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A partir da análise dos cinco cursos de Biblioteconomia foi possível observar que:

 O curso da PUC oferece uma formação com base bibliotecária, voltada para a gestão, ao mesmo tempo em que oferece disciplinas culturais como: Antropologia Teológica e Filosofia. O curso também trata das questões

tecnológicas, além de oferecer ao aluno conhecimentos sobre temas pouco abordados em outros currículos como: consultoria e empreendedorismo em serviços da informação e arquitetura da informação.

 O curso da UFPB oferece ao aluno disciplinas voltadas à gestão de bibliotecas e às tecnologia da informação. Embora na análise verificou-se a ausência de disciplinas da área da Sociologia, da Filosofia, da História ou da Psicologia que auxiliam o bibliotecário no relacionamento com o usuário e na compreensão da comunidade.

 O curso da UFAM preocupa-se em formar um bibliotecário com conhecimentos em diversas áreas, capaz de atuar nos processos técnicos, na gerência e no atendimento ao público, devido o número de disciplinas da Psicologia direcionada às relações humanas e à disciplina Estudos de Usuários.

 No currículo da UnB percebe-se que o aluno pode escolher as disciplinas de seu interesse e moldar seu perfil profissional, direcionando-se para as questões sociais, educacionais ou tecnológicas.

 O curso da UEL preocupa-se em transmitir as disciplinas técnicas referentes à organização e tratamento da informação ao mesmo tempo em que está voltado a formar um egresso com conhecimentos voltados às relações humanas, ética e sociedade, além de oferecer subsídio para o egresso atuar como empreendedor em informação e nos ambientes da Web.

A partir disso é possível inferir que o aluno da UnB cursa disciplinas teóricas e técnicas necessárias a atuação do bibliotecário. No entanto, o próprio aluno tem a liberdade por meio das disciplinas complementares de estabelecer se terá uma formação mais humanística ou tecnológica e por aplicá-la à prática bibliotecária.

O curso da UFPB preocupa-se em formar um egresso voltado à gestão de bibliotecas e às tecnologia da informação, mas oferece a oportunidade do aluno fazer disciplinas optativas e traçar seu perfil.

Enquanto o curso da UFAM está mais voltado a formar bibliotecários com ampla cultura geral com domínio das técnicas e dos conhecimentos área e mais direcionados às questões humanísticas do que às tecnológicas.

Os cursos da PUC e da UEL, além de oferecer disciplinas necessárias às práticas bibliotecárias, oferecem disciplinas que proporcionam cultura geral e conhecimentos das tecnologias da informação e suas aplicações em bibliotecas.

Entre as escolas analisadas, a PUC e a UEL são as que oferecem disciplinas com temas diferenciados mais voltados a atualidade, gestão e tecnologia, tais como: Inteligência Competitiva, Informação para a Inovação, Informação Visual, Cibercultura, Economia da Informação, Empreendedorismo em Ciência da Informação, Ética Aplicada à Ciência da Informação, Informação Visual, Informação e Memória, Gestão da Informação na Web, Arquitetura da Informação, Aspectos Legais da Informação e Software Colaborativos.

Percebeu-se por meio dos currículos que a maior parte das escolas observadas estão empenhadas em transmitir a importância da gestão da informação e a aplicação das tecnologias da informação em bibliotecas, e complementam a formação com disciplinas como Sociologia, História, Filosofia e Psicologia que conferem ao bibliotecário maior entendimento de seu meio.

4 ANÁLISE DOS CONTEÚDOS DAS ENTREVISTAS

Foram entrevistados sete professores de Biblioteconomia todos graduados na área. Os entrevistados têm doutorado e apenas um tem somente mestrado. As entrevistas foram realizadas no período de outubro de 2011 a março de 2012. As cinco primeiras entrevistas foram feitas durante o 12º Encontro Nacional de Pesquisa em Ciência da Informação (ENANCIB) realizado em Brasília, entre os dias 23 e 26 de outubro. Escolheu-se este evento por reunir um grande número de professores de Biblioteconomia de várias partes do país.

Nesta fase foram feitas cinco perguntas para os professores sobre: o currículo de Biblioteconomia no Brasil, as disciplinas, a tecnologia no ensino, as características da formação e as tendências para o futuro da área. No mês de fevereiro e março de 2012 foram entrevistados mais dois professores, nesta fase foram incluídas mais duas variáveis sobre: automação das bibliotecas e estudos de usuários. Neste momento, os entrevistados responderam a sete perguntas.

As perguntas feitas aos professores objetivavam identificar, de acordo com a visão de cada entrevistado, como ocorreu o desenvolvimento do ensino de Biblioteconomia no Brasil e neste contexto, destacar os aspectos que são relevantes para os docentes da área. Os professores entrevistados responderam a todas as perguntas em caráter individual baseados em sua própria opinião e trajetória.

Para a análise, os professores foram identificados como: Professor A, Professora B, Professora C, Professor D, Professora E, Professor F, Professor G. Os conteúdos das entrevistas foram analisados, de acordo com Richardson (1999) em ideias homogêneas, exaustivas, excludentes e representativas.

Os entrevistados consideraram como pontos importantes da evolução da Biblioteconomia, o currículo da Biblioteca Nacional e o da Escola de São Paulo ressaltando as mudanças que os currículos mínimos e as diretrizes trouxeram para o ensino da área. Em relação às disciplinas, a maior parte dos professores sente falta de disciplinas voltadas à cultura geral.

Quando questionados sobre a tecnologia, os professores enfatizaram a necessidade do profissional conhecer e entender as tecnologias da informação e do conhecimentos, mas esclareceram que ela não é o objeto da profissão e sim um instrumento de apoio que facilita o dia a dia do bibliotecário.

Para os professores F e G, a automação de Bibliotecas foi um marco para o ensino, bem como a inserção da disciplina Estudos de Usuários que começou como disciplina da pós-graduação e depois foi incluída no currículo da graduação em Biblioteconomia.

Em relação à formação do bibliotecário, os professores percebem que deve haver um equilíbrio entre a técnica, a tecnologia e a cultura geral, pois o profissional precisa entender um pouco de tudo para exercer suas funções.

Os professores também apontaram tendências para o futuro da Biblioteconomia, entre elas: o fortalecimento das bibliotecas públicas e escolares; o crescimento do livro eletrônico; maior diálogo e interação com outras áreas; provável junção entre os cursos de Biblioteconomia e Arquivologia, como já é visto na Europa; a importância de se adaptar ao meio e a necessidade de evolução da área, para sua sobrevivência.