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REFORMULAÇÃO CURRICULAR DO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS NA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA, A PARTIR DO OLHAR DOS CONCLUINTES DO CURSO DO ANO DE 2012 DOUTORADO EM EDUCAÇÃO: CURRÍCULO

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Academic year: 2018

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO (PUC/SP) PROGRAMA DE ESTUDOS PÓS-GRADUADOS EM EDUCAÇÃO: CURRÍCULO

MANOEL ANTONIO OLIVEIRA ARAÚJO

REFORMULAÇÃO CURRICULAR DO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS NA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA, A PARTIR DO OLHAR

DOS CONCLUINTES DO CURSO DO ANO DE 2012

DOUTORADO EM EDUCAÇÃO: CURRÍCULO

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MANOEL ANTONIO OLIVEIRA ARAÚJO

REFORMULAÇÃO CURRICULAR DO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS NA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA, A PARTIR DO OLHAR

DOS CONCLUINTES DO CURSO DO ANO DE 2012

Tese apresentada ao Programa de Estudos Pós-Graduados em Educação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP) como requisito para obtenção do título de Doutor em Educação.

Professora Orientadora: Mere Abramowicz

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FICHA CATALOGRÁFICA

TD ARAÙJO, Manoel Antonio Oliveira

Reformulação curricular do curso de Ciências Contábeis na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, a partir do olhar dos concluintes do curso do ano de 2012

São Paulo, p. 172, 2014.

Tese (Doutorado) PUC-SP Programa: Educação: Currículo Orientadora: ABRAMOWICZ, Mere

Palavras-chave: Educação. Currículo. Contabilidade.

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MANOEL ANTONIO OLIVEIRA ARAÚJO

REFORMULAÇÃO CURRICULAR DO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS NA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA, A PARTIR DO OLHAR

DOS CONCLUINTES DO CURSO DO ANO DE 2012

Tese apresentada ao Programa de Estudos Pós-Graduados em Educação-Currículo da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP) como requisito para obtenção do título de Doutor em Educação.

Data da aprovação:

BANCA EXAMINADORA

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AGRADECIMENTOS

Agradeço aos sentimentos e pessoas que nos acompanham a vida:

Em primeiro plano ao sentimento afetivo, pois ele é desafiador, desconcertante, imprevisível... chega no momento que menos esperamos e toma os nossos pensamentos, nossas forças...redireciona nossos propósitos na vida e nos faz perceber a necessidade imperiosa de equacionar os diversos fatores que constituem a vida de forma mais cuidadosa e lúcida. Este tipo de sentimento realiza um dos ideais mais profundos do ser humano que é a vontade de se sentir completo, inteiro e isso advém da interação, da convivência, da conexão de propósitos, apresenta-se como um sol a brilhar e aquece o nosso ser no campo da emoção.

Ao sentimento maternal. Neste nos realizamos por saber que antes de nascer já fomos amados, desejados como criatura de Deus no mundo. É saber que o regaço materno se fundamenta na resignação em cuidar, amparar, aquecer, acompanhar por toda a existência e transcender. Este nobre sentimento a que se liga mãe e filho tem raízes em emoções que a razão humana não explica. Entendo que esses laços se estendam ao nosso passado longínquo em que no cadinho de experiências doces, outras vezes amargas, fundiram a ligação que hoje se materializa na relação filho e mãe. Registro que sou feliz no que me fora concedido por Deus na figura iluminada de dona Creuza Oliveira a me acompanhar os passos bem de perto ontem, hoje e para sempre.

Ao sentimento paternal. Este é mais recente na história da humanidade. É característico das sociedades modernas e tem caminhado de forma acelerada nos últimos tempos. Há quem diga que o mundo sempre fora injusto com as mulheres, mas sei que com os homens a coisa não é muito diferente. Eles sempre precisaram realizar tarefas que os afastava dos mais caros afetos corporificados na figura dos filhos. Assim, as sociedades geravam homens fortes para a lida social e muito frágeis para a convivência familiar. Na verdade, eles amam ao seu jeito. Nos acompanha os passos e jamais nos abandonarão. Esse sentimento se corporifica na figura de seu Deusdete Araújo que se esforça para deixar bem claro que está comigo nesta caminhada que nos leva ás reais conquistas da vida.

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existência. Eles não se deixam enganar, pois sabem de tudo o que se passa em minha alma. Lêem os meus pensamentos.

Ao sentimento que une as famílias nos faz lembrar que somos herdeiros da casa grande descrita pelo grande escritor pernambucano Gilberto Freire no livro “Casa grande e

senzala”. Ele descreve que a casa de alvenaria era no modelo português, ou seja, mais especificamente, do norte de Portugal, mas por dentro, a organização humana era africana. Tenho ancestrais de origem africana, portuguesa e ameríndia. Tenho uma grande família e entre esses familiares eu me sinto muito querido. Sei que a minha vozinha Otília, em Ituaçu, fica feliz com as minhas conquistas na vida acadêmica, sei que a minha tia Nizomar regozija com as minhas alegrias em uníssono comigo, sei que tia Neuza me abrigaria e cuidaria de mim novamente como o fez no primeiro semestre do doutorado, aqui em São Paulo. As tias Zezé, Maria e Nilza que aqui não permitiram que eu me sentisse desgarrado e mantiveram em mim o sentimento de família na grande selva de pedra que é a cidade grande. Rosane, Thaís, Daniela Oliveira, Rafaela Oliveira, Katiane Miro, Marcelo Cabral, Samuel e Rodrigo extrapolam o conceito de primos e se situam como companheiros imprescindíveis nessa minha caminhada. Gabriela e Daniel Araújo são a nossa esperança de continuidade, de sucesso na vida e acompanhamento na velhice que se achegará inevitavelmente, eles são os nossos herdeiros de valores de toda a natureza.

Com a denominação “fraternal” também designamos a emoção que sentimos na

proximidade dos amigos, que é indescritível. Entre estes amigos temos os que desejam o nosso bem, incondicionalmente, e há os que nos tem como um desafio na convivência do quotidiano. Tanto os que estão aqui em São Paulo como os que estão na Bahia representam para mim um grande tesouro. Em especial à amiga, sempre presente, Daniela Alves por suas provas de amizade e carinho no meu percurso nesta cidade.

Ao grupo de pesquisa pelas portas abertas ao conhecimento e convivência edificante, sempre.

À Professora Mere Abramowicz pelo cuidado e acompanhamento por tão gentilmente aceitar ser a minha orientadora sabendo das minhas carências de conhecimento de natureza pedagógica no início do percurso.

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À professora Yara Pires Gonçalves pelo cuidado na leitura e orientações no processo de qualificação, por ser esse exemplo de pesquisadora e professora que muito nos influenciou no grupo de pesquisa.

À professora Marilde Queiroz Guedes por ter tão prontamente aceitado viajar do extremo oeste baiano para participar da banca examinadora com suas contribuições esclarecedoras.

À professora Regina Lúcia Giffonne Luz de Brito por ter aceitado fazer parte dessa banca examinadora.

À professora Marina Graziela Feldmman por ter tão gentilmente colaborado nesse processo de formação educacional em nível de doutorado e se predispor à banca.

À professora Edinalva Padre Aguiar que se deslocou desde a Bahia, Vitória da Conquista, deixando lá tantos compromissos, com o propósito de gentilmente ajudar neste processo de formação educacional.

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Vês, ninguém assistiu ao formidável enterro de tua última quimera. Somente a ingratidão, essa pantera foi a tua companheira inseparável [...].

