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CAPÍTULO III – RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 Cenário da pesquisa

3.1.1 O Estado do Maranhão

3.1.1.1 O contexto educacional nos anos 90

A realidade educacional do Estado do Maranhão apontada pelos indicadores dos órgãos oficiais, segundo Rapôso (2004, p. 7) apresenta problemas sociais que somente se explicam pela opção de suas elites no processo de construção histórica da sociedade maranhense. A autora destaca ainda que toda a problemática educacional do Estado do Maranhão, mesmo a engendrada no interior da escola, é,

em última instância, decorrente das políticas educacionais implantadas neste Estado (RAPÔSO, 2004, p. 23).

A compreensão do quadro educacional do Estado do Maranhão na década de 90 nos remete, aos dados divulgados pelo INEP por meio do Censo Escolar no período entre 1991 e 1999. Para este estudo, foram destacados três aspectos considerados importantes. São eles: matrículas, rendimento escolar e formação docente na Pré-Escola, Ensino Fundamental e Ensino Médio.

Matrículas

Aqui são apresentados e analisados os dados das matrículas da Pré-Escola, Ensino Fundamental e Ensino Médio por dependência administrativa, faixa etária e por série. Estes dados na época mostravam o quanto era necessário e urgente desenvolver uma política de formação de professores que viesse melhorar os indicadores do quadro de formação dos docentes da educação básica. Em 1993, o Programa de Capacitação de Docentes (PROCAD) foi implantado com esse objetivo. O Programa, em si, trouxe melhoras na qualificação dos docentes, mas os indicadores de qualidade da educação do Maranhão ainda apresentam resultados muito abaixo do desejado.

A maior parte das matrículas na Pré-Escola, nesse período, esteve concentrada na rede municipal com 64,3%, a rede particular com 22,5%, a rede estadual com 12,3% e a rede federal com apenas 0,09%. Outro dado importante da Pré-Escola, é que em 1991, as matrículas atingiram 239.041, número maior do que o verificado em 1999, quando se matricularam apenas 206.030 alunos (Apêndice A – Quadro 01). Quanto à faixa etária da Pré-Escola, observa-se que em média 20,3% das matrículas são de crianças com mais de seis anos de idade (Apêndice A – Quadro 02). Em 1999, as matrículas de crianças com mais de nove anos de idade representavam 7.0%.

As matrículas do Ensino Fundamental por dependência administrativa, em 1991, eram atendidas também em maior número pela rede municipal com 62,1%, o

Estado com 27,9%, a rede particular com 9,8% e a rede federal com apenas 0,2%. Em 1999, ou seja, nove anos depois, diminui a participação do Estado e da rede particular de ensino. Os municípios continuam com maior atendimento, alcançando o percentual de 69,0%. O atendimento pelo Estado cai para 25,6%, a rede particular tem uma redução significativa, caindo para 5,4% e a rede federal continua com atendimento de matrículas muito baixo (Apêndice B – Quadro 03). Em 1991, as matrículas no Ensino Fundamental correspondiam a 19,1% de crianças com mais de 14 anos de idade. Esse percentual não cai com o passar dos anos, chegando em 1999 a 28,2% (Apêndice B – Quadro 04). As matrículas da zona rural em 1998 correspondem a 39,4%. Chama atenção o número de matrículas na zona rural fora da faixa etária, 21,7% que é menor do que da zona urbana 30,1%. Em 1999, os dados são quase os mesmos, mas vale ressaltar que 5,5%, ou seja, 90.178 matrículas no Ensino Fundamental eram de jovens com mais de 20 anos de idade (Apêndice C – Quadros 05 e 06).

Do total de matrículas por série no Ensino Fundamental em 1991, 39,8% - que corresponde a 468.565 matrículas – são de crianças na 1ª série. Quando se analisa os números das matrículas na 4ª série em 1994, percebe-se que apenas 9,8%, ou seja, 127.279 das matrículas são de crianças na 4ª série. Isto significa que o índice de abandono e repetência nesse período era muito alto, se a análise se estender até 1998, quando esse aluno deveria estar matriculado na 8ª série. Conclui-se, portanto, que no Ensino Fundamental o índice é mais baixo ainda, pois do total de matrículas verificadas em 1998, somente 4,4% correspondem à 8ª série (Apêndice C – Quadro 07).

Quanto ao Ensino Médio, em 1991, 40,9% das matrículas eram atendidas pela rede particular de ensino, percentual que vai caindo gradualmente, chegando a 16,3% em 1999. A rede de ensino estadual e municipal vem aumentando sua participação, saindo de 56,8% em 1991 para 81,7% em 1999. (Apêndice D – Quadro 08).

