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FIGURA 3: PARTE DO PRÉDIO QUE ABRIGOU A ESCOLA NORMAL DE NITERÓI ENTRE OS ANOS DE 1895 E 1903.

1.2. O corpo docente da Escola Normal de Niteró

(...) basta tratar-se do ensino publico para me achar prompto a discutir: é questão importante e a que ligo muito apreço.122

Para realizarmos o estudo sobre o ensino da disciplina História na Escola Normal de Niterói, buscamos investigar quem eram os professores que lecionavam essa matéria nos anos finais do Oitocentos. No acervo escolar, encontramos o Livro de Posse dos funcionários do Liceu de Humanidades de Niterói, datado a partir de 1º de julho de 1890. Embora conste essa informação na folha de rosto do livro, por meio da leitura dos termos de posse, observamos que sua utilização era feita para empossar funcionários de ambas as instituições, ou seja, da Escola Normal e do Liceu.

De acordo com o material analisado, entre os anos de 1890 e 1900, foram empossados vinte e dois docentes. Nos termos de posse constam: a data por extenso, o nome do professor, a disciplina que ele iria ministrar, sua assinatura, e, logo abaixo, a assinatura do diretor. Em alguns registros, encontramos a informação sobre a instituição em que o novo professor iria lecionar, mas, em outros, não foi registrado esse dado. Desse modo, cruzamos as assinaturas que constam nos exames de diversas disciplinas da Escola Normal com as assinaturas que

116

NOGUEIRA, Lacerda, op. cit., p. 208.

117

Idem, p. 209.

118 Idem, ibidem. 119 Idem, p. 175. 120

O Fluminense, Niterói, edição 4315, p. 1, 17 julho 1900.

121 O Fluminense, Niterói, edição 4413, p. 1, 8 novembro 1900.

constam nos termos de posse. O resultado foi um quadro aproximado do corpo docente da referida escola.

QUADRO 1 Relação do corpo docente da Escola Normal de Niterói

Nome Disciplina Data

Sebastião Mario de Paiva Lessa Aritmética e Geometria 01/07/1890

Manoel Baptista Correia do Nascimento Alemão 01/07/1890

Juventina Bellieni Francês 01/071890

Augusto Francisco Aleixo dos Santos Italiano 01/07/1890

Antonio Rodrigues Pereira da Fonseca Ciências físicas e Naturais 01/07/1890

William Candite Inglês 01/07/1890

Francisco da Silveira Varella Geografia e História 01/07/1890

Antonio Mariano da Silva Pontes Pedagogia 01/07/1890

Felisberto Rodrigues Pereira de Carvalho Álgebra e Trigonometria 01/07/1890

Augusto Castro de Lafayette Português e Latim 01/07/1890

Joaquim Veríssimo da Silva Filosofia, Retórica e Política 19/08/1890

Joaquim Pereira Leitão Pedagogia 24/10/1891

José Ventura Boscoli Português e Literatura Pátria 15/04/1893

Guilherme Christino Raoux Briggs Francês 15/04/1893

Francisco Carlos Pereira de Carvalho Caligrafia e desenho 17/04/1893 Joaquim Veríssimo da Silva Instrução Moral e cívica 24/04/1893 Augusto Moreira de Barros Oliveira Lima Matemática 27/04/1893

Francisca da Cunha Trabalhos de Agulha 10/05/1896

José de Lima Coutinho Música 22/05/1896

Raymundo Monteiro da Silva Economia Rural e Industrial/ Noções de Agronomia e Zootecnia

22/02/1900

Pedro Manoel Broges Ginástica 22/02/1900

Carlos Hamterger Desenho e Caligrafia 28/03/1900

Fonte: ARQUIVO DA ESCOLA ESTADUAL LICEU NILO PEÇANHA. Quadro construído pela autora.

