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Acentua-se que a exposição dos resultados pautou-se, de forma generalizada, na descrição das possibilidades decorrentes do software Alceste, buscando direcionar a interpretação, apresentada no Capítulo 6, tendo-se como base os objetivos desta pesquisa. Nesse sentido, o caminho interpretativo foi direcionado por outras opções indicadas pelo Alceste, como o dendrograma. Nele, são evidenciadas as palavras ou raízes de palavras mais e menos representativas de cada uma das classes. Assim, o dendrograma compreende, em destaque, o vocabulário característico das UCE em cada uma das classes geradas (Figura 3).

22% 43% 19% 16%

Classe 3 Classe 4 Classe 2 Classe 1

Competência no cotidiano

Competência e

pessoas Contexto Avaliação

compet+ atribuic+ carg+ incompet+ atividade exerc+ execut+ conheci+ habilidade experiencia responsabilidade setor público conjunto execução realiz+ gente pesso+ equipe(s) problema(s) temp+ ajud+ busc+ comunic+ serviço público treinamento(s) trabalh+ inteira(o) comprometimento entend+ entreg + mestr+ liber+ incentiv+ educação instituição [Ômega] salari+ professor(es) estud+ doutor(ado) qualific curso(s) concurso docente(s) carreira(s) volt+ avali+ not+ progressão instrumento(s) vinte baixa(o) assin+ mínimo(a) autoavaliação estágio probatório ferramenta avaliações negativa+ corporativismo heteroavaliação

Presenças Presenças Presenças Presenças

Ausências Ausências Ausências Ausências

avali + fic + not + equipe trabalh + carg + atribuic + not + pra + avali + compet + as vez avali setor compet + as trabalh vez coisa Figura 3 – Dendrograma do corpus

Fonte: adaptado pelo autor a partir do software Alceste

Desse modo, observa-se que, por meio do dendrograma, o Alceste demonstra a dimensão de cada uma das classes, o encadeamento das classes entre si, bem como as classes em suas respectivas singularidades, relacionadas a seu

vocabulário. Optou-se, nesse caso em específico, por apresentar 15 das palavras entendidas como mais significativas que compõem cada uma das classes. Contudo, no Anexo B, podem ser verificadas as listas completas de palavras com presenças significativas em cada classe.

Por meio das raízes semânticas, o dendrograma evidencia possibilidades interpretativas em cada classe. Assim, a partir das presenças e ausências significativas das raízes destacadas, foram trilhados os caminhos para a interpretação de cada uma das classes, como relatado.

A classe 3, “Competência no cotidiano”, traz competência no dia a dia em maior acuidade, na visão da categoria dos técnicos administrativos. Nessa classe, competência é o fazer algo, executar alguma atividade, dentro das responsabilidades de seus cargos, em uma perspectiva laboral individual. Por meio dos elementos ausentes, essa classe não remete, de forma direta, aos elementos avaliação e trabalho em grupo, na árvore, considerado como “equipe”.

Na classe 4, “Competência e pessoas”, observam-se os elementos comportamentais de competência, principalmente, no prisma dos gestores. Essa classe abarca a dimensão equipe, desconsiderando, em maior profundidade, aspectos relacionados à avaliação e atribuições dos cargos, observando-se, para tal interpretação, os elementos ausentes. Assim, nessa classe, competência simboliza a dimensão entrega do trabalhador às atividades, representando o “algo a mais”, esperado, principalmente, pelos gestores.

A classe 2, “Contexto”, sinaliza o cenário organizacional em que os profissionais realizam suas atividades e o que vislumbram e vivenciam no dia a dia na organização. Essa classe remete aos elementos que caracterizam uma organização em mudança, bem como os elementos que compreendem alternativas facilitadoras e dificultadoras ao desenvolvimento das carreiras dos sujeitos, neste caso, docentes e técnicos administrativos.

Já a Classe 1, “Avaliação”, trata da dimensão avaliativa na prática organizacional, enfatizando a prática de avaliação realizada pelos sujeitos na organização, o fazer a avaliação e sua concepção para os grupos, nesse caso, abrangendo ambas as categorias, os técnicos administrativos e também os gestores.

