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CAPÍTULO 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.3 O Currículo e as Ciências Contábeis

Na concepção inicial de currículo, compreendemos que este faz parte de uma tríade juntamente com a avaliação e a didática. Estes três elementos triangulam no organismo epistemológico-educacional. Compreendemos também que o currículo em sua trajetória

histórica, que conta aproximadamente quatro décadas, demonstra o exercício do poder de decisão no que tange as temáticas a serem contempladas para a formação educacional das crianças, jovens e adultos inseridos na organização escolar.

Um dos pontos importantes na concepção de currículo é a ideologia. Ela está presente nesse conjunto de significados intrínsecos á Educação. A esse respeito, Moreira e Silva (1995, p.28) informam que ideologia “está relacionada às divisões que organizam a sociedade e às relações de poder que sustentam estas divisões”. Dessa forma, justifica-se estudo de currículo aplicado à Contabilidade com a intencionalidade de não apenas racionalizar, mas também de humanizar essa área do conhecimento para que as relações sociais em seu âmbito sejam marcadas pelo altruísmo e não mais pela avareza e perdularidade. Estas são mazelas que impedem o pleno desenvolvimento dos indivíduos na sociedade de forma interativa.

No ambiente social, a Contabilidade tem a finalidade de colaborar com a melhoria da qualidade de vida das pessoas a partir do momento em que se propõe a proteger o patrimônio (conjunto de bens, direitos e obrigações) da investida das mazelas da avareza ou da atitude perdulária. Já o Currículo é marcado pela presença do poder como um dos seus eixos e ainda se sabe que o poder “é uma noção central à teorização educacional e curricular crítica” (Moreira & Silva, 1995, p. 28). O exercício do poder é permeado, muitas vezes, pelas mazelas da avareza e da perdularidade, que resultam na corrupção. Esta é um verdadeiro flagelo que assola a nossa sociedade.

A Contabilidade é permeada pelos processos de construção de sínteses e também pela constante utilização de análises, em seu quotidiano, na condição de ciência. Segundo Luna (2009), pesquisa funciona como um elo entre o pesquisador e a comunidade científica. Esse pesquisador realiza estudo que sintetiza o conhecimento e o apresenta em nova disposição. Também no campo da Contabilidade, as demonstrações contábeis, os balanços e os inventários são exemplos de sínteses que se esforçam para expor a realidade patrimonial e se apóiam no trabalho de análise realizado pela técnica contábil da Escrituração. A palavra “análise” conta com tamanha força de significado, no campo contábil, que acaba por denominar uma das técnicas da Contabilidade: Análise de Balanços. Segundo Franco (1989, p. 13), no seu livro que trata desta técnica, o nome completo dela é “Análise, comparação e interpretação de demonstrações contábeis". A palavra análise denomina, na verdade, um conjunto de processos utilizados pela Ciência Contábil.

O termo análise, que tem como sinônimo a palavra decomposição, em um extremo conceitual de significado e o termo síntese no outro revela a possibilidade de situar dados,

informações e conceitos. A esse respeito, enfatiza Severino (2007, p. 83) que “embora se oponham, não se excluem”. São necessários para a construção de estudo, de apreciação de natureza científica. É necessário fazer uso desta dicotomia para a devida apresentação do objeto de estudo desta pesquisa. A esse respeito, Severino que nos esclarece que

A síntese é um processo lógico de tratamento do objeto pelo qual este objeto decomposto pela análise é recomposto reconstituindo-se a sua totalidade. A síntese permite a visão de conjunto, a unidade das partes até então separadas num todo que então adquire sentido uno e global (2007, p. 83).

O mesmo autor entende ainda que “análise é pré-requisito para uma classificação”. Assim o objeto de estudo deverá ser submetido aos dois processos com a clara intenção de classificar as partes que o constituem e também em exposição abrangente, revelando o todo para, assim, se apresentar de maneira clara e objetiva ao leitor deste trabalho.