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RESUMO

Esta tese tem o objetivo de estudar a reformulação curricular do curso de Ciências Contábeis da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia na visão dos concluintes do ano de 2012. O presente estudo é fundamentado teoricamente em estudiosos do currículo e da Contabilidade como Apple, Sacristán, Tardif, Iudícibus, Masetto, Gonçalves, Abramowicz, Stake, entre outros. O curso de Ciências Contábeis na UESB é o cenário em que o estudo acontece. Seus concluintes e seus documentos (Projeto Pedagógico e Legislação vigente) são estudados. Os primeiros foram submetidos ao preenchimento de um questionário com dez questões que funcionou como o instrumento que levantou os dados posteriormente tabulados através da técnica de análise de conteúdo. Também foi utilizada a análise documental como técnica de estudo dos documentos supra-citados. A categoria apontada, no estudo, com maior incidência foi a Reformulação Curricular que recebeu tratamento específico neste trabalho de natureza acadêmico-científico. Esta categoria denomina o trabalho e tem ênfase em sua conceituação e análise. O que se aponta, na verdade, é que o curso necessita de reformulação do atual currículo, de melhor formação de seus professores, da infra-estrutura educacional apropriada para a consecução do currículo prescrito ao curso, de atenção especial ao caráter profissionalizante esperado pelos alunos em sua formação.

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RESUMEN

Esta tesis tiene como objetivo estudiar la reformulación del curso en Contabilidad de la Universidad Estatal del Suroeste de Bahía, en vista de los graduados del año 2012. Este estudio se basa teóricamente en los estudiosos del currículo y de contabilidad como Apple, Sacristán, Tardif, Iudícibus, Masetto, Gonçalves, Abramowicz, Stake, entre otros. El Curso de Contabilidad en UESB es el escenario en el que se realiza el estudio. Se estudian sus graduados y sus documentos (de enseñanza y de Gobierno del Proyecto de Derecho). El primero se sometieron a un cuestionario con diez preguntas que funcionaban como el instrumento que levantó los datos tabulados por la técnica de análisis de contenido. Análisis documental también fue utilizado como una técnica para el estudio de los documentos antes mencionados. La categoría se indica en el estudio, con mayor incidencia fue Curricular Rediseño que recibieron un tratamiento específico en el trabajo de carácter académico y científico. Esta categoría se llama trabajo y tiene un énfasis en su conceptualización y análisis. ¿Cuáles son los puntos , de hecho, es que el curso requiere reformulación del actual plan de estudios , una mejor formación de sus docentes, la infraestructura educativa adecuada para lograr el plan de estudios establecido para el curso, prestando especial atención a su carácter profesional esperado por los estudiantes en su formación.

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ABSTRACT

This thesis aims to study the reformulation of the course in Accounting from the State University of Southwest Bahia in view of the graduates of the year 2012. This study is theoretically grounded in the curriculum scholars and Accounting as Apple, Sacristán, Tardif, Iudícibus, Masetto, Gonçalves, Abramowicz, Stake, among others. The Accounting course in UESB is the setting in which the study takes place. Their graduates and their documents (Teaching and Governing Law Project) are studied. The first underwent completing a questionnaire with ten questions that functioned as the instrument that raised the data tabulated by the technique of content analysis. Documentary analysis was also used as a technique for studying the above - mentioned documents. The category indicated in the study, with the highest incidence was Curricular Redesign who received specific treatment in the work of academic and scientific nature. This category is called work and has an emphasis on in the conceptualization and analysis. What are points, in fact, is that the course requires reformulation of the current curriculum, better training of their teachers, the appropriate educational infrastructure to achieve the prescribed curriculum for the course, special attention to professional character expected by students in your formation .

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Pontos positivos do currículo ... 104

Gráfico 2 – Pontos Negativos do Currículo ... 105

Gráfico 3 – Disciplinas a serem acrescentadas ao Currículo... 106

Gráfico 4 – Disciplinas a serem excluídas do Currículo ... 107

Gráfico 5 – Atividades Complementares... 108

Gráfico 6 – Estágio Supervisionado ... 108

Gráfico 7 – Alunos que desaprovam a disciplina Estágio Supervisionado ... 109

Gráfico 8 – Temática escolhida para o TCC ... 110

Gráfico 9 – Mercado de Trabalho Contábil ... 111

Gráfico 10 – Exercício na Profissão Contábil no Exterior ... 111

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Respostas mais frequentes para a pergunta 1 ... 104

Tabela 2 – Respostas mais frequentes para a pergunta 2 ... 104

Tabela 3 – Respostas mais frequentes para a pergunta 3 ... 105

Tabela 4 – Respostas mais frequentes para a pergunta 4 ... 106

Tabela 5 - Respostas mais frequentes para a pergunta 5 ... 107

Tabela 6 – Respostas mais frequentes para a pergunta 6 ... 108

Tabela 7 – Alunos que desaprovam a disciplina Estágio Supervisionado ... 109

Tabela 8 – Respostas mais frequentes para a pergunta 7 ... 110

Tabela 9 – Respostas mais frequentes para a pergunta 8 ... 110

Tabela 10 – Respostas mais frequentes para a pergunta 9 ... 111

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

CCCCONT – Colegiado do Curso de Ciências Contábeis DCSA – Departamento de Ciências Sociais Aplicadas

EPENN – Encontro de Pesquisa em Educação do Norte e Nordeste FAPESB – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IES – Instituição de Ensino Superior PROGRAD – Pró-reitoria de Graduação

UEFS – Universidade Estadual de Feira de Santana UESB – Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia UESC – Universidade Estadual de Santa Cruz

UFRB – Universidade Federal do Recôncavo da Bahia UFVSF – Universidade Federal do Vale do São Francisco UNEB – Universidade do Estado da Bahia

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 17

O Pesquisador ... 18

Percurso Docente...21

Trajetória no Doutorado ... 24

CAPÍTULO 1 – O CENÁRIO DA TESE: O CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS DA UESB...26

CAPÍTULO 2 - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA...30

2.1 Concepção Teórica de Currículo... 30

2.2 A Reformulação Curricular ... 38

2.3 O Currículo e as Ciências Contábeis ... 42

CAPÍTULO 3 – METODOLOGIA DA PESQUISA...56

3.1 Pesquisa Qualitativa...56

3.2 Procedimentos...59

3.2.1 Análise Documental...59

3.2.2Questionário Aplicado ... 60

CAPÍTULO 4 – APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS DOS QUADROS DE ANÁLISE DE CONTEÚDO ... 63

CAPÍTULO 5 – DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ADVINDOS DOS QUADROS TABELAS E GRÁFICOS ... 74

5.1 O contexto da Reformulação Curricular no Curso de Ciências Contábeis...74

5.2 Proposta de Reformulação do Currículo do Curso de Ciências Contábeis...75

5.3 A Formação docente para o curso de Ciências Contábeis...83

5.3 A Educação Profissional e o Mercado de Trabalho do Contador ... 85

CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS... 87

87 REFERÊNCIAS ...90

ANEXOS ... 93

ANEXO A – Quadro de análise de conteúdo por pergunta organizado horizontalmente ...93

ANEXO B – Tabelas e gráficos referentes ás incidências de respostas na coleta de dados ... 104

ANEXO C - Regulamento das Atividades Complementares do Curso de Ciências Contábeis ... 113

ANEXO D – Regulamento de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) ... 120

ANEXO E – Manual de Estágio Supervisionado do Curso de Ciências Contábeis ... 124

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INTRODUÇÃO

Esta tese de doutorado tem como objetivo geral investigar a reformulação do currículo do Curso de Ciências Contábeis na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, embasado na visão dos concluintes do curso, no ano de 2012, com vistas ao aperfeiçoamento do currículo das Ciências Contábeis na UESB. O estudo no campo teórico revela a necessidade de observar, analisar, apreciar os pontos de vista dos concluintes do curso sobre a atual estrutura curricular, ou seja, a matriz curricular de 2007 que teve a sua primeira turma a se graduar no ano letivo de 2012. Este trabalho também tem a proposição de apontar possíveis contribuições dos estudos para a próxima reformulação curricular do curso de Ciências Contábeis na UESB.

O trabalho mira, portanto a reformulação curricular do curso acontecida em 2007. Para começar, os conceitos sobre currículo foram estudados a partir de um conjunto de autores. Em seguida, trabalhamos esses conceitos que foram se entrelaçando com as idéias que constituem a Contabilidade.

