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O conceito de comunidade na escola: as respostas dos alunos

“(…) termos uma visão da nossa ignorância, (…) sendo infinitamente maior do que o nosso conhecimento, pode servir muito para o aquietar de disputas e o melhoramento de conhecimento útil, (…)”57

John Locke, Ensaio sobre o Entendimento Humano

Nesta secção analisarei as respostas dos alunos do 10.º SE (ESPA 2015/2016) às perguntas presentes na ficha realizada no dia 9 de março de 2016 (ver anexo III).

A realização desta ficha pressupunha uma aferição concreta das inclinações dos alunos acerca da ideia de comunidade. Optei por realizar um exercício como este porque senti que as inúmeras alusões dos alunos a esta ideia mereciam atenção e cuidado. Decidi então formular um conjunto de treze perguntas para obrigar os alunos a reavaliar sistematicamente as suas intuições acerca do conceito de comunidade. Era esperado que, a partir das suas próprias respostas, estes se confrontassem com algumas contradições e alguns problemas. Eis as perguntas presentes na ficha:

1. Descreva de forma geral o que para si define uma comunidade.

2. Sente que faz parte de uma comunidade?

3. Acha possível pertencer-se a mais do que uma comunidade?

4. Sente que faz parte de mais do que uma comunidade?

5. Reconhece uma comunidade no sítio onde cresceu? Se sim, como a descreveria?

6. Quais são os principais valores da sua comunidade?

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7. Identifica-se com os restantes membros da sua comunidade?

8. Se pudesses escolher, sentir-se-ia mais confortável ao contribuir para a sua comunidade ou para uma outra?

9. A qual destas entidades deve maior lealdade? Organize-as por ordem de prioridade: zona residencial, família, Estado e país/nação.

10. Imagine um caso em que duas pessoas, exatamente nas mesmas condições,

precisam de ajuda (do mesmo tipo de ajuda). Acontece que uma dessas pessoas faz parte da sua comunidade, a outra não. Você pode apenas ajudar uma delas. Qual das duas ajudaria? E porquê?

11. Considera possível numa só comunidade integrar diversas culturas (i.e. uma

comunidade multicultural)?

12. Considera a escola uma comunidade? Se sim, sente que faz parte da

comunidade escolar?

13. Cada vez mais assistimos a um enfraquecimento do espírito comunitário.

Concorda com esta afirmação? Justifique.

O conjunto de perguntas que compõe a ficha poderia ser substituído por apenas uma pergunta: O que é uma comunidade? Na verdade, esta é, ainda que por outras palavras, a primeira pergunta da ficha e, não fosse a renitência dos alunos em desenvolver e fundamentar posições pessoais, poderia muito bem ser a única. Porém, dada esta renitência, optei por guiá-los a uma resposta tácita à pergunta acima apresentada. Fi-lo através de várias perguntas que utilizam conceitos que são a condição de possibilidade do conceito mais abrangente de comunidade. Assim, faseadamente os alunos chegaram a uma resposta que se afigurava importante para eles e para mim. Para eles porque lhes permitiu formar uma ideia mais clara e estruturada acerca de um tema que lhes é próximo. Para mim porque me trouxe a certeza acerca de algo que já havia intuído. Ter a certeza de que a ideia de comunidade é importante para os alunos e que, mais do que isso, faz parte do seu imaginário, foi decisivo para avançar com a proposta que formularei mais adiante.