Existe uma tendência no meio contábil para que o paradigma positivista seja o único a ser adotado. Sempre destoamos dessa tendência e defendemos estudo voltado também a inserção das humanidades, ou seja, das disciplinas vinculadas às Ciências Humanas no currículo, como Filosofia, Sociologia, Psicologia, História do Pensamento Econômico, dentre outras. Destoávamos de uma gravura que apresentasse o contador como um burocrata defensor da propriedade privada estabelecida e que não tem preocupação com os problemas sociais vividos pelas comunidades que não são bafejadas pelos ventos do capitalismo, que se apresentam com os seus tentáculos, muitas vezes excludentes.

Entendo que a Contabilidade deve estar disposta em um currículo que ensine o discente a desenvolver uma atitude crítica e reflexiva. Que a formação esteja vinculada ao trabalho de despertar os discentes a se tornarem sujeitos de sua ação profissional, acadêmica, social. Apple (2006, p. 28) afirma corajosamente os seguintes posicionamentos políticos- curriculares:

Não posso aceitar como legítima uma definição de educação na qual nossa tarefa é preparar os alunos para “funcionarem” facilmente nos “negócios” de tal sociedade. Um país não é uma empresa. A escola não é parte dessa empresa e sua função não é buscar produzir incessantemente o “capital humano” necessário para administrá-la.

O mundo do trabalho é ponto importante no ambiente educacional. No entanto, não é o único elemento. A educação extrapola a formação unicamente profissionalizante. Com o

currículo não poderia ser diferente. No perfil do egresso do curso, a exigência profissionalizante é marcante.

Entrando no âmbito das Ciências Contábeis, esta precisa estar em consonância com as técnicas contábeis apontadas pelo professor Hilário Franco para melhor compreender a dinâmica do currículo. Esse autor apresenta essas técnicas num quadro por ele denominado sinótico (FRANCO, 1989, p. 23). Neste quadro, encontram-se as técnicas seguintes: Escrituração, que nada mais é do que o registro analítico dos fenômenos de natureza patrimonial; Demonstração Contábil, que é a exposição sintética dos fenômenos registrados pela técnica anterior; Auditoria, que faz levantamento por amostragem para verificar a fidedignidade dos registros e das demonstrações contábeis; Análise de Balanços que é a técnica que disseca, compara e interpreta as demonstrações contábeis. A matéria Contabilidade, no que tange às semelhanças, conta com disciplinas entrelaçadas às técnicas contábeis apontadas no quadro sinótico proposto pelo professor Franco.

Assim, os ramos específicos da Contabilidade se fazem presentes advindos das técnicas acima apresentadas. Exemplo: Contabilidade Comercial, Contabilidade de Custos, Contabilidade da Agropecuária, Contabilidade Pública, Controladoria, entre outros mais. Dessa forma, os campos do Currículo e das Ciências Contábeis se necessitam, interagem, para alcançar níveis mais elevados de concepção de formação do contador para que este tenha maiores possibilidades de cumprir a sua função na sociedade. O currículo do curso tende a construir um perfil de egresso compatível com esses conhecimentos.

Existe um forte entendimento, no meio contábil, em conceder formação para o mercado de trabalho com base mais tecnicista. Carvalho (2010) informa que o mercado de trabalho exerce grande influência na construção dos currículos de Contabilidade. Essa influência constitui apenas uma das influencias existentes, pois a academia deve formar para o trabalho de forma generalista, para esta consciência de ocupação que engrandece e dignifica o homem, mas há outras influências também. O mercado de trabalho constitui uma questão que deve ser atendida em segunda instância. Educa-se para o trabalho em seu entendimento geral e em segundo plano a educação para o emprego, ou seja, para o mercado.

O currículo contábil, assim, precisa estar permeado de práxis e técnica contábil. A primeira promove a interação entre prática e teoria e a segunda constitui os meios através dos quais a Ciência Contábil atinge a sua finalidade que é a construção da clareza, que torna possível aos usuários, dessa ciência, enxergar a realidade patrimonial para tomar decisões coerentes. No entanto, é necessário compreender que por trás do currículo contábil pode estar

um “sistema cada vez mais dominado por um ‘ética’ de privatização, individualismo intransitivo, ganância e lucro” (APPLE, 2006, p. 29). Adiante ele afirma que a “educação não é um empreendimento neutro e de que, pela própria natureza da instituição, o educador estava envolvido em um ato político, estivesse ciente ou não disso” (APPLE, 2006, p. 35). A esse respeito, informa Freire (2005) que “Educação é política”. Todos nós estamos mergulhados em política de natureza educacional, essa é a verdade.