Nos exames de História Universal e de História do Brasil selecionados, encontramos a assinatura de Francisco da Silveira Varella e de Guilherme Christino Raoux Briggs em todas

as provas. Francisco Varella tomou posse para a cadeira de Geografia e História, enquanto Guilherme Briggs foi empossado como professor de Francês. Em 1900, Briggs assumiu interinamente a direção da Escola Normal, em função do falecimento do diretor Antonio Aydano de Almeida. No mesmo ano, Ataliba Renaud Lepage assumiu a direção, permanecendo no cargo até 1917.

Além desses dois professores citados, encontramos nos exames de História Universal a assinatura do diretor Aydano de Almeida e dos professores Joaquim Pereira Leitão e Augusto Francisco Aleixo dos Santos, que eram, respectivamente, das cadeiras de Pedagogia e de Italiano.123 Nos exames de História do Brasil, mais uma vez, encontramos o diretor como

avaliador, juntamente com o professor Sebastião Mario de Paiva Lessa e a professora Juventina Bellieni. Ele era da cadeira de Aritmética e Geometria, enquanto ela era da cadeira de Francês.124

As correções das provas escritas e orais eram realizadas por três avaliadores. Em todas as provas de história – Universal e do Brasil – o professor Francisco Varella assina primeiro e, em seguida, encontramos a assinatura de Guilherme Briggs. A terceira assinatura foi a única que variou no período analisado. Com exceção de dois exames, um escrito e outro oral, Francisco Varella atribuiu seu conceito e, logo depois, os outros dois professores escrevem concordo ou idem, o que sugere que não havia grandes discordâncias entre Varella e os outros dois membros da comissão avaliadora. Ressaltamos que Varella e Briggs não discordaram em nenhuma avaliação, pois as duas divergências observadas foram entre esses dois professores e o terceiro membro da banca.

Em uma época em que não havia exigência de formação específica para ensinar História, sabemos que os docentes tinham trajetórias de escolarização variadas e, muitas vezes, distantes da disciplina que lecionavam. Durante as investigações, foi possível observar que algumas ex-alunas da Escola Normal de Niterói, logo após se formarem, tornaram-se professoras da instituição. Corinna Halfeld, por exemplo, formou-se em 1897, e tomou posse para exercer a função de professora adjunta da Escola Modelo, em 10 de março de 1900. Contudo, verificamos sua assinatura em exames finais de Música e de Francês, a partir desse mesmo ano. Não há indícios de que tenha ocorrido uma especialização voltada para lecionar tais disciplinas.

123 Em relação às provas de História Universal, o professor Pereira Leitão avaliou sete exames, em 1896. Aleixo

dos Santos corrigiu treze, em 1898. O diretor Aydano de Almeida participou da correção de apenas duas provas de História Universal, em 1897.

124 O diretor avaliou nove provas de História do Brasil, em 1897. A professora Juventina Bellieni foi responsável

Na busca por informações sobre os professores, em especial, pelos que assinavam os exames finais de História, selecionamos seus nomes para iniciarmos a pesquisa. Elegemos o nome como um fio condutor importante no tratamento das fontes, pois é por meio deste dado que o pesquisador tem a oportunidade de aprofundar os indícios. Através dessa investigação pode-se, por exemplo, descobrir a qual família um sujeito pertencia e obter informações pertinentes a partir de outros registros. Nos termos de Ginzburg, “as linhas que convergem para o nome e que dele partem, compondo uma espécie de teia de malha fina, dão ao observador a imagem gráfica do tecido social em que o indivíduo está inserido”.125

Encontramos poucos dados sobre os docentes da escola fluminense, por esse motivo, nos limitaremos a dissertar um pouco sobre Guilherme Briggs e, principalmente, sobre Francisco Varella, que era o lente de História e Geografia. Como já foi informado, ao confrontarmos as assinaturas dos professores encontradas nos exames de História com os dados contidos no Livro de Posse foi possível saber o nome completo dos docentes. A partir dessa referência, passamos a pesquisar em alguns acervos. Começamos a investigação pelo Centro de Memória Fluminense (CEMEF), onde encontramos apenas poucos vestígios sobre o professor Guilherme Christino Raoux Briggs.

