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O DISCURSO CIENTÍFICO

No documento 08 - Metodologia de Pesquisa.pdf (páginas 51-58)

Refletir sobre a importância do caráter monográfico do discurso científico 1 A ESCRITA COMO MEIO DE COMUNICAÇÃO

I. OBJETO DA COMPRA E VENDA

2. O DISCURSO CIENTÍFICO

Dentre as características do discurso científico, podemos citar a necessidade de clareza e a de objetividade. Contudo, o discurso científico varia de acordo com a sua área de atuação. Não há um estilo que seja abrangente o suficiente para abarcar todas as áreas de pesquisa. Os critérios de objetividade de uma pesquisa de elementos químicos ou de uma pesquisa desenvolvida para a construção de uma ponte não são os mesmos dos de uma pesquisa sociológica. Quando entramos na esfera da literatura, da educação ou da política, a escrita pode tomar rumos bastante divergentes dos da de uma pesquisa “exata”, pois interesses políticos ganham uma dimensão explícita. Digo “explícita” porque sempre há interesses, mesmo quando o pesquisador se coloca como “neutro”. Toda pesquisa envolve atividades que têm alguma relevância social e que, desta forma, respondem por interesses, na grande maioria dos casos, do governo ou do mercado. Nós podemos nos “esquecer” destes interesses, ou não tomar conhecimento deles, mas os investimentos não são, nunca, despropositados.

2.1CLAREZA

Alguns cuidados podem nos auxiliar muito na construção de um texto claro e objetivo. A clareza depende de pelo menos dois fatores: uma lucidez a respeito do que temos a comunicar e um bom controle da língua. Quanto ao primeiro, não é possível escrevermos bem sobre algo que não está claro em nossa mente. Uma ideia complexa depende de vários articuladores lógicos no discurso; se essa ideia não estiver madura na mente do escritor, o resultado será bastante confuso. Vejamos um exemplo com erros típicos no que se

Também temos de frear o consumismo, por causar danos em nosso ecossistema global. Mas há opositores à ideia do aquecimento global, pois não há unanimidade quanto às causas reais dessas mudanças. Para a grande mídia, o aquecimento global é considerado inquestionável. Vejamos abaixo alguns exemplos de posições radicalmente divergentes entre especialistas.

Embora o argumento acima seja relevante, a confusão na sua organização torna a sua leitura difícil, transparecendo ao leitor a falta de domínio na organização de seu pensamento. O argumento se move do geral para o particular, e poderíamos “arrumá-lo” reorganizando a ordem dos períodos e modificando os articuladores quando necessário. Uma possibilidade seria colocarmos, primeiramente, a ideia mais geral – o fato da preocupação com as reservas naturais e com o futuro do planeta ter deixado de ser assunto de especialistas. Movendo-se para o particular, o ponto seguinte seria a existência de pesquisas e ações políticas para diminuir o impacto sobre o planeta. Depois, teríamos a questão da falta de unanimidade sobre as causas, já apontando para questões acadêmicas a serem tratadas no artigo. O novo texto ficaria assim: A preocupação com as reservas naturais e com o futuro do planeta deixou de ser restrita a especialistas no assunto. Mudanças climáticas de grande porte têm ocorrido com frequência, levando a pesquisas e esforços por ações políticas que possam minimizar o impacto dos avanços tecnológicos e, sobretudo, do consumismo no ecossistema global. Contudo, ainda não há unanimidade quanto às causas reais dessas mudanças. O próprio aquecimento global, considerado inquestionável pela grande mídia, possui seus opositores no campo científico, pesquisadores que têm apresentado outras teorias para o fenômeno. Vejamos abaixo alguns exemplos de posições radicalmente divergentes entre especialistas.

Em muitos casos, textos problemáticos podem ser resolvidos com uma nova disposição dos períodos ou parágrafos. Organizar os tópicos antes de escrever em forma de itens ou de fluxograma pode ser bastante útil para evitar a construção de textos confusos, como vimos na aula passada. Uma leitura atenta após a escrita nunca é dispensável, e em geral é mais produtiva se não for realizada logo após a escrita. Um ou dois dias de intervalo é um tempo razoável para uma leitura mais distante de um texto produzido por nós. Outro recurso é pedirmos para outras pessoas lerem o que escrevemos. Uma crítica honesta e bem recebida pode nos poupar muitos transtornos futuros.

