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O equilíbrio térmico e o mecanismo da termorregulação

CAPÍTULO 5 – DO CONFORTO TÉRMICO HUMANO

5.2 O equilíbrio térmico e o mecanismo da termorregulação

O homem por ser homeotérmico necessita manter constante sua temperatura corporal interna em torno de 36ºC ou 37ºC para poder realizar de maneira satisfatória

140 e segura suas atividades metabólicas e fisiológicas, e assim manter-se vivo. Qualquer variação acima ou abaixo da temperatura ideal de 1 a 2ºC pode causar alterações no organismo humano.

Neste sentido Roriz (1987, p. 21) destaca que:

a temperatura interna média da maioria das pessoas se situa em torno de 37°C; variações acima de 1,0 a 2,0 graus por um tempo relativamente longo (como algumas horas) podem afetar seriamente o organismo; um desvio da temperatura de 4,0 graus acima ou abaixo da média poderá causar lesão permanente ou morte.

Segundo Starck (1979), a energia interna necessária para a sobrevivência dos organismos homeotérmicos é obtida através de processos metabólicos, onde " ... o metabolismo é o conjunto de trocas de matéria e energia que o homem efetua com o meio para a realização de seus processos vitais e atividades." O restante da energia produzida através do processo de metabolismo é liberado para o ambiente sob a forma de calor.

De acordo com Romero (2000, p. 23) o homem utiliza dois mecanismos de regulação térmica para responder às exigências externas: um de caráter fisiológico (suor, variações do fluxo sanguíneo que percorre a pele, batidas cardíacas, dilatação dos vasos, contração dos músculos, arrepio e ereção dos pelos) e outro de caráter comportamental (sono, prostração, redução da capacidade de trabalho).

Para manter a temperatura interna do corpo dentro da faixa ideal (aproximadamente 37ºC) o homem necessita estabelecer um equilíbrio térmico19 com

o meio. Em busca do tal equilíbrio térmico do homem com o meio ocorrem os seguintes processos de trocas térmicas a saber: troca por radiação, troca por condução, troca por convecção e troca por evaporação

Na figura 73 de Guyton (1977) adaptado por Romero (2010, p.23) temos as relações de equilíbrio térmico do homem com o meio. Para Romero (2010, p.23) o homem é capaz de ganhar ou perder calor para o meio pelos processos de radiação, condução e convecção, dependendo das condições higrotérmicas deste meio.

19 De acordo com Ruas (1999, p.9) o equilíbrio térmico é essencial para a vida humana e é obtido

quando a quantidade de calor produzida no corpo é igual a quantidade de calor cedida para o ambiente através da pele e da respiração.

141 Figura 73: Processos físicos de ganho e perda de calor do homem com o meio. Fonte: Guyton (1977) adaptado por Romero (2010, p.23).

Ainda de acordo com Romero (2010, p. 23) os processos de ganho de calor deve-se essencialmente ao metabolismo e a atividade basal e os processos de perda de calor essencialmente a evaporação.

Em busca do equilíbrio térmico o ser humano faz uso de diversos mecanismos artificiais e naturais para manter-se termicamente estável dentro da faixa ótima para a manutenção da vida. Dentre os mecanismos inatos do próprio corpo humano está a termorregulação.

Neste sentido Frota e Shiffer (2003, p. 19-20) destacam que a manutenção da temperatura interna do organismo humano relativamente constante, em ambientes cujas condições termo-higrométricas são as mais variadas e variáveis, se faz por

142 intermédio de seu aparelho termorregulador, que comanda a redução dos ganhos ou o aumento das perdas de calor através de alguns mecanismos de controle.

De acordo com Ruas (1999, p.7):

O principal objetivo da termorregulação e impedir grandes variações na temperatura interna do corpo de maneira que os sistemas vitais possam operar adequadamente. Essa tarefa é coordenada pelo hipotálamo, que é a parte do cérebro responsável por várias funções automáticas como: balanço de água, atividades vasomotoras e humorais. O hipotálamo recebe impulsos, originados em células termossensíveis existentes na pele, nos músculos e em outras partes do organismo, e manda através dos nervos comandos que acionam mecanismos de compensação, como a vasoconstrição e vasodilatação cutâneas e a sudação, que interferem nas trocas térmicas do corpo com o ambiente de forma a manter a temperatura interna.

Dois mecanismos cutâneos (vasodilatação e vasoconstrição) atuando em conjunto com a sudação (eliminação do suor) são fundamentais para a manutenção do equilíbrio térmico do homem com o meio e para manter a temperatura interna corporal. Assim que o corpo entra em situação de estresse ao calor ou ao frio o cérebro através do hipotálamo aciona a o mecanismo da termorregulação.

Neste sentido Ruas (1999, p. 8) destaca que:

Quando se entra num ambiente quente, os sensores na pele verificam o diferencial de temperatura entre o corpo e o ambiente e informam ao hipotálamo, que inicia o processo de vasodilatação para permitir que uma maior quantidade de sangue percorra os vasos superficiais, aumentando assim a temperatura da pele e propiciando uma maior dissipação de calor por convecção e radiação. Adicionalmente poderia haver um aumento da frequência cardíaca para aumentar a vazão de sangue para a pele. Quando as ações anteriores não são suficientes para manter o equilíbrio térmico e iniciada a produção de suor para que o corpo possa perder calor com a sua evaporação. De forma reciproca, quando se entra num ambiente frio é iniciada a vasoconstrição, que restringe a passagem do sangue na superfície da pele, privilegiando a circulação no cérebro e em outros órgãos vitais, de maneira a manter a temperatura necessária à realização das funções críticas do organismo. Esse processo também abaixa a temperatura da pele, diminuindo assim a troca de calor com o meio. Quando a vasoconstrição não consegue o equilíbrio térmico o sistema termorregulador provoca o tremor muscular que aumenta o metabolismo nos músculos e, portanto a produção de calor interno. A atividade vasomotriz representa a resposta inicial do corpo a uma situação desfavorável no que se refere ao seu equilíbrio térmico. No caso de ambientes quentes, a sudação é um mecanismo fundamental para intensificar a perda de calor para o ambiente. Nos ambientes frios o tremor muscular é o mecanismo que aumenta a produção de calor interno.