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O AMBIENTE MARINHO

No documento Oceanário de Florianópolis (páginas 34-37)

Para o público que visita um aquário ou oceanário o atrativo de maior importância é o conteúdo dentro de cada tanque. Independente da quantidade de habitats e espaços, se espera que o interior do tanque fascine e encante a todos que o contemplem.

Segundo Peter Scott, no livro The Complete Aquarium da editora DK (SCOTT, 1991), o profissional responsável pela criação e manutenção de tanques é chamado de aquarista ou aquariofilista e tem o trabalho de recriar o mundo submerso de cada habitat, sejam espécies, tipos de solos, tipos de rochas, salinidade, níveis de PH, temperatura, luminosidade, entre outros.

Para escolha de cada ecossistema é necessário entender seus elementos primordiais: água e sal. A proporção de cada um desses elementos dita a classificação de água doce, salobra ou salgada. Essa proporção é contada em partes por mil (ppt) e em geral a água salgada possui 36 ppm de sais (ibid.).

ÁGUAS SALGADAS

A imensidão dos oceanos fazem desses ecossistemas ambientes bastante estáveis. Os minerais encontrados são provenientes das chuvas que dissolvem partículas das terras próximas que então escoam para o mar.

Nos primeiros mares, acredita-se que a salinidade era baixa, em torno de 9 ppm, já hoje temos uma média de 36 ppm. As proporções variam de um mar para outro, mas em grandes porções de água a salinidade permanece constante (ibid.).

MINERAIS EM ÁGUA SALGADA

Cloreto 19,8 ppm Sódio 11,1 ppm Sulfato 2,8 ppm Magnésio 1,3 ppm Cálcio 0,4 ppm Potássio 0,4 ppm

Os mares são compostos 96,4% de água pura e 3,6% de minerais conforme figura 2.16 abaixo (ibid.):

ÁGUAS SALOBRAS

Onde a água salgada encontra a água doce são formados ambientes onde a concentração de sal é mais amena, possibilitando a convivência de espécies adaptadas aos dois sistemas. Esse encontro de águas normalmente sofre a ação das marés, por esses e outros motivos a salinidade pode variar entre 1 e 36 ppm.

Esses locais são conhecidos como mangues e estuários, sendo encontrados em sua maioria na região costeira. São ambientes com uma vasta diversidade de animais e plantas, rico em sedimentos e detritos, o que forma um ecossistema ideal para animais conhecidos como “escavadores“ e “coletores”. As raízes das árvores acumulam sedimentos e fornecem abrigo e comida para peixes, crustáceos e moluscos. O grande fornecimento de comida e abrigo faz desses ambientes o local ideal para a reprodução de espécies (ibid.). Fig 2.16: Proporção de sais no oceano atual. Fonte: SCOTT, 1991, adaptado pela autora, 2019.

17 Fig 2.18: Grandes grupos de peixes. Fonte: SCOTT, 1991.

PEIXES

Os primeiros indícios de peixes nos oceanos data do período Paleozóico, entre 360 e 410 milhões de anos atrás. Hoje ainda existem fósseis vivos que exemplificam as grandes mudanças e adaptações sofridas ao longo dos milênios. Para chegar ao design que se tem hoje haveria que voltar de 180 a 120 milhões de anos, quando a terra ainda possuía somente um grande continente: Pangeia. A fragmentação desse supercontinente forçou peixes a se dividirem e adaptarem a novos nichos ecológicos (ibid.).

Como trabalho acadêmico de arquitetura, não cabe analisar todas as especificidades dos peixes, pois existe uma variedade incontável de formatos e comportamentos. Pode-se pensar em enguias e sua linearidade ou no gigante peixe-lua e seu corpo alto e achatado. Cada formato de peixe ou seus habitos podem apresentar restrições na escolha dos formatos dos tanques, o que influencia na arquitetura. Tais preocupações são de especialidade de aquariofilistas e biólogos, sendo a atribuição do arquiteto entender estas restrições e designar espaços coerentes com as diretrizes dos profissionais capacitados.