O outro aspecto fundamental para um texto claro, como colocado acima, é o bom controle da língua. Aqui há uma dificuldade das mais sérias. Quem não possui esse controle tem de ter em mente que, quando o que está em jogo é a linguagem, nada acontece de forma rápida. A maturidade com a escrita vem de anos de leitura e produção de textos, experiência que gera uma familiaridade com este discurso. Se o aluno apresenta dificuldades muito grandes nessa área, a leitura e o estudo da língua, embora fundamentais, não surtirão um efeito imediato, às vezes necessário devido aos prazos para a entrega de trabalhos. Nesse caso, uma revisão por um colega ou mesmo por um profissional, para TCCs, por exemplo, pode ser de grande valia.

se refere à diferença entre o discurso escrito e o discurso falado; o segundo refere-se ao discurso científico dentro do campo da escrita. Quanto ao primeiro tópico, a interferência do discurso falado no escrito pode gerar um texto bastante pobre. Não se trata aqui do escrito ser superior ao falado, mas do fato de ambos possuírem especificidades bastante diversas. No discurso falado, temos o interlocutor à nossa frente, ou do outro lado da linha telefônica. Se houver algum problema de entendimento, nosso interlocutor poderá nos interromper e pedir para repetirmos o que foi dito. Da mesma forma, se percebemos que a pessoa com quem conversamos não nos entendeu, podemos imediatamente reformular o que foi dito. No texto escrito esse diálogo instantâneo não ocorre. Por outro lado, há tempo para a elaboração do texto, de forma que podemos refletir sobre eventuais problemas de entendimento que o leitor venha a ter. A ausência deste tempo de reflexão no discurso falado gera a presença de repetições e de palavras e sons “desnecessários” do ponto de vista do que está sendo dito, mas instrumentais para nos dar o tempo necessário para a organização das ideias. Essas marcas não podem estar presentes em um texto escrito, salvo se for uma mimetização do falado, como no discurso direto. Vejamos um exemplo:

Então, acontece que, como eu havia falado, o discurso oral difere do escrito. O discurso oral é mais informal e depende mais da atenção do leitor.

Se esse trecho for “traduzido” para a linguagem escrita, deverá ser “enxugado”. Numa escrita mais formal, a expressão “então, acontece que” desapareceria. Também poderia ser retirado o “eu”, do “como eu havia falado”, e o tempo verbal poderia ser substituído pela segunda pessoa do plural ou pelo impessoal. Outra alteração bem-vinda seria a remoção da repetição de “discurso oral” no trecho “o discurso oral difere do escrito, o discurso oral é mais informal”. Poderíamos, ao invés disso, dizer:

O discurso oral, mais informal, difere do escrito. O resultado final ficaria assim:

Como havíamos falado, o discurso oral, mais informal, difere do escrito, e depende mais da atenção do leitor.

Isso não quer dizer que as marcas apagadas no segundo exemplo estão erradas. Elas são um erro quando aparecem em um discurso de caráter predominantemente escrito, e, sobretudo, de caráter mais formal. Outra interferência bastante comum da oralidade no discurso escrito, embora também faça parte do discurso

Então, aquela festa rolou legal. E ela tava lá! Você acredita? Disse que tinha que estudar para a prova de amanhã, mas no fim acabou indo.

Contudo, se formos escrever sobre o mesmo assunto para uma pessoa que não nos conhece e que não sabe nada da situação descrita, haverá a necessidade de adicionar mais informações sobre o evento:

Ontem à noite houve uma festa na casa de uma amiga minha, a Carla. Foi seu aniversário. Eu estava animado a ir porque encontraria a Márcia, uma garota da minha sala que me interessa. Mas naquela manhã, na faculdade, ela me disse que não iria, porque não havia estudado o suficiente para a prova de cálculo que seria realizada no dia seguinte. Qual foi a minha surpresa quando a encontrei na festa!

Há a necessidade, aqui, de se explicar o que não precisa ser explicado para uma pessoa que conheça a situação. Isso, que parece tão óbvio, é bastante difícil de ser realizado na prática. Quando escrevemos para alguém que não nos conhece, as informações têm de ser trabalhadas de forma tão clara que dependem da construção de uma distância do nosso próprio texto, para que o leiamos como se fôssemos este leitor distante.

O assunto ganha uma dimensão ainda mais séria quando o que temos a comunicar é, por si só, complexo – quando não se trata de ter ido ou não a uma festa, mas dos resultados de uma pesquisa realizada por todo um ano, ou de uma análise complexa que nos tomou um tempo imenso para ser realizada. Em casos com esses, não basta dizer apenas os resultados. O leitor não acompanhou o processo da pesquisa e não sabe o que foi feito. É tão prejudicial aqui escrever menos do que o mínimo necessário para comunicar a pesquisa quanto escrever de mais, cansando o leitor com informações desnecessárias.

