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O debate sobre as “cotas” – a Lei 12.711/12

3. POLÍTICAS PÚBLICAS DE AÇÃO AFIRMATIVA (PAAS)

3.1. A S P OLÍTICAS P ÚBLICAS DE A ÇÃO A FIRMATIVA NO B RASIL

3.1.1. O debate sobre as “cotas” – a Lei 12.711/12

Antes de apresentar o histórico e a discussão acerca das políticas públicas de ação

90 Criada pela Medida Provisória n° 111, de 21 de março de 2003, convertida na Lei nº 10.678. Foi vinculada ao Ministério da Justiça no Governo de Michel Temer pela Medida Provisória nº 726 de maio de 2016. Em fevereiro de 2017, a Medida Provisória incluiu a SEPPIR à estrutura do Ministério dos Direitos Humanos

afirmativa na forma de cotas para negros(as) e indígenas nas instituições de ensino superior, faz-se importante retomar o que já fora apresentado na introdução: o ensino superior brasileiro foi criado para atender aos interesses da elite do país e até o final do Século XX se configurava como privilégio de uma minoria que representava pouco mais de 20% da população de 18 a 24 anos, sendo ainda mais excludente para a população negra, uma vez que, destes, apenas 4% eram negros. Ou seja, uma universidade inclusiva e diversa nunca esteve no projeto político brasileiro que mantém um paradigma positivista de ciência que deslegitima qualquer conhecimento que não se respalde em valores eurocêntricos.

Dito isso, torna-se menos surpreendente as reações contrárias à política de cotas para as universidades brasileiras, conquistada através da luta dos movimentos negros que reivindicaram e reivindicam políticas públicas que corrijam as diferenças socioeconômicas e culturais causadas pelo legado da escravidão e pela ideologia da democracia racial.

Prova disso é que a Lei das cotas aprovada em 2012 é resultado de um longo processo de debates e disputa pela inclusão da questão étnico-racial na reserva de vagas para o ensino superior.

O projeto de lei que deu origem à Lei 12.711/12 data de 1999. Foi o PL nº73/1999 de autoria da Deputada Nice Lobão (PFL/MA) que dispunha sobre a reserva de 50% das vagas nas universidades públicas, a serem preenchidas mediante seleção de alunos nos cursos de ensino médio, tendo corno base o Coeficiente de Rendimento (CR), obtido através da média aritmética das notas obtidas no período, considerando-se o currículo comum a ser estabelecido pelo Ministério da Educação e do Desporto, ou seja, tratava-se de um novo mecanismo de seleção de estudantes para ingresso no ensino superior, alternativo ao vestibular, que previa a inclusão de estudantes das escolas públicas, mas ainda sem recorte étnico-racial. O quadro a seguir apresenta os PLs que foram sendo apensados até chegar a sanção da Lei 12.711/12

Quadro 2 – Projetos de Lei que resultaram na Lei 12.711/12

DATA APENSADO AUTOR(A) EMENTA

24/02/1999 PL 73/1999 Deputada Nice Lobão (PFL/MA)

Dispõe sobre o ingresso nas universidades federais e estaduais e dá outras providências. Reserva

cinquenta por cento das vagas para serem

preenchidas mediante seleção de alunos nos cursos de ensino médio - cota universitária.

23/09/1999 PL 1.447/1999 Deputado Celso Giglio (PTB/SP)

Dá nova redação ao art. 53 da Lei nº 9.394, de 24 de dezembro de 1996, estabelecendo reserva de 40% das vagas nas faculdades públicas, para alunos oriundos de cursos médios, ministrados por escolas

públicas.

14/02/2000 PL 2.069/1999

Dep. Raimundo Gomes de Matos (PSDB/CE)

Dispõe sobre reserva de 50% das vagas nas instituições de ensino superior públicas para alunos que tenham cursado integralmente, os níveis fundamental e médio em escolas públicas.

16/05/2000 PL 1643/1999 Senador Antero Paes de Barro (PSDB/MT)

Estabelece reserva de 50 % das vagas nas universidades públicas para alunos que tenham cursado integralmente, os níveis fundamental e médio em escolas públicas.