Realizamos o estudo dos documentos do curso: o Projeto Pedagógico, o Perfil do Egresso, a Matriz Curricular de 2007 e a que lhe antecedeu, ou seja, a de 1999, as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Superior com ênfase no curso de Ciências Contábeis e a Resolução 10 de 2004 do Conselho Nacional de Educação que trata da organização curricular para os cursos de Contabilidade no Brasil.

Posteriormente, elaboramos um questionário aplicado aos discentes concluintes do curso no ano de 2012 com a intenção de construir um olhar, uma percepção, um ângulo de visão advindo destes alunos que vivenciaram a estrutura curricular estudada.

Assim, em síntese, procuramos estudar os conceitos de currículo e de Contabilidade, analisar os documentos relativos ao curso e estudar o olhar dos concluintes sobre o currículo por meio dos questionários aplicados e analisados.

A metodologia privilegiou a abordagem qualitativa. Os procedimentos metodológicos foram a análise documental e a aplicação de questionários aos sujeitos discentes. Para o estudo dos questionários aplicados foi utilizada a análise de conteúdo que possibilitou apreciar as dez questões apontando os tópicos relevantes, os temas advindos destes tópicos e as categorias que se apresentaram e foram trabalhadas nos capítulos da tese. No trabalho de análise de conteúdo, “que tem por objetivo dar forma conveniente e representar de outro

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p. 51) constituíram-se quadros que geraram tabelas e estas possibilitaram a construção de gráficos que ajudaram na escrita dos capítulos que tratam das categorias encontradas na coleta de dados, junto aos concluintes.

O problema que se apresenta no cenário da pesquisa diz respeito à temática da

“reformulação curricular do curso em 2007”. Sendo assim, pergunta-se: para a consecução da reformulação curricular do curso de Ciências Contábeis foram levados em consideração os documentos e opiniões dos sujeitos discentes? Com essa questão, iniciou-se estudo no cenário da pesquisa, que é o curso de Ciências Contábeis, para iniciou-se ter como meta saber se a atual matriz curricular cumpriu a sua função na formação educacional no campo da Contabilidade da instituição estudada.

Esta tese é resultante da nossa vivência como professor da UESB nas disciplinas de Contabilidade Geral, Ética Geral e Profissional e como vice-coordenador (2005-2006) e coordenador do colegiado do curso (2007-2008) no período da implantação da atual estrutura curricular que começou a vigorar a partir de 2007. Também é resultante de trajetória como docente em escolas da rede estadual e municipal do Estado da Bahia. O embasamento que dá origem a presente questão de pesquisa é resultado de vivências ocorridas em muitos anos de trabalho no âmbito da Educação e das Ciências Contábeis.

O objeto a ser estudado, neste trabalho, enfoca uma análise crítica da reformulação do currículo aplicado ao curso de Ciências Contábeis na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia no ano de 2012 e sua contribuição para a formação do contador através dos pontos de vista dos concluintes do curso no ano de 2012.

O trabalho de pesquisa desta tese, em torno desse objeto, perseguirá a apreciação dos diversos currículos1 presentes no curso e não apenas o currículo formal, escrito (o que foi prescrito como desejável). Assim, a pesquisa buscará o currículo experienciado (o que os alunos percebem e como reagem ao que está sendo feito) (Sacristán, 2008).

O Pesquisador

Desde a infância a escola exerceu fascínio sobre mim. Quando contava três anos, a minha mãe, costureira e bordadeira, fez conjunto de fardamento com bermuda de tergal azul e

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camisa branca de algodão com o escudo da escola pintado no peito esquerdo. Igual ao fardamento do meu irmão que já tinha sete anos. Eu ia para a escola com ela e ele, todos os dias. O meu irmão entrava na sala de aula e eu voltava para casa, pois não tinha idade para frequentar a escola. Lembro-me também do meu encanto com os livros, pois o meu pai havia

comprado na feira da cidade de Brumado uma cartilha com o nome “O Circo” e eu ficava

deslumbrado com as figuras e os textos que nela continha. Foi o primeiro livro que eu li na vida, de uma capa à outra. Lembro-me que antes mesmo de aprender a ler, de fato, eu já tinha memorizado quase todas as histórias desta cartilha que infelizmente não a encontrei em pesquisa na internet atualmente.

A minha caminhada educacional iniciou-se em Ituaçu, pequena cidade do interior da Bahia, situada na micro-região da Chapada Diamantina. Nesta cidade eu me alfabetizei no Grupo Escolar Alfredo Vieira Lima no ano de 1980. Também nesta escola eu cursei as quatro séries do curso primário, hoje Fundamental.

Vale registrar que fiz parte da primeira turma da pré-escola na cidade. Quando completei cinco anos, a professora responsável foi à minha casa para informar que seriam abertas matrículas para a pré-escola na cidade e que ela já estava sabendo da vontade que eu tinha de estudar (numa cidade tão pequena, todos se conheciam). Assim, iniciei os meus estudos na pré-escola.

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perguntas. Elas temiam quando eram designadas a trabalhar as suas aulas didáticas na minha sala. Minha intenção era apenas ajudar! Conclui o Curso Primário no ano de 1985.

Da quinta série ao primeiro ano do Ensino Médio eu estudei no Colégio Estadual Frei Pedro Tomás Margallo, também em Ituaçu. Contei com professores inesquecíveis. A seriedade deles me imprimiu gosto pelos estudos. As disciplinas em que eu mais me sobressaia eram História, Geografia, Ciências, Língua Portuguesa e Literatura.

A adolescência chegou de forma violenta, mexeu com os meus valores existenciais, religiosos e afetivos. Tudo parecia fora do lugar. O rendimento escolar continuava bom. Passei a questionar o movimento católico. Desejava uma filosofia que me explicasse com maior clareza questões de ordem espiritual. Assim, passei a me interessar mais por filosofia. Uma sede de saberes me consumia. Nesta fase eu questionava a ausência de estudos no campo da História que tratasse dos povos africanos subsaarianos, do Oriente Médio, da China, Japão e Índia. Já se tratava de um questionamento de natureza curricular. Outra questão que me incomodava, na época, era o fato de que a disciplina OSPB (Organização Social e Política Brasileira) e EMC (Educação Moral e Cívica) passavam a idéia de morbidez, pois no início da década de 1980 essas idéias já estavam em franca decadência. Não demorou muito e o currículo sofreu mudanças com a exclusão dessas disciplinas pelas autoridades educacionais do Brasil para não se lembrar desses momentos sombrios da história do país que acabou influenciando negativamente a educação em alguns pontos.

Lembro-me que nessa época eu observava os meus colegas e percebia que alguns

deles “pescavam” nas provas, o que também é conhecido como“cola”. Um certo dia eu anotei

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Logo que concluí o Ensino Médio, a minha família se mudou para a cidade de Vitória da Conquista. Embora já tivesse cursado o primeiro ano do Ensino Médio, na época chamado de Básico, essa série dava base para cursos profissionalizantes existentes na cidade como o Curso Técnico em Contabilidade, Mercadologia, Administração e o curso de Magistério. Chegando em Vitória da Conquista, cidade em que moro até os dias atuais, precisei estudar no primeiro ano do curso profissionalizante em Contabilidade, pois aquela série chamada

“Básico” apenas constava disciplinas de formação científica e o curso de Contabilidade era técnico. Assim, estudei, no Centro Integrado Navarro de Brito, os três anos da formação de Técnico em Contabilidade concluindo o curso no ano de 1994. Conseguia destaque como aluno, pois na época a família passava por um momento delicado e eu conseguia ajudar dando aulas de reforço das disciplinas de Contabilidade, Matemática e Língua Portuguesa, mas na verdade eu estava sendo muito mais ajudado, pois essas aulas acabaram realizando, em mim, a preparação para os vestibulares que eu faria logo depois e nos quais conseguiria sucesso.

