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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA E SUPORTE TEÓRICO

2.1. O ART DÉCO

Art Déco é uma expressão, francesa, que deriva do nome da “Exposition Internationale des Arts Décoratifs et Industriels Modernes” (Exposição Internacional de Artes Decorativas e Industrais Modernas), realizada em Paris no ano de 1925, onde o estilo foi exibido pela primeira vez, e aplica-se a uma linguagem artística que, iniciada por volta de 1920, no imediato pós-guerra, só atingiria seu pleno desenvolvimento cerca de dez anos mais tarde.

Pode ser considerado como uma tendência que surgiu logo após a voga do Art Nouveau, e se espelhou, sobretudo nas artes decorativas, o art déco se generalizou como estilo, durante a década seguinte, pela Europa ocidental e os Estados Unidos (CZAJKOWSKI, 2000-1).

Figura 01- Cartaz da Exposição Internacional de Artes Decorativas e Industriais Modernas de 1925 – Paris. Fonte: Luiz Roberto Lopreto

O Art Déco se define como estilo Moderno lato sensu, ou seja, associa sua imagem a tudo que poderia se definir como tal: arranha-céus, automóveis, aviões, cinema, rádio, música popular, moda/vestuário e emancipação da mulher.

Apresentando- se como um estilo cosmopolita.

Figura 02- Desenhos de Mulheres Art Déco. Fonte: Mikeliveira.

Figura 03- Chrysler Building. Construído entre 1930/1931 em Nova York, o arranha-céu tem 319 metros de altura. Fonte: Colégio de Arquitetos.

Figura 04- Avião Art Déco. Fonte: Floppydisc.

Figura 05- Rádio Art Déco. Fonte: Floppydisc.

Figura 06- Relógio Art Déco Simétrico. Fonte: Feiber e Feiber 2009.

Figura 07- Relógio Art Déco. Fonte: Floppydisc.

Figura 08- Máquina de Costura Art Déco. Fonte: Floppydisc.

Na arquitetura, as mais significativas expressões do art déco foram dadas pelos arranha-céus americanos da época, como o Empire State Building, de Shreve, Lamb e Harmon, concluído em Nova York em 1931.

Figura 09- Empire State Building, de Shreve, Lamb e Harmon. Fonte: Flickr

O Mercedes-Benz 540K Special Roadster (1937) foi por muito tempo o carro símbolo da montadora alemã, representando com perfeição o estilo Art Déco de sua época.

Figura 10- Mercedes-Benz 540 K Especial Roadster. Fonte: Divulgaçao/ High Museum of Art

Os principais aspectos característicos do Art Decó são os desenhos simples, definidos por linhas sempre muito precisas, e os ornatos geométricos, ou em representação estilizada de padrões naturais.

Nos diversos produtos de sua expressão, tornou-se norma o emprego de materiais inventados pelo homem (das resinas sintéticas ao cimento armado) em acréscimo a materiais naturais como o jade, o marfim, a prata e os cristais de rocha.

Segundo Castelnou (2002) o estilo servia como opção estética para quem considerava o modernismo purista demais. Normalmente a elite burguesa se apega à tradição e não aceita as mudanças radicais, por isso conserva alguns traços dos estilos anteriores. Era também como um estilo de transição: mantinha o ornamento porém se aproximava dos elementos trazidos pela Era da Máquina.

Havia uma variedade de influências que resultou em 3 linhas de obras:

1) Mais seca e geometrizada (próxima ao racionalismo modernista) ESCALONADA OU ZIGUEZAGUE

2) Afrancesada, ênfase decorativa (lembra Art Nouveau)

3) Sinuosa e aerodinâmica (inspirada no expressionismo e no design náutico) STREAMLINE MODERNE (Castelnou, 2002)

As linhas Escalona ou Ziguezague e Streamline são as que mais se manifestaram na produção brasileira e latino-americada.

Há também uma linha conhecida como Tropical Déco, sendo esta uma versão regional para o Streamline em alguns lugares do EUA (especialmente Flórida e Califórnia).

Figura 11- Hotel Taft, Miami, Florida (1936). Fonte: Art Deco Architecture.

