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Capítulo 3 – O caso de estudo

3.2. O arquivo audiovisual da RTP

O arquivo audiovisual da RTP integra conteúdos desde a década de 1930 até à atualidade, constituindo-se como um verdadeiro repositório da memória coletiva nacional, com um património composto por documentos em diversos formatos e suportes (imagem em movimento, áudio, fotografia, textos) e uma grande diversidade de conteúdos desde a ficção ao documentário, a informação ao entretenimento, o institucional ao desporto (RTP, 2018b).

Em relação à sua organização, encontra-se dividido em dois pisos, sendo um deles dedicado quase exclusivamente ao armazenamento de suportes, na sua maioria cassetes e o outro à própria gestão e tratamento dos conteúdos, nomeadamente, as tarefas seleção, descrição, pesquisa e restauro digital. Neste espaço encontra-se ainda um arquivo fotográfico, cujo conteúdo se encontra armazenado em suporte CD.

Está dividido entre o arquivo fílmico (arquivo em película), nos suportes 16mm e 35mm e o arquivo videográfico (arquivo em vídeo) em suportes de 2” (Quadruplex), 1” (BCN), U-Matic (high e low band), Betacam (analógico e digital), sendo que, Betacam SP, Betacam Digital, Betacam SX e DVCAM, são os que ainda continuam a ser utilizados por terem equipamentos que possibilitam a sua reprodução (RAMOS, 2012, p.20-21).

Para além do arquivo audiovisual localizado no edifício da RTP, existe ainda um outro depósito, localizado no Prior Velho, Lisboa, o qual tivemos a oportunidade de visitar e observar os conteúdos mais antigos numa grande quantidade de cassetes de vídeo e bobines de filme.

45 Segundo RAMOS (2012, p.12-13), os conteúdos a ser exibidos podem ser emitidos, ou seja, exibidos em antena pelo menos uma vez num dos vários canais RTP, ou não emitidos, ou seja, não são do domínio público e nunca foram exibidos em qualquer canal ou plataforma.

Em relação ao seu formato/conteúdo, podem ser editados (conteúdos criados a partir de uma seleção de materiais em bruto por decisão editorial criativa, como por exemplo os programas/peças de noticiário) e não editados (materiais em bruto resultantes da captura de imagens/sons para produção de programas ou de noticias, como por exemplo, originais de programa ou reportagem).

A missão do arquivo é salvaguardar o património audiovisual português através da conservação, valorização e divulgação do vasto acervo, competindo-lhe arquivá-lo, conservá-lo e tratá-lo documentalmente de acordo com as normativas nacionais e internacionais.

Compete-lhe não só o tratamento dos conteúdos produzidos pela estação televisiva mas também a conservação e a difusão do seu acervo, garantindo o acesso permanente e a preservação dos conteúdos. Para isso, tem realizado migrações dos conteúdos em suportes obsoletos para novos suportes digitais.

Em 2004, a RTP iniciou a implementação do projeto de digitalização dos seus conteúdos com o objetivo de garantir a conservação, salvaguarda e preservação digital do acervo a longo prazo e em 2009, implementou efetivamente o Avid Interplay MAM, sistema informático que veio facilitar o acesso, tratamento e recuperação dos conteúdos. Segundo RAMOS (2012, p.22), este sistema digital tem “como principal objetivo assegurar que todos os processos de trabalho sejam efetuados em ficheiros digitais, não recorrendo a cassetes/fitas (desde a captação da imagem, registo e pós-produção na área da produção, arquivo e sua transferência através de redes de alto débito para os servidores de transmissão que os emitem) ”.

Diariamente, os arquivistas e documentalistas acedem ao Avid Interplay e procedem à descrição e indexação dos conteúdos, podendo visionar não só o conteúdo em si, clicando no clip, mas também os próprios metadados inseridos nas zonas de descrição.

Para além disso, realizam a pesquisa e seleção das imagens que consideram pertinentes guardar, mediante critérios que foram definidos e que geralmente, têm em vista o seu uso ou reutilização no futuro. Estas imagens tornar-se-ão disponíveis e pesquisáveis no Interplay, mediante a atribuição de um título e serão sujeitas posteriormente à respetiva descrição.

46 A descrição e atribuição de metadados permite que os arquivistas e jornalistas consigam pesquisar e encontrar as imagens que necessitam de forma mais rápida e eficiente, porque todas as palavras utilizadas na descrição e indexação são passíveis de ser pesquisadas.