Os dados do Ensino Médio mostram que 65,9% das matrículas em 1991 são de alunos com mais de 17 anos e 32,5% estão situadas entre alunos de 15 a 17 anos. Em 1996, os dados são muito parecidos, tendo 64,5% das matrículas com

mais de 17 anos e 34,7% situadas entre 15 e 17 anos de idade, fora da faixa etária da série (Apêndice D – Quadro 09). Analisando as matrículas de 1998, tem-se 66,6% de alunos com mais de 18 anos, desses 40,0% com mais de 20 anos (Apêndice E – Quadro 10). Do total de matrículas do Ensino Médio, apenas 2,7% são de alunos da zona rural, o que corresponde a 4.383 matrículas. Em 1999, as matrículas entre 15 e 17 anos representam 30,4% e com mais de 18 anos 68,4%. Desse total, 14,4% de alunos com mais de 25 anos de idade, no total geral das matrículas do Ensino Médio, 4,4% são de alunos com mais de 29 anos de idade (Apêndice E – Quadro 11).

Em 1991, o Estado do Maranhão tinha 1.252.544 matrículas no Ensino Fundamental e Médio, desse total 93,8% são de alunos do Ensino Fundamental, a 1ª série com 37,4%, a 4ª série com 8,6%, a 8ª série com 3,2% e a 3ª série do Ensino Médio com apenas 1,4% do total das matrículas. Em 1999, as matrículas no Ensino Fundamental e Médio chegaram a 1.819.203, das quais 24,2%, na 1ª série, 9,7%, na 4ª série, 4,3% na 8ª série e 22,0% na 3ª série do Ensino Médio (Apêndice C e E – Quadros 07 e 12).

Rendimento escolar

Nos dados referentes ao rendimento escolar, destaca-se aprovação e reprovação no Ensino Fundamental e no Ensino Médio, por dependência administrativa e por série. O Estado do Maranhão em 1991 tinha 1.174.880 matrículas no Ensino Fundamental, 60,3% aprovados e 39,7% de alunos que não conseguiram aprovação para a série seguinte. Em 1996, o Estado tinha 1.361.269 matrículas com 62,3% de aprovados e 37,7% de reprovados. Em 1999, as matrículas totalizavam 1.634.218, nesse nível de ensino, aqui nota-se uma pequena melhora na aprovação, 71,3% o que não significa melhoria da qualidade da educação, pois os indicadores divulgados pelos órgãos oficiais não mostram o Maranhão em posição diferente da que ocupava antes (Apêndice F – Quadro 13).

Comparando as 468.565 matrículas na 1ª série no ano de 1991 com o número de aprovação, de 246.297 nesse mesmo ano, tem-se 52,5% de alunos aprovados e 47,5%, de alunos reprovados, ou seja, 222.268 matrículas de alunos que não conseguiram êxito na escola. Em 1996, o quadro é muito semelhante, das 424.710 matrículas na 1ª série, 49,5% não conseguiram êxito, correspondendo a 28,0% na 4ª serie e 20,0% na 8ª série (Apêndice F – Quadros 14 e 15).

Os números de reprovação evidenciados em cada série não incluem os números de abandono escolar. O percentual de reprovação na década de 90 na 1ª série é quase o mesmo em todos os anos. Em 1991, 22,8%; em 1996, 21,5% e em 1999, 22,9% de alunos reprovados.

A aprovação do Ensino Médio, em 1991, era de 69,3%. Dos alunos aprovados, 58,5% estudavam à noite. Em 1995, os números são muito parecidos: a aprovação foi de 63,0% com 54,8% de alunos do estudante do noturno (Apêndice G – Quadro 16). O Ensino Médio na zona rural na década de 90 no Maranhão era oferecido em bem poucas localidades, somente nos povoados próximos às grandes cidades. Dos alunos aprovados em 1999, tem-se apenas 2,8% de alunos da zona rural (Apêndice G – Quadro 17).

Das 77.664 matrículas do Ensino Médio em 1991, 8,7% foram de alunos reprovados, desse total 67,0% de alunos do 1º ano do Ensino Médio. Os dados de reprovação em todo período da década de 90 são muito próximos. Em 1999, 7.1% dos estudantes são reprovados. No 1º ano, 13,4% não conseguem aprovação para o 2º ano do Ensino Médio (Apêndice G – Quadro 18).

Formação docente

O quadro de docentes do Estado do Maranhão no início dos anos 90 apresentava uma defasagem muito grande na formação para o exercício profissional da docência. Os dados apresentados e analisados a seguir mostram o quanto era necessário desenvolver uma política de qualificação profissional de professor que viesse atender quem já estava na rede pública de ensino.

O número de funções docentes na Pré-Escola entre 1991 e 1996 é quase o mesmo. A maior participação é dos municípios, com 62,8% e a rede particular de ensino, com 25,7%, as duas redes totalizam de 88,5% das funções docentes nessa modalidade de ensino. Em 1999, chama atenção o número de funções docentes na Pré-Escola, é menor que em 1991, quando os municípios tinham 69,5% desse total, 57,4% pertencentes à zona rural. O Estado tem apenas 9,1% de funções docentes nessa modalidade de ensino (Apêndice H – Quadro 19).

