumo de fibras, embora possa contribuir para a saúde do intestino, pode ocasionar perdas de estrogénio em valores 2 a 3 vezes superiores ao normal. De acordo Kaiserauer et al (1989), este facto pode contribuir para a diminuição da massa óssea.

Existem ainda outros factores alimentares que estão associados com a massa óssea, tais como o zinco, vitaminas B6, B12, e C, uma vez que, por exemplo, tanto a vitamina C como a B6 são co-factores para o adequado metabolismo do colagénio e, deficiências destas vitaminas, podem ser factores colaborantes na emergência de situações de osteoporose (Kanis, 1994 citado por Silva, 2000), embora estes elementos nutricionais sejam menos importantes que o cálcio, vitamina D e K.

2.4. INFLUÊNCIA DA PRÁTICA DE BALLET NA DENSIDADE MINERAL

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