13/12/2000 PL 1643/1999* 236/06/2004 PL 3.627/04 Poder executivo (Ministro da Educação Tarso Genro)

Institui Sistema Especial de Reserva de Vagas para estudantes egressos de escolas públicas, em especial negros e indígenas, nas instituições públicas federais de educação superior e dá outras providências.

06/06/2005 PL 615/2003 Murilo Zauith (PFL/MS)

Dispõe sobre a obrigatoriedade de vagas para indígenas que forem classificados em processo seletivo, independentemente de sua classificação, sem prejuízo das vagas abertas para os demais alunos.

11/08/2005 PL 1.313/03 Deputado Rodolfo Pereira (PDT/RR)

Institui o Sistema de cota para a população indígena nas Instituições de Ensino Superior.

28/05/2007

PL 373/03 Deputado Lincoln Portela (PL/MG)

Institui cotas para idosos nas instituições públicas de educação superior.

PL 2.923/04 Deputado Lincoln Portela (PL/MG)

Dispõe sobre a dispensa de vestibular nas universidades públicas federais para maiores de sessenta anos de idade.

23/08/2007 PL 1.736/07

Deputado Neucimar Fraga (PR/ES)

Dispõe sobre reserva de vagas em instituições públicas federais de ensino nas condições que especifica (50% para estudantes que tenham cursado integralmente o ensino público e destas vagas, a proporção de autodeclarados negros e indígenas de acordo com a população na Unidade da Federação onde estiver localizada a instituição, segundo o IBGE).

30/08/2007 PL 14/07

Deputado José Aristodemo Pinotti (DEM/SP)

Garante, no mínimo, 20% (vinte por cento) das vagas nas universidades públicas aos alunos que tenham cursado todo ensino médio em

estabelecimento público de ensino, modificando o inciso IV do art. 53 da Lei nº 9.394/96.

04/09/2008 PL 3.913/08 Senador Ideli Salvatti (PT/SC)

Institui o sistema de reserva de vagas para estudantes egressos de escolas públicas nas instituições federais de educação superior, profissional e tecnológica.

29/08/2012 Lei 12.711/12

Fonte: câmara.gov.br Elaboração própria

* A repetição de apensamentos deve-se à discussão nas diferentes Comissões onde os PLs são desapensados e apensados novamente em novas discussões

Como foi possível visualizar no quadro, apenas em 2004 é incluída a questão étnico-racial no debate sobre cotas. O PL 3.627/04 foi o primeiro a trazer o debate sobre a

necessidade de inclusão de pessoas negras e indígenas. O projeto previa a reserva de 50% das vagas para estudantes que cursaram integralmente o ensino médio em escolas públicas e, destas, a proporção de autodeclarados negros e indígenas na população da Unidade da Federação onde estivesse situada a instituição, segundo o último censo do IBGE.

Dos doze projetos apresentados antes da Lei 12.71/12, apenas dois incluíam a questão étnico-racial na política de inclusão ao ensino superior e dois traziam apenas a questão indígena para o foco do debate. Desta forma, foram 13 anos de disputas entre diversas propostas até chegar à Lei 12.711, sancionada em 29 de agosto de 201291, pela então presidenta Dilma Rousseff. De acordo com a Lei:

Art. 1o As instituições federais de educação superior vinculadas ao Ministério da Educação reservarão, em cada concurso seletivo para ingresso nos cursos de graduação, por curso e turno, no mínimo 50% (cinquenta por cento) de suas vagas para estudantes que tenham cursado integralmente o ensino médio em escolas públicas.

Parágrafo único. No preenchimento das vagas de que trata o caput deste artigo, 50% (cinquenta por cento) deverão ser reservados aos estudantes oriundos de famílias com renda igual ou inferior a 1,5 salário-mínimo (um salário-mínimo e meio) per capita.

Art. 2o (VETADO).

