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Como já foi dito anteriormente, neste trabalho optamos por aprofundar nossa discussão no Ambiente Virtual de Aprendizagem Moodle, pois diversas instituições têm declarado a sua adesão, inclusive o Instituto Anísio Teixeira23, principalmente em virtude de ser um sistema aberto, baseado em uma filosofia particular de aprender, um modo de pensar a aprendizagem, conhecido como a pedagogia do social-construcionismo24, o que não quer dizer que outras filosofias também possam nortear diferentes trabalhos; tudo é possível, a depender da intenção e dos desejos de quem os propõem.

23 Vale lembrar que o Instituto Anísio Teixeira (IAT) é a instituição a qual estão vinculados os Núcleos de Tecnologia Educacional do Estado da Bahia que ofereceram o Curso Mídias Digitais e Educação, campo desse estudo. Segundo a professora Maria Selma Laranjeiras, coordenadora geral dos NTE na época em que se implantou o Moodle, a opção por este foi pela sua interface de fácil navegabilidade e de montagem por qualquer educador.

24 O construcionismo social baseia-se na idéia de que pessoas aprendem melhor engajadas em um processo social de construção de conhecimento pelo ato de construir alguma coisa para outros. O termo processo social sugere que a aprendizagem é alguma coisa que se faz em grupos. Deste ponto de vista, aprendizagem é um processo de negociação de significados e utilização de recursos compartilhados; é o processo de construção de conhecimento. (PULINO FILHO, 2004, p. 6). Nesse sentido, O Moodle enfoca o trabalho em ferramentas para discussão, compartilhamento de experiências, construção coletiva de conhecimentos.

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a 1 - Tela da página de abertura do Ambiente Virtual de Aprendizagem do Instituto Anísio Teixeira.

O Moodle é um ambiente virtual que propicia espaços compartilhados de convivência que dão suporte à construção, inserção e troca de informações pelos participantes visando à construção social do conhecimento, portanto a aprendizagem colaborativa. Todavia, para além do uso da tecnologia há alguns aspectos pedagógicos que sustentam o princípio da aprendizagem colaborativa, os quais são apontados por Romano (online), a saber: conhecimento compartilhado – experiências pessoais, estilos e ritmos de aprendizagem, estratégias e culturas que alunos e os professores trazem para a situação de aprendizagem; autoridade compartilhada entre professores e alunos; professores atuando como mediadores da aprendizagem; a construção de significados e resignificações no processo de aprendizagem.

Essas características pedagógicas requerem: a flexibilidade dos papéis e movimentos no processo das comunicações e relações que fazem a mediação da aprendizagem; a democratização das participações nos diferentes espaços do ambiente e da inserção de colaborações individuais e coletivas; debates que privilegiem novas leituras, interpretações, associações e críticas em espaços formais e informais.

O Moodle é um software utilizado para produzir e gerenciar atividades educacionais baseadas na internet e/ou redes locais. Conjuga um sistema de administração de atividades educacionais com um pacote de software desenhado para ajudar os educadores a desenvolverem atividades online. Tecnicamente, o Moodle é um software livre e vem sendo utilizado não apenas por Universidades, mas em escolas do ensino médio, organizações,

companhias privadas e por professores independentes, além de possuir uma grande comunidade, cujos membros estão envolvidos em atividades que abrangem o desenvolvimento de novas ferramentas até discussões sobre estratégias pedagógicas de utilização do ambiente e suas interfaces.

Qualquer instituição que utilize o ambiente Moodle, seja para qualquer fim, está contribuindo de alguma forma para seu aperfeiçoamento, como divulgação de suas possibilidades, identificando suas fragilidades ou experimentando novas possibilidades pedagógicas. Assim, “estas simples contribuições se propagam por meio de uma livre cadeia de interações entre os indivíduos, percorrendo uma rede de relacionamentos que pode, em pouco tempo, ser apropriada por toda a comunidade” (ALVES, 2005, online). O Moodle, assim como qualquer outros LMS, dispõe de diversas ferramentas que podem ser selecionadas pelo professor, de acordo com os seus objetivos..

Muitos educadores têm preferido a utilização do Moodle, entre outros LMS, para as suas práticas pedagógicas por ele permitir que os mecanismos sejam oferecidos aos alunos de forma flexibilizada, ou seja, “o professor, além de poder definir a sua interface, poderá utilizar metáforas que imputem a estes recursos diferentes perspectivas, que apesar de utilizarem a mesma funcionalidade, se tornem espaços didáticos únicos” (Idem, online).

Assim, no curso em questão um simples chat foi utilizado como um espaço para discussão de conteúdos em cada um de seus módulos, os chamados chats pedagógicos, como pode ter sido usado como “distração” que teve a intenção de criar vínculos entre os participantes do curso. Estas decisões não dependem de qualquer profissional da área de tecnologia ou design, mas do próprio professor, de acordo com as necessidades do grupo para as intervenções no processo de ensino-aprendizagem. Além disso, podemos criar metáforas com outras ferramentas como fórum, por exemplo, que no caso do referido curso tornou-se um portfólio pessoal, no qual os cursistas socializavam suas atividades e faziam comentários das atividades de seus colegas.

Como mais um exemplo da flexibilidade de apropriação das interfaces do Moodle, podemos citar também o glossário, onde os usuários/aprendentes podem criar e manter uma lista de definições, como um dicionário. As entradas podem se autolinkar com outros conteúdos do Moodle, criando os hipertextos25 internos, assim como criar links externos.

25 Lévy (1996, p.33) define o hipertexto como um conjunto de nós ligados por conexões. Os nós podem ser palavras, páginas, imagens, gráficos ou partes de gráficos, seqüências sonoras, documentos complexos que podem eles mesmos ser hipertextos. Os itens de informação não são ligados linearmente, como em uma corda em nós, mas cada um deles, ou a maioria, estende suas conexões em estrela, de modo reticular.

Ao configurar o glossário, o professor pode optar por permitir: itens repetidos (poderão ser criados itens com o mesmo nome); comentários; versão para impressão; fazer link automático dos itens deste glossário (sempre que as palavras ou frases estiverem presentes nos textos do curso); aprovação imediata dos novos itens colocados pelos alunos; editar sempre (os alunos estão autorizados a modificar os textos criados por eles); o formato de visualização (sem autor, com autor, etc.). As entradas no glossário podem ser exibidas em vários formatos: por autor, por categoria, por ordem alfabética, por data de inserção, a depender das escolhas. Um professor também pode editar um glossário próprio de um tema ou para determinado curso, categorizando os termos e, se desejar, bloquear edições. No curso Mídias Digitais e Educação o glossário foi usado como Midiateca e para desenvolvimento de outras atividades que serão ainda comentadas no capítulo 4. Mas, é bom lembrar que “o uso de uma ação ou atividade não inviabiliza outras possibilidades, pois cada uma delas pode ser inserida no mesmo curso quantas vezes e em que posição ou momento o professor achar necessário” (Ibidem, online).

Nesse sentido, concebemos um ambiente virtual como um espaço vivo de interações, mutável, aonde as necessidades de cada contexto educacional vão sendo atendidas no decorrer do processo de aprendizagem, para além de um simples espaço de publicações de informações e materiais diversos.