Fui aprovado no processo seletivo da Universidade Federal da Bahia para o curso de licenciatura e bacharelado em Ciências Biológicas e para o curso de bacharelado em Ciências Contábeis na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. Escolhi a Contabilidade, pois não teria como ir morar em outra cidade dado que as condições econômicas não permitiriam. Assim, concluí o curso no ano de 1999. Nos últimos quatro anos da graduação eu trabalhava como carteiro nos Correios da cidade. Isso me garantiu certa tranqüilidade econômica. Logo que o curso estava concluído eu pedi demissão dos Correios.

Trajetória docente

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2000. Sentia que era a minha vocação e, na ausência do licenciado em Matemática, em meio às carências do sertão baiano, no campo da educação, eu assumi a disciplina para as turmas de 1º ano do Ensino Médio e algumas outras turmas com Língua Portuguesa, no Ensino Fundamental, para cobrir lacunas, pois, era junho e havia transcorrido alguns meses do ano letivo. No início foi muito difícil, a preocupação com a didática adequada estava sempre presente e as carências nesse campo se tornavam nítidas diante dos meus olhos. Nesse período, também senti a necessidade de entender o porquê do encadeamento das temáticas que deveriam ser trabalhadas com os alunos, ou seja, o currículo. Dessa forma, iniciei uma reflexão que me levaria, anos mais tarde, a abraçar estudos sobre esta intrigante e interessante temática da educação que é o currículo.

A minha estranheza, no que diz respeito ao currículo, estava situada na razão de que as temáticas nem sempre se reportavam a questões pertinentes á realidade vivida pelos alunos naqueles rincões do sertão brasileiro. Estudar sem estabelecer metas a serem alcançadas na realidade vivida pelos estudantes dificulta o processo de aprendizagem. O professor fica na situação de ter que trabalhar o conteúdo da disciplina desvinculado de uma aplicação prática, concreta, real.

Mesmo com as dificuldades naturais, o ano letivo foi concluído com sucesso inesperado. Os alunos percebiam os meus esforços e seriedade na prática docente e respondiam muito bem às proposições dirigidas a eles e isso era muito gratificante. Meu desempenho com Língua Portuguesa foi satisfatório, tanto que no ano seguinte apenas trabalhei com essa disciplina. O fato se deve ao hábito de leitura que cultivei em toda a minha vida. Sempre gostei de ler Machado de Assis, Gabriel Garcia Márquez, Artur Azevedo, conhecia de cor algumas poesias de Augusto dos Anjos, Castro Alves e havia lido muitas das obras de Jorge Amado. Este é o escritor que tem a narrativa que mais me encanta e que mais proximidade tem com as minhas raízes nordestinas.

No ano de 2000, iniciei a especialização lato sensu em Controladoria pela Fundação Visconde de Cairu, de Salvador, instituição secular que se ocupa dos estudos no campo das Ciências Contábeis. O pedido de demissão dos correios foi providencial, pois trabalhando como professor eu tive um incremento na renda que me capacitou poder pagar o curso de especialização na instituição particular de ensino. No ano de 2001, conclui a especialização.

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Trabalhei em Cândido Sales por três anos (2001, 2002 e 2003) e só deixei o município quando fui aprovado, em primeiro lugar, em seleção para professor substituto na Universidade Estadual de Santa Cruz, no município litorâneo de Ilhéus, no Sul da Bahia. Nesta seleção, constavam as disciplinas Contabilidade de Custos e Contabilidade Gerencial a serem lecionadas nos cursos de graduação em Ciências Contábeis, Administração e Economia. Ao adentrar no Ensino Superior, em 2003, o sentimento que me tomou foi agradável, afinal estava trabalhando naquilo em que eu me preparei por muitos anos. As ideias em torno do currículo das Ciências Contábeis começaram a se aclarar na minha mente. Iniciei um processo de análise mais crítica em torno da concepção de currículo aplicado às Ciências Contábeis. Trabalhei na instituição por três semestres e a deixei quando o Departamento de Ciências Administrativas e Contábeis (DCAC) decidiu reduzir a minha carga horária pela metade o que me impossibilitava de permanecer morando em Itabuna. Neste tempo, eu já estava aprovado no concurso público para professor auxiliar na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), o que me permitiu deixar a UESC e retornar à minha querida Vitória da Conquista para trabalhar com as disciplinas de Comércio Exterior e Ética Profissional. Trabalho nesta instituição desde o dia 18 de agosto de 2004.

No ano de 2005, na condição de professor auxiliar do curso de Ciências Contábeis, na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, aceitei integrar comissão de reformulação do currículo do curso. Nessa comissão eu tive a oportunidade de realizar estudos significativos para a construção de uma concepção sobre currículo. No ano seguinte eu já entraria como vice-coordenador do colegiado.

Em fevereiro de 2007 fiz seleção para o mestrado em Educação na Universidade Federal da Bahia. Fui aprovado e conclui o curso com a defesa no dia 08 de abril de 2009. No mestrado eu compreendi que a área das Ciências Contábeis necessitava estar mais integrada às Ciências da Educação. O curso possibilitou a inserção em um universo novo, repleto de possibilidades de realização. Nesse ambiente eu conheci pessoas inseridas no campo da educação que me proporcionaram reflexões novas. As leituras constituíram outra oportunidade de aprendizado. A dissertação de mestrado tratando de “avaliação curricular do curso de Ciências Contábeis” despertou ainda mais a vontade de me aprofundar nessa área do

conhecimento educacional e, assim, tornar-me discente neste programa de doutorado em Educação-Currículo na PUC/SP.

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assim, que temos limites e amadureci com isso. A experiência no curso de mestrado foi extremamente edificante, cursei as disciplinas obrigatórias de Práxis Pedagógica, Abordagens, Técnicas de Pesquisa em Educação, Projeto de Dissertação e as optativas Avaliação e Educação e Administração da Educação. O contato com o ambiente acadêmico proporcionou reflexões que muito me ajudaram no processo de amadurecimento como docente. A experiência como coordenador do colegiado do curso de Ciências Contábeis também foi relevante, pois permitiu que eu conhecesse mais profundamente a instituição e a estrutura legal exigida para o funcionamento de um curso de graduação. Durante a minha gestão aconteceu um envolvimento mais sério dos alunos com o curso, as reuniões colegiadas aconteceram com dinamicidade e a reformulação curricular foi concluída com êxito. Em conseqüência do mestrado houve em mim um despertar para a escrita acadêmica. Foram extraídos seis artigos da dissertação. Cinco já foram enviados. O primeiro não foi aprovado no Encontro de Pesquisa em Educação do Norte e Nordeste (EPENN), em João Pessoa, na Paraíba, em julho de 2009, mas eu estive presente no evento como ouvinte. O segundo foi aprovado no Colóquio Internacional do Museu Pedagógico da UESB e apresentado no evento. O terceiro foi aceito no ENECON (Encontro Nordestino de Contabilidade), São Luís no Maranhão, e foi apresentado em agosto de 2009, durante o evento. O quarto foi enviado para a IX Convenção dos Contabilistas do Estado da Bahia, foi aprovado e apresentado em novembro de 2009, o quinto artigo foi enviado para a Faculdade de Educação da UFBA para ser analisado por uma junta de professores, também foi aprovado e conta como o capítulo 15 da coletânea organizada pelo professor Robinson Tenório e Reginaldo de Souza Silva junto à Editora Edufba lançado no dia 09 de junho de 2009 , constante nas referências desse trabalho, com o título: Avaliação curricular do curso de ciências contábeis na UESB em co-autoria com o professor José Wellington Marinho de Aragão, meu orientador.

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Trajetória no Doutorado

Agora, estou empenhado no curso de doutorado. Desejo contar com o título de doutor em Educação para desenvolver as habilidades em torno da pesquisa científica com maior profundidade para, assim, conceder às Ciências Contábeis o meu contributo.

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e Avaliação Educacional, três disciplinas de Formação de Educadores e três de Projetos Integrados. Também estudei o idioma Espanhol para valer como proficiência em Língua Estrangeira já que no mestrado eu já tinha realizado este teste na Língua inglesa.