Para ter uma noção de dimensionamento dos tanques, pode-se usar como parâmetro a proporção: a cada 1cm de peixe, 3,6 litros de água para água salgada e 0,3 litros de água para águas salobras conforme demonstra a figura 2.17. 1cm de peixe 3,6 litros de água salgada 0,3 litros de água doce e salobra 1cm de peixe

Fig 2.17: Proporção entre peixes e volume de água. Fonte: SCOTT, 1991, adaptado pela autora, 2019.

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pequenos dejetos restantes no tanque que não podem ser retirados com outros métodos de filtração (ibid.).

Analisando na questão de adaptação das espécies, tudo que entra em um aquário estabilizado deve passar por um período de quarentena. Esse período depende da espécie mas consiste em, aos poucos, adaptar o novo elemento ao ecossistema. Para peixes, a água do novo ambiente deve ser misturada com o ambiente atual, deve-se tratar quaisquer doenças para que este não contamine os demais peixes, os níveis de salinidade e ph devem ser ajustados e somente depois deste período de adaptação ao ambiente o peixe deve ser colocado no novo aquario. Mesmo assim este deve estar em um saco plástico ou um tanque plástico que permita a interação entre os peixes já estabilizados a fim de não causar problemas territoriais ou sociais. Para fazer a transição das espécies é necessário uma sala com tanques menores para estoque e adaptação. Esta sala também deve conter material para manutenção dos tanques de quarentena e espaço para computadores com o objetivo de monitorar o progresso das transições (SCOTT, 1991).

Salas adjacentes a essas estruturas guardam os materiais necessários para a manutenção das atividades. São elas: sala de enfermagem, sala de químicos, sala de estoque de ração, sala de preparo de alimentos frescos, sala de equipamento de mergulho, sala de materiais de limpeza dos tanques, sala de peças de reposição dos equipamentos, sala de controle dos sistemas computadorizados para inspeção dos níveis químicos dos tanques, entre outras (ibid.).

Também são necessárias salas de funcionários e de apoio administrativo como salas de reunião, salas de diretorias, copa, vestiários, depósitos de material de limpeza, entre outros.

2.5 MANUTENÇÃO

Cuidados com aquários variam dependendo do ecossistema representado e do tamanho do tanque. Mas independentemente disso alguns fatores sempre deverão ser considerados como controle de PH, salinidade, luminosidade, limpeza, adaptação das espécies, controle de pestes, filtração e outros (SCOTT, 1991). Para um trabalho de arquitetura vários desses fatores influenciam no layout e na volumetria dos ambientes de área técnica.

O sistema que ocupa o maior espaço é o de filtração. Para grandes tanques existem algumas possibilidade de filtração como mecânica, química, biológica e desinfectação. Cada sistema remove uma quantidade ou um tipo de partícula (CARRACA, 2016).

A filtração mecânica remove partículas em suspensão como alimentos, dejetos e algas, retendo-as no equipamento por meio de filtros. Para tanques de dimensão média (cerca de 12m³) o filtro mais utilizado são de cartuchos pois facilitam a troca quando o sistema apresenta muita matéria acumulada sem a necessidade de parar a filtração para manutenção. Tanques maiores (cerca de 300m³) utilizam filtros de areia pois é possível ter várias granulometrias que melhoram a eficiência do sistema. Para lavagem deste é feita uma contra-lavagem, onde a água passa no sentido contrário e é necessário alterar a rota da água para o sistema de esgoto, para evitar que a água suja volte ao tanque (ibid.).

A filtração química trata-se de uma filtração a nível molecular pois tem como objetivo remover partículas que possuem carga elétrica que degradam a qualidade da água. Esse tipo de filtração tem maior importância nos tanques da área de quarentena, onde é necessário retirar os medicamentos da água a nível de partículas. A filtração biológica têm como objetivo remover

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No documento Oceanário de Florianópolis (páginas 34-37)

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