Há vários modos, ou estilos, de escrita. No exemplo do email ao amigo, trata-se de uma escrita informal, que pressupõe uma intimidade com a pessoa com quem nos comunicamos. Já o texto acadêmico é construído mais formalmente. Muito do vocabulário e das construções sintáticas que são comuns num discurso informal não cabem nesse discurso. Tomando o mesmo exemplo, podemos imaginar que ele agora seja parte de um relato em um estudo de caso. Uma possibilidade para o texto seria:

O adolescente Marcelo havia sido convidado para uma festa que se realizaria na noite do dia 3 de setembro, na residência de uma amiga da faculdade de nome Carla, por conta do aniversário da moça. Marcelo relatou que estava bastante animado a ir, pois se encontraria, em um ambiente fora da faculdade, com Márcia, uma estudante de sua classe por quem estava se apaixonando. Mas na manhã do dia da festa, ao perguntar à sua colega se ela estaria lá, Márcia respondeu que não, pois teria de estudar para a prova de cálculo a ser realizada no dia seguinte. O adolescente ficou bastante alterado com a notícia, mas foi à festa mesmo assim. Lá, teve a surpresa de encontrar a colega de classe que, de última hora, decidiu distrair-se um pouco antes da prova do dia seguinte.

2.2 OBJETIVIDADE

Com relação à objetividade, o problema da definição do conceito é primordial. Estamos falando do discurso científico ou da ciência propriamente dita, com seus métodos, pesquisas e resultados? A ciência, sobretudo as ciências naturais, sempre teve como ideal a objetividade. Contudo, não existe a menor possibilidade da objetividade plena em atividades humanas. O que há é um cuidado para que haja uma interferência a menor possível do observador no fato observado, vinculado ao interesse por uma análise investigativa a mais exaustiva possível no campo delimitado de observação. Mas, principalmente com o desenvolvimento de metodologias próprias às ciências sociais, fica cada vez mais evidente a distância entre a aspiração pela objetividade e a sua efetiva concretização.

Não discutiremos essa questão aqui, já de certa maneira abordada na aula I, quando discutimos as ciências naturais e as ciências humanas. Focaremos no discurso escrito, ou seja, focaremos na objetividade na escrita. Como no caso anterior, devemos ter em mente que essa objetividade é sempre parcial. Ela responde por um interesse de isolamento do objeto, um distanciamento do sujeito observador com relação ao fato descrito. É como se fosse possível dizer algo sem um envolvimento no que se diz. Antes de tratarmos do estilo objetivo, é produtivo discutirmos um pouco essa ilusão da objetividade que, em seu ideal de apreensão desinteressada de um evento, não se dá conta muitas vezes da própria mediação da experiência realizada através da linguagem e da cultura. Como vimos na aula I, o mero interesse por investigar algo não pode ser entendido como individual, mas parte de um impulso histórico-cultural que nos faz “ver” certas manifestações humanas e naturais como de interesse para o estudo, e outras não.

Hoje, por exemplo, há um interesse bastante acentuado, difundido nos Estados Unidos e exportado para o mundo, em explicar propensões a doenças e ao humor (e mesmo à felicidade) por meio da genética. Esse interesse vincula-se ao interesse maior por pesquisas no campo genético, que movimentam bilhões de dólares ao ano na produção e venda de novos medicamentos. A difusão generalizada de uma concepção que vincula a genética ao humor e mesmo ao nosso sucesso ou fracasso na vida faz com que muitos de nós tomemo-la como “objetiva”, próxima à realidade dos fatos. No entanto, basta nos distanciarmos um pouco que seja dessas teorias para nos darmos conta da existência de outras teorias de peso que trabalham sobre uma infinidade de outros fatores tão ou mais importantes na determinação de nosso humor, como condições econômicas, preconceitos sociais ou a construção do consumidor no mundo moderno (o verdadeiro consumidor é o eterno insatisfeito, uma realidade psicológica que contribui muito para o estresse e a frustração, por exemplo). Qual teoria seria mais “objetiva”? Talvez a pergunta seja menos relevante do que a investigação dos interesses político-econômicos que as movem antes de fazermos a nossa escolha. Desse ponto de vista, mais importante do que um critério de “objetividade plena”, seria o desenvolvimento de um olhar crítico e não preconceituoso.

uma maior aceitação do trabalho no meio acadêmico. Entre elas podemos citar:

Economia no uso de adjetivos. Os adjetivos têm grande poder de expressão de nossas opiniões pessoais. Como o texto acadêmico não é sustentado pela retórica, mas pelo que é mostrado e logicamente construído, os adjetivos, mesmo que estejam corroborando o que está sendo dito, tendem a enfraquecer o discurso. Se, por outro lado, os adjetivos não estiverem nem mesmo expressando algo que esteja sendo provado, seu uso configura-se como um erro crasso. Uma frase como “A pesquisa a ser discutida neste trabalho ilustra de forma excelente as terríveis consequências desumanas dos usos indevidos da tecnologia para fins movidos por uma ética duvidosa” soaria muito melhor com a remoção de vários adjetivos: “A pesquisa a ser discutida neste trabalho ilustra as consequências dos usos da tecnologia para fins movidos por uma ética duvidosa.”