A matéria Contabilidade tem consigo divisões e subdivisões que integram um corpo de disciplinas no currículo. Esse conjunto é distinto nos currículos encontrados nas instituições de ensino superior pelo país a fora. Isso se deve pelo fato de que as várias faculdades divergem no que tange às escolas contábeis contempladas em seus currículos. A faculdade que trabalha com uma estrutura curricular mais voltada ao pragmatismo estadunidense estabelece ensino mais voltado para as técnicas contábeis9.A faculdade que adotar as escolas européias terá como embasamento uma abordagem mais fundamentada no campo das teorias científicas.

Um dos pontos comuns nos currículos de Contabilidade é o Estágio Supervisionado Curricular. Este figura entre as etapas mais relevantes para a formação do profissional da Contabilidade. Trata-se da experiência prática vivenciada pelo aluno no processo de aquisição das habilidades e competências que o currículo do curso intencionalmente objetiva. A relação entre teoria e prática está entre os pontos mais recorrentes no quotidiano da sala de aula do curso. Para Buriolla (2011, p. 13), o “estágio é concebido como um campo de treinamento, um espaço de aprendizagem do fazer concreto [...].” Dessa forma é possível perceber a importância estratégica dessa disciplina para o currículo do curso. Buriolla (2011, p. 11) também afirma que o estágio supervisionado

É o locus apropriado em que o aluno estagiário treina o seu papel profissional, devendo caracterizar-se, portanto, numa dimensão de ensino-aprendizagem operacional, dinâmica, criativa, que proporcione oportunidades educativas que levem à reflexão dos modos de ação profissional e de sua intencionalidade, tornando o estagiário consciente de sua ação.

O estágio antecipa as experiências que o aluno vivenciará na sua vida profissional e ele consegue ver isso in loco. Fazer com que essa experiência seja criativa, dinâmica e configure dimensão de ensino-aprendizagem será o grande desafio das partes que compõe a concretização desse componente curricular.

9 Segundo Hilário Franco (2000) essas técnicas são Escrituração, Demonstração Contábil, Auditoria e Análise de

Para a consecução do processo de estágio, a unidade de ensino, a unidade campo de estágio, o professor supervisor, o profissional também supervisor e o discente compõem as partes interessadas na sua consecução. A qualidade da correlação entre estes entes terá como consequência a realização de estágio que atinja os seus objetivos previamente estabelecidos.

A Resolução 10, de dezembro de 2004, do CNE trata a disciplina de Estágio Supervisionado como elemento curricular obrigatório. No documento, é relevante apreciarmos o seguinte artigo:

Art. 7º - O Estágio Curricular Supervisionado é um componente curricular direcionado para a consolidação dos desempenhos profissionais desejados, inerentes ao perfil do formando, devendo cada instituição, por seus Colegiados Superiores Acadêmicos, aprovar o correspondente regulamento, com suas diferentes modalidades de operacionalização (Manual de Estágio Supervisionado).

Assim, a resolução que organiza os currículos de cursos de Contabilidade no Brasil entende que através do estágio o discente consolida o seu desempenho profissional desejado para a sua carreira.

No Manual de Estágio Supervisionado, o conceito de estágio registrado é o seguinte:

Art. 1º - O Estágio Curricular é um procedimento didático-pedagógico constituído por trabalhos práticos supervisionados, fora do ambiente acadêmico, sendo uma atividade obrigatória, integrante do Curso de Ciências Contábeis e desenvolvido em colaboração com empresas, instituições de pesquisa e desenvolvimento tecnológico, cooperativas e profissionais liberais, de caráter público ou privado, sob condições programadas previamente, com a orientação de um docente e a supervisão de um profissional contábil habilitado mediante aceite da coordenação, sem assumir um caráter de especialização (Manual de Estágio Supervisionado).

O manual é bem claro e posiciona detalhadamente o objetivo do estágio supervisionado.