3.2.1. O sistema de gestão de ativos digitais: Avid Interplay MAM

Nos capítulos anteriores, compreendeu-se que estes sistemas de gestão

constituem-se como ferramentas de trabalho indispensáveis para o registo,

armazenamento, tratamento, representação e recuperação dos conteúdos audiovisuais e que são compostos pela essência, isto é, a própria imagem, vídeo ou som e os metadados, que não são mais do que, dados formais, técnicos e administrativos existentes no som e imagem e que correspondem à descrição arquivística.

Ao conjunto essência e metadados, junta-se outro elemento fundamental na gestão dos conteúdos audiovisuais, que são os direitos de utilização e que por sua vez, constituem os denominados assets ou ativos. É de salientar a importância da meta-informação em cada asset, pois esta permite o acesso e preservação da informação.

O Avid Interplay MAM, é uma ferramenta bastante vantajosa para o tratamento documental, permitindo que vários utilizadores possam ver, editar, guardar, selecionar na íntegra ou em partes e pesquisar os metadados inseridos nos campos de informação.

Para além disso, possui várias funcionalidades, permitindo aumentar o ecrã, regressar ao menu principal, navegar entre os documentos na sua estrutura hierárquica - série, programa e clip, permitindo visionar o clip ao mesmo tempo que são inseridos os metadados.

Através da funcionalidade Mesa de Luz é possível visionar o conjunto de frames 6do clip, que ajuda a detetar rapidamente o seu conteúdo, sendo bastante útil para a necessidade de ter de se acionar os direitos caso apareçam imagens externas à RTP.

Deste modo, não é necessário selecionar a parte que nos interessa para a frente ou para trás ou mesmo visionar na totalidade o conteúdo, podendo simplesmente selecionar o frame que se pretende analisar.

6 Em produção audiovisual, frame é a unidade de tempo, a divisão dos segundos que varia em função do

47 Os conteúdos estão organizados segundo uma estrutura hierárquica composta por três níveis, correspondendo cada nível a uma entidade: série, programa e clip. Estas entidades serão objeto de uma descrição multinível com campos específicos e com suporte concetual na Norma Geral Internacional de Descrição Arquivística – ISAD (G) do Conselho Internacional de Arquivos.

A série é o primeiro nível de informação e o mais amplo, constituída por um ou mais programas; o programa é constituído por um ou mais clips e o clip, constitui a unidade documental de referência, onde se visiona e descreve.

3.2.2. O serviço prestado e a gestão documental

O arquivo procura fazer uma correta gestão do ciclo de vida da informação produzida, desde a sua criação até à atribuição de um destino final, de forma a obter maior eficácia e economia na exploração dos documentos e para isso, cumpre um conjunto de tarefas ou atividades arquivísticas, nomeadamente: o registo, avaliação e seleção criteriosa da documentação que deve ser integrada no arquivo, a análise e tratamento documental (classificação, catalogação, descrição, indexação, direitos de utilização) e a recuperação, uso e difusão do seu património documental.

O registo do conteúdo informacional para dar entrada no arquivo é um procedimento bastante simples na qual “a área de aquisição de conteúdos (ingest) converte as cassetes de arquivo em ficheiros, arquivando-os na unidade robotizada, e cria, em simultâneo, uma cópia desse mesmo ficheiro (em baixa resolução) numa unidade de discos que vai permitir a sua pesquisa e visionamento a um vasto número de utilizadores”. RAMOS (2012, p.22).

De seguida destacamos as principais tarefas arquivísticas desempenhadas diariamente pelos arquivistas e documentalistas.

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SELEÇÃO

A seleção é uma operação complexa, mas absolutamente necessária para garantir uma correta gestão da informação audiovisual, com vista a um crescimento racional e harmonioso, evitando assim formar uma coleção com um volume excessivo de conteúdos que provoque um elevado ruído documental na recuperação.

Mas como são selecionados os conteúdos a preservar? Esta é uma tarefa pouca normalizada, sendo que, a generalidade dos arquivos audiovisuais à semelhança da RTP, baseiam-se nas recomendações da FIAT, nomeadamente, as normas e procedimentos recomendados para a seleção e conservação de material de programas de televisão.

O arquivo estabeleceu uma política de avaliação, seleção e eliminação de documentos, em que se avalia e seleciona de forma sistemática os documentos à medida que vão entrando em arquivo, a fim de transitarem para arquivo definitivo ou intermédio ou serem eliminados.