Participei do grupo de pesquisa “Currículo; questões atuais” desde o início do curso. Publicamos capítulo em dois livros. O primeiro livro foi publicado em 2011, sendo o quarto volume, cujo título é “Qualidade em educação: como conseguir a formação integral dos alunos”, o capítulo é intitulado “Qualidade na Educação em Licínio C. Lima”, em co-autoria com um dos colegas do grupo. Em 2013, no livro “Reflexões sobre práticas docentes de qualidade no Ensino Superior”, foram publicados três capítulos, em co-autoria com outros colegas participantes do grupo. Os capítulos são: “Primeiros ensaios: a produção de um

questionário na pesquisa em Educação (Cap. 1), “O professor e sua prática” (Cap. 4),

“Pesquisa e conhecimento” (Cap. 6).

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CAPÍTULO 1 – O CENÁRIO DA TESE: O CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS DA UESB

O curso de Ciências Contábeis na UESB iniciou-se no ano de 1993 e veio responder a um anseio antigo da comunidade Conquistense que mantinha os seus jovens estudantes em cidades como Salvador e Belo horizonte para que se tornassem contadores.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)2 o município de Vitória da Conquista conta com aproximadamente 336.987 habitantes. É um pólo urbano de destaque regional para o Sudoeste da Bahia e o norte do Estado de Minas Gerais. A cidade surgiu em meio ao sertão baiano no que hoje é chamado de Planalto da Conquista e fica em altitude no em torno de 1000 metros. O clima de montanha é bastante agradável e a cidade desfruta de grande progresso econômico na atualidade.

O comércio é forte e existe um número considerável de escritórios de Contabilidade. As empresas de maior porte contam com as suas contadorias internas, ou seja, setores que fazem o trabalho de registro contábil e montagem das demonstrações sintéticas.

A missão do curso, constante no Projeto Pedagógico (2007, p. 22) é a seguinte:

Formar profissionais aptos a compreender as questões científicas, técnicas, sociais, econômicas e financeiras, em âmbito nacional e internacional e nos diferentes modelos de organização; a apresentar pleno domínio das responsabilidades funcionais envolvendo apurações, auditorias, perícias, arbitragens, noções de atividades atuariais e de quantificações de informações financeiras, patrimoniais e governamentais, com a plena utilização de inovações tecnológicas e revelar capacidade crítico analítica de avaliação, quanto às implicações organizacionais com o advento da tecnologia da informação.

Como é possível observar, a missão é complexa e árdua de ser atingida. No entanto, constam na missão acima transcrita as técnicas que a Ciência Contábil tem consigo para realizar o seu trabalho como ciência. A missão do curso está em consonância com o artigo 3 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação ( LDB), de número 9394, de 20 de dezembro de 1996.

O curso tem o propósito de fornecer formação acadêmico-contábil para aqueles que querem instrução para o trabalho no mercado regional. Para isso, utiliza, atualmente, a sua terceira matriz curricular. A primeira atendeu ao curso a partir do ano de 1993, a segunda estrutura curricular passou a vigorar no ano de 1999 e a terceira está em uso desde 2007. Esta

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tem reconhecimento junto ao Conselho Estadual de Educação (CEE – BA) para vigorar até o ano de 2014. No entanto, alguns docentes e também discentes têm a necessidade de revisão de alguns pontos desta estrutura curricular atual, como o Estágio Curricular Supervisionado, as Atividades Complementares, entre outros pontos.

A Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia surgiu na década de 1980 para atender a uma região geográfica vasta e ao mesmo tempo carente de educação superior. A instituição, atualmente, é composta por três campi, um em Vitória da Conquista, onde funciona a reitoria, um segundo campus em Jequié, a 160 quilômetros e o terceiro em Itapetinga, que dista 100 quilômetros da sede, em Vitória da Conquista.

A UESB conta atualmente com 26 cursos em diversas áreas do conhecimento. Está em franca expansão e conta com muito prestígio em meio à opinião pública regional do Sudoeste da Bahia. A instituição veio atender demanda por ensino superior advinda de famílias que costumeiramente mantinham os seus filhos estudando em outras cidades do Brasil.

O Estado da Bahia conta com quatro instituições de ensino superior: Universidade Estadual da Bahia (UNEB), com sede na cidade de Salvador, é a instituição que conta com o maior número de alunos e atende os baianos mantendo campi nos recantos mais distantes do vasto estado da Bahia, ou seja, da zona da mata litorânea aos cerrados do Oeste baiano, dos planaltos ao sertão escaldante; Universidade de Feira de Santana (UEFS) com sede na cidade de Feira de Santana, no agreste da Bahia; Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) com sede na cidade de Ilhéus, no Sul e, por fim, a UESB, no Sudoeste do estado, também chamada de meso-região Centro-Sul, pelo IBGE.

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Um dos problemas evidentes e que ainda persiste nas universidades estaduais na Bahia é o incipiente incentivo à pesquisa cientifica. Estas instituições concedem mais ênfase ao ensino e esse é o ponto a ser revisto no plano educacional destas instituições. Esta questão acaba criando dificuldades para o desenvolvimento dos alunos dos seus cursos na vida social, profissional e acadêmica. Não faz mais que uma década, o governo do estado fundou a Fundação de amparo à pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB). A esse respeito, se encontra a informação seguinte no sítio da fundação:

A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia3 FAPESB, instituição de direito público, foi criada em 27 de agosto de 2001, através da Lei Nº 7.888, com o objetivo de estimular e apoiar o desenvolvimento das atividades científicas e tecnológicas do Estado. A Lei N° 8.414, de 02 de janeiro de 2003, vincula a FAPESB à Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação – SECTI.

Esta fundação vem fomentando o desenvolvimento da pesquisa desde então. A expectativa é que essa realidade se transforme e as oportunidades para o trabalho de pesquisa recebam o seu devido destaque no estado.

Existe um problema de evasão dos pesquisadores-doutores em se manterem vinculados às universidades do estado por não encontrarem nestas o ambiente adequado para a realização dos trabalhos de pesquisa científica com laboratórios e carga horária adequados. Assim, acabam por buscar instituições que lhes propiciem o devido apoio para as atividades de pesquisa que, de fato, interessam os professores-pesquisadores. Nas universidades baianas o foco central está ainda no ensino e isso gera esses problemas de fixação dos pesquisadores. A esse respeito, o documento Carta Consulta, em sua introdução (Anexo 6.5) defende que

De acordo com a atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a educação superior tem por finalidade, além daquela de formar profissionais nas diferentes áreas do conhecimento, incentivar o trabalho de pesquisa, o qual deverá constituir-se um lastro na estrutura curricular dos cursos oferecidos e das demais ações desenvolvidas pelas universidades. Nesse sentido, a mesma lei aponta mudanças na política de qualificação docente para que assegure um quadro de professores com titulação de pós-graduação stricto sensu, em condições de implementar, dinamizar e intensificar, de forma sistemática, a produção acadêmica, científica e cultural nas universidades (CARTA CONSULTA, 1998).

Nesse sentido, é fácil observar que a instituição se esforça para a qualificação do seu quadro docente. O problema se encontra na infraestrutura para o trabalho de pesquisa na instituição. Alguns professores defendem que as universidades tenham a criação da Secretaria

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CAPÍTULO 2 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Na consecução deste trabalho contou-se com autores como Carneiro, Sacristán, Moreira e Silva, Schmidt, Freire, Sá, Marion, Goodson, Apple, Arroyo, Abramowicz no campo conceitual e Demo, Chizotti, Triviños, Stake e Gil no campo da metodologia da pesquisa científica. O primeiro tópico trata da “Concepção Teórica de Currículo”, o segundo estuda a “Reformulação Curricular” em seus conceitos e o terceiro apresenta “O Currículo e as Ciências Contábeis”.

2.1 Concepção Teórica de Currículo

São muitos os autores que se debruçam sobre a temática “currículo”. No entanto, alguns nos chamam a atenção, de maneira mais acentuada. Autores como Apple, Sacristán, Silva, Tardif, Arroyo, Freire recebem especial atenção neste estudo.