Miami (balneário no Sul da Flórida) é considerada a Riviera Americana. O furacão em 1926 e a queda da bolsa de Nova York em 1929 acabaram ocasionando o fim do crescimento rápido, mas em 1930 voltou a florescer e houve a construção de centenas de edifícios Art Déco.

Figura 12- Tropical Déco em Miami Beach. Fonte: Art Deco Architecture.

Figura 13- Edifícios Art Déco em Miami, Florida. Fonte: Hotel

Figura 14- Cardozo Hotel, Tropical Déco (1939), Miami-Florida. Fonte: Art Deco Architecture.

O Art Déco não pode receber a definição de movimento artístico devido à ausência de uma doutrina teórica, composta de manifestos ou publicações que ordenassem a produção segundo conceitos.

Segundo o Guia da Arquitetura Art Déco no Rio de Janeiro (Conde, Luiz Paulo e Almada, Mauro. Prefeitura do Rio de Janeiro, 2000), o estilo pode ser definido como: Arte, enquanto o Movimento Moderno pretendia ser mais que isso:

um movimento cultural global que envolvia aspectos sociais, tecnológicos, econômicos e "também" artísticos; Decorativo, enquanto o Movimento Moderno se coloca indiferente, contrário ou até mesmo hostil à idéia de decoração; estilo Internacional, ao lado do Movimento Moderno e contra as correntes, numerosas à época, que propugnavam por expressões artísticas "autenticamente nacionais";

estilo Industrial, isto é, associado à sociedade industrial nascente, implícitas aí todas as suas conseqüências, sobretudo tecnológicas; Moderno como estilo intrinsecamente cosmopolita.

Se divide, basicamente, em quatro períodos:

1- Formação e manifestações embrionárias- até 1925;

2- Lançamento ao Público, divulgação mundial e expansão, de1925 a 1930;

3- Consolidação e apogeu, de 1930 a 1940;

4- Manifestações tardias, de 1940 a 1950. (Castelnou, 2002).

Apesar de ter sua formação embasada ao Art Nouveau, o Déco tende a abandonar as curvas livres e a espontaneidade do estilo, priorizando a geometria e um design mais ordenado. Os motivos decorativos eram estilizados seguindo o novo gosto pela pureza e simplicidade das linhas, trazidas pela arte moderna.

Segundo Castelnou (2002), a abrangência do estilo foi limitada, não chegando a totalizar a produção de uma época ou região e, ao contrario do Movimento Moderno, o Art Déco não deve ser definido como um movimento, especialmente por não possuir uma doutrina teórica unificadora, composta por manifestos, associações ou publicações, que caracterizasse a produção através de conceitos bem definidos.

Também define-se o Art Déco como uma corrente estilística de design que conjugou a arte e a Era da Máquina, produzindo principalmente cerâmicas, tecidos e mobiliários geométricos, aerodinâmicos e modernistas, que podiam ser produzidos em série (Castelnou, 2002). O Art Nouveau não tinha tentado essa compatibilização com a indústria, portanto o Déco era uma tendência de design para a nova era, usando os novos materiais.

Logo em 1918, após o término da guerra, Paris tornou-se o centro da atividade criativa. A Exposição Internacional de Artes Decorativas em 1925 foi a demonstração em todos os domínios do novo estilo em voga, imediatamente batizado de Art Déco. Este aliava aos pormenores afetados do Art Nouveau, tal como se apresentavam na sua tendência geométrica, outros de um gosto naturalmente passadista vizinho do pastiche, por isto mesmo tranquilizadores para um público a quem a vanguarda e a simplicidade moderna assustavam. A fórmula obteve um sucesso imediato. (CASTELNOU, 2002, Pág. 37)

Weber,1994 citado por Castelnou,2002 afirmou que, basicamente, as características do Art Déco eram: a simplificação e pureza das linhas e dos planos da mobília, que mantinham, em muitos casos, os ecleticismos dominantes no passado; a supressão da decoração considerada inútil, limitando-a geralmente a um ornato floral de escasso relevo e de estilização geométrica; a elaboração complexa com técnicas refinadas e ricos materiais, visando evitar a sensação de pobreza trazida pela simplificação das formas; e a decoração de interiores através de uma solução completa, confortável e suntuosa, com a aplicação de temas de fauna ou de flora misturados com motivos de raiz arquitetônica e inclusive com cenas anedóticas que se combinavam com formas e esquemas geométricos.