A formação docente na Pré-Escola em 1991 registra os seguintes dados: 21,7% dos docentes com Ensino Fundamental incompleto, 21,9% Ensino Fundamental completo, o que representa 43,6% de docentes sem formação mínima para exercer o magistério. Com formação de Ensino Médio 55,3% dos docentes, não se sabe se todos têm formação pedagógica para exercer a profissão, quanto a formação de curso Superior dos docentes somente 1.1% tem essa formação e não fica especificado qual o curso. Em 1996, docentes na Pré-Escola com Ensino Fundamental incompleto totalizavam 16,1%, com Ensino Fundamental completo 16,3%, totalizando 32,4% de docentes sem formação de magistério (Apêndice H – Quadro 20). Dos 10.021 docentes da Pré-Escola em 1999, 18,0% tem Ensino Fundamental incompleto, 11,8% Ensino Fundamental completo e 69,0% Ensino Médio. Dos 4.296 docentes pertencentes à zona rural, 42,9% têm somente o Ensino Fundamental incompleto e 19.2% com Ensino Fundamental completo, ou seja, 62.1% de docentes sem formação mínima para exercer o magistério (Apêndice H – Quadros 21 e 22).

Formação docente com exercício nas séries iniciais do Ensino Fundamental em 1991 era assim distribuída: o estado com 23,4%, o município com 68,6% e a rede particular com 7,8%. De 5ª a 8ª série o estado com 55,5%, os municípios com 23,9% e a rede particular com 20,3%. Percebe-se que de 5ª a 8ª série o maior número de funções docentes é do quadro estadual. Em 1996, o número de docentes de 1ª a 4ª série do estado cai um pouco ficando com 18,1%, os municípios com 70,6% e a rede particular com 11,1%. De 5ª a 8ª série o estado fica com 51,3%, os municípios, 29,8% e a rede particular com 18,9%. Destaca-se aqui os números de 1999 do Ensino Fundamental de 1ª a 4ª série, o estado com 17,0%, os municípios com 79,0% e a rede particular com 6,5%, desse total 51,5% são docentes da zona rural, os

municípios com 62,4% de seus professores na zona rural. De 5ª a 8ª série o estado com 44,6%, os municípios com 42,5% e a rede particular com 12,8%, do total de funções docentes de 5ª a 8ª série somente 16,4% são docentes da zona rural. Isto mostra que os estudantes que terminavam a primeira etapa do Ensino Fundamental na zona rural no Maranhão tinham dificuldade de continuar estudando (Apêndice I – Quadros 23 e 24).

Os docentes que exerciam suas atividades no Ensino Fundamental de 1ª a 4ª série em 1991 no Maranhão tinha a seguinte formação: 28,9% com Ensino Fundamental incompleto, 18,7% com Ensino Fundamental completo, 51,6% com Ensino Médio e 0,7% com Ensino Superior. Dos 6.638 professores com Ensino Fundamental incompleto que exerciam suas atividades profissionais nas séries iniciais do Ensino Fundamental, 6.230 pertenciam à zona rural, representando um percentual de 93,9% sem formação para estarem em sala de aula. Ensinando de 5ª a 8ª série em 1991 com formação de Ensino Fundamental incompleto existiam 13 professores e 3,0% com formação Ensino Fundamental completo, 84,3% com formação Ensino Médio e 1,6% com formação de Ensino Superior.

Nove anos depois a realidade do quadro docente ainda era precária, pois em 1999, ensinando de 1ª a 4ª série com formação de Ensino Fundamental incompleto são 16,5%, com formação Ensino Fundamental completo 11,5%, com formação de Ensino Médio 70,7% e com formação de Ensino Superior 1,9%. De 5ª a 8ª série em 1999, não existiam mais docentes com Ensino Fundamental incompleto e apenas 0,4% com formação de Ensino Fundamental completo, desses 87,2% são de docentes da zona rural, com formação de Ensino Médio 77,6% e com formação de Ensino Superior 22,0%, desses somente 6,0% são da zona rural (Apêndice J – Quadros 25 e 26).

O Ensino Médio em 1991 tinha o quadro docente como maior número de professores da rede de ensino particular com 42,2%, o Estado com 39,3%, os municípios com 16,7% e a rede federal com 1,8% que especificamente atendia ao ensino profissionalizante oferecido pelas Escolas Técnicas. Em 1999, todas as redes de ensino com exceção da rede particular o quadro docente aumentado. A rede federal com 3,1%, a rede estadual com 47,5%, a rede municipal com 23,9% e a rede

particular de ensino com 25,5% dos docentes do Estado do Maranhão (Apêndice J – Quadro 27).

O grau de formação dos docentes do Ensino Médio em 1991 era de apenas 45,2% com formação de Ensino Superior, 54,5% com formação de Ensino Médio e 0,3% (22 docentes) com formação de Ensino Fundamental. Em 1999, 64,5% dos docentes com formação de Ensino Superior e 35,5% com formação de Ensino Médio. Nesses nove anos em termo de formação o quadro de docentes do Estado do Maranhão tem melhorado, mas a qualidade da educação oferecida aos maranhenses continua ainda com baixos resultados, segundo os dados oficiais (Apêndice L – Quadros 29 e 30).

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