Este capítulo apresentou as classes de palavras geradas por meio do software Alceste a partir da transcrição dos diálogos dos grupos focais realizados com as categorias gestores e técnicos administrativos, mostrando, ainda, o dendrograma, que exibe as árvores de palavras para cada uma das quatro classes. A partir disso, o próximo capítulo busca uma articulação deste material com os objetivos que a pesquisa relatada se propôs a alcançar.

6 DISCUSSÃO

Ao considerar os aspectos teóricos e metodológicos da Teoria das Representações Sociais, cumpre destacar que a discussão empreendida neste capítulo transcorreu sendo guiada pelos objetivos da pesquisa, buscando, não necessariamente nesta ordem: (1) identificar as representações sociais sobre competência elaboradas pelos profissionais técnicos administrativos e pelos gestores, (2) verificar possíveis relações e diferenças nas representações sociais de competência elaboradas por essas duas categorias, a partir de seu grupo de pertença e (3) analisar o processo de ancoragem das representações sociais sobre competência para essas categorias. Com esses passos, pretende-se, então, compreender o processo de formação das representações sociais de competência para um grupo de profissionais que atuam na unidade central de administração de uma instituição federal de ensino, tendo como base a TRS.

A competência foi enunciada como um elemento horizontal presente nos grupos, perpassando as classes indicadas pelo Alceste. Em todas as classes, apresenta-se como um enunciado parcial ou integralmente correspondente aos discursos dos sujeitos. A classe 1, “Avaliação”, possui presença significativa de tópicos do mundo lexical voltados para o tema. Esse resultado evidencia a avaliação como uma prática comum ao cotidiano dos grupos. Por meio de procedimentos avaliativos, os sujeitos têm suas atividades mensuradas pelos membros da organização.

Esses procedimentos visam a avaliar distintamente elementos relacionados às práticas laborais dos sujeitos, em situações diferenciadas, isto é, observou-se que os sujeitos são avaliados conforme modelo de avaliação relacionada ao desempenho no trabalho e estágio probatório, sendo eles com finalidades distintas. A avaliação de desempenho propõe uma análise de fatores que permitam ao profissional técnico administrativo alcançar patamares verticais crescentes em sua carreira, representando um acréscimo pecuniário, conforme níveis que alcançam na instituição. A avaliação de estágio probatório, por sua vez, objetiva aferir o desempenho do profissional técnico administrativo nos anos iniciais de sua carreira na instituição, resultando na possibilidade de admissão efetiva ou não na organização.

A classe 2, “Contexto”, compõe-se de elementos que remetem às circunstâncias da organização em que se deu a pesquisa. Indica uma organização em mudança, afetando sua identidade, motivada por transformações recentes. Além disso, nela estão presentes elementos que caracterizam as alternativas que os membros veem como trilhas possíveis para aperfeiçoar as atividades que realizam na organização. Em relação à classe 3, “Competência no cotidiano”, e à classe 4 “Competência e pessoas”, são observados os elementos que representam a competência para os sujeitos integrantes dos grupos distintamente. Assim, os dados presentes nessas classes apontam para elementos que compreendem a competência como o conjunto do CHA e a competência como inteligência prática, respectivamente.

Considerando o exposto e a fragmentação sugerida pelo Alceste, propõe-se desmembrar a discussão em três tópicos, sendo eles: “Competência e avaliação”; “Competência e contexto”; “Competência como conjunto CHA e competência como inteligência prática”. Optou-se por essa divisão, tendo em vista que, conforme o dendrograma exposto pelo Alceste (ver Figura 3), inicialmente, a classe Avaliação foi delineada pela fragmentação empreendida nos dados, destacando-se dos demais elementos. Em seguida, foram apresentados os elementos referentes ao contexto, diferenciando-se também dos elementos seguintes. Finalmente, foram apresentados os elementos das classes 3 e 4, que caracterizam a competência, sendo predominante para a classe 3 tópicos significativos do mundo lexical dos profissionais técnicos administrativos e, na outra, classe 4, tópicos significativos do mundo lexical dos gestores.