O Art Déco não conseguiu se afirmar como solução definitiva para a arquitetura da época, configurando-se como uma moda passageira consumida pela burguesia e demais segmentos sociais em face de sua divulgação nos veículos de massa (Fonte: Arquitraço).

2.1.1. Características na Arquitetura

Toda linguagem artística possui características que as definem e permitem ser distinguidas.

Na arquitetura o Art Déco se manifestou com as seguintes características:

-Ainda aparecem alguns frontões, mas bem geometrizados (ver figura 15);

-A composição da fachada incorpora muitas formas geométricas;

Figura 15- Agência dos Correios e Telégrafos em Belém. Fonte: Vitruvius

-O aprimoramento das tecnologias construtivas permite grandes vãos e uma verticalização mais acentuada;

Figura 16- Banco de São Paulo em São Paulo. Fonte: Piratininga.

-No padrão decorativo Art Déco predominam linhas retas e circulares estilizadas, além das formas geométricas e abstratas;

Figura 17- Escada Art Déco no Cinema Roxy, Rio de Janeiro. Fonte: Nossa Arquitetura- Rio Art Déco.

Figura 18- Escada do Cinema Roxy-RJ. Fonte: Copacabana

Figura 19- Teatro Armando Manzanero, Merida, Mexico. Fonte: Art Deco Architecture.

-Em termos de acabamento e afrescos eles não são totalmente retos, mas nota-se claramente uma distância dos detalhes do período anterior (Art Nouveau);

Figura 20- Comparativo entre Art Nouveau e Art Déco: mulheres. Fonte: Fauxology

Figura 21- Comparativo entre Art Nouveau e Art Déco: acabamentos. Fonte: Fauxology

Figura 22- Comparativo entre Art Nouveau e ArtDéco: mobiliário. Fonte: Fauxology

-Possui reentrâncias e volumes destacados (geralmente o do acesso);

-Utilização de cores mais fortes do que as utilizadas nos períodos anteriores;

Figura 23- Apartment Entrance, Tropical Déco, Miami-Florida. Fonte: Art Deco Architecture.

Figura 24- Porta Art Déco. Fonte: Art Deco Architecture.

-Articulação e escalonamento de planos;

-Divisão do edifício em 3 partes (base, corpo e coroamento);

2.1.2. Influências Art Nouveau

O surgimento do Art Nouveau se deu, seguindo a ordem cronológica, após o movimento Arts and Crafts. Suas principais características eram as formas orgânicas, femininas, valorização do artesanato e riqueza de detalhes. (Blog Orange Design [s/d])

Os artistas William Morris (1834 - 1896) e Arthur Heygate Mackmurdo (1852 - 1942) foram os responsáveis por impulsionar o movimento na Inglaterra em 1880. Naquela época os artistas e arquitetos já não se importavam mais com a estética e davam exclusiva atenção à funcionalidade. Assim, o Art Nouveau surgiu para reverter esse quadro, como forma de aproximar a arte da vida cotidiana da sociedade. A denominação do movimento surgiu de uma loja de Paris chamada Art Nouveau (Arte Nova em francês) que vendia mobilários e objetos que seguiam esse estilo.

Caracterizado por exuberância decorativa, formas ondulares, contornos sinuosos e composição assimétrica, o art nouveau procurou sempre um ritmo de elegância, feito de linhas entrelaçadas que sugerem muitas vezes o movimento instável das chamas. (Arquitraço [s/d])

Figura 25- Escada Art Nouveau-Casa Tessel, Arquiteto Victor Horta. Fonte: Orange Design

Estilo de arte e arquitetura que se desenvolveu na Europa e nos Estados Unidos entre os anos de 1883 e 1910, e perdurou até a década de 1920 em objetos decorativos e teve significativas projeções no Brasil. O art nouveau chamou-se ainda style 1900 e style lumière, devido à Exposição Universal de 1900, realizada em Paris em comemoração à passagem do século e na qual o estilo obteve a consagração internacional. (Pitoresco [s/d])