Art. 3o Em cada instituição federal de ensino superior, as vagas de que trata o art. 1o desta Lei serão preenchidas, por curso e turno, por autodeclarados pretos, pardos e indígenas e por pessoas com deficiência, nos termos da legislação, em proporção ao total de vagas no mínimo igual à proporção respectiva de pretos, pardos, indígenas e pessoas com deficiência na população da unidade da Federação onde está instalada a instituição, segundo o último censo da Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. (Redação dada pela Lei nº 13.409, de 2016)

A Lei 12.711/12 ficou conhecida popularmente como a Lei de Cotas e acalorou o debate nacional sobre as relações étnico-raciais, acabando por explicitar o racismo na perversidade de quem utiliza-se da ideologia da democracia racial para reclamar uma igualdade falsa que mantém o status quo no qual a população negra se mantém em desvantagem em todas as esferas da sociedade.

Importante destacar que antes da Lei, 40 das 58 universidades federais já realizavam alguma modalidade de ação afirmativa, entretanto, ao homogeneizar os procedimentos e estabelecer a obrigatoriedade da reserva de vagas, a Lei passa a assegurar uma maior efetividade da ação afirmativa (FERES JÚNIOR et. Al, 2013). Além disso, 27

91

A lei foi regulamentada pela Portaria Normativa nº 18 do MEC, de 11 de outubro de 2012, e o Decreto nº 7.824, da mesma data.

universidades estaduais já possuíam algum tipo de ação afirmativa antes da Lei (que abarca apenas as instituições federais), conforme se pode observar no gráfico a seguir:

Gráfico 2 - Universidades com Ação Afirmativa de inclusão antes da Lei 12.711/12

Conforme foi possível observar, diversas universidades públicas, federais e estaduais já praticavam algum tipo de ação afirmativa de inclusão antes da Lei normatizar a política para as instituições federais.

A nível estadual, conforme apresentado no capítulo anterior, o Estado do Rio de Janeiro foi o pioneiro na discussão de cotas. A Lei Estadual nº 3.527/00 estabeleceu a reserva de 50% das vagas para estudantes que cursaram integralmente os Ensinos fundamental e médio em instituições da rede pública dos Municípios e/ou do Estado (RJ) nas duas universidades estaduais – Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e a Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF). A partir de 2001, a Lei Estadual n. 3708/01

estabeleceu cota de até 40% para a população negra no preenchimento das vagas relativas aos cursos de graduação destas Universidades (RIO DE JANEIRO, 2000; 2001). Nos anos seguintes, o Paraná, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul estabeleceram Leis Estaduais para políticas de ação afirmativa.

A UnB, no entanto, foi a primeira universidade pública federal a adotar 20% de cotas para a população negra e indígena, iniciando a inclusão no segundo semestre de 2004. De acordo com Filice e Santos (2010) a UnB descarta, desta forma, a indiferença e o

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2 2 2 1 7 1 4 1 3 4 1 0 1 3 6 4 5 12 7 2

desconhecimento do mundo acadêmico com a relação à exclusão racial, rompe com a homogeneidade racial no corpo discente e abre novos saberes originários de outras realidades vividas.

O quadro a seguir apresenta as universidades públicas – estaduais e federais – que estabeleceram algum tipo de política de ação afirmativa antes de se tornar Lei em âmbito federal.

Quadro 1 - Adoção de Política de Ação Afirmativa nas IES brasileiras – 2000 a 2014

ANO IES PAA Beneficiários

% reserva Meio de adoção 2000 Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro - UENF

Cota

Escola pública, negros, indígenas, pessoas com deficiência, outros

45,5% Lei Estadual

Universidade do Estado do

Rio de Janeiro - UERJ Cota

Escola pública, negros, indígenas, pessoas com deficiência, outros 45,0% Lei Estadual 2001 Universidade Estadual do Paraná - UNESPAR Acréscimo

de Vaga Indígenas Lei Estadual

Universidade Estadual do Norte do Paraná - UNESPAR

Acréscimo

de Vaga Indígenas Lei Estadual

2002

Universidade do Estado do Rio Grande do Norte - UERN

Cota Escola pública e pessoas com

deficiência 56,8% Lei Estadual

Universidade Estadual do Rio Grande do Sul - UERGS

Cota

Escola pública, negros, indígenas e pessoas com deficiência

60,3% Lei Estadual

2003

Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul - UEMS

Cota Negros e indígenas 30,1% Lei Estadual

2004 Universidade de Brasília - UnB Cota e acréscimo de vaga Negros e indígenas 20,0% Resolução do Conselho Universitário e Lei Federal Universidade do Estado do Amazonas (UEA) Cota e acréscimo de vaga

