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PARTE II ANÁLISE EMPÍRICA

3. A metodologia de investigação

3.2.6. O conteúdo da informação

Tal como foi referido, os dados obtidos foram recolhidos no âmbito do CIS 2010, cuja informação estatística oficial sobre inovação em Portugal é reunida através do Inquérito Comunitário à Inovação. Havendo então articulação dos objetivos específicos de investigação com o conteúdo de dados facultados pelo CIS 2010, importa registar que a justificação do modelo concetual e a análise das hipóteses estão assim em articulação com os dados secundários, sendo que estão devidamente sustentados na abordagem teórica. Face ao exposto, os dados foram organizados por forma a facilitar a análise e a melhor explicitar o modelo, em consonância com as seguintes categorias:

1) Caraterização da Cooperação: Sobre os principais parceiros de cooperação, em

conformidade com as fontes de informação, pretende-se analisar a sua influência no desempenho inovador das empresas. Associam-se a este determinante três variáveis apresentadas sob a forma de uma escala, que admite os seguintes resultados, em consonância com o grau de importância, Irrelevante/Não Utilizada=0; Baixa=1; Média=2 ; Alta=3. No caso das fontes internas a variável assume o valor ‘0’ se forem irrelevantes, e ‘1’ se forem consideradas de alta relevância. Os dados desta variável foram recolhidos das respostas à questão 6.1 do CIS 2010.

Reitera-se a este nível que, de acordo com os dados obtidos do CIS 2010, existem três tipologias de relações de cooperação relevantes com parceiros externos, de acordo com as respetivas fontes de informação, e ainda as fontes internas:

Fontes de mercado: Fornecedores de equipamentos, materiais, componentes ou software; clientes ou consumidores; concorrentes ou outras empresas do mesmo setor de atividade e consultores, laboratórios ou instituições privadas de I&D;

Fontes institucionais: Universidades ou outras instituições do ensino superior; laboratórios do Estado ou outros organismos públicos com atividades de I&D;

Outras fontes: Revistas científicas e publicações técnicas / profissionais / comerciais; associações profissionais ou empresariais.

Fontes internas: Dentro da própria empresa ou do grupo a que pertence.

A informação que é possível recolher desta categoria permite saber se as empresas consideram as fontes de informação e cooperação externas nos processos de informação, bem como as fontes internas, o que possibilita desde logo encontrar um perfil de empresa mais recetiva à aquisição de novo conhecimento, fora da empresa, ao estabelecimento de parcerias e à integração em redes de cooperação, por exemplo. Sobre as fontes de informação e cooperação para a inovação, convém, desde logo, registar a informação que consta da tabela seguinte:

Tabela 7 – Descrição das fontes de informação e dos principais parceiros de cooperação

FONTES DE INFORMAÇÃO PARCEIROS DE COOPERAÇÃO

Fontes Externas

Fontes de Mercado

(FMercado)

Fornecedores de equipamento, materiais, componentes ou software (SSUP);

Clientes ou consumidores (SCLI);

Concorrentes ou outras empresas do mesmo setor de atividade (SCOM);

Consultores, laboratórios ou instituições privadas de I&D

(SINS).

Fontes Institucionais

(FInstitucional)

Universidades ou outras instituições do ensino superior

(SUNI);

Laboratórios do Estado ou outros organismos públicos com atividades em I&D (SGMT).

Outras Fontes

(Foutras)

Conferências, feiras, exposições (SCON); Revistas científicas e publicações técnicas/

profissionais/comerciais (SJOU);

Associações profissionais e empresariais (SPRO).

Fontes Internas

(Sentg_cat)

. Dentro da própria empresa ou do grupo a que esta pertence.

Fonte: Adaptado de CIS 2010 (GPEARI – MCTES).

2) Identificação de políticas públicas de apoio à atividade inovadora

A informação sobre esta categoria será recolhida da análise feita à questão 5.3 do Inquérito CIS 2010, e permite, para além de esclarecer o nível de influência das políticas públicas nos processos de inovação das empresas, também clarificar a origem desse apoio, diferenciando-o da seguinte forma:

Políticas públicas de apoio financeiro ao nível da Administração local/regional;

Políticas públicas de apoio financeiro ao nível da Administração nacional/central;

Políticas públicas de apoio financeiro ao nível da União Europeia (UE).

Associam-se a este determinante da análise três variáveis dicotómicas, que assumem o valor ‘1’ quando a empresa confirma que recebeu apoio financeiro público, de acordo com as três tipologias de apoio financeiro público, e assumem o valor ‘0’, caso não se verifique o acesso ao apoio financeiro público. A variável está assim subdividida em três subcategorias, conforme mostra a Tabela 8:

Tabela 8 – Subcategorias de análise das políticas de apoio financeiro público

Políticas públicas de apoio à inovação

ORIGEM DO APOIO FINANCEIRO PÚBLICO Administração Local ou Regional

(FUNLOC)

Administração Central (inclui Agências ou

Ministérios, através de programas do Governo)

(FUNGMT)

União Europeia (fundos comunitários)

(FUNEU)

Fonte: Adaptado de CIS 2010 (GPEARI – MCTES).