Na Revista do Ateneu Angrense de Letras e Artes, pesquisada no acervo do CEMEF, encontramos algumas informações sobre Guilherme Briggs. De acordo com o texto, que foi publicado, em 1976, e redigido por Emmanuel de Macedo Soares,126 Briggs formou-se

professor na própria Escola Normal de Niterói, onde mais tarde passou a lecionar. Sua figura “só foi vista, e ainda assim muito rasteiramente, como educador”.127

No entanto, de acordo com o autor, as maiores atuações de Briggs foram como parlamentar e como redator de O Fluminense, “onde militou cerca de vinte anos, sem remuneração alguma”.128

Em seu primeiro ano no jornal, em 1879, Briggs foi indicado como redator político, pessoa de confiança do Partido Conservador. Em 1884, foi eleito deputado provincial e envolveu-se com os projetos de abastecimento de água e da construção de um porto em Niterói.

125 GINZBURG, Carlo, op. cit., p. 175.

126 Emmanuel de Macedo Soares ocupou a cadeira nº 13 da Academia Niteroiense de Letras. Era jornalista e foi

diretor de diversos museus, além de diretor do Arquivo da Câmara Municipal de Niterói. Entre os anos de 1971 e 1978, momento em que publicou o texto sobre Guilherme Briggs, implantou e chefiou o Departamento de Pesquisa do jornal O Fluminense. De 1998 a 2003, exerceu o cargo de secretário extraordinário de Preservação da Memória Histórica de Niterói. O seu perfil biográfico evidencia um intenso envolvimento com atividades de pesquisa histórica e preservação da memória do município de Niterói. Faleceu em 14 de abril de 2017.

Disponível em:

http://www.academianiteroiense.org.br/revista%20virtual%20perfis%20Ano%203%20No%202.htm. Acesso em: 25 abril 2017.

127

SOARES, Emmanuel de Macedo. Guilherme Briggs, jornalista e político. Revista do Ateneu Angrense de

Letras e Artes. Angra dos Reis, n.o 1, ano IV, p. 43-49, mar. 1976, p. 43.

De acordo com Soares, Briggs tinha como objetivo reabrir a biblioteca provincial, “cujo acervo apodrecia nos porões da Escola Normal de Niterói”.129

Em 1881, a biblioteca foi inaugurada e tornou-se pública, a partir de 1884, tendo sido fechada no ano seguinte. Em 1884, Briggs era presidente do Instituto Pedagógico, um tipo de associação de professores públicos. Segundo Soares, a obra de Guilherme Briggs encheria um bom volume e segue sua argumentação afirmando que, “numa cidade que prezasse os que a servem, teria estátua em praça pública. Niterói lhe deu de esmola um grupo escolar, cujos mestres e alunos não sabem quem ele foi”.130

Em busca de maiores indícios sobre tais professores, pesquisamos alguns livros de memórias onde coletamos dados biográficos sobre os mesmos, dentro dos limites desse tipo de produção. Além disso, investigamos periódicos disponíveis na hemeroteca digital da Biblioteca Nacional, em especial, no jornal O Fluminense. A Escola Normal de Niterói foi assunto que ocupou várias de suas páginas, visto que Guilherme Briggs foi um de seus principais redatores. Outros integrantes do corpo docente da Escola como, por exemplo, Joaquim Leitão e Felisberto de Carvalho, também se destacaram enquanto colaboradores do jornal durante a Primeira República.131

Guilherme Christino Raoux Briggs (1854-1912) era quase homônimo de seu pai, Guilherme Henrique Briggs,132 que fundou uma instituição de ensino denominada Colégio

Briggs.133 Oriundo de uma família de educadores , assim como outros ex-alunos da Escola

Normal, teve participação expressiva na luta abolicionista.134 Publicou o Compendio de

Analyse Logica precedido de Noções de Syntaxe e Retórica, que não foi possível confirmar se era utilizado na Escola Normal.135 Provavelmente, por ter sido filho de professor e ter feito

129 SOARES, Emmanuel de Macedo. Guilherme Briggs, jornalista e político. Revista do Ateneu Angrense de Letras e Artes. Angra dos Reis, n.o 1, ano IV, p. 43-49, mar. 1976. p. 45.