A Iniciação Científica e as Atividades Complementares são componentes importantes que se fazem presentes nos currículos dos cursos de Contabilidade por força da legislação educacional vigente e por serem realmente importantes. No nosso caso que vivenciamos a primeira estrutura curricular do curso, apenas vivenciamos o Estágio Supervisionao.

Os currículos de Contabilidade são apoiados por outras áreas do conhecimento, como Matemática, Metodologia da Pesquisa Científica, Sociologia, Filosofia, Economia, Direito, Administração, Estudo de línguas, Estatística dentre outras áreas a depender da instituição (Carneiro, 2008).

Em suma, os currículos dos cursos de Contabilidade das instituições de ensino superior do Brasil têm semelhanças e dessemelhanças. As semelhanças superam as dessemelhanças e estas concedem aos currículos suas especificidades e atendem suas vocações regionais, em um país de dimensão continental, como é o caso do Brasil. Carneiro aponta algumas considerações acerca da Resolução 10 de 16 de dezembro de 2004, cuja

[...] proposta de Conteúdo de Formação Básica foi desenvolvida com base no disposto na Resolução CNR/CES número 10/04, de 16/12/04, e o seu conteúdo é composto pelas seguintes disciplinas: Matemática, Métodos Quantitativos Aplicados; Matemática Financeira; Comunicação Empresarial; Economia; Administração; Instituições de Direito Público e Privado; Direito Comercial e Legislação Societária; Direito Trabalhista e Legislação Social; Direito e Legislação Tributária; Ética e Legislação Profissional; Filosofia da Ciência; Metodologia do Trabalho Científico; Psicologia Organizacional e Tecnologia da Informação. (CARNEIRO, 2008, p. 16).

Essas diversas áreas do conhecimento se entrecruzam para a formação do perfil do egresso do curso. A discussão em torno da permanência das disciplinas do campo das Ciências Humanas era sempre calorosa, inflamada. Entre os colegas contadores era difícil tratar desses posicionamentos de defesa de uma formação mais ampliada no campo das humanidades para o contador.

As reuniões na comissão de reestruturação curricular do curso de Ciências Contábeis na UESB, nos anos de 2005 e 2006, despertaram em mim o interesse por este elemento que integra a Educação e concede o poder de decisão para a formação dos discentes para o trabalho no campo das Ciências Contábeis. No entanto, a tarefa se mostrou muito mais difícil do que se imaginava. Os colegas professores iniciaram um jogo de interesses e alguns deles chegaram ao absurdo de defender a sua propriedade sobre disciplinas do currículo. As reuniões ficaram difíceis, mas, enfim, concluímos uma proposta de reformulação que fora encaminhada para a Área Departamental de Ciências Contábeis. Muitas reuniões aconteceram para que a singela proposta se tornasse a nova matriz curricular do curso. Um dos pontos que ficou muito forte nesse período foi a concepção de currículo que se alargou e se aprofundou em comparação àquela concepção inicial que trazíamos conosco.

No que tange à concepção da palavra Contabilidade, é importante salientar que no âmbito das Ciências Contábeis, na composição do termo “contábil”, funde-se os termos “econômico” e “financeiro”. O aspecto financeiro está associado ao fluxo de recursos que se transformam em dinheiro em maior ou menor tempo. Já o aspecto econômico está ligado à infra-estrutura que possibilita a geração de rentabilidade. O patrimônio de uma entidade é

composto de bens, direitos e obrigações. Os bens são os elementos que a entidade detém posse e propriedade. Os direitos são elementos que a entidade tem poder de propriedade e não detém a posse. As obrigações são os componentes patrimoniais que a entidade detém posse e não conta com a propriedade destes (FRANCO, 1995).

Um ponto nevrálgico na execução curricular nos cursos de Contabilidade é a formação pedagógica dos seus docentes. São bacharéis na docência e contam com tamanhas dificuldades em realizar suas tarefas docentes.

No que tange à formação de professores, Arroyo (2011, p. 24) defende que

O lugar onde marcamos nossa formação é no trabalho, nós aprendemos e vamos conformando nossas identidades docentes na própria docência, no cotidiano das salas de aula, na prática de preparar, ensinar nossa matéria. A disciplina que lecionamos e em que nos licenciamos é o referente de nossa identidade profissional: sou professor(a) de matemática, história, biologia...mudou o peso desse referente?