Esta política é apoiada pela PORTARIA Nº111/91, que declara que a RTP tem o dever de “conservar em arquivo e nas melhores condições de utilização, os registos classificados como de interesse público em virtude do seu valor histórico, sociológico, científico ou artístico, tendo em vista a preservação, a valorização e a difusão de obras e de documentos que constituam marcos na produção televisiva e um testemunho da época e da evolução da própria sociedade”.

O arquivo RTP delineou alguns critérios para a avaliação e seleção de conteúdos a preservar, que vão de encontro a estes princípios, nomeadamente, o valor em termos informativos, históricos, culturais, sociológicos ou políticos, a elegibilidade para futuras emissões nos diversos canais e plataformas de distribuição, o potencial de reutilização, por extratos ou na íntegra, na produção de novos programas e o valor para comercialização para o exterior.

A seleção efetua-se num primeiro momento (geralmente quando entre em arquivo) de forma ampla e abrangente, sendo selecionada: toda a produção nacional emitida nos diferentes canais RTP; informação diária e não diária e ainda originais e reportagens, quer tenham sido ou não exibidos nos diferentes canais RTP; notícias recebidas via Eurovisão; material de montagem de programas de ficção, talkshows, etc; gravações de eventos desportivos internacionais e salvaguarda-se ainda documentação escrita relevante sobre os materiais selecionados.

49 De forma geral, se se chegar à conclusão que o documento em questão cumpre os critérios mencionados acima, leva-se para o arquivo permanente e procede-se à descrição e indexação ou ainda para o arquivo de transição. Caso contrário, se não tem interesse guardar os conteúdos, procede-se ao seu apagamento ou eliminação.

ANÁLISE E TRATAMENTO DOCUMENTAL

À semelhança de outros arquivos audiovisuais, a representação do espólio documental da RTP, toma forma num ambiente digital e implica a execução de várias tarefas de análise e tratamento, nomeadamente, a catalogação, a classificação, a descrição multinível, o controlo de direitos e a indexação (RAMOS, 2012, p.24). O modo de tratamento dos conteúdos será abordado nos próximos parágrafos.

É uma tarefa fundamental para garantir a recuperação e o uso dos conteúdos de qualquer arquivo audiovisual e foi a tarefa que ganhou um maior destaque durante o estágio e o presente relatório.

A análise é realizada sobre dois elementos: o som e a imagem, por isso é importante perceber que o conteúdo visionado pode não corresponder a estes dois elementos, pois por vezes, existe uma dicotomia ou dessincronização entre o conteúdo informacional e a forma como este é expressado. Para além disso, a imagem pode conter significados diferentes pelo seu caráter polissémico, o que pode causar dificuldade na descrição e indexação, pois pode conter assuntos diferentes.

Assim, deve-se tentar analisar o que é transmitido pela imagem e pelo som por separado e depois, tentar perceber o significado do conjunto, ou seja, o seu tema.

O processo de tratamento divide-se sempre em três fases: visionamento, descrição e indexação e é realizado no Avid Interplay MAM.

Inicia-se com o visionamento total ou parcial do conteúdo e depois, por norma, inicia-se o tratamento, que envolve uma descrição formal, isto é, uma identificação básica dos documentos, que irá permitir recuperar o documento e que envolve as tarefas da catalogação e classificação e ainda uma descrição mais substancial, em que se procede à descrição arquivística e indexação.

Segundo RAMOS (2012, p.24-25), a catalogação é a descrição bibliográfica de um documento efetuada numa ficha bibliográfica, de modo a que este seja identificado com precisão. Os campos de catalogação são específicos e autónomos por entidade (série,

50 programa e clip), como por exemplo: título, título original, local de produção, que permitem a identificação do documento.

Depois, segue-se a classificação que é realizada em consonância com as tabelas de classificação da União Europeia de Radiodifusão (UER) para as séries e Ebu System

of Classification Of RTv programmes (ESCORT) para os programas, em que se atribui

um tema principal. Consiste em categorizar em termos globais os conteúdos das séries e programas através de um sistema de codificação, considerando as principais caraterísticas: género, intenção, formato, conteúdo e população alvo.

Posteriormente, inicia-se a descrição multinível (série, programa e clip) dos vários campos de meta informação a inserir nas várias zonas de produção: identificação, contexto, conteúdo e estrutura, condições de acesso e de utilização, notas e última atualização. Cabe mencionar que os direitos de utilização e a indexação, serão preenchidas nas zonas de condições de acesso e de conteúdo e estrutura respetivamente.