Ainda que a motivação para formular esta proposta tenha surgido do contacto com esta turma em particular, estou convencido de que tanto a sua aplicabilidade como a sua utilidade são universalizáveis. Arriscaria a dizer que a proximidade destes alunos à ideia de comunidade não é uma tendência apenas sua, ou seja, desta turma em particular, mas antes algo inerente a alunos desta idade. Digo-o por estar convicto de que os jovens, dada a sua existência, e consequente experiência, têm um sentido de pertença e de lealdade maior do que os adultos. Penso que não estaria incorreto se afirmasse que a existência dos mais jovens, na sua grande maioria, se deixa caracterizar por relações de dependência, que se vão desvanecendo com o aproximar da idade adulta. As relações de dependência que marcam sobretudo a infância, mas também a adolescência, são o exato oposto da ideia de mobilidade, que se encontra no centro do liberalismo, e que cada vez mais marca a existência dos adultos. A proximidade que os mais jovens têm de ideias como as de ‘pertença’, ‘dependência’ ou ‘coordenação’ fazem com que o conceito de ‘comunidade’, para o qual estas ideias são basilares, lhes soe mais familiar. A independência que caracteriza a idade adulta exclui, em alguns casos, aspetos como a estabilidade, o compromisso ou a dependência, que são necessários e, por isso, imprescindíveis, para a educação de um jovem. Não quero com isto dizer que estes aspetos não possam marcar uma existência adulta, mas antes que não têm de marcar, ao invés do que se regista na educação dos mais jovens. Porém, há que ter cuidado com um aspeto desta relação. O facto de existir, por parte das crianças e dos adolescentes, uma proximidade inevitável ao conceito de comunidade não garante a sua compreensão. Esta ficha serviu também para comprovar essa carência.

Alguns alunos, apesar de afirmarem que fazem parte de uma ou mais comunidades, não são capazes de explicar de forma clara o que é para eles uma comunidade, apresentando em vez disso, uma definição de comunidade que, pela sua incoerência, não é retratável à luz de nenhuma teoria. Mais do que dar uma definição completa de comunidade, importa, a meu ver, tornar claros os limites do conceito, dando conta de vários casos onde a partilha e a união não implicam a fundação de uma comunidade. Esta problematização do conceito promoverá uma revisão da ideia de comunidade de cada um. Não nos interessa que os alunos achem que fazem parte de comunidades, quando na verdade aquilo que apelidam de ‘comunidade’ é outro fenómeno social. Dito de outra forma, o que nos interessa verdadeiramente é

consciencializar os alunos para as verdadeiras ligações comunitárias. Fazê-lo não implica tomar partido de qualquer teoria moral ou social. Pelo contrário, ao fazê-lo, estaremos a pôr os alunos em contacto com teorias sociais que tornam a sua existência social mais consciente.

A juntar a estes motivos, apresentarei agora outros dois, desta vez programáticos, que dão conta da utilidade e da universalidade da proposta que formularei mais adiante. A ausência do conceito de comunidade no Programa, discutida na secção 2.2. deste relatório, deve ser encarada como uma fragilidade do mesmo. A ausência de uma ideia tão importante para a filosofia moral e política como esta não pode ser encarada como menos do que isso. Importa ainda ressalvar que a problematização do conceito de comunidade proporciona um melhor entendimento do subponto 3.1.4. Ética, direito e política - liberdade e justiça social; igualdade e diferenças; justiça e equidade do Programa. Apresentar este conceito, quer seja no início ou no final do conjunto de aulas correspondentes a este subponto, facilitará a compreensão das outras teorias abordadas no desenrolar do mesmo. Porém, caso seja apresentado no final, como sugerirei mais adiante, este conceito proporciona uma revisão e uma problematização dos restantes conteúdos.

Olhemos agora para uma seleção de algumas das respostas dos alunos58. No seguimento da análise, levantarei algumas perguntas suscitadas exclusivamente pelas respostas dos alunos. Estas perguntas não devem ser interpretadas como perguntas retóricas, devendo antes ser lidas como perguntas no âmbito de uma aula, destinadas a suscitar uma discussão. O seu objetivo é o de aproximar as intuições “brutas” dos alunos à família de conceitos ligados à ideia de ‘comunidade’. Por serem direcionadas aos alunos, deixarei estas perguntas, propositadamente, sem resposta, procurando antes dar conta do âmbito que a sua discussão poderia suscitar.

As repostas à primeira questão (Descreva de forma geral o que para si define uma comunidade.) foram muito variadas, sendo, ainda assim, possível reconhecer nelas alguns traços em comum. Por exemplo, a ideia de ‘bem comum’, assim como as ideias de ‘tradição’ e de ‘ajuda mútua’, foram afloradas por diversos alunos.