Figura 26- Casa Tassel - Arquiteto Victor Horta. Fonte: Orange Design

As principais características do estilo são:

- Temática naturalista (flores e animais);

Figura 27- Sereia e porta Art Nouveau. Fonte: Arquitraço

- Arabescos lineares e cromáticos; preferência pelos ritmos baseados na curva e variantes; a cor, tons frios, pálidos, transparentes, formados por zonas planas, ou esfumadas;

- Recusa da proporção e equilíbrio simétrico, a busca de ritmos musicais, em elementos ondulados e sinuosos;

- Propósito de comunicar por empatia um sentido de agilidade, elasticidade, leveza, juventude, otimismo. (Pitoresco [s/d])

2.1.3. O Art Déco no Brasil

Na América e inclusive no Brasil, o Art Déco surge no início da década de 1920, ao mesmo tempo em que se expandiu para as Américas do Norte.

É fato que existem manifestações do estilo Art Déco espalhadas pelo país e que, em muitos casos ainda não foram identificadas, porém, este capítulo pretende tratar das principais cidades que apresentam forte influência da expressão do Art Déco no Brasil, são elas: Goiânia e Rio de Janeiro.

Aqui trabalharam arquitetos imigrados, especialmente após a Primeira Guerra, além do intercâmbio cultural, apesar de precário, através de revistas que divulgavam as novidades artísticas, houveram também visitas famosas e conferências no Brasil (Alfred Agache,1928, Le Corbusier, 1929 e 36, e Frank Lloyd Wright, 1931), importantes na influência do Art Déco produzido aqui nessa época. Embora sejam insuficientes os dados em quantidade e qualidade, percebe-se que o auge da produção Art Déco aconteceu entre 1930 e 1940.

Apesar de se auto definir como estilo internacional, ao ser introduzido no Brasil, o Art Déco encontrou uma forte corrente intelectual nacionalista que já buscava, desde fins do Século XIX, uma expressão própria para a cultura brasileira. Esses grupos, conhecidos por Nativistas, geraram inúmeras manifestações em diversos gêneros. Na arquitetura desenvolveu duas linhas: o movimento neocolonial e o estilo Marajoara (inspiração indígena que logo identificou-se com a temática decorativa Art Déco).

Figura 28- Teatro Municipal Marajoara em Lages-SC. Fonte: SCTUR.

Figura 29 – Edifício Acaiaca em Belo Horizonte, estilo Art Déco, inaugurado em 1943. Fonte: Flickr

Figura 30- Escultura de índio na fachada do edifício Acaiaca em Belo Horizonte. Fonte: Flickr

Figura 31- Efígie de índio, no edifício Acaiaca. Fonte: Arquitetônico UFSC.

A maior parte da produção conhecida e catalogada do Brasil está no Rio de Janeiro, porém sabe-se que Goiânia é a capital do Art Déco no Brasil, e há registros da produção em vários pontos do território: São Paulo, Minas Gerais, Belém, Ceará, Bahia, Paraná e Rio Grande do Sul (CZAJKOWSKI,2000-2).

Figura 32- Teatro em Belo Horizonte (1932). Fonte: Art Déco Architecture.

Em São Paulo podemos encontrar alguns exemplares. Na Avenida São João, esquina com Rua Ana Cintra, há um elegante prédio de apartamentos (figura 33). O revestimento não é mais o original (pintura de tinta misturada a pó de mica).

Figura 33- Prédio Art Déco em São Paulo, Av. São João. Fonte: Piratininga

Na Praça Marechal Deodoro, encontra-se um dos poucos prédios com o revestimento original (figura 14), bem escurecido com o tempo, com interessantes ornamentos de inspiração provavelmente indígena.

Figura 34- Prédio em São Paulo, Praça Marechal Deodoro. Fonte: Piratininga.

2.1.3.1. Art Déco em Goiânia

Goiânia é conhecida como a capital da arquitetura Art Déco no Brasil.