Para Sacristán (2000), o currículo sempre está em movimento e emana de modelos que são utilizados para se pensar educação. Esse modelo atenderá jovens e adultos que necessitam dessa organização de saberes.

Segundo o curriculista inglês Goodson (2010, p. 31), o termo “currículo vem da

palavra latina “Scurrere”, correr e refere-se a curso (ou carro de corrida)”. Adiante, este

mesmo autor apregoa que o currículo pode ser definido como “um curso a ser seguido”.

Para aclarar o entendimento, Gonçalves (2010), em seu livro intitulado “Ensinantes aprendizes”, defende que o currículo hoje é a interlocução de várias dimensões (histórica, política, epistemológica, social, étnica, de gênero, fenomenológica, autobiográfica, estética, teológica, internacional, dentre outras mais). E ainda afirma que o currículo é o “locus de

produção de cultura, ideologia e relações de poder, adquirindo cada vez mais uma visão

polissêmica. É considerado campo de formação e profissionalização da docência”

(GONÇALVES, 2010, p. 30).

De acordo com a agência Educabrasil4 (2011), Currículo escolar: Conjunto de dados relativos à aprendizagem escolar, organizados para orientar as atividades educativas, as formas de executá-las e suas finalidades. Geralmente, exprime e busca concretizar as intenções dos sistemas educacionais e o plano cultural que eles personalizam como modelo ideal de escola defendido pela sociedade. A concepção de currículo inclui desde os aspectos

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básicos que envolvem os fundamentos filosóficos e sociopolíticos da educação até os marcos teóricos e referenciais técnicos e tecnológicos que a concretizam na sala de aula.

Quando Gonçalves (2010) trata do currículo e da prática docente, destaca as seguintes ponderações:

[...] a história do currículo é uma história social centrada numa epistemologia social do conhecimento escolar, preocupada com as suas consequências na produção do conhecimento socialmente organizado porque envolve formação de valores, atitude ética, validade e legitimidade do que foi estabelecido (GONÇALVES, 2010, p. 20).

Assim, defende que o currículo há de ser o “espaço do nós e não do eu”

(GONÇALVES, 2010, p. 21), ou seja, há de ter caráter social.

No tópico que trata das implicações contextuais para o pensamento curricular brasileiro ressalta-se a seguinte citação:

A história econômica, política e cultural do Brasil determina a história do currículo nas nossas escolas. Influências vindas de fora, de países colonizadores que inculcaram nos colonizados ideologias de dominação que repercutem até os nossos dias. O pensamento curricular brasileiro reflete essas ideologias autoritárias (GONÇALVES, p. 24, 2010).

Sabe-se que a cultura da classe dominante se manifesta no currículo de forma intensa. As sociedades européias se fizeram presentes nos planos de estudo dos brasileiros por muito tempo. Ainda hoje é possível identificar essas influências. Recentemente, o Brasil vivenciou um momento histórico que usou do abuso da autoridade para influenciar o currículo escolar. Gonçalves (2010) cita a ditadura militar como um período em que a formação de professores passou a ser uma preocupação da nação brasileira. No entanto, nesse período, a Educação sofreu as influências de uma patologia política que fez uso de autoritarismo para fazer valer o seu posicionamento unilateral em vários campos de atividade e em especial a Educação que sofreu golpes terríveis em sua dignidade, e em seu currículo. Verifiquemos o texto transcrito abaixo:

O ideário emergido do período de ditadura (1964-1985) de controle moral e ideológico foi de fundamental importância na formação dos professores e na formação de sua consciência crítica, o que se reflete até hoje no posicionamento curricular brasileiro (GONÇALVES, 2010, p. 24).

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ditadura militar deixou marcas na educação até os nossos presentes dias. No entanto, registrou que a preocupação com a formação de professores realizou trabalho relevante para o desenvolvimento da Educação no Brasil.

O currículo emerge do quotidiano da escola. A escola é uma instituição antiga que se presta aos objetivos altruístas da sociedade em conceder instrução às novas gerações de forma inovadora e eficiente. Assim defende-se que “em se tratando da prática escolar, ressalta que nela se encontra o motor gerador de nova compreensão da realidade social para possível transformação (GONÇALVES, 2010, p. 25)”. A transformação social, objetivo da escola e do currículo também, visa às melhorias contínuas do pensar, do falar e do agir (a concepção de currículo, nos últimos anos, tem ganhado maior profundidade em função de mais profunda compreensão da cultura escolar no Brasil, nos últimos tempos). No entanto, autores de renome como Apple (2006, p. 36) manifestam a sua, constantemente renovada, surpresa ao perceber que “[...] as relações entre o conhecimento aberto (ou manifesto) e o conhecimento encoberto (ou oculto) ensinados nas escolas, os princípios de seleção e organização desses conhecimentos e os critérios e modos de avaliação utilizados para ‘medir o sucesso’ do ensino.

Assim, o ambiente escolar traz consigo experiências que surpreendem até os mais experimentados estudiosos da educação. A escola é uma invenção antiga que se apresenta em nossos dias com a tarefa de, fazendo uso de currículo dinâmico e vivo, colaborar efetivamente com o progresso social e tornar esse mesmo currículo cada vez mais coadunado com a realidade da vida das pessoas a que ele se destina. As escolas não apenas organizam a distribuição da propriedade econômica como também disponibiliza a propriedade simbólica –

capital cultural – que as escolas preservam e distribuem (APPLE, 2006, p. 37).

A dinamicidade em um currículo é perceptível através da sua conexão com a realidade da vida das pessoas. O currículo precisa contemplar as necessidades primeiras da manutenção do quotidiano e, assim, partir para as aspirações mais elevadas que nos projeta para o futuro. O currículo exerce o poder de definir trajetórias para a vida de pessoas e de sociedades inteiras. A leitura da cultura vigente, estabelecida, passa pelas entrelinhas de um currículo previamente construído. Por isso, existe a necessidade de se estreitar os laços do currículo com a realidade, com o intuito de construir um currículo integrado aos dias atuais.

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se aplicam de forma genérica e outros que têm uma necessidade local, ou seja, na comunidade específica, para ser trabalhado. Este mesmo autor afirma que “o currículo é considerado um

artefato social e cultural” (MOREIRA, 2011, p. 13) e este dito é um dos mais difundidos conceitos que sintetiza o currículo nos dias atuais. O termo “artefato” se emprega para definir o processo em que o currículo se submete constantemente. O termo “Social” se deve ao fato de que o currículo é resultante de uma convivência, de um conjunto de debates, diálogos, experiências que são agregadas em uma síntese a que chamamos currículo em suas diversas

angulações. O termo “cultural” se aplica por se entender que a intencionalidade presente no currículo acaba por confirmar esta ou aquela cultura como hegemônica no processo de

formação educacional. Adiante, o mesmo autor afirma que “O currículo não é um elemento

inocente e neutro de transmissão desinteressada do conhecimento social” (MOREIRA, 2011, p. 14), e, dessa forma, é possível compreender que os termos “social e cultural” interagem na rápida e competente conceituação do currículo como um artefato dessa natureza.

Crianças, jovens e adultos, inseridos no ambiente escolar, respiram uma estrutura de currículo que necessita estar de acordo com a ética para assim atingir os seus objetivos. O termo escolarização é mencionado pelos teóricos e encontra-se neste termo, de forma implícita, a identidade da tradição educacional nas variadas temáticas em estudo, a saber, as Ciências Contábeis.

A cultura de escolarização da Contabilidade, no Brasil, iniciou-se com a Escola de Comércio Álvares Penteado, na cidade de São Paulo, no início do século XX. O curso tratava de práticas de comércio (SCHMIDT, 2006) e, dá início a uma sequencia de cursos desta natureza no Brasil. Com isso, a Universidade de São Paulo, junto à sua Faculdade de Economia, Administração e Ciências Contábeis (FEA – USP) – passa a oferecer o curso de Ciências Contábeis em vinculação com a Escola Norte Americana de Contabilidade, esta com feição pragmática, ou seja, tecnicista.

