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O Estado violou o art. 11° (Proteção da Honra e da Dignidade) da CADH

No documento Corte Interamericana de Direitos Humanos (páginas 48-53)

A Convenção garante a toda pessoa o direito ao respeito de sua honra e ao reconhecimento de sua dignidade. Assim sendo, ninguém poderá ser objeto de ingerências arbitrárias ou abusivas em sua vida privada, na vida de sua família, em seu domicílio ou em sua correspondência, nem de ofensas ilegais à sua honra ou reputação, pois toda pessoa têm direito à proteção da lei contra tais ingerências ou tais ofensas, uma vez que ao Estado cabe a obrigação de efetivar, e possibilitar a existência desses meios legais em cumprimento ao art.2°, já citado, que preleciona; “Se o exercício dos direitos e liberdades mencionados no artigo 1° ainda não estiver garantido por disposições legislativas ou de outra natureza, os Estados-Partes comprometem-se a adotar, de acordo com as suas normas constitucionais e com as disposições desta Convenção, as medidas legislativas ou de outra natureza que forem necessárias para tornar efetivos tais direitos e liberdades.”.

6. DA SOLICITAÇÃO

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49 6.1. Das reparações e das Custas

Preleciona a excelentíssima Corte em seu art. 63.1 que;

“Quando decidir que houve violação de um direito ou liberdade protegido nesta Convenção, a Corte determinará que se assegure ao prejudicado o gozo do seu direito ou liberdade violados. Determinará também, se isso for procedente, que sejam reparadas as conseqüências da medida ou situação que haja configurado a violação desses direitos, bem como o pagamento de indenização justa à parte lesada.”.

Em decorrência da responsabilidade internacional do Estado de La Athantis pelas violações de direitos humanos consagrados na Convenção Americana de Direitos Humanos, a jurisprudência consolidada da Corte IDH, determina a obrigação de reparação do Estado, buscando-se o “status quo” das vítimas anteriores a violações cometidas ou, em não sendo possível, a “restitutio in integrum”.

6.2. Do Pedido

Considerando o exposto nesta petição, solicitamos respeitosamente à Comissão Interamericana de Direitos Humanos que:

6.2. 1. DECLARE que o estado de La Athantis violou os artigos 1°, 2°, 5°. 2, 17, 4°. 1, 25, 6°. 1 e 2, 24, 11 da Convenção Americana de Direitos Humanos.

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50 a) Ao julgar a LIDE, desconsidere a personalidade jurídica da comunidade de La Loma, como ente camponês, pois esta condição deriva da vontade do Estado à época, e não da vontade de seu povo, que foi massacrado e duramente desenfreado de suas origens e crenças, jogado a mercê de uma sociedade egoísta e preconceituosa. Por conseguinte voltou-se a condição de camponês como forma de diminuir as consequências deixadas por aqueles que os excluíram, ganhando com isso formas mais fáceis de crédito que garantiram a sua sobrevivência, contudo esta condição não afastou aquele povo que imputado como camponês ainda age segundo suas culturas e crenças herdados dos seus ancestrais. É evidente que a decisão do juiz que julgou improcedente o reconhecimento aos padrões internacionais para a realização de um processo de consulta prévia e divisão de benefício através da Ordem n°. 1228/06 de maio de 2006, por determinar que tais padrões seriam apenas aplicáveis as comunidades indígenas ou tribais, foi totalmente equivocada, uma vez que o termo “Tribal”, segundo o dicionário Sacconi, se refere a “unidade de organização social que consiste em um número de famílias, clãs, etc. que vivem numa determinada área e partilham ancestrais, culturas e lideranças comuns; comunidades.”. 21

21

Sacconi, L. a. (1996). minidicionário Sacconi . atual editora.