Possui o acervo arquitetônico e urbanístico Art Déco mais significativo do País, e o segundo maior acervo de Arquitetura Art Déco do mundo, construído entre as décadas de 1940 e 1950, e tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em novembro de 2003. Estão incluídos neste tombamento 22 prédios e monumentos públicos, o centro original de Goiânia e o núcleo pioneiro de Campinas. (Prefeitura Municipal de Goiânia)

O principal motivo que levou Goiânia a receber esse estilo arquitetônico deve-se ao ano em que foi projetada: 1935. Afinal, a década de 30 foi o grande apogeu do Art Déco no mundo e não foi quantitativamente rica em manifestações da modernidade racionalista. O Art Déco inspirou os primeiros prédios de Goiânia, nova capital do Estado de Goiás, projetada pelo arquiteto Atílio Correia Lima.

(Flash UCG [s.d.])

Figura 35- Torre do Relógio, Goiânia- Avenida Goiás. Fonte: Casa Abalcoada

Figura 36-Teatro Goiânia, Goiânia- Avenida Tocantins, Centro. Fonte: Casa Abalcoada

Figura 37- Museu Casa Pedro Ludovico-Goiânia. Fonte: Prefeitura de Goiânia

Figura 38- Museu Zoroastro Artiaga – Goiânia. Fonte: Prefeitura de Goiânia

Figura 39- Coreto Praça Cívica. Fonte: Feiber e Feiber 2009.

Outro motivo para essa escolha em Goiânia poderia se dever ao fato de que essa arquitetura remetia ao modelo utilizado pelo Presidente da República Getúlio Vargas para representar seu governo. Ou também as dificuldades financeiras do Estado, assim o estilo possibilitaria um efeito de monumentalidade sem a necessidade de utilização de materiais nobres ou exageros decorativos.

2.1.3.2. Art Déco no Rio de Janeiro

O Art Déco é identificado por suas formas geometrizadas de temas abstratos e figurativos, onduladas ou simétricas. No Brasil, foi muito confundida com a Arquitetura Moderna, que surgia paralelamente. A partir dos anos de 1920 até 1950, bairros como Copacabana, Flamengo, Urca e Centro ganharam edifícios com esse estilo. Entre eles, o monumento mais importante da cidade é o Cristo Redentor, que com seus grandes volumes e planos é o maior monumento do Art Déco e considerado uma das Sete Novas Maravilhas do Mundo Moderno. Em 2011 o monumento completou 80 anos. (XI Congresso Mundial de Art Déco no Rio de Janeiro – 2011. [s.d.])

Figura 40- Cristo Redentor – Rio de Janeiro. Fonte: Rio e Cultura

Atualmente a cidade do Rio de Janeiro é uma grande referência do estilo Art Déco na América Latina. Preserva um patrimônio de mais de 300 obras exemplares da produção do estilo Art Déco.

A linguagem do Art Déco também foi utilizada em questões políticas como forma mais acessível de se comunicar com o povo. Hitler, por exemplo, utilizou o Art Déco na arquitetura como forma de demonstrar poder. Até Getúlio Vargas,

para aplicar a idéia de um Brasil moderno e inovador, usou o Art Déco, presente em diversos edifícios representativos, como o antigo Ministério da Guerra ou a antiga sede da Central do Brasil, vizinhos, localizados na Avenida Presidente Vargas, no Rio de Janeiro. (Nossa Arquitetura, [s.d.])

Figura 41- Antiga Sede da Central do Brasil e Antigo Ministério da Guerra- Avenida Presidente Getúlio Vargas -RJ. Fonte: Rio de Janeiro que eu amo [s.d.]

Figura 42- Prédio da Antiga Central do Brasil, construído por Roberto Magno de Carvalho

e Robert Petrince, o edifício possui mais um estilo Americano, com o uso de torre. Também possui várias formas geometrizadas e o uso de um relógio de quatro faces no topo- RJ. Fonte: Rio e Cultura.

Figura 43- Comando Militar do Leste – Rio de Janeiro. Fonte: Rio e Cultura.

Figura 44- Antigo Ministério da Guerra, Av. Getúlio Vargas-RJ. Fonte: Rio de Janeiro que eu amo [s.d.]