Alguns alunos inferiram que do facto de existir algo em comum entre as pessoas se segue uma maior facilidade de compreensão e reconhecimento mútuo,

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prevendo, a partir deste reconhecimento, uma maior disposição para o altruísmo. Vejamos as respostas dos alunos Miguel Carvalho e Tiago Paulo respetivamente: Para mim, uma comunidade é um conjunto de pessoas que partilham as mesmas tradições, as mesmas culturas e os mesmos costumes. As pessoas compreendem-se melhor pois vivem nas mesmas circunstâncias.; O que para mim define comunidade é um conjunto/grupo de pessoas que se conhecem e se ajudam se necessário. Para estes dois alunos a chave para uma existência em comunidade parece estar na compreensão mútua dos indivíduos que constituem uma comunidade, que, por sua vez, é facilitada pela existência de interesses, gostos e hábitos em comum. Outros alunos optaram por destacar a importância das condições geográficas, preservando, ainda assim, a importância dos hábitos em comum. Tomemos como exemplo a resposta do Rúben Lucas: Comunidade é um grupo de pessoas que vive da mesma maneira, tem os mesmos tipos de hábitos. Por norma vivem no mesmo sítio ou no mesmo tipo de zona residencial. Para o Rúben a ligação entre uma forma de vida, caracterizada por um conjunto de hábitos, e uma localização geográfica, ou mesmo um género de habitação, parece ser “por norma” um facto. Fazendo uma leitura exagerada da resposta do Rúben, poderíamos dizer que as pessoas que vivem num determinado sítio comportam-se de uma determinada maneira. Aquele sítio leva aquelas pessoas a serem assim.

Poder-se-ia perguntar a partir desta leitura da resposta do Rúben: será que o sítio onde cresço determina aquilo que serei no futuro? Se sim, é isso positivo ou negativo? Estas perguntas serviriam, sobretudo, para aferir a posição dos alunos em relação à constituição da sua identidade pessoal. A partir das respostas dos alunos a estas duas perguntas, poder-se-ia resgatar para a aula a discussão entre liberais e comunitaristas acerca da identidade pessoal. No seguimento da lecionação de Rawls e Nozick, seria interessante discutir com os alunos uma alternativa à ideia de ‘autodeterminação’ presente nos sistemas liberais. O conceito de identidade pessoal, defendido pela maioria dos comunitaristas, é concebido em parte como uma reação às ideias de ‘autodeterminação’ e ‘revisibilidade’ avançadas pelo liberalismo.

Uma das principais preocupações do Estado liberal passa por assegurar e promover o direito de revisibilidade dos seus cidadãos. A ‘revisibilidade’ permite aos cidadãos reverem e questionarem a sua participação em qualquer prática social. A este exercício segue-se uma tomada de decisão acerca da sua participação nessa

mesma prática social. O Estado liberal assegura assim aos seus cidadãos o direito de, a qualquer momento, pôr fim a qualquer prática social e consequentes relações sociais. O direito à revisibilidade garante, para os autores liberais, o exercício de autodeterminação que eleva a condição humana59. Todos têm o direito absoluto de decidir o seu destino, e o Estado deve interferir o mínimo possível neste processo.

Contrariamente, os comunitaristas defendem que o Estado deve interferir no destino dos seus cidadãos. Os comunitaristas consideram mesmo que a não-interferência, interpretada pelos liberais como um incentivo à autodeterminação, pode, em algumas circunstâncias, ser interpretada como indiferença. Dizem os comunitaristas que nem todos os cidadãos têm as capacidades necessárias para deliberar e tomar as decisões que mais os favorecem. Onde os liberais veem uma das principais vantagens do seu modelo, os comunitaristas veem uma falha, pois consideram que faz parte das obrigações do Estado identificar as decisões que se podem revelar prejudiciais e consequentemente impedir os seus cidadãos de as tomarem.