Obstante observar que para o Estado, os La Loma não são índios mais partilham com estes interesses em comum, e assim sendo gozam dos mesmos direitos imputados aos indígenas. Sua luta contra essas desigualdades é clara ao curso de sua jornada, pois evidente está o pacto firmado com a comunidade dos Chupankys em 2003, onde se foi estabelecido um acordo de bons ofícios para a preservação e o acesso fluvial do rio Motompalmo que para ambas as comunidades servem como lastro de ligação aos seus

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51 deuses. Reconhecido o caráter tribal dos La Loma, no caso Saramaka Vs. Suriname22, a Corte salientou que o Estado, ao propor planos de desenvolvimento em território indígena, terá o dever de informar aos membros indígenas, ou tribais, sobre os riscos, incluindo os riscos ambientais e à saúde. Logo, o procedimento tomado tornar-se-á nulo, tendo em vista o direito que fora negado aos La Loma. Ainda acerca desta temática, a presente Corte decidiu no caso Yatama vs. Nicarágua pela participação das comunidades indígenas, de maneira direta e proporcional, sobre os assuntos públicos.23 E no caso Aleoboetoe Vs. Suriname esta Corte também decidiu pelos direitos do povo tribal24

b) Garantam medidas eficazes contra as represálias da empresa TW para com aqueles povos, que duramente já estão sendo perseguidos por sua contraposição ao projeto.

.

c) Indenizações aos trabalhadores que sofreram lesões parciais no curso da obra derivada de clara falta de estrutura e responsabilidade da empresa TW que assumiu o risco de eventuais acidentes ao colocar pessoas despreparadas (índios) com material de mergulho inadequado e deficiente, além da falta de técnica para esta função.

d) Garantam desde já o livre acesso ao rio Motompalmo a todos que dele naveguem ou necessitem para realizações de seus ritos.

e) Reintegração de posse imediata aos La Lomas, que encontram-se em situação desumana desde novembro de 2006, jogados e esquecidos, onde buscam sua sobrevivência em meios às barracas e esgotos a céu aberto, o calor, o lixo, a falta de estrutura, alimentação etc. são imputados aqueles povos até a atual data e vão de encontro a todos os mecanismos desta convenção. É evidente que o decurso da obra foi claramente dirigido à inicialização ao lado leste do rio, localidade deste povo, por

22

Caso do Pueblo Saramaka vs. Suriname, ocorrido em 2007.

23

Caso Yatama vs. Nicarágua, parágrafo 225 da decisão.

24

Caso Aleoboetoe Vs. Suriname, Sentencia de 12 de Agosto de 2008; Interpretacion de la sentencia de

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52 nítida influência de autoridades que deles empunhavam medo, através dos tempos aquele povo duramente massacrada seria o alvo mais fácil a sucumbir, e assim sendo, o caminho mais tranquilo para inicialização do projeto que após iniciado entraria como verdadeira avalanche englobando e desfazendo os aceitos das demais comunidades, pois não encontrariam forças para parar o projeto já inicializado, contudo a se ver pressionado por estes, a empresa buscou força ou Estado para agilizar a desapropriação de todos, como ficou claramente demonstrado nos autos do processo. O acordo oferecido a eles não foi de viverem largados como animais, e sim de terem uma vida digna. Diante disto peço que assegure os direitos resguardados no art. 63.1 desta convenção.

f) Que o Estado arque com as custas processuais referentes ao procedimento interno, assim como perante essa Corte.

g) Mediata paralisação da obra enquanto não concluído o processo, como assegura o art. 63.2.

6.2. 3. RECOMENDE ao mesmo:

a) Que tome todas as medidas adequadas para garantir uma reparação completa à comunidade indígena, assim como as tribais, capaz de restituir a integridade e os seus direitos.

b) Que o Estado crie um fundo especial para serem depositados os valores referentes à reparação, a ser administrado por indígenas e assessorado por grupos que lutem pelos direitos destes, revestindo posteriormente a ações afirmativas para a comunidade indígena.

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53 c) Que revogue o decreto de 1985, e torne a comunidade La Loma novamente uma comunidade indígena, e não camponês, pois o gênero indígena não é uma dádiva concedida pelo Estado, é sim uma herança deixada por seus ancestrais.

Ante o exposto,

PEDE DEFERIMENTO.

No documento Corte Interamericana de Direitos Humanos (páginas 48-53)

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