Escola pública, indígenas e

residentes do Estado 75,0% Lei Estadual

2004

Universidade do Estado de Mato Grosso Unemat

Cota e acréscimo de vaga

Escola pública, negros e

indígenas 60,5%

Resolução Conselho Universitário Universidade (Estadual) de

Pernambuco Cota Escola Pública 20,0%

Resolução do Conselho Universitário Universidade Estadual de

Alagoas - UNEAL Cota Escola Pública 49,9% Lei Estadual

Universidade Federal do Recôncavo da Bahia - UFRB Cota e acréscimo de vaga

Escola Pública, Baixa renda, negros, indígenas,

quilombolas e pessoas com

51,4%

Resolução do Conselho Universitário e

deficiência Lei Federal

Universidade Estadual de

Montes Claros - Unimontes Cota

Escola pública, baixa renda, negros, indígenas e pessoas com deficiência

45,0% Lei Estadual

Universidade do Estado de

Minas Gerais - UEMG Cota

Escola pública, negros, indígenas e pessoas com deficiência

49,9% Lei Estadual

Universidade Estadual de

Campinas - Unicamp Bônus

Escola Pública, negros e indígenas

Resolução do Conselho Universitário

Universidade Federal do

Tocantins - UFT Cota

Indígenas (1ª a adotar cotas p

indígenas) 5,0% Resolução do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão, Lei Federal 2005 Universidade Federal da Bahia Cota

Escola pública, negros e

indígenas 45,0% CONSEPE N° 3A/2004 Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira - UNILAB Cota e bônus

Escola pública, baixa renda,

negros e indígenas 50,4% Lei Federal Universidade Federal do

Rio Grande do Norte - UFRN

Cota e bônus

Escola pública, baixa renda, negros, indígenas e residentes do interior 50,1% Resolução do Conselho Universitário e Lei Federal Universidade Federal do Pará - UFPA Cota, Bônus e acréscimo de vaga

Escola Pública, Baixa renda, negros, indígenas,

quilombolas e pessoas com deficiência 54,6% Resolução do Conselho Universitário e Lei Federal Universidade Federal de

Juiz de Fora - UFJF Cota

Escola pública, baixa renda,

negros e indígenas 50,6% Resolução do Conselho Universitário e Lei Federal Universidade Federal de

São Paulo - Unifesp Cota

Escola pública, baixa renda,

negros e indígenas 50,2% Resolução do Conselho Universitário e Lei Federal Universidade Estadual de Londrina Cota e acréscimo de vaga

Escola pública e negros 40,1%

Resolução do Conselho Universitário

2006

Universidade Federal do

Maranhão - UFMA Cota

Escola pública, baixa renda, negros, indígenas e pessoas com deficiência

59,1%

Resolução Conselho Universitário Universidade de São Paulo -

USP

Cota e bônus

Escola Pública, negros e

indígenas 10,5%

Resolução do Conselho Universitário

2006

Universidade Federal Rural de Pernambuco - UFRPE

Cota e bônus

Escola pública, baixa renda, negros, indígenas e residentes do interior 50,0% Resolução do Conselho Universitário e Lei Federal Universidade Estadual de

Feira de Santana - UEFS

Cota e acréscimo de vaga

Escola pública, negros,

indígenas e quilombolas 55,5%

Resolução do Conselho Universitário Universidade Estadual de

Santa Cruz - UESC Cota

Escola pública, negros,

indígenas e quilombolas 52,0%

Resolução do Conselho Universitário

Universidade Estadual de

Ponta Grossa - UEPG Cota

Escola pública, negros e

indígenas 37,9% Resolução do Conselho Universitário 2007 Universidade do Estado da Bahia - UNEB Cota e acréscimo de vaga Negros e indígenas 46,1% Resolução do Conselho Universitário Universidade Federal Fluminense - UFF Cota e Bônus