Outro forte exemplar do estilo no Rio de Janeiro é o Edifício Biarritz, um dos edificios art déco mais significativos da cidade, projetado em 1940 por Henri Paul Pierre Sajous e Auguste Rendu. O destaque da fachada são os balcões arredondados, com dupla curvatura, detalhes frisados na massa e esplêndidas grades. Percebe-se também os detalhes do mármore de carrara, do enorme portão de ferro trabalhado, da maçaneta dourada na entrada do prédio

sofisticado, a riqueza de detalhamento. Tem um belo jardim interno cheio de charme e totalmente silencioso, o que é raro de encontrar no Rio de hoje. (Fonte:

Sajous Henri,[s.d.])

Figura 45- Edifício Biarritz – Rio de Janeiro. Fonte: Sajous Henri [s.d.]

Figura 46- Balcões arredondados do edifício Biarritz-RJ. Fonte: Sajous Henri [s.d.]

Por ser uma das referencias nacionais do Art Déco, possui um acervo Art Déco muito significativo:

Figura 47- Teatro Carlos Gomes, RJ (1931). Fonte: Feiber e Feiber 2009.

Figura 48- Edifício Guinle, RJ (1928). Fonte: Feiber e Feiber 2009.

Figura 49- Edifício Tabor Loreto, RJ. Fonte: Feiber e Feiber 2009.

Figura 50- Conjunto a praia do Flamengo, RJ (1940). Fonte: Feiber e Feiber 2009.

2.1.3.3. Manifestações no Paraná

À exemplo de outras regiões do país, no Paraná também foram edificadas obras Art Déco, em especial na capital.

Figura 51- Antiga Fábrica de Fitas, Curitiba-PR. Fonte: Feiber e Feiber 2009.

Figura 52- Hotel em Curitiba-PR. Fonte: Feiber e Feiber 2009.

É possível ainda encontrar outras nas cidades do interior paranaense, mesmo nas mais jovens, onde ocorreram o que aqui se denomina como manifestações tardias.

Em Curitiba, a agência dos Correios e Telégrafos, construída em 1934, é uma manifestação do Art Déco concebida no período de seu apogeu. Com iluminação potente, elevadores, relógios eletrônicos e instalações telegráficas, a

construção foi considerada um marco da modernidade no Estado na década de 30.

Figura 53- Agência de Correios e Telégrafos – Curitiba. Fonte: Circulando por Curitiba [s.d.]

Figura 54- Agência do Correio em Antonina-PR. Fonte: Feiber e Feiber 2009.

Porém acredita-se que possam ser encontradas no Paraná algumas manifestações tardias do Art Déco, sendo especialmente o caso de Cascavel, que apresenta algumas obras com características do estilo.

2.2. ESTUDO DE CASO: CASCAVEL-PR

O estudo de caso se refere à cidade de Cascavel, que está localizada na região Oeste do Estado do Paraná.

Figura 55- Mapa para Localização da cidade de Cascavel-PR. Fonte: Prefeitura Municipal de Cascavel-PR

Dias et al (2005) afirmam que as cidades como conhecemos hoje no mundo ocidental são decorrentes da Revolução Industrial. A colonização do Oeste do Estado do Paraná teve início conjuntamente com a colonização do Brasil.

Porém, no caso particular de Cascavel, a colonização propriamente dita começou a partir das décadas de 30 e 40, onde milhares de colonos sulistas, na maioria descendentes de poloneses, ucranianos, alemães e italianos, assim como cablocos oriundos das regiões cafeeiras, começaram a exploração da madeira, agricultura e a criação de suínos. Cascavel torna-se distrito em 1938. O distrito emancipou-se em 14 de Dezembro de 1952.

Antes de sua colonização, a região de Cascavel servia somente como pouso entre as cidades costeiras do rio Paraná e as cidades do Leste, como Guarapuava, Lapa, Curitiba, etc. Do período de 1532, até o início da comercialização de escravos provindos da África, esta região servia de abastecimento de mão-de-obra indígena para as grandes fazendas de latifúndios, promovido pelos portugueses. (Dias et al, 2005, p. 57)

A ocupação por habitações e serrarias (neste momento- década de 30 e 40- o ciclo econômico da erva mate já fora substituído pelo extrativismo da madeira)

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