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ENQUADRAMENTO TEÓRICO

ABORDAGEM CONTEMPORÂNEA DO CONCEITO, MÉTODOS E PROCE-

4.6 O contexto de formação como espaço de aprendizagem

Os contextos de formação representam mais que apenas um espaço onde decorre a formação. São contextos diferenciados, caracterizados não apenas pelo seu objectivo principal de qualificarpessoas,mas também por ser um espaço que, pela sua finalidade, abrange um grande número de intervenientes que na sua maioria provêm da comunida- de social envolvente, com participação directa ou indirecta das empresas e instituições que desenvolvem a sua actividade comercial nesta área.

A matéria-prima destes contextos de formação são formandos oriundos maiorita- riamente desta envolvência sócio-económica, com características pessoais e sociais

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específicas, assim como percursos - escolar, profissional - e situação sócio-económica próprios. São aspectos importantes que podem determinar a escolha, por parte do for- mador, de diferentes métodos e técnicas que são necessários e mais favoráveis à imple- mentação do processo de aquisição de saberes e conhecimentos.

O formador e professor, nestes contextos, assumem um papel fundamental no processo formativo e devem contar com a colaboração dos técnicos que intervêm de alguma maneira no processo (conselheiros de orientação profissional, mediadores da ação de formação e assistentes sociais) no sentido de ajudar na gestão do grupo para minimizar e neutralizar as diferenças que possam existir no ritmo de aprendizagem entre os formandos. Portanto, os contextos influenciam o processo formativo e o fun- cionamento dos grupos. O sucesso da formação e o nível do resultado que se pretende alcançar, muitas das vezes depende da articulação e da boa gestão entre estes elementos, sobretudo quando se trabalha com activos desempregados e alguns de longa duração, com percurso profissional instável e baixa escolaridade.

Nesta perspectiva, os técnicos intervenientes neste processo, sejam gestores, formadores, tutores ou professores devem munir-se de competências e saberes que remetam para a escolha dos métodos e técnicas adequados que lhes permitam tirar o melhor rendimento do grupo segundo os objectivos que se propõem alcançar. Por isso, os objectivos devem ser claros, bem enquadrados na sua finalidade para que a formação possa fluir normalmente, independentemente dos eventuais constrangimentos típicos de determinados públicos-alvo.

Hoje é incontestável o carácter heterogéneo dos grupos de formação profissio- nal. As pessoas distinguem-se em várias situações, neste caso nos conhecimentos que têm, no nível cognitivo que possuem, na preparação, nos ritmos de aprendizagem que têm e na forma como aprendem e compreendem os conteúdos da formação. Assim sen-

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do, torna-se fundamental para o sucesso da formação desses desempregados em forma- ção profissional, identificar e caracterizar pedagogicamente esses formandos, em função do seu ritmo de aprendizagem com um método que valorize, aumente e desenvolva os seus pontos mais fortes e estimule e potencie aqueles aspectos menos fortes, para maximizar as possibilidades de construir o seu projecto profissional com elevada proba- bilidade de empregabilidade e adaptabilidade na carreira.

Muitos formadores não se sentem preparados para lidar com os conflitos com que se confrontam no quotidiano profissional, especialmente quando estes se revestem de um elevado grau de intensidade. Esta falta de preparação é muitas das vezes falta de competência e prevenção na gestão de situações de conflito e tem reflexos profundos na motivação dos formandos, na forma como encaram e lidam com o processo de aprendi- zagem no contexto, na interacção interpessoal e no desenvolvimento dos trabalhos de grupo. O que acaba a pôr em causa a estabilidade do grupo que constitui esta acção de formação e possivelmente de toda a disponibilidade e abertura para o trabalho pedagó- gico. Muitos respondem a estes problemas com estranheza ou com austeridade excessi- va, outros ignoram o conflito, outros ainda, acomodam-se às pretensões dos formandos6.

Esta é uma realidade que torna imperioso o trabalho da equipa, que deve mobili- zar todos os técnicos que intervêm no processo, especialmente o formador, pelo seu papel na definição de estratégias de aprendizagem, de métodos a usar de acordo com as características do grupo e do curso, para chegar a todos e alcançar com sucesso as com- petências técnica, pessoal, social e profissional previamente definidas para beneficiar os activos desempregados na sua preparação para o ingresso (desempregados à procura do

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Baseada na minha experiência de conselheiro de Orientação Profissional de Desempregados à procura de primeiro emprego e de desempregados à procura do novo emprego (desde 1997 até à presente data).

