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O Estudo da Geometria

No documento Aula 10 o aprendizado da geometria (páginas 43-53)

1.4 A Qualidade do Sistema Educacional

1.4.1 O Estudo da Geometria

De um modo geral o estudo da Geometria, enfatiza a compreensão da relação com o espaço e as atividades geométricas percebidas favorecem:

a) o desenvolvimento da noção de espaço.

Percepção espacial diz respeito à habilidade de orientar-se no espaço, coordenar diferentes ângulos de observação e de objetos no espaço. Essas habilidades contribuem para o melhor desempenho do indivíduo em suas ocupações cotidianas. São exigidas em maior grau em atividades como cristalografia, bioquímica, cirurgia, aviação, escultura, arquitetura, coreografia, decoração, etc.;

b) o desenvolvimento da habilidade de observação do espaço tridimensional e da

elaboração de meios de se comunicar a respeito desse espaço.

Isso é importante num mundo onde as fontes de informação utilizam predominantemente a imagem (cinema, televisão, cartazes, etc). Modos de representação tais como perspectiva, planificações, cortes, projeções e outros são fundamentais para a interpretação das mensagens;

c) o desenvolvimento de uma atitude positiva em relação ao estudo da Matemática. A escrita dos números envolve a noção de posição. Para efetuar medições, devemos comparar figuras. Assim, dificuldades de percepção espacial poderão tornar os alunos tensos diante de suas tarefas. Atividades de Geometria poderão prevenir essas dificuldades. Atividades com material manipulativo estimulam a participação e ajudam o desenvolvimento de atitudes positivas em relação à Geometria e por extensão à Matemática. d) a integração com outras áreas.

Informações relativas a várias áreas do conhecimento são dadas por medidas que utilizam gráficos, tabelas, desenho em escala, mapas. O estudo da órbita dos planetas, cortes em caules, disposição de flores e folhas nas plantas, decodificar formas da natureza, projetar

sólidos de revolução de menor área e maior volume, proporcionam momentos de integração da Geometria com as outras áreas. O estudo da Geometria enriquece o referencial de observação com o qual apreciamos e analisamos um quadro, azulejos, tapeçarias, edifícios.

Hoje, muitas pesquisas indicam que o processo de ensino deve orientar-se pelo modo como os alunos elaboram a apresentação pessoal dos conteúdos com os quais interagem. É certo que a maioria dos conhecimentos que estudamos não serve imediatamente para o dia-a-dia, mas com certeza vai ser usado em alguns momentos de sua vida.

O estudo da Geometria é, portanto, um forte instrumento para o desenvolvimento do raciocínio lógico.

Logo, a escolha da Geometria é justificada por ser a mesma considerada uma ferramenta para a compreensão, descrição e inter-relação com o espaço em que vivemos. É, também, à parte da Matemática mais intuitiva, concreta e ligada com a realidade. Como disciplina escolar, apóia-se no extensivo processo de formatização realizado durante esses últimos 2000 anos, em níveis cada vez de maior rigor, abstração e generalização e sem fazer conexão entre a Geometria intuitiva e a formatização.

CAPÍTULO 2

2.1 Fundamentação Teórica

Através das diferentes estratégias utilizadas no processo ensino aprendizagem da Geometria, o aprendiz tem a possibilidade de desenvolver a capacidade de ativar suas estruturas mentais, facilitando a passagem do estágio das operações concretas para o das operações formais. A Geometria é, portanto, um campo fértil para o exercício de aprender a fazer e aprender a pensar, porque a intuição, o formalismo, a abstração e a dedução constituem a sua essência. (Herschkovitz, 1987; Fainguelernt, 1990, pág 42) .

Destaca-se a importância da Geometria, dentro de um contexto histórico, social contemporâneo, pois se obtêm muitas coisas em Matemática, de modo especial em Geometria, que fazem parte do cotidiano e que o aluno adolescente não percebe. Como conseqüência devem-se buscar práticas pedagógicas que funcionem na apreensão das idéias geométricas e que gerem a consciência de que a Geometria é fundamental para o mundo moderno. Investigar por que os alunos apresentam tantas dificuldades na aprendizagem de

Geometria deve levar em conta não só a atuação didática do professor, mas também, e, principalmente, a participação do aluno na construção do conