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O edifício multifamiliar em Maceió e no Bairro do Farol

HABITAÇÃO MULTIFAMILIAR VERTICAL – ÁREA DE

1.2 EDIFÍCIO MULTIFAMILIAR VERTICAL

1.2.3 O edifício multifamiliar em Maceió e no Bairro do Farol

Durante o último século, a Cidade de Maceió/AL sofreu grandes transformações, tendo crescido de modo expressivo, alargando os seus limites geográficos, multiplicando seus bairros, assistindo o ininterrupto crescimento de sua população.

O processo de verticalização da cidade de Maceió ocorre mais tardio que em outras cidades do país. Apenas na década de 1950 surgem os primeiros edifícios verticais em altura na cidade, mais precisamente em 1958, quando se iniciou a construção dos primeiros exemplares de edifícios com mais de quatro pavimentos

tipo, com elevador, de uso comercial e de serviços, no Centro da cidade, tendo como pioneiro o edifício Brêda1, localizado no bairro do Centro. O fim da sua construção e

inauguração data do início da década de 1960.

Com o projeto de arquitetura do desenhista Walter Cunha2 e construção

realizada pela firma de Waldomiro Brêda (Walbreda), foi erguido o Edifício Brêda - exemplar da arquitetura alagoana. O edifício é associado às ideias de “progresso” que começavam a se instalar na capital alagoana (SILVA, 1991).

Apenas na década de 1960, surgem os primeiros edifícios residenciais multifamiliares na cidade, com a construção do edifício São Carlos, na orla do Centro, e do edifício Lagoa Mar, no bairro do Farol (ALVES; TOLEDO, 2012), motivados pela instalação das primeiras construtoras na cidade e do desejo da classe média e alta em adotar hábitos de morar de outras cidades brasileiras; haja vista que não havia escassez de terrenos na cidade.

Na década seguinte (1970), o processo de verticalização residencial se intensifica, consolidando-se na década de 1980. Somente em 1979, o novo Código de Edificações do Município de Maceió trataria dos edifícios verticais multifamiliares. Em 1985, o Plano Diretor do Município de Maceió estabeleceu o Código de Urbanismo e o Código de Edificações – atualizados pelos Complementos I (1989), II (1991) e III (1992), os quais alteraram dispositivos dos dois instrumentos.

Em janeiro de 2000, sanciona-se o novo abairramento da cidade3, ampliando

de 25 para 50 bairros, distribuídos em 7 regiões administrativas. Isso ocorreu por ocasião do levantamento aerofotogramétrico da cidade, o que facilitou bastante a definição dos limites de cada bairro.

Desde o surgimento do primeiro edifício multifamiliar verticalizado no Farol, o

1 Em relação ao edifício comercial Brêda, Silva (1991, p. 34) comenta: “até hoje é um marco visual da

cidade”. Pode-se complementar que, na atualidade, permanece um marco arquitetônico do bairro do Centro.

2 Em Maceió, até a década de 1960, havia poucos arquitetos atuando na produção, certamente em

virtude de inexistência da graduação na Universidade Federal de Alagoas, havendo apenas profissionais de outros estados radicados em Alagoas, em sua maior parte advindo de Pernambuco. Portanto, até a década de 1970, era bastante frequente que os desenhistas e engenheiros que projetassem os edifícios da cidade. Walter Cunha era um desenhista radicado na época em Maceió com vasta produção edilícia na cidade.

3 Lei Municipal Nº 4952, de 06 de janeiro de 2000, no primeiro mandato da prefeita Kátia Born Ribeiro. Modificada parcialmente pela Lei Nº 5127, de 08 de maio de 2001.

Edifício Lagoa Mar, primeiro exemplar na área em estudo, até o fim do séc. XX - Momento em que a cidade passa por mudanças significativas geradas pelo início do crescimento imobiliário, que alteraram quase que por completo a fisionomia do bairro, a horizontalidade homogênea cedeu lugar a trechos verticalizados, gerando uma paisagem heterogênea e mais dinâmica.

Figura 13 e 14 - Três momentos do edifício Lagoa Mar: Perspectiva no projeto, Foto na década de 1980, Foto atual.

Fonte imagens 13 - SILVA (1991) Imagem 14 - Foto atual (Fonte : Disponível em: <http://www.expoimovel.com>. Acesso em: 22 set. 2015, 16:05h

Segundo Alves (2012), observa-se em Maceió a ocupação dos edifícios em altura concentrada, incialmente entre os bairros do Centro e do Farol. Fato justificado, provavelmente, por serem esses bairros, à época, possuidores de infraestrutura completa de serviços públicos, escolas, comércio variado, lazer e entretenimento, praças, e, por este motivo, serem os preferidos pela população local.

Os edifícios multifamiliares em altura começam a se multiplicar na capital a partir da década de 1970, influenciados, sobretudo, pelo setor imobiliário e pela determinação política da classe burguesa, que via no edifício alto um símbolo de modernidade, progresso e status - concretização no espaço de seu poder - e uma busca da superação do “nosso atraso” com relação às grandes metrópoles brasileiras, que desde a década de 1920 vinham produzindo esta tipologia arquitetônica. Estes fatores influenciaram diretamente na concepção da produção arquitetônica local e na definição desta nova tipologia habitacional.

Sobre a verticalização em Maceió, pode-se dizer que, apesar de não contabilizado o número, pois há desde edifícios iniciados, mas não concluídos, até

edifícios que nunca saíram do projeto, mesmo constando dos registros da Secretaria Municipal de Controle e Convívio Urbano - SMCCU, a verticalização nessa década apresenta números significativos em muitos bairros, mas, na parte ‘alta’ da cidade, o fenômeno tem uma intensificação nunca antes vista na cidade para bairros não litorâneos, havendo prédios residenciais e uma forte tendência a explorar o setor com construções verticais em áreas antes ocupadas maciçamente por condomínios horizontais, conjuntos habitacionais ou mesmo edifícios multifamiliares de pequeno porte com menos de 05 (cinco) pavimentos e sem uso de elevador. Em parte, essa tendência se explica pela comercialização de grande quantidade de lotes, localizados, em sua maioria, nas proximidades das vias de grande circulação na região norte do tabuleiro da cidade.