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primeiro emprego) e reingresso (desempregados à procura de novo emprego) no mundo do trabalho.

Assim, a preparação de activos desempregados requer um trabalho metodologi- camente estruturado que venha ao encontro das necessidades deste público.

Segundo Mumford e colaboradores (1993), quando os indivíduos (activos desempregados) são confrontados com novidades e tarefas indefinidas, naturalmente não terão um bom processo de aquisição de conhecimentos e um efetivo desempenho, uma vez que a aprendizagem e a aquisição de competências são provavelmente proces- sos para construir uma influência importante no desempenho das actividades profissio- nais e pessoais subsequentes. Dai a importância da definição e clareza do método que melhor contribui para a aquisição e desenvolvimento de competências para a adaptabili- dade e empregabilidade.

Para Pinheiro e Ramos (1998), as escolhas dos métodos devem obedecer às características do contexto onde se desenvolve a própria formação. O método a adoptar, enquanto elemento que permite gerir esse contexto, deverá, antes de mais, respeitá-lo e potenciá-lo como meio de aprendizagem e de desenvolvimento pessoal tendo em consi- deração as características do saber transmitir, as características dos formandos e os con- dicionalismos e os recursos inerentes à situação da formação.

Os métodos são fundamentais para a formação e para o ensino em geral. Tor- nam-se de extrema importância, quando se trata de formar e qualificar activos desem- pregados jovens e adultos. Pode ser necessária a combinação de métodos ou de um con- junto de métodos, no processo de formação profissional. As técnicas, cuja finalidade é a de facilitar a transmissão de conhecimentos, aprendizagem de saber-fazer, desenvolvi- mento pessoal e comportamental, são fundamentais para o sucesso da formação, por

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isso, a sua escolha deve ser adequada ao conteúdo programático da formação e também tendo em consideração as características diagnosticadas do grupo (Meignant, 1999).

O método, enquanto procedimento a adoptar no processo formativo, desempenha uma função fundamental na promoção e na manutenção deste equilíbrio (o conteúdo formativo e as características do formando). Uma situação de formação, seja qual for o contexto em que acontece, deve ser encarada como uma realidade dinâmica e, como tal, os métodos pedagógicos a adoptar devem estar de acordo com a dinâmica das relações que se estabelecem entre os diferentes intervenientes e, necessariamente, com os objec- tivos e as necessidades da própria formação. A aplicação dos métodos e das técnicas pedagógicas, particularmente no que se refere à sua implementação pelo formador, ao defrontar-se com o conjunto de atitudes e comportamentos desajustados, deve privile- giar aquele que, entre os diversos de que dispõe, como: a palavra, o gesto, a imagem, o texto, o audiovisual e a informática, seja mais adequado para responder positivamente à situação com benefício para o processo de aprendizagem (Pinheiro e Ramos, 1998).

Os métodos caracterizam-se por critérios a partir dos quais consideramos o papel do formador e do formando durante o processo formativo e as interacções que se produ- zem neste processo. Segundo Pinheiro e Ramos (1998), as tipologias dos métodos pedagógicos variam de acordo com as diferentes posturas psico-pedagógicas dos dife- rentes autores. Alguns dos métodos mais usuais em formação são os métodos: Expositi- vos, Interrogativos, Demonstrativos e Activos. Sendo que para a formação profissional os métodos que melhor têm respondido às necessidades de qualificação profissional dos activos desempregados são os métodos: Activos e Demonstrativos que, tendo em conta as características do indivíduo, proporcionam maior envolvimento individual e grupal, estimulam mais o formando para o objectivo da formação e com isso permitem-lhe ir construindo o seu projecto profissional e de carreira, fazendo a gestão do seu trabalho e

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das tarefas inerentes, com confiança e segurança. Articulando, deste modo, os resulta- dos imediatos que obtêm com os colegas, tomando responsabilidade de ter tudo em con- formidade e com isso ir criando e ampliando as suas possibilidades de empregabilidade e de adaptabilidade.