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oculto na Educação formadora de consciência social. O currículo está vinculado à história das nações, à cultura dos povos. O problema maior é que o currículo é construído para as elites5, no final das contas. Dessa forma, é possível perceber que a ideia de currículo universal não se vê aplicado em todas as situações e a dicotomia de opressor e oprimido (FREIRE, 1995) emerge e exige estudo para uma boa compreensão.

O maior propósito do currículo é elevar o nível do conhecimento para que, assim, seja possível orientar as pessoas na busca de melhor qualidade de vida. Para isso, é necessário implantar um currículo permeado pela prática didática amorosa, afetiva, emancipatória, libertadora (FREIRE; SHOR, 2011, p. 68). Currículo é uma questão problemática que recorre a valores de ordem política, econômica e que se evidencia no campo histórico. Trata-se de um campo conflitivo em que aspectos estratégicos são considerados. Assim, surgem perguntas

como “qual disciplina escolher?”, “Quantas disciplinas inserir?”, “Quais disciplinas excluir?”,

etc.. No que tange à questão que apresenta o currículo como um campo conflitivo, Goodson se expressa da seguinte forma:

Poderá haver constância na prática da sala de aula. Mas será que não farão parte deste enredo o conflito histórico em torno dos precedentes desta prática, a construção e reconstrução desses parâmetros? Mesmo que haja dicotomia entre o currículo escrito, teoria curricular e prática, será que esta dicotomia não é parte de um problema contínuo [...](GOODSON, 2010, p. 23).

A lógica a ser perseguida está na razão de se distinguir os verdadeiros valores, os que de fato contam para as competências e habilidades dos demais aspectos que expressam apenas modismos frívolos. Dessa forma, o conflito será atenuado.

Um dos pontos que gera questionamento constante está na manutenção das disciplinas

no currículo, confirmando o “enfoque curricular racionalista acadêmico” (SILVEIRA FILHO, 1981, p. 106). O que se recomenda, nesse caso, é o inter-relacionamento constante entre essas disciplinas na vivência do currículo. As incertezas, as diversas teorias, a falta de consenso faz com que a Educação permita que o paradigma experimental se mantenha presente, com pretensões de hegemonia.

Existe uma tendência observável em se homogeneizar os currículos. O projeto de currículo há de contar com a vontade no bem, na prática da virtude, ou seja, embasado em reflexão ética. Existem diversas propostas de construção curricular e cada instituição deverá

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construir a sua organização curricular ouvindo os diversos interessados na construção e execução curricular.

Outro pensador importante que trata de currículo em sua obra é o professor pernambucano Paulo Freire. Este se destaca por defender o homem como um ser inacabado (FREIRE, 1995) e, esta condição, faz com que este ser esteja em constante construção de conhecimentos e de valores. No campo da educação os valores estão vinculados ao respeito ao aluno e à solidariedade entre todos os pares que interagem no processo educativo. A esse respeito, aconteceu um fato inusitado, recentemente, quando todos os alunos homens, de uma classe, na cidade mineira de Governador Valadares, rasparam a cabeça em solidariedade a um dos colegas que estava em tratamento contra o câncer6. Então, é natural que no quotidiano da sala de aula se encontrem valores intrínsecos nos alunos.

O professor Paulo Freire, assevera que a virtude da esperança é tratada como o inédito viável e ele defendia esse posicionamento com uma linguagem que continha termos regionais e internacionais oriundos de sua vasta experiência em escolas de vários países durante o exílio imposto pela ditadura militar (FREIRE, 1995). No campo da sua ontologia ética, Paulo Freire (1995) defendia o “ser mais”, pois o homem sempre tem que querer ser mais. Além da

ontologia ética, ele também defendia a ontologia estética e nesse aspecto se entende que esse

ser inacabado está buscando ser mais também em beleza, pureza, ou seja, “boniteza” que era

uma das suas expressões favoritas. Freire também escreveu poesias – Canção óbvia – em que apresenta a esperança como um sentimento necessário para a manutenção da vida em sociedade, em família. Também defendia que a espera não é vã se esta vier acompanhada de ação. Educar, para Freire, significa intervir no mundo, agir para a transformação, é um ato de conhecimento, um ato político e carregado de intencionalidade. É válido ressaltar que em seus escritos, Freire denuncia que a boniteza do ato de conhecer vem se perdendo em meio a tantas outras questões que caracterizam a experiência estética e que faz parte da educação. A dimensão de natureza estética é importante para dar colorido ao processo de educação. A vertente tecnicista, a educação por resultados acabam descolorindo a boniteza do processo educativo. A moral está vinculada à coerência e a indignação, ante os acontecimentos que evidenciam mazelas. Assim, é um dos autores que mais defende valores morais no currículo.

Ele combateu a educação como domesticação, ou seja, a educação bancária. Defendeu uma educação problematizadora. Escreveu que “ao contrário da educação “bancária”, a

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educação problematizadora, responde à essência do ser e da sua consciência, que é sua

intencionalidade, nega os comunicados e existencía a comunicação” (FREIRE, 2005, p. 77).

Assim, quem caminha para o estabelecimento da autonomia do ser e para a negação da opressão que uns podem exercer sobre outros indivíduos. Freire concede legado formidável para a posteridade e influencia decisivamente a concepção de currículo no Brasil quando trabalha em prol da humanização da educação.

Partindo para o panorama internacional, é válido ressaltar que um fato histórico importante aconteceu quando, a partir de 1800, a França inicia uma série de políticas públicas para organizar a Educação e, por consequência organizar a sociedade (anotações de sala de aula – epistemologia do currículo). A língua tem um poder imenso sobre a organização do currículo e nisso a França e a Inglaterra trataram de promover a sua unificação com a inserção de uma língua nacional, o que a Alemanha e a Itália só fizeram tardiamente. Esses fatos históricos influenciaram o currículo em suas concepções iniciais.

Nos currículos embasados nos princípios da Revolução Francesa é o Estado que se responsabiliza pela construção e execução do currículo e um sentimento nacional é advindo de uma língua comum e um currículo também comum.

No sistema anglo-americano, o currículo advém do conjunto de agremiações que o elaboram e recebem apoio do Estado.

Os europeus organizaram o seu currículo, no que tange aos parâmetros curriculares, no ano 2000. Em julho de 2010 foi montada, no Brasil, uma proposta de currículo básico; trata-se de um conjunto de conhecimentos básicos e acessíveis a todos os cidadãos. A apreciação dos conceitos em torno do currículo básico, proposto para o Brasil, e, que foi votado pelo Congresso nacional tem consigo que a tarefa de construção do currículo também passa a ser uma proposição para todos de forma sistematizada. Resta saber se esta proposta atende às necessidades presentes neste Brasil do século XXI.

No campo da avaliação educacional, o termo atual e forte no momento é a

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A Fenomenologia no currículo faz com que se admita a verdade dos sujeitos que atuam na Educação. Estes escolherão as temáticas que exercem influência sobre a sua realidade. Quando aprendo uma ciência, passo a contar com a chave para adentrar no mundo acadêmico. Na reforma curricular européia o elemento que mais está em evidência é a

“competência”. Não existe hegemonia fenomenológica no contexto da reforma curricular, no

entanto é possível perceber uma reação ao Positivismo que defende um currículo estanque. Já o currículo com tendência fenomenológica determina a maneira como se vê a realidade subjetiva que faz acontecer o próprio currículo, assim, relata a questão da identidade pontuando as filosofias que influenciam as políticas de currículo na atualidade. O planejamento curricular será permeado das escolhas do sujeito, fazendo uso do conhecimento escolar.

Na realidade de construção do currículo, apontam-se conceitos. MOREIRA (2002) que defende que o conhecimento de currículo é “poderoso”, enfatiza que esse conhecimento é do

“poderoso”. Entende que a construção do currículo é um processo que se modifica constantemente e o poder de modificação do currículo é manipulado por pessoas ou instituições que detém poder de decisão, quase sempre.