130 Idem, p. 49. 131

O Jornal O Fluminense e seus redatores carecem de maiores estudos. Coletamos tais informações em:

http://cpdoc.fgv.br/sites/default/files/verbetes/primeira-republica/FLUMINENSE,%20O.pdf. Acesso em: 28 abril 2017.

132 NOGUEIRA, op.cit., p. 215. Segundo o autor, Guilherme Henrique Briggs, foi professor do Liceu de Angra

dos Reis e de Niterói, “por ultimo, fundou o afamado collegio do seu nome”.

133 BACKHEUSER, Everardo Adolpho, op. cit., p. 295.

134 VILLELA, Heloísa de Oliveira Santos. O movimento abolicionista niteroiense, o clube dos libertos e o

projeto de uma creche para filhos de escravos e ex-escravos. Anais eletrônicos do VII Congresso Brasileiro de História da Educação, Cuiabá (ISSN: 2236-1855): Circuitos e Fronteiras da História da Educação no Brasil, Universidade Fedetal de Mato Grosso (UFMT), 2013, p. 4.

135 Não localizamos o Compêndio de Briggs registrado no inventário da Biblioteca da Escola, datado a partir de

1884. No sítio do Laboratório de Ensino e Material Didático (LEMAD) encontramos um registro referente à segunda edição da obra, que foi publicada em 1887. Disponível em: http://lemad.fflch.usp.br/node/6242 Acesso em: 20 novembro 2017.

parte do corpo discente da Escola Normal, pertencia a uma rede de sociabilidades que pode ter ampliado suas oportunidades de iserção no magistério.

Outro avaliador das provas de História era o diretor da Escola. Em 1884, Aydano de Almeida, na posição de inspetor geral da instrução pública da província, cargo que já ocupava há oito anos, foi convidado a palestrar em uma conferência popular, comumente conhecida por Conferência Popular da Glória.136

Na presença do Imperador D. Pedro II e de numerosa plateia, dissertou durante uma hora e meia sobre a instrução pública na província do Rio de Janeiro. Dedicou boa parte de sua fala ao professorado “mostrando que ainda deixa muito a desejar pelo lado do preparo intellectual, posto que seja em geral de notável moralidade”.137

Buscou demonstrar a importância de melhorar o ensino nas escolas normais, chamando atenção para a ausência de algumas matérias como, por exemplo, o francês.

A repercussão de sua fala não foi positiva entre os professores. Encontramos nas páginas do Jornal do Commercio reclamações a respeito da postura do inspetor geral que, ao atestar publicamente o atraso vergonhoso em que se achava a instrução da província, reservou parte considerável da responsabilidade à má formação dos professores. Em uma nota publicada no periódico, foram apresentadas as contradições do seu discurso, visto que em seus próprios relatórios, redigidos após as suas visitas de inspeção, não se confirmava tal diagnóstico da instrução.138 A questão adentrou o ano seguinte. Em 1885, considerando

injustas as palavras proferidas por Aydano de Almeida na Conferência da Glória, ao que tudo indica, um grupo de professores publicou uma nota, dirigida ao Presidente de Província com a seguinte solicitação:

A injustiça prejudica não só aquelles que a soffrem, como aos que a presenceião; porque uns e outros descrendo de todos e de tudo terminão pelo desanimo e frouxidão no cumprimento dos deveres.

Neste caso se acha o professorado da provincia, que, tratado cruelmente pelo Sr.