No nosso caso, professor de “Contabilidade” também vamos conformando a nossa identidade na experiência adquirida na sala de aula. No entanto, os alunos pesquisados, ouvidos em nossa pesquisa defendem que mais ferramentas sejam utilizadas para ajudar esses bacharéis na docência. A referência docente necessita de aprimoramento, de reforço.

Segundo Masetto (2012), o professor necessita de experiências no quotidiano educacional no campo da política, da pedagogia e do conhecimento, ou seja, o elemento cognitivo. No que se trata desse último, Tardif (2012, p. 11) informa, no que tange ao saber dos professores, o seguinte entendimento:

Na realidade, no âmbito dos ofícios e profissões, não creio que se possa falar do saber sem relacioná-lo com os condicionantes e com o contexto do trabalho: o saber é sempre o saber de alguém que trabalha alguma coisa no intuito de realizar um objetivo qualquer. Além disso, o saber não é uma coisa que flutua no espaço: o saber dos professores é o saber deles e está relacionado com a pessoa e a identidade deles, com a sua experiência de vida e com a sua história profissional, com as suas relações com os alunos em sala de aula e com os outros atores escolares na escola, etc.

No que se trata do aspecto político, Apple (2006, p. 29) afirma que a vida dele como ativista e professor aconteceu como uma tentativa de “ligar as fronteiras artificiais entre, digamos, política e educação, entre currículo e ensino, de um lado, e questões de poder cultural, político e econômico de outro”. O professor tem consigo uma gama de intencionalidades e isso fica bem claro quando se observa a vivência do professor em sala de aula. A esse respeito, Paulo Freire e Ira Shor (2011, p. 62) se manifestam da seguinte forma:

[...] a educação é um momento no qual você tenta convencer os outros de alguma coisa [...] Independente da política do professor; cada curso aponta para uma direção determinada no sentido de certas convicções sobre a sociedade e sobre o conhecimento. A seleção do material, a organização do estudo, e as relações do discurso, tudo isso se molda em torno das convicções do professor.

A intencionalidade acompanha o professor em sua caminhada docente. A formação continuada desse profissional o ajuda a definir claramente o caminho que ele quer de fato seguir. O professor de Contabilidade, na verdade, é um bacharel que se aventura na atividade docente com a intenção de colaborar no aprendizado dos discentes, mas com as dificuldades naturais para atingir os seus objetivos por ser um bacharel. Esta temática é estudada por Gonçalves (2010) em seu livro intitulado “Bacharéis na docência” que aborda o cotidiano de professores que aprenderam na prática o ofício docente.

Na verdade, os contadores professores necessitam de base pedagógica para atuarem na docência. O quotidiano educacional superior no campo das Ciências Contábeis é carente de experiências vinculadas ao que se chama “aprendizagem” no campo da Pedagogia. O que se encontra, de fato, é o “ensino” em suas mais incipientes expressões de aula expositiva, muitas vezes cansativas e enfadonhas. “O professor não trabalha apenas um “objeto”, ele trabalha com sujeitos e em função de um projeto: transformar os alunos, educá-los e instruí-los” (TARDIF, 2012, p. 13) essa é a complexa tarefa do professor.

Outro ponto crucial é o problema com a frequência de alguns professores. A UESB é uma das universidades estaduais que mais liberdade concede aos seus profissionais da educação. Assim, os docentes não assinam ponto na unidade departamental em que estão lotados. Aos professores comprometidos essa liberdade representa um elemento facilitador, desburocratizador da sua tarefa docente. Mas aos professores que tratam a sua atuação docente como um “bico”, ou seja, uma atividade menos importante, essa medida funciona como uma brecha para professores descomprometidos se fazerem ausentes nos seus horários em sala de aula. Algumas situações aconteceram em que os alunos acabam assinando lista de presença e a encaminham ao colegiado do curso. Este reúne as listas e as apresenta como ponto de pauta na plenária colegiada para discutir a problemática. Assim, esta tem sido a maneira de se tratar o problema, o que é algo extremamente desanimador. Essa questão poderia ser resolvida com a adoção de uma central de cadernetas ou um livro de ponto pelo