Esta descrição é realizada do genérico para o particular, fornecendo informação apropriada, consistente, autoexplicativa e relevante a cada nível de descrição, evitando a redundância da informação.

Os níveis de descrição não incluem os mesmos campos de metainformação, nos três níveis de descrição por isso, houve a necessidade de expô-los de forma mais clara na seguinte tabela.

Níveis de descrição Zonas/campos de

metainformação

Série Programa Clip

Identificação - destinada à informação essencial para identificar a unidade de descrição. Código de referencia, Número do processo, número de episódios, título e ano de produção. Menções de responsabilidade, nomeadamente, o produtor, jornalista, iluminação, apresentador, realizador, editor de som, operador de câmara, etc. As ditas menções Número do processo, episódio, data de produção, título, menções de responsabilidade. Nome do ficheiro, título, Data de criação e de arquivo, duração.

51 serão iguais no programa. Contexto - destinada à informação sobre a origem e custódia da unidade de descrição Local , origem e país de produção. Local de produção, país e data de emissão.

Data, canal, versão e estado. Conteúdo e estrutura- destinada à informação sobre o assunto e organização da unidade de descrição Resumo sintético Classificação (género) Resumo sintético, Classificação (intenção, formato, conteúdo e população-alvo.) Título, resumo sintético e analítico, indexação com a lista de termos e infraconceitos. Condições de acesso e de utilização- destinada à informação sobre a acessibilidade da unidade de descrição. Direitos com ou sem restrições e fundamentar a razão, indicando as condições que afetam o acesso e reutilização dos materiais. Caraterísticas físicas e técnicas, nomeadamente o formato da imagem. Notas destinada à informação especializada ou a qualquer outra informação que não

possa ser incluída em nenhuma das outras áreas Observações a registar. Observações a registar. Observações a registar. Última atualização Nome do documentalista e data e hora da Nome do documentalista e data e hora

Data e hora e nome do documentalista

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Tabela 3-Campos de metainformação

A exaustividade da descrição varia segundo a instituição e os seus objetivos, sendo que a RTP definiu quatro graus de descrição, mediante a sua tipologia, potencial e direitos de utilização (consultar tabela 4).

Tabela 4-Graus de descrição - destinada à

informação sobre quando e por quem

a descrição arquivística foi elaborada última alteração registada (aparece automaticamente). (aparecem automaticamente) (aparecem automaticamente).

Grau 1 Grau 2 Grau 3 Grau 4

 Catalogação básica de todos os documentos registados no arquivo - elementos de identificação que permitem a recuperação (título, processo, suporte).  Dispensa o visionamento do documento.  Catalogação e classificação integral do documento ao nível da série, programa e clip  Resumo sintético  Não se efetua indexação  O visionamento apenas se justifica em casos excecionais (nunca em tempo real).  Catalogação e classificação integral do documento ao nível da série, programa e clip  Resumo sintético e analítico (ao nível do clip)  A descrição de conteúdo não deve ser exaustiva.  Indexação (locais, pessoas, assuntos)  Pressupõe o visionamento.  Catalogação e classificação integral do documento ao nível da série, programa e clip  Resumo sintético e analítico (ao nível do clip)  A descrição e indexação são mais exaustivas  Pressupõe o visionamento integral do documento (em tempo real).

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PESQUISA E RECUPERAÇÃO

A tarefa da pesquisa e recuperação corresponde à criação e envio dos pedidos dos utilizadores, neste caso os jornalistas da RTP e compreende a recuperação e reutilização de EDL´s (Edit Decision Lists).7

A pesquisa é uma tarefa muito importante, na medida em que permite recuperar a informação e assim, fazer uso ou não do que foi encontrado. O seu objetivo é recuperar documentos pertinentes, isto é, devolver exatamente o que se pretende encontrar e evitando deste modo, a recuperação de um volume elevado de documentos- ruído ou pelo contrário a ausência de recuperação –silêncio.

A tarefa da pesquisa na RTP é executada pelos arquivistas, que são os intermediários entre os jornalistas, principal utilizador do arquivo e o processo de pesquisa de imagens. Os jornalistas comunicam ao arquivo que tipo de imagens necessitam e os arquivistas selecionam as imagens que consideram relevantes dentro dos parâmetros que os jornalistas pediram, enviando-lhes posteriormente essas imagens.