Os comunitaristas concebem a ideia de ‘autodeterminação’ de forma oposta à dos liberais. Segundo o comunitarismo, as pessoas não definem a sua identidade, descobrem-na. A identidade de cada indivíduo depende das práticas sociais em que se insere60. Ou seja, a identidade não é uma construção apenas nossa, mas antes algo que nos é revelado através das nossas práticas sociais61. Esta ideia é desenvolvida por

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“Allowing people to be self-determining is, they say, the only way to respect them as fully moral beings.” Kymlicka, W., Contemporary Political Philosophy, pp. 212-13

A discussão geral entre liberais e comunitaristas poderia ser apresentada e sustentada a partir de uma compilação de excertos (selecionados pelo professor) do sexto capítulo Communitarianism da obra Contemporary Political Philosophy de Will Kymlicka. O caráter introdutório desta obra facilitará a compreensão dos alunos da mesma, facultando-lhes ainda uma perspetiva ampla e, até certo ponto, simplificada desta discussão.

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“For them, community describes not just what they have as fellow citizens but also what they are, not a relationship they choose (as in a voluntary association) but an attachment they discover, not merely an attribute but a constituent of their identity.” Sandel, M., Liberalism and the Limits of Justice, p. 150

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“Our selves are at least partly constituted by ends that we do not choose, but rather discover by virtue of our being embedded in some shared social context. (…) the question requires us to discover who we already are. For communitarians, the relevant question is not ‘What should I be, what sort of life should I lead?’ but ‘Who am I?’ The self ‘comes by’ its ends not ‘by choice’ but ‘by discovery’” Kymlicka, W., Contemporary Political Philosophy, pp. 224-26

Alisadair MacIntyre em After Virtue, no qual o autor diz que na melhor das hipóteses podemos ser considerados coautores das narrativas que compõem a nossa vida62.

Ainda como resposta à primeira pergunta, houve também quem destacasse a importância das relações interpessoais. Olhemos para as respostas da Catarina Semedo e da Ana Catarina Pereira respetivamente: Uma comunidade é um conjunto de pessoas que formam relações, ajudam-se mutuamente, trabalham e agem para o bem de todos (comum).; Comunidade é um conjunto de pessoas que estabelecem relações entre elas, tomam decisões para o bem comum a todos. Ambas as respostas levantam um problema interessante, que se deixa formular da seguinte forma: as pessoas estabelecem relações entre elas, e, consequentemente, trabalham em conjunto e agem em persecução de um bem comum; ou começam por trabalhar em conjunto, tendo certos fins em comum, e só depois estabelecem relações entre elas? Ou seja, a ideia de ‘bem comum’ deve-se a uma relação pré-existente, ou é da ideia de ‘bem comum’ que surge esse tipo de relacionamento? Estas perguntas ajudariam os alunos a pensar na importância da ordem sequencial que leva ao surgimento das relações humanas. Uma vez mais, seria de esperar que os alunos revissem criticamente a sua posição e repensassem na importância dos seus atos.

Vejamos agora algumas respostas à segunda pergunta da ficha (Sente que faz parte de uma comunidade?). As respostas a esta pergunta foram maioritariamente afirmativas, havendo, no entanto, algumas repostas negativas. Olhemos primeiro para duas repostas afirmativas que levantam problemas interessantes. O aluno Miguel Carvalho, mantendo a posição que havia defendido na resposta à primeira pergunta, diz o seguinte: Sim, pois as pessoas à minha volta conseguem compreender-me e somos, de certa forma iguais. A partir da resposta do Miguel, poderíamos colocar-lhe as seguintes questões: Será que só faço parte de uma comunidade quando os outros

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“(…) we are never more (and sometimes less) than the co-authors of our own narratives. Only in fantasy do we live what story we please. In life, as both Aristotle and Engels noted, we are always under certain constraints. We enter upon a stage which we did not design and we find ourselves part of an action that was not of our making. Each of us being a main character in his own drama plays subordinate parts in the dramas of others, and each drama constrains the others. In my drama, perhaps, I am Hamlet or Iago or at least the swineherd who may yet become a prince, but to you I am only A Gentleman or at best Second Murderer, while you are my Polonius or my Gravedigger, but your own hero. Each of our dramas exerts constraints on each other's, making the whole different from the parts, but still dramatic.” MacIntyre, A., After Virtue, pp. 213-214

