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O crescimento e o potencial de consumo do segmento da terceira idade

4 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

4.3 O CONSUMIDOR DA TERCEIRA IDADE

4.3.2 O crescimento e o potencial de consumo do segmento da terceira idade

No aspecto demográfico, a subcultura sênior é um mercado extremamente grande, onde o número de americanos, com 65 anos ou mais, excede toda a população do Canadá; e é o segmento com o segundo crescimento mais rápido nos Estados Unidos (SOLOMON, 2002). Na França, pessoas com 60 anos ou mais constituem 20% da população atual e este percentual deverá aumentar para 27% por volta de 2010 (DAGUET apud LAMBERT-PANDRAUD; LAURENT; LAPERSONNE, 2005). Conforme Spirduso (2005), o período de maior crescimento geral, para pessoas de ambos os sexos com 65 anos ou mais, será entre 2010 e 2020, quando os baby boomers alcançarão a idade de aposentadoria.

O Brasil, da mesma forma que outros países, caminha rapidamente para o envelhecimento de sua população. Atualmente, a expectativa de vida média do brasileiro é de

71 anos, devendo atingir, em 2050, a mesma taxa que o Japão já possui hoje, que é de 81,3 anos. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estima que, em 2050, haja 13 milhões de brasileiros com mais de 80 anos e, também nesta data, possivelmente, haverá quase 25 mil brasileiros centenários.

A única camada etária que terá crescimento positivo nas próximas décadas será a de idosos, devendo superar a de crianças. O crescimento da população de idosos, em números absolutos e relativos é um fenômeno mundial. Segundo os dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2050, serão dois bilhões de pessoas com mais de 60 anos em todo mundo.

De acordo com a Revisão 2004 da projeção populacional para o período 1980-2050 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com base no Censo 2000, os números refletem nitidamente a realidade de que o Brasil esta se dirigindo para a inversão da sua pirâmide de distribuição etária: em 1980, havia uma proporção de 16 idosos para cada 100 crianças; e, em 2000, esta proporção se modificou, apresentando 30 idosos para 100 cada crianças. O aumento da participação dos idosos na população deve-se a dois fatores: à longevidade e à queda da taxa de fecundidade do país que, em 2004, ficou em 2,31, e, em 2050, deverá cair para 1,85.

Além do aspecto demográfico, outro importante aspecto que merece ser abordado é o econômico. A população dos consumidores idosos está se tornando muito atrativa, especialmente pela disponibilidade de renda que possui para o consumo (FARIAS; SANTOS, 1998).

Uma pesquisa realizada, em 2001, pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) revelou que os brasileiros com mais de 60 anos vivem hoje em condições bem melhores que os jovens, ou seja, têm rendimentos mais altos. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) dão conta que o grupo de indivíduos com mais de 60 anos é responsável por 45% do orçamento dos lares onde vivem com seus filhos. No caso do idoso ser o chefe da família, essa participação eleva-se para 69%.

Uma das razões que explica essa performance é que as melhorias no campo da saúde e os avanços tecnológicos empregados na medicina têm assegurado uma melhor condição física aos idosos, o que lhes garante um aumento de sua permanência no mercado de trabalho, contribuindo para a elevação de sua renda. De 1991 para 2000, o rendimento médio do idoso,

passou de R$ 403,00 para R$ 657,00. Segundo os resultados do Censo 2000 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entre os estados brasileiros, o Distrito Federal e o Rio de Janeiro têm os maiores rendimentos médios para os idosos, R$ 1.786,00 e R$ 1.018,00 respectivamente, seguidos pelos demais estados das regiões Sudeste Sul.

Uma das conclusões do estudo realizado, em 2002, pelo Programa de Estudos do Futuro da Fundação Instituto de Administração da Universidade de São Paulo (FIA-USP) é de que a faixa dos consumidores com mais de 50 anos não tem sido levada em consideração pelo mercado como deveria. De acordo com esta pesquisa denominada A Empresa do Futuro, onde foram entrevistados 184 empresários, consultores, diretores, gerentes e demais tomadores de decisão de grandes empresas como Itaú, Petrobrás, Microsoft, Votorantin, o potencial de consumo deste público deve passar de atuais R$ 170 bilhões para R$ 325 bilhões ao ano, em 2010. Ainda segundo este estudo, os setores que terão que se aprimorar para atender à terceira idade são a educação, lazer, previdência privada e alimentação. principalmente, a construção civil, sendo que 62% dos entrevistados acreditam que é imprescindível que as empresas criem produtos e serviços especialmente voltados para o consumidor da terceira idade, como, por exemplo, moradias apropriadas a esta faixa etária. Para 57% deles é necessário tratar o segmento com diferenciação, priorizando o atendimento, pois a qualidade e a confiabilidade são elementos-chave para este consumidor idoso que na opinião deles é o mais exigente de todos.

Em seu artigo The Grey Wave, Koenigsberg (1994), reproduziu os resultados mais relevantes de uma pesquisa realizada sobre o mercado sênior americano, mostrando que neste estudo foi constatado que há um enorme grupo de consumidores potenciais que dispõe de dinheiro para gastar, tempo para comprar e com necessidades de novos produtos e serviços.

Segundo Farias e Santos (1998), a população dos consumidores idosos está se tornando muito atrativa, especialmente pela disponibilidade de renda que possui para o consumo.

Neves (2004, p. 115) afirma que:

Grandes oportunidades de negócios poderão ser capitalizadas por empreendedores com sensibilidade e capacidade de antecipar demandas ainda não articuladas de uma parcela significativa da população interessada em manter suas vidas ativas, produtivas e independentes.

Setores que vêm despertando para a demanda dos consumidores da terceira idade são o de turismo e lazer, onde é crescente o número de agências de viagens com pacotes idealizados exclusivamente para este público. Em seu estudo realizado sobre o comportamento do consumidor de terceira idade em relação ao entretenimento e lazer, Ladeira, Guedes e Bruni, (2003) concluíram que este grupo possui tempo disponível que pode ser utilizado para viajar e consumir serviços e produtos turísticos, caracterizando-se assim em um segmento atrativo para a indústria do turismo.