3) Identificação da Capacidade de Absorção no processo de inovação: Esta categoria

de investigação tem em conta as variáveis que já estão inerentes às anteriores categorias, e será determinada pelo esforço tecnológico da empresa em desenvolver algumas das seguintes atividades de inovação, descritas na tabela que se segue. Trata-se, portanto, de uma variável construída que combina o investimento em atividades de inovação com o nível de pessoal ao serviço com formação superior

(Tabela 9).

Admitindo a diversidade de investigações empíricas que se têm focado na análise da capacidade de absorção, sem, no entanto, existir um consenso que oriente a análise para variáveis concretas (Escribano et al., 2009), optou-se por adaptar a presente investigação à revisão de literatura e aos dados passíveis de serem obtidos no CIS 2010 (GPEARI-MCTES). Considerou-se assim o contributo de Zheng et al. (2014) que defende a necessidade de emergirem novos modelos, que venham a contribuir para afirmar o potencial das empresas,

no que confere ao seu desempenho inovador. Outro autor, Wright (1997), justifica ainda a medição da tecnologia (atividades de I&D) como um fator comparativo do desempenho das economias nacionais. Importa ainda registar a metodologia que foi adotada no sentido de se adaptarem os resultados das variáveis consideradas para o estudo da capacidade de absorção, nomeadamente no que diz respeitos às atividades de I&D intramuros e I&D extramuros. Assim sendo, optou-se por transformar as variáveis rácio num formato de variável categórica, considerando sete níveis/escalões, tal qual se procede no inquérito CIS 2010 acerca da percentagem aproximada de pessoas ao serviço (questão 12.3).

Tabela 9 – Atividades que determinam a Capacidade de Absorção da empresa

ATIVIDADES DE INOVAÇÃO

DESCRIÇÃO

Total de despesas em I&D

Atividades de I&D realizadas dentro da empresa (intramuros)

(Intra_cat)

Trabalho criativo realizado dentro da empresa com o propósito de aumentar o conhecimento e as capacidades internas, com vista ao desenvolvimento de produtos (bens e/ou serviços) ou processos novos ou significativamente melhorados.

Esta variável é estimada pelo rácio dos investimentos internos em I&D sobre o total de investimentos e despesas em iniciativas de I&D.

Aquisição externa de I&D (extramuros)

(Extra_cat)

Descrição semelhante à anterior, mas, neste caso, os serviços são prestados por uma entidade externa, que pode ser pública, privada ou do mesmo grupo.

Esta variável é estimada pelo rácio dos investimentos externos em I&D sobre o total de investimentos e despesas em iniciativas de I&D.

Percentagem aproximada de pessoas ao serviço com formação superior (EMPUD)

Inclui pessoas ao serviço com o grau de bacharelato, licenciatura, mestrado, doutoramento, etc.

Fonte: Adaptado de CIS 2010 (GPEARI – MCTES)

A Tabela 10 sintetiza as categorias de referência das variáveis da análise, bem como a respetiva codificação, em resultado das respostas ao CIS 2010.

Tabela 10 – Codificação das variáveis da análise

Variáveis independentes Cód. Medidas Tipo /

Codificação Políticas públicas

Administração Local ou Regional FUNLOC(1) 0=Não recebeu apoio financeiro público Discreta/binária 1=Recebeu apoio financeiro público

Administração Central FUNGMT(1) 0=Não recebeu apoio financeiro público Discreta/binária 1=Recebeu apoio financeiro público

União Europeia FUNEU(1) 0=Não recebeu apoio financeiro público Discreta/binária 1=Recebeu apoio financeiro público

Capacidade de Absorção

Pessoas ao serviço com formação superior EMPUD

Categórica nominal (escala)

Discreta / 6 variáveis mudas 0=0% 1=1% a 4% 2=5% a 9% 3=10% a 24% 4=25% a 49% 5=50% a 74% 6=75% a 100% Atividades de I&D realizadas intramuros Intra_cat

Investimentos e Despesas I&D Internas/

Total Investimentos e de Despesas em I&D Contínua Atividades de I&D realizadas extramuros Extra_cat

Investimentos e Despesas I&D Externas/

Total Investimentos e de Despesas em I&D Contínua Cooperação

Fontes de informação e cooperação

institucionais FInstitucional Categórica nominal Discreta / 3 variáveis mudas 0=Irrelevante 1=Baixa importância 2=Média importância 3=Alta importãncia

Fontes de informação e cooperação de

mercado FMercado Categórica nominal Discreta / 3 variáveis mudas 0=Irrelevante 1=Baixa importância 2=Média importância 3=Alta importãncia

Outras fontes de informação e cooperação FOutras

Categórica nominal Discreta / 3 variáveis mudas 0=Irrelevante 1=Baixa importância 2=Média importância 3=Alta importãncia

Fontes internas de informação e

cooperação Sentg_cat(1) Categórica nominal Discreta / 3 variáveis mudas 0=Irrelevante 1=Baixa importância 2=Média importância 3=Alta importãncia