A meu ver, a leitura e discussão conjunta deste excerto poderia ser uma excelente oportunidade para os alunos repensarem em que moldes a sua identidade se gera. Por defender uma conceção de identidade contrária àquela avançada pelo liberalismo, este excerto proporcionaria também uma ótima oportunidade para os alunos repensarem criticamente as bases do liberalismo.

indivíduos que comigo formam comunidade me compreendem? Será que só compreendo aqueles que são iguais a mim? Seria interessante estender esta discussão à restante turma, inquirindo-os acerca da natureza das suas relações pessoais à luz de ideias como as de ‘diferença’ e ‘reconhecimento’. Num ambiente tão multicultural como era o desta turma, e será o de muitas outras, importa discutir com os alunos se as ‘diferenças’ entre eles são impeditivas ou antes um desafio. Seria interessante mostrar aos alunos como, não obstante a diversidade cultural, é possível construir uma comunidade63.

Olhemos agora para a resposta do Lourenço Júnior: Sinto que faço parte de uma comunidade, embora não me aperceba. Esta resposta, para além do ligeiro problema conceptual que enfrenta, levanta um outro problema interessante e que pode ser formulado da seguinte maneira: Será que posso fazer parte de uma comunidade inconscientemente? Ou, será que o sentido de pertença a uma comunidade advém de um contributo ativo e contínuo? Através destas perguntas seria interessante perceber de que forma os alunos concebem o que é ‘estar em comunidade’. Esta discussão seria certamente enriquecedora, pois poderia ser alargada à participação ativa dos alunos na escola enquanto comunidade. Discutir até que ponto alguém pode afirmar que faz parte da comunidade escolar sem contribuir ativamente para esta seria uma boa forma de ilustrar que as comunidades de que fazemos parte exigem que sejamos ativos. As atividades programadas pela escola, as aulas, e até de certa forma a sua arquitetura, não deixam que os alunos sejam completamente inativos (i.e. na sua relação com a própria escola).

Por fim, vejamos uma reposta negativa à pergunta: Não, porque cada vez mais as pessoas agem individualmente e para bem delas próprias sem pensar no bem comum. A resposta da Ana Catarina Pereira, ainda que negativa, evidencia uma forte consciência comunitária. O que torna a resposta da Ana negativa é a falta de recetividade com que se depara, que, ainda assim, não a demove de acreditar na ideia de ‘bem comum’. Poderíamos então, a partir da resposta da Ana sugerir o seguinte tópico de discussão: Será que a ideia de ‘bem comum’ é impermeável à falta de reciprocidade? Ou será que esta é gerada a partir da reciprocidade entre indivíduos?

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Neste momento seria, uma vez mais, importante recorrer a uma compilação de excertos (selecionados pelo professor) da obra Contemporary Political Philosophy de Kymlicka, desta vez, do oitavo capítulo, intitulado Multiculturalism. A leitura conjunta destes excertos conferirá, certamente, maior maturidade às posições dos alunos.

As eventuais respostas dos alunos a estas questões poderiam revelar muito da sua concessão de comunidade, ajudando a perceber a importância que atribuem à reciprocidade. A discussão do conceito de ‘reciprocidade’ seria fundamental não só para aclarar as intuições comunitárias dos alunos, mas também para ajudá-los a reavaliar as restantes teorias lecionadas no decorrer do subponto 3.1.4. Ética, direito e política - liberdade e justiça social; igualdade e diferenças; justiça e equidade.

As respostas à terceira pergunta (Acha possível pertencer-se a mais do que uma comunidade?) foram todas afirmativas. Olhemos agora para algumas. A aluna Nérida Gomes respondeu o seguinte: Acho, pois existem muitas comunidades e eu por exemplo pertenço a muitas comunidades diferentes umas das outras e consigo me adaptar. O que de imediato nos chama a atenção nesta resposta é a questão da adaptação. Para a Nérida, fazer parte de uma comunidade é assimilar uma forma de vida. Seguindo o raciocínio da aluna, é necessário adaptarmo-nos às diferentes formas de vida projetadas pelas várias comunidades com que interagimos. A resposta da Catarina Semedo parece indicar algo semelhante à da Nérida, vejamos: Sim é

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