Escola pública, baixa renda,

negros e indígenas 51,2% Resolução do Conselho Universitário e Lei Federal Universidade Federal do

ABC - UFABC Cota

Escola pública, baixa renda, negros, indígenas e pessoas com deficiência 53,2% Resolução do Conselho Universitário e Lei Federal Universidade Federal do Paraná - UFPR Cota e acréscimo de vaga

Escola pública, baixa renda, negros, indígenas e pessoas com deficiência 50,8% Resolução do Conselho Universitário e Lei Federal Universidade Federal de Santa Catarina Cota e acréscimo de vaga

Escola pública, baixa renda,

negros e indígenas 52,0% Resolução do Conselho Universitário e Lei Federal Universidade Federal de

Santa Maria Cota

Escola pública, baixa renda, negros, indígenas e pessoas com deficiência 52,8% Resolução do Conselho Universitário e Lei Federal 2008 Universidade do Estado do Amapá Cota

Escola pública, negros, indígenas e pessoas com deficiência

11,8% Lei Estadual

Universidade Estadual do

Piauí - UESPI Cota Escola pública e negros 29,3%

Resolução do Conselho Universitário Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas - UNCISAL

Cota Escola Pública 50,0%

Resolução do Conselho Universitário Universidade Federal de

Sergipe - UFS Cota

Escola pública, baixa renda, negros, indígenas e pessoas com deficiência 52,2% Resolução do Conselho Universitário e Lei Federal Universidade Federal de

Goiás - UFG Cota

Escola pública, baixa renda,

negros e indígenas 50,1%

Resolução do Conselho Universitário e Lei Federal Universidade Federal dos

Vales do Jequitinhonha e Mucuri - UFVJM

Cota Escola pública, baixa renda,

negros e indígenas 50,7% Resolução do Conselho Universitário e Lei Federal Universidade Federal de

Uberlândia - UFU Cota

Escola pública, baixa renda,

negros e indígenas 50,3% Resolução do Conselho Universitário e Lei Federal Universidade Federal de

Ouro Preto - UFOP Cota

Escola pública, baixa renda,

negros e indígenas 44,6% Resolução do Conselho Universitário e Lei Federal Universidade Federal de

Minas Gerais - UFMG Cota

Escola pública, baixa renda,

negros e indígenas 50,0%

Resolução do Conselho Universitário e

Lei Federal

Universidade Federal do

Espírito Santo - UFES Cota

Escola pública, baixa renda,

negros e indígenas 56,1% Resolução do Conselho Universitário e Lei Federal Fundação Universidade Federal da Grande Dourados - UFGD

Cota Escola pública, baixa renda,

negros e indígenas 51,0% Resolução do Conselho Universitário e Lei Federal Universidade Federal de

São Carlos - UFSCar

Cota e acréscimo de vaga

Escola Pública, baixa renda,

negros, indígenas e refugiados 52,2%

Resolução do Conselho Universitário e Lei Federal Universidade Federal da

Grande Dourados - UFGD cota

Escola pública, baixa renda,

negros e indígenas 51,0% Resolução do Conselho Universitário e Lei Federal Universidade Estadual de

Maringa - UEM Cota Escola pública e indígenas 15,5% Lei Estadual

2009

Universidade Estadual da

Paraíba - UEPB Cota Escola Pública 23,2%

Resolução do Conselho Universitário Universidade Federal do

Piauí - UFPI Cota

Escola pública, baixa renda,

pretos e pardos, indígenas 50,0%

Resolução do Conselho Universitário e Lei Federal Universidade Estadual do

Sudoeste da Bahia - UESB

Cota e acréscimo de vaga

Escola pública, negros,

indígenas e quilombolas 61,7%

Resolução do Conselho Universitário Universidade Federal do

Triângulo Mineiro - UFTM Cota

Escola pública, baixa renda,

negros e indígenas 50,2% Resolução do Conselho Universitário e Lei Federal Universidade Federal de

Viçosa - UFV Cota

Escola pública, baixa renda,

negros e indígenas 50,2% Resolução do Conselho Universitário e Lei Federal Universidade Federal de