Destaca-se aqui a importância da comunicação com o utilizador, função primordial do serviço de um arquivo, devendo os arquivistas ser capazes de prever ou antecipar as necessidades informativas dos utilizadores para satisfazer os seus pedidos da forma mais eficiente possível.

No entanto, a pesquisa pode também ser realizada pelo jornalista, pois este está suficientemente dotado de formação a nível de pesquisa autónoma, não necessitando da ajuda dos arquivistas para fazerem pesquisa.

Hoje em dia, os jornalistas acedem eles mesmos ao Avid Interplay MAM, obtendo a informação necessária para montar a própria notícia. Apenas se não conseguiram encontrar o que pretendem é que contatam o arquivo.

Apesar disso, as dificuldades de pesquisa dos jornalistas, que advém muitas vezes do desconhecimento do fundo documental e da carência de formação para a utilização correta do sistema do arquivo, acabam por limitar uma recuperação rápida e eficiente.

Geralmente, a generalidade das pesquisas são realizadas no Avid Interplay MAM, onde se pesquisa, visualiza, descreve e se faz uso dos conteúdos. O Interplay permite editar com duas janelas abertas, visionando o documento na íntegra e selecionando os segmentos selecionados em simultâneo.

7 Lista de decisão de edição. Junção estruturada de informação de time code, definindo cada ponto de edição

54 Nesta tarefa, os arquivistas e documentalistas procedem à pesquisa das imagens, marcando os time codes in e time codes out, para selecionar os segmentos que correspondem ao que foi pedido e gravam a EDL com o nome convencionado com o jornalista na pasta pretendida.

Podem ser realizadas pesquisas simples, em linguagem natural; pesquisas avançadas ou combinadas, o que pressupõe a utilização de filtros/campos específicos e (ver figura 1). É permitida a utilização de algumas estratégias de pesquisa como os operadores booleanos (AND/E, OR/OU, NOT/NÃO), truncatura/asterisco (*), como espaço reservado para qualquer caráter ou termo desconhecido e aspas (“”), para pesquisar uma palavra exata ou um conjunto de palavras.

Figura 1 – Interface de Pesquisa no Interplay

A utilização da linguagem natural pode não ser a melhor opção, na medida em que poderá causar muito ruído (recuperação de documentos não pertinentes) ou silêncio

55 (ausência de documentos pertinentes). Além disso, destaca-se o seu caráter ambíguo, pois podem existir vários termos para descrever a mesma realidade.

Por outro lado, a utilização de uma linguagem controlada em que cada conceito corresponde a um termo único e a utilização de operadores booleanos, como por exemplo o “AND/E” recupera resultados com grande precisão, eficácia e pertinência e ajuda a controlar ou suprimir a ambiguidade, mas em contrapartida, pressupõem o conhecimento e domínio da estrutura do vocabulário controlado por parte do utilizador.

Além desta ferramenta de pesquisa, a RTP tem outros instrumentos de pesquisa, nomeadamente livros de registo (filme e vídeo), fichas de manuais (filme e vídeo), régis, knosys, ENPS, anuários, G-Media.

No início, a familiarização com todas estas fontes de pesquisa pode revelar-se um pouco confusa, pois implica o contacto com um software que nem sempre é muito intuitivo ou fácil de trabalhar, contudo revelam-se fundamentais e acabam por se complementar umas às outras.

RESTAURO DIGITAL

Apesar de ser realizada apenas por uma pessoa, é uma tarefa que merece destaque. O restauro é uma ação que deve ser evitada ao máximo e apenas levada a cabo se se verificar a sua necessidade tendo em conta a qualidade do conteúdo.

É importante ter em conta a conservação documental tomando medidas no sentido de atenuar a degradação física e química a que os suportes estão sujeitos, nomeadamente, a regulação da temperatura, humidade e luz.

Destaca-se aqui o trabalho levado a cabo na sala do restauro digital que tivemos a oportunidade de visitar durante o período de estágio.

Nesta sala, o trabalhador dispõe de um equipamento tecnológico com dois ecrãs, em que no lado esquerdo vemos o conteúdo original e no lado direito o conteúdo sujeito a restauro. É importante referir que se tem um respeito máximo pelo documento original. As intervenções de restauro são realizadas plano a plano, ao nível da intensidade do grão, das manchas de sujidade, dos riscos, dos excessos de vídeo e de luz, com o

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