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1. Contextualizando a pesquisa

1.4 A pesquisa e sua trajetória

1.4.2 O caminho trilhado até as participantes da pesquisa

Após ter os objetivos da pesquisa bem definidos, tive acesso a uma lista com nome, e-mail e telefone de todas as mentoras. A facilidade de acesso a essas informações ocorreu devido ao meu contato anterior como participante do grupo de mentoras, especialistas, bolsistas e coordenadoras que se encontravam semanalmente.

Procurei as mentoras cujas iniciantes elaboraram as Experiências de Ensino e Aprendizagem. Esse contato ocorreu via e-mail e objetivava saber se elas poderiam participar da pesquisa. Obtive unanimidade na concordância das 9 que me responderam. Na época queria mapear as EEAs e as professoras iniciantes envolvidas que haviam completado ao menos uma EEA. Como não obtive resposta de todas as mentoras resolvi telefonar para as que ainda não haviam me fornecido feedback. Das 11 mentoras que consultei duas não foram localizadas e outra, apesar de se colocar à disposição, afirmou que nenhuma Experiência de Ensino e Aprendizagem fora desenvolvida em sua totalidade pelas iniciantes que orientara. Nessa consulta inicial não estiveram presentes 3 mentoras participantes do Programa de Mentoria, pelo fato de terem se desvinculado do Programa em momentos em que as Experiências de Ensino e Aprendizagem anda não haviam sido consolidadas.

O Quadro 1 mostra de uma forma mais detalhada as mentoras que foram consultadas e as Iniciantes indicadas.

37 Quadro 1 –Indicação das Iniciantes pelas Mentoras

Mentoras PI´s Mariana Adriana Gabriele Vanessa Cristiane Barbara Daiane Amanda Eliane Valéria Vilma

Rosa Não indicou

Denise Suzi

Rozangela Natalia

Suzana Paula

Maria Isadora

Aline

Após ter esta lista em mãos percebi que seria difícil analisar as aprendizagens de todas as iniciantes, tendo em vista o volume de mensagens trocadas entre cada PI e sua mentora. Diante disso, optei por escolher a professora que havia indicado o maior número de EEAs completas desenvolvidas, neste caso a mentora Mariana.

Mariana indicou várias experiências desenvolvidas com cada uma das três professoras iniciantes. Ao olhar as correspondências pela primeira vez notei que as professoras haviam desenvolvido pelo menos uma experiência com um tema em comum: problemas que encontravam em alfabetizar seus alunos.

Monteiro et al. (2007) explicam que o foco das professoras iniciantes no ensino da leitura e escrita das crianças é a primeira das preocupações das professoras de um modo geral, porque as falhas no ensino da leitura e escrita podem comprometer todo desempenho acadêmico dos alunos “durante o processo de escolarização” (p.04). Alfabetizar é uma tarefa complexa e segundo essas autoras deveria ser desempenhada por professores experientes, mas na realidade brasileira não é isso que ocorre.

As iniciantes então se deparam com uma problemática presente no cenário educacional: alfabetizar. No Brasil Soares (2003) explica que:

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(...) o fracasso em alfabetização nas escolas brasileiras vem ocorrendo insistentemente há muitas décadas; hoje, porém, esse fracasso configura-se de forma inusitada. Anteriormente ele se revelava em avaliações internas à escola, sempre concentrando na etapa inicial do ensino fundamental, traduzindo-se em altos índices de reprovação, repetência, evasão; hoje, o fracasso revela-se em avaliações estaduais (SARESP, o SIMAVE), nacionais (como o SAEB, o ENEM) e até internacionais (como o PISA) – espraia-se ao longo de todo o ensino fundamental, chegando mesmo ao ensino médio, e se traduz em altos índices de precário ou nulo desempenho em provas de leitura, denunciando grandes contingentes de alunos não alfabetizados ou semi-alfabetizados depois de quatro, seis, oito anos de escolarização. (p. 9)

Chartier (1998), ao realizar um estudo da realidade de professores das escolas francesas, aponta como um das causas dessa problemática a formação inicial dos professores:

Esses problemas estão longe de serem resolvidos, pois o período de formação inicial é pequeno e os estudantes vêm de diferentes especializações universitárias. Os três estágios [na França] práticos são insuficientes para dar a todos experiência na condução de uma sala de aula, em todas as disciplinas e em todos os níveis. (p. 9)

Esta também é uma problemática vivenciada pelos professores das escolas brasileiras, fato destacado pelas professoras iniciantes como uma das justificativas em terem dificuldades em alfabetizar. Sendo assim, resolvi escolher como foco as experiências que versavam sobre alfabetização. Esta escolha teve como motivos adicionais minhas experiências no estágio da graduação em Pedagogia e os resultados de minha pesquisa de iniciação científica, que procurava conhecer as dificuldades/facilidades encontradas por professoras iniciantes no início da carreira.

Tais experiências possibilitaram-me observar que a alfabetização é um tema muito conflituoso para as iniciantes e é geralmente aí em que elas encontram as maiores dificuldades. Outro motivo para a escolha deste tema foi poder compreender melhor a superação de uma mesma dificuldade sob perspectivas diferentes, visto que os contextos de formação e atuação das iniciantes eram distintos. O quadro a seguir mostra os aspectos em que as iniciantes que participaram da pesquisa apresentavam dificuldades na alfabetização, segundo a percepção da mentora. Foi elaborado a partir de uma reflexão individual da mentora sobre cada EEA. No Anexo 2 consta o detalhamento feito pela mentora de cada EEA.

39 Quadro 2 - Temas das EEAs apontadas pela mentora

Adriana Gabriele Vanessa

Aprofundamento das concepções teóricas e métodos de alfabetização e suas implicações na prática docente

Condução da alfabetização de forma a ajudar os alunos a avançarem em seus níveis de conhecimento sobre a leitura e a escrita e produzir bons textos

Trabalho diversificado com alunos defasados em idade/série e no domínio da leitura e escrita

São três casos sobre um tema comum, a partir dos quais tentei compreender como as diferentes professoras iniciantes lidam com um mesmo problema. A seguir os procedimentos adotados para a coleta e análise dos dados.

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