Persuasão pela descrição e por citações, não pela retórica. Aspecto relacionado ao exposto no item anterior, um problema comum em textos acadêmicos de alunos é estarem mais próximos de um estilo jornalístico do que de um estilo acadêmico propriamente dito. Não se trata, evidentemente, de um critério de valor, mas sim de um critério de adequabilidade. O texto jornalístico possui um forte elemento retórico-persuasivo baseado na escolha de palavras fortes ou com forte carga persuasiva. O texto acadêmico, embora deva também ser persuasivo (afinal, quem escreve está defendendo uma opinião), deve ser legitimado não pela força de sua retórica, mas pela qualidade das descrições, pela fundamentação teórico-prática e pela articulação lógico-racional do argumento. Ao invés de “dizer”, a prioridade deve estar no “mostrar”; ao invés de tentar persuadir o leitor, a preocupação deve estar em apresentar um argumento coerente o suficiente para passar pelo seu crivo. Os dois exemplos abaixo mostram a mesma ideia em um estilo mais jornalístico e em um estilo mais acadêmico:

(1) Não podemos mais nos orientar pelas estratégias administrativas anteriores ao mercado mais agressivo dos últimos vinte anos, baseadas numa burocracia vertical. Embora isso pareça óbvio, muitas empresas têm encontrado dificuldades sérias de gestão por não terem se modernizado, mantendo técnicas de planejamento a curto, médio e longo prazo arcaicas e ações para lidar com a concorrência que não dão conta da dinâmica do mercado atual.

(2) A insistência na manutenção de técnicas de gestão antigas engessa a burocracia de uma empresa em uma verticalização que não mais responde pelas necessidades do mercado atual. A visão sistêmica oferecida pelo planejamento estratégico, sobretudo a baseada na quinta disciplina de Senger, oferece recursos para uma avaliação crítica da empresa no novo mercado. As discussões teóricas a seguir, perseguindo os trabalhos de Peter Senge, R. L. Ackoff e Robert L. Flood, buscam clarificar a ideia desses autores e como podem contribuir para técnicas eficientes de planejamento a curto, médio e longo prazos, bem como com ações capazes de lidar com a nova dinâmica da concorrência no mercado atual.

Marcas linguísticas de formalidade. Vimos que as marcas da oralidade não devem estar presentes no discurso acadêmico-científico. Pelo mesmo motivo, deve-se evitar trata o leitor com intimidade. Alguns acadêmicos aproximam-se do leitor em alguns momentos, para conseguir um efeito persuasivo maior. Isso não é proibido, mas devemos estar bem cientes dos limites desses recursos estilísticos antes de fazermos uso deles. Uma dúvida vinculada a este tópico está na exigência ou não da proibição da primeira pessoa do plural e, mesmo, da primeira pessoa do singular no discurso acadêmico. Alguns livros de metodologia, acompanhando a sugestão da própria ABNT, defendem que somente o impessoal seja usado. Contudo, livros e artigos de grande alcance são publicados com o uso da primeira pessoa tanto do plural como do singular. Vale aqui o bom senso e o meio em que e pesquisador se encontra. Se a exigência for pelo impessoal, ela deve ser respeitada. Se há espaço para uma maior liberdade, não há por que se limitar apenas ao impessoal. Em geral, quanto mais a pesquisa pertence a áreas exatas, mais se faz uso do impessoal, ao passo que em pesquisas no campo das ciências humanas a primeira pessoa é mais frequente. O que não devemos ter é uma visão preconceituosa do uso da primeira pessoa do plural, preconceito que não condiz com a quantidade de material de excelente qualidade que se utiliza deste recurso. Quanto à primeira pessoa do singular, mais agressiva, deve ser reservada, quando seu uso não é questionado, para momentos em que o autor expressa uma opinião bastante clara de suas escolhas ou quanto defende um ponto de vista definitivamente seu (situação bastante rara, pois depende de uma maturidade e experiência enormes do pesquisador).

2.3 O CARÁTER MONOGRÁFICO DO DISCURSO

ACADÊMICO

Não só aquela monografia que tivemos de escrever na graduação, mas quase a totalidade dos textos acadêmicos é monográfica, incluindo aqui dissertações de mestrado e teses de doutorado. Também será monográfico o artigo a ser escrito como atividade final deste curso de especialização. Isso significa que o argumento deve restringir-se ao assunto tratado, que tem de ser específico. Devemos tratar de um único tema que pode, de acordo com a complexidade e os objetivos do texto, ser abordado a partir de perspectivas diversas.

Ao ler um texto monográfico, o leitor tem de “sentir”, a cada parágrafo, o pulso do tema do trabalho. Não que não possa haver digressões, mas elas têm de ter uma razão para existirem e devem estar sempre

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