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4.2 Hipertextualidade

4.2.1 O hipertexto potencializando as autorias coletivas

Em um ambiente virtual que se pretende ser aberto e que se propõe a ajudar o aprendiz a ampliar seu campo de pesquisa de informações, é importante oferecer um conjunto de interfaces que possa facilitar a pesquisa e o desenvolvimento de suas atividades. Os cursos oferecidos devem disponibilizar mecanismos de pesquisa interna ou externa, glossário, vínculo com dicionários ou sistemas de pesquisa bibliográfica, de forma a incentivar a busca de informações. Esses dispositivos implementados também devem dar acesso a recursos pré- selecionados.

A interface glossário do Moodle abre possibilidades para agregar uma infinidade de linguagens e formas de expressão. É uma interface que dá condição ao usuário tanto de limitar sua participação em apenas “aponta-clicar” quanto intervir, editar, deixar comentários etc. A seguir, mostraremos algumas apropriações da interface glossário para potencializar a hipertextualidade:

 Para socializar verbetes

Os pesquisadores Gutierrez e Prieto (1994, p. 62) afirmam que nos sistemas de educação a distância a mediação pedagógica59 acontece por meio de textos e outros materiais postos à disposição do estudante. Segundo os autores, isso supõe que estes sejam pedagogicamente diferentes dos materiais utilizados na educação de presença (professor- aluno). Essa diferença passa, a princípio, pelo tratamento dos conteúdos que estão a serviço do ato educativo, pois não interessa uma informação em si mesma, mas a informação mediada pedagogicamente. Os autores enfatizam que a mediação pedagógica começa no conteúdo

59 Os autores entendem por mediação pedagógica o tratamento de conteúdos e das formas de expressão dos diferentes temas, a fim de tornar possível o ato educativo dentro do horizonte de uma educação concebida como participação, criatividade, expressividade e relacionalidade. (GUTIERREZ e PRIETO, 1994, p. 62)

(apesar de não estar centrada nele), e propõe alguns aspectos que devem ser levados em consideração para tornar a informação acessível, clara e bem organizada, em virtude de uma auto-aprendizagem. Nesse trabalho, enfocaremos nossa discussão sobre os conceitos básicos e necessários para o entendimento de uma determinada temática proposta em um curso online.

Para se conseguir uma interlocução adequada entre autor e estudante, é preciso gerar uma comunidade de significados; um mesmo conceito pode estabelecer sentidos e significados distintos, a partir de seu contexto sociohistórico e cultural. Assim, parte-se de duas vertentes: uma conotativa ou subjetiva (cada um entende a seu modo) e outra denotativa (o real significado do termo). Para a compreensão pedagógica de um material, importa muito partir de um acordo mínimo sobre o significado dos conceitos básicos utilizados. Na visão dos autores,

Trata-se, em definitivo, da apropriação de um termo por meio de seus alcances significativos, que podem variar de um contexto a outro. Essa apropriação supõe um avanço sobre a base de definições que muitas vezes os materiais não trazem. Se não se conhece o significado elementar das palavras, muito menos se pode ampliar a definição dos termos levando em consideração o contexto. Quem define mal, diríamos parafraseando Hegel, significa mal. Quando falham as definições elementares é porque se produziu uma má apropriação da própria linguagem (GUTIERREZ e PRIETO, 1994, p. 76).

Eles sugerem que, para facilitar o jogo pedagógico, cada curso deverá incluir um glossário mínimo, uma síntese conceitual do conteúdo. Não precisa, como de costume, de um agrupamento em ordem alfabética. A síntese poderá ser usada como uma rede de pesca, em que os nós fundamentais abrem para outras linhas e assim sucessivamente. Dessa forma, os conceitos podem ser agrupados em forma de árvore, em famílias de significação, com suas correspondentes conexões. No Moodle, há a possibilidade se fazer links automáticos com termos do glossário para qualquer módulo do ambiente.

No curso, a interface glossário foi usada para socializar conceitos emergentes na sociedade da informação60. Na página principal do curso há um link para a entrada no

60 A sociedade da informação é a sociedade que está atualmente a constituir-se, na qual são amplamente utilizadas tecnologias de armazenamento e transmissão de dados e informação. Esta generalização da utilização da informação e dos dados é acompanhada por inovações organizacionais, comerciais, sociais e jurídicas que alteram profundamente o modo de vida tanto no mundo do trabalho como na sociedade em geral. Assmann (2005, p. 16) alerta que a mera disponibilização de informação não basta para caracterizar uma sociedade da informação. Para o autor, o mais importante é o desencadeamento de um vasto e contínuo

glossário. Na janela que se abre ao clicar nesse link, foi colocado um texto para justificar a sua criação. A intenção aí foi trazer conceitos importantes para se compreender o momento sociotécnico que estamos vivendo. Nesse mesmo espaço pode-se disponibilizar um texto explicativo para os cursistas aprenderem a inserir outros conceitos.

Figura 10 – Glossário de Conceitos (aprendizagem em redes)

Na figura abaixo, um exemplo de um conceito que foi trabalhado no decorrer do curso. Todas as vezes que aparecia essa palavra, esta era remetida, através de um link, para o glossário. Além dos termos sugeridos pelo professor, os cursistas puderam inserir outros, sem necessidade de uma autorização prévia para a sua entrada, pois automaticamente os itens vão sendo inseridos.

processo de aprendizagem. O conceito de informação admite muitos significados. O passo da informação ao conhecimento é um processo relacional humano, e não mera operação tecnológica.

Figura 11– Glossário de Conceitos (Blogs)

 Atividade de links comentados

Como é grande o número de informações encontradas na internet, precisamos aprender a filtrá-las e, principalmente, usar mecanismos que nos dêem segurança em nossas pesquisas em relação a sites que tragam informações confiáveis. Ademais, há muitos sites que não funcionam, alguns conteúdos são mal organizados e de difícil navegação. Por isso, para facilitar a pesquisa na internet, é comum que se organize uma Biblioteca de Links Comentados. Com a indicação de vários links para outras páginas com conteúdos relacionados ao curso, pode-se dizer que foi criado um grande hipertexto, o que potencializa a não-linearidade e a polifonia. Através desses links, várias páginas podem ser lidas simultaneamente, copiadas, recortadas, ressignificando as informações. Para Dias (2005), é dada ao cursista a liberdade de navegar, clicar e escolher, ampliando todas as possibilidades de permutação e potencialização, facilitando ao aluno o conhecimento de diversas perspectivas sobre temas do interesse do curso.

No curso foi realizada uma atividade em que o cursista deveria escolher um site relacionado a qualquer área temática, disponibilizasse o endereço encontrado e redigisse um breve comentário a respeito do conteúdo disponibilizado nele. Na janela a seguir temos um exemplo.

Figura 12 – Pesquisa em sites temáticos

Além de disponiblizar o link, o espaço pode ficar aberto para comentários dos demais cursistas que também visitam o mesmo site, de modo que podem trocar experiências, partilhar sentidos e significados. Nessa atividade, foi possível notar a interação estabelecida entre os professores-cursistas e as informações disponíveis, potencializada pela tecnologia digital em rede, mas, é preciso ter clareza que a tecnologia não é o único elemento determinante da forma de interação ocorrida, visto que a interação depende muito mais de intenções, dos desejos dos sujeitos, de que dos recursos em si mesmos.