São João Del-Rei - UFSJ Cota

Escola pública, baixa renda,

negros e indígenas 50,3% Resolução do Conselho Universitário e Lei Federal Universidade Estadual do

Oeste do Paraná - Unioeste

Cota e acréscimo de vaga

Escola Pública e Indígenas 29,9% Lei Estadual

2009 Universidade Estadual do Centro-Oeste - Unicentro Cota e acréscimo de vaga

Escola Pública e Indígenas 20,0% Lei Estadual

Universidade Federal do

Pampa - Unipampa Cota

Escola pública, baixa renda, negros, indígenas e pessoas com deficiência 52,1% Resolução do Conselho Universitário e Lei Federal 2010 Universidade Federal do Vale do São Francisco - Univasf

Cota Escola pública, baixa renda,

negros e indígenas 50,0%

Resolução do Conselho Universitário e Lei Federal

2011

Universidade do Estado de

Santa Catarina - UDESC Cota Escola pública e negros 30,0%

Resolução do Conselho Universitário

2014

Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho - UNESP

Cota Escola Pública, negros e

indígenas 35,4% Resolução do Conselho Universitário 2016 Universidade Estadual de Campinas Cota

Aprova a adoção de cotas e vestibular indígena para o vestibular 2019.

Elaboração própria.

Fonte: Mapa das Ações Afirmativas do GEMAA e Portal MEC

Desde então iniciou-se nos cenários acadêmico, midiático e social de forma geral, um debate entre favoráveis e contrários às cotas nas universidades, como também o questionamento sobre a constitucionalidade das mesmas. Debate que, nestes termos, deveria ter se findado quando, em abril de 201292, os ministros votaram em unanimidade a favor do voto do relator ministro Ricardo Lewandowski (2012) que decidiu pela constitucionalidade das cotas ao examinar a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental atos que instituíram o sistema de reserva de vagas com base em critério étnico-racial (cotas) no processo de seleção para ingresso em Instituição Pública de ensino Superior, alegada ofensas aos Arts. 1º, Caput, III, 4º, VIII, 5º, I, II XXXIII, XLI, LIV, 37, Caput, 205, 206, Caput, I, 207, CAPUT, E 208, V, todos da Constituição Federação, requerida pelos Democratas (DEM).

O ministro justificou sua decisão, dentre outros pontos, explicando que a adoção das políticas de ação afirmativa leva à superação de uma perspectiva meramente formal do princípio da isonomia, integra o próprio cerne do conceito de democracia e nas palavras de Boaventura de Sousa Santos93 (LEWANDOWSKI, 2012) coloca que

(...) temos o direito a ser iguais quando a nossa diferença nos inferioriza; e temos o direito a ser diferentes quando a nossa igualdade nos descaracteriza. Daí a necessidade de uma igualdade que reconheça as diferenças e de uma diferença que não produza, alimente ou reproduza as desigualdades.

92

O Acórdão de ADPF foi publicado na íntegra apenas em 20 de outubro de 2014 devido a pendências na Secretaria Judiciário do STF.

93

SANTOS, B. de S. S.. Reconhecer para libertar: os caminhos do cosmopolitanismo multicultural. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003. p. 56.

Lewandowski coloca ainda que a Constituição de 1988 não se restringe a proclamar solenemente, em palavras grandiloquentes, a igualdade de todos diante da lei, mas buscou emprestar a máxima concreção a esse importante postulado, de maneira a assegurar a igualdade material ou substancial a todos os brasileiros e estrangeiros que vivem no país, levando em consideração a diferença que os distingue por razões, naturais, culturais, sociais, econômicas ou até mesmo acidentais. A Portaria Normativa nº 18 do MEC, de 11 de outubro de 2012, e o Decreto nº 7.824, também de 11 de outubro de 2012, regulamentam a questão.

Assim, a universidade pública brasileira está sendo chamada a participar da correção dos erros de 500 anos de colonialismo, escravidão, extermínio físico, psicológico e simbólico dos povos indígenas e negros africanos e seus descendentes (SILVA, 2003). Para Antonio Sergio Guimaraes, professor da USP, a sociedade está cada vez mais democrática e

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