Dr. Aydano de Almeida na sua ultima conferencia da Gloria, precisa rehabilitar-se ante a opinião publica (…)

136 BASTOS, Maria Helena Camara. Conferências populares da freguesia da Glória (1873-1890) In: Anais do II Congresso Brasileiro de História da Educação: História e Memória da Educação Brasileira. Natal: Núlcleo de

Arte e Cultura da UFRN, 2002. p. 1. As Conferências Populares da Freguesia da Glória, foram realizadas entre os anos de 1873 e 1890. Segundo a autora, as conferências públicas “caracterizaram-se pela reunião de pessoas interessadas em ouvir e/ou discutir temas da atualidade. Possuem caráter educativo e de vulgarização do conhecimento, com a intenção de difundir as luzes e as modernidades científicas. Delas participam professores ou outros intelectuais, figuras proeminentes da sociedade, que objetivam discutir diversas questões vinculadas à profissão, à educação e ao ensino. Reconhecidas como fator relevante para o progresso e melhoramento da instrução pública, tiveram por objeto de estudo tanto questões relativas à política educacional do período como questões relativas à escola – as matérias e os métodos de ensino”.

137

Jornal do Commercio, Rio de Janeiro, edição 258, p. 1, 15 setembro 1884.

138Jornal do Commercio, Rio de Janeiro, edição 8, p. 1, 8 janeiro 1885. Redigido sob o pseudônimo

Este estado de incerteza e de desconfiança não póde continuar, sob pena de ser cada vez mais considerada uma classe que tem direitos adquiridos á benemerencia publica.139

Em sessão da Assembleia Legislativa Provincial, o então deputado Guilherme Briggs, que mais tarde dividiria o espaço da Escola Normal de Niterói com Aydano de Almeida, inclusive, substituindo-o interinamente na direção, expôs sua opinião em relação às palavras do inspetor na Conferência da Glória,

O Sr. Aydano de Almeida não foi justo nesta conferencia com os dignos professores da provincia do Rio de Janeiro, e não o foi, porque muitos termos de visita que lavrou nas escolas são um protesto energico contra o que esse inspector geral foi dizer nas conferencias da Gloria.

S. S. attestou nos respectivos livros de visita que grande numero de professores erão aptos para o ensino publico na provincia, distinctos mesmo pello que deles escreveu. Portanto, uma de duas: ou os termos assignados por S. S. não exprimem a realidade ou o que S. S. disse na conferencia da Gloria é que não foi a verdade pura.

Em tempo combati essa injustiça do Sr. inspector geral.140

Talvez, na ocasião em que palestrou, Aydano de Almeida tenha aproveitado a presença do Imperador para chamar sua atenção às questões referentes à formação de professores. Por esse motivo, ressaltar os problemas pode ter sido uma estratégia para alcançar o objetivo de ampliar a variedade de saberes oferecidos nas escolas normais. Se por um lado, essa querela indicou que o corpo docente da Escola de Niterói dos últimos anos do Oitocentos era composto por sujeitos com pensamentos diferentes, por outro, apontou que havia um objetivo comum: consolidar a formação de professores via escolas normais.

Francisco da Silveira Varella (1856?-1912),141 “inolvidavel mestre”,142 abandonou o

curso de Medicina para seguir o magistério.143 Em 1890, casou-se com D. Julia Ferreira, na

Igreja matriz de Niterói.144 Consta que, no ano de 1893, foi soldado do Batalhão Acadêmico

durante a Revolta da Armada,145 tendo recebido como honra por sua atuação o posto de

tenente do Exército.146 Varella ainda obteve uma nomeação como 3º suplente de delegado de

polícia do Município de Niterói, em 1896,147 tendo sido exonerado no ano seguinte.148

139Jornal do Commercio, Rio de Janeiro, edição 22, p. 4, 22 janeiro 1885. Grifos nossos. Redigido sob o

pseudônimo Nihildum.