É necessário admitir que a totalidade da vivência educacional do discente não pode estar presente apenas no currículo. Fora da escola existe outros elementos que contribuem na formação educacional discente.

No campo da Contabilidade, os estudos em torno dos conceitos de ordem curricular, com aplicação à realidade acadêmico-contábil, poderão proporcionar maior clareza para a avaliação curricular e ao conseqüente levantamento de características adequadas, já implantadas e, a sugestão de elementos curriculares, ideias que poderão contribuir para o seu melhoramento. Sendo a Contabilidade uma ciência social aplicada, beneficia-se dos estudos que enfocam Educação em seu aspecto de generalidade, currículo como instância específica.

No caso deste trabalho específico, o pesquisador necessitará verificar como a instituição produz conhecimento, ou seja, como executa o seu currículo, como ela funciona.

Segundo Applle, “o pesquisador deve compreender como as regularidades cotidianas de

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2.2 A Reformulação Curricular

Esta temática permeia toda a tese. É a palavra inicial desta jornada em busca de conhecimento sobre As Ciências da Educação e as Ciências Contábeis. A palavra reformulação é o termo mais usado na região Sudoeste da Bahia para conceituar o processo de transformação a que os currículos são submetidos e essa informação advém da convivência no meio educacional, acadêmico na UESB.

No momento, o curso de Ciências Contábeis está vivenciando a sua terceira estrutura curricular. Tenho informações que já se está articulando comissão no colegiado do curso para os trabalhos de reformulação para a sua quarta configuração de currículo.

A tese de GUEDES (2010), que trata da reestruturação curricular dos cursos de Pedagogia da UNEB (Universidade Estadual da Bahia) constitui um dos textos que mais influenciou a escrita desta tese. A autora é muito cuidadosa na maneira como descreve a legislação que orienta o curso em sua trajetória histórica. Assim, é possível traçar um paralelo que se aplica na experiência vivida no âmbito da Contabilidade. Existem semelhanças interessantes. Outro ponto importante é a maneira como ela realiza a interação entre os instrumentos de coleta de dados. Ela escreve com maestria tornando a leitura da sua tese muito agradável. Por fim, o texto de GUEDES (2010) constituiu boa e utilíssima leitura do curso de doutorado experienciado até então.

Outro texto de grande relevância trata de currículo de Ciências Contábeis em que CARVALHO (2010) apresenta estudo criterioso sobre o novo modelo contábil brasileiro que se baseia nas transformações ocorridas em âmbito internacional que interferem na concepção de Contabilidade na atualidade. A mundialização da Contabilidade tem repercutido na legislação que norteia a prática contábil no Brasil.

Na verdade, o processo de mundialização das práticas contábeis vem acontecendo desde tempos imemoriais. Isso ocorre porque em cada etapa do desenvolvimento da Contabilidade sempre houve uma nação que reunia conhecimentos e os exportava juntamente com as sua tecnologias para serem adotados pelos demais países interessados e necessitados de incremento no campo do registro e racionalização dos seus elementos patrimoniais.

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O Brasil através da Lei de número11.638 de 2007 apresentou a sua interpretação desse processo de mundialização da Contabilidade. Esse fato interfere no currículo dos cursos de Contabilidade no Brasil. Assim, no processo de reformulação curricular haverá de constar disciplinas que tratem dessas questões de tamanha importância no cenário contábil atual.

Também é CARVALHO (2010, p. 118) quem informa que anterior ás DCN para o curso superior em Contabilidade vigorava a Resolução 3 de 1992 do Conselho Nacional de

Educação que era conhecida como a “Resulução dos currículos mínimos”. Esta fora

substituída pela Resolução 10 de dezembro de 2004, do CNE, que complementa a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) de 1996.

As Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso superior em Ciências Contábeis no Brasil determinam o que não se pode faltar no currículo. O funcionamento de um curso depende minimamente desses pressupostos, ou seja, elementos essenciais e integrantes de um currículo de Ciências Contábeis estão citados na diretriz. No entanto, elementos outros poderão ser agregados ao currículo de forma a atender as necessidades educacionais específicas de formação discente ou de singularidade regional. Entre os elementos essenciais estão o Estágio Supervisionado, As Atividades Complementares, Monografia, Regime acadêmico de oferta, sistema de avaliação, entre outros.

No que tange à conceituação de currículo, é fácil constatar que este é constituído de história e Moreira (2011, p. 14) informa que “O currículo não é um elemento transcendente e atemporal – ele tem uma história, vinculada a formas específicas e contingentes de organização da sociedade e da educação.” Então, percebe-se que o currículo atua como modelador da sociedade.

O currículo do Curso de Ciências Contábeis da UESB tem um conjunto de elementos que caracterizam a sua história. Essa história deve ser considerada para o processo de reformulação. A terceira estrutura reunida às anteriores ajudarão a compor a quarta organização curricular do curso. Os professores, os alunos egressos, a secretária, os alunos atuais, a Pró-Reitoria de Graduação (Prograd), o Departamento das Ciências Sociais Aplicadas são partes que construiram a história do curso.

Ainda no que se trata do currículo em seu trajeto educacional, ele ser entendido como

“um território em disputa” e esta sentença denomina livro de Arroyo (2011). Ele entende que

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Todo território cercado está exposto a ocupações, a disputas, como todo território sacralizado está exposto a profanações. As lutas históricas no campo do conhecimento foram e continuam sendo lutas por dessacralizar verdades, dogmas, rituais, catedráticos e cátedras. A dúvida fez avançar as ciências e converteu o conhecimento em um território de disputas (ARROYO, 2011, p. 17).

Assim, a luta por espaço, por território caracteriza o processo de construção e manutenção de um currículo. A reformulação acontece em meio a essas altas temperaturas em que docentes, discentes, instituição, comunidade se enfrentam para disputar poder no ambiente curricular. Nesse caso, dependerá da abertura do processo em considerar as influências de cada par. Assim, caracterizará o ambiente em dialogável, influenciável ou não. Dessa forma

Em estruturas fechadas, nem todo conhecimento tem lugar, nem todos os sujeitos e experiências e leituras de mundo têm vez em territórios tão cercados. Há grades que tem por função proteger o que guardam e há grades que tem por função não permitir a entrada em recintos fechados. As grades curriculares têm cumprido essa dupla função: proteger os conhecimentos definidos como comuns, únicos, legítimos e não permitir a entrada de outros conhecimentos considerados ilegítimos, do senso comum (ARROYO, 2011, p. 17).

A palavra “grade” é utilizada em larga escala nos ambientes educacionais por alunos e professores para designar a estrutura do currículo. No entanto, alguns reagem a esse termo indagando que grade figura prisão, contenção. Arroyo brilhantemente apresenta o termo grade em sua função de fato no território de disputa de poder que é o currículo. É fácil perceber os ânimos aflorados de professores, alunos, membros representantes da instituição de ensino, membros representantes de conselhos educacionais ao apresentarem suas propostas de contorno para o currículo em reformulação.

É fácil perceber que algumas pessoas se mostram realmente prisioneiras de valores já obsoletos e estas insistem em inserir esses valores na configuração de um novo currículo. O exemplo mais comum são professores que insistem em manter seus interesses pessoais, ou seja, “suas”7 disciplinas intactas durante um período longo em que muitas mudanças aconteceram, muitos livros foram lançados trazendo novos conhecimentos, novas perspectivas ao conhecimento dessa disciplina enquanto esse docente defende a inércia, a estática, muitas vezes.

Para situar o currículo do curso em sua história e a necessidade de reformulação a comunidade acadêmica necessitará reconhecer um conjunto de sinais que venham a solicitar a devida mudança curricular. Arroyo (2011, p. 10) parafraseando Fernando Pessoa contempla o

Imagem

Gráfico 1  –  Pontos positivos do currículo
Gráfico 2 – Pontos Negativos do Currículo
Gráfico 3 – Disciplinas a serem acrescentadas ao Currículo
Gráfico 4 – Disciplinas a serem excluídas do Currículo
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Referências

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