140 Jornal do Commercio, Rio de Janeiro, edição 248, p. 4, 6 setembro 1886. 141

NOGUEIRA, Lacerda, op. cit., p. 167; BACKHEUSER, Everardo Adolpho, op. cit., p. 274. Enquanto Lacerda Nogueira aponta 1858 como o ano de nascimento de Varella, Backheuser afirma que foi em 1856.

142 NOGUEIRA, Lacerda, op. cit., p. 167. 143

BACKHEUSER, Everardo Adolpho, op. cit., p. 274.

144

O Fluminense, Niterói, edição 1838, p. 2, 26 março 1890.

145 NOGUEIRA, Lacerda, op. cit., p. 167.

146 O Paiz, Rio de Janeiro, edição 4389, p. 1, 13 agosto 1894; O Fluminense, Niterói, edição 2814, p. 2, 9 agosto

1895.

147 Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, edição 286, p. 2, 12 outubro 1896; Jornal do Commercio, Rio de Janeiro,

Em relação à atuação docente de Varella, as páginas de O Fluminense trazem a informação de que, em 1890, o mesmo era professor do Collegio Atheneu Fluminense, sendo responsável pelas aulas de “francez e inglez (praticas e theoricas) de historia e geographia e cosmographia”.149No mesmo ano, tomou posse como lente de História e Geografia do Liceu

de Niterói, e, em 1893, passou a reger a mesma cadeira na Escola Normal,150

permanecendo na instituição até 1900, momento em que se transferiu para o Liceu de Campos.151

Além das atribuições dos cargos que exercia nos dois estabelecimentos públicos de ensino, Varella tinha intensas atividades docentes na cidade de Niterói. Lecionava em estabelecimentos particulares e oferecia aulas em cursos preparatórios, juntamente com outros professores que atuavam na Escola Normal.152 O fato de pertencer ao corpo docente de ambas

as instituições servia como importante referência para suas propagandas no ensino privado. Como podemos observar no seguinte anúncio: “Francisco Varella, lente da Escola Normal e Lyceu de Nictheroy, abrirá no dia 2 de Maio o seu curso de francez, inglez, geographia e historia (…). Recebe explicandos e acceita liçoes a domicilio”.153

A ausência de dados impossibilitou que conhecêssemos com mais detalhes a origem social do professor Varella, mas, pelos indícios, parece que o mesmo fazia o esforço de se desdobrar em suas atividades do magistério. De acordo com um relatório do diretor Aydano de Almeida, datado de 1896:

(…) o abalisado lente Francisco Varella lecciona semanalmente duas vezes geopraphia no 1º e no 2º anno da Escola Normal a historia universal no 3º, além das aulas do Lyceu, e proximamente terá de leccionar historia do Brazil em ambos os institutos: ao todo 12 lições semanaes por emquanto e 16 do anno vindoiro em diante.

Dias ha, em que vejo-o extenuar-se em cinco aulas successivas, o tempo virá, que o numero de lições ultrapasse o periodo do expediante das repartições, se não se modificar o horario.

Basta isso para condemnar o regimen actual, justificando a reducção da tarefa a bem do ensino e da saude do professor.154

Os periódicos foram uma fonte importante para recuperarmos alguns indícios sobre o corpo docente da Escola de Niterói. No jornal O Fluminense, localizamos a informação de que os professores da instituição se manifestavam sobre assuntos referentes às questões políticas enfrentadas pelo país, ultrapassando, assim, o espaço da Escola Normal e revelando

148 O Paiz, Rio de Janeiro, edição 4537, p. 2, 5 março 1897. 149

O Fluminense, Niterói, edição 1823, p. 4, 14 fevereiro 1890.

150

O Paiz, Rio de Janeiro, edição 3995, p. 1, 15 abril 1893.

151 BACKHEUSER, Everardo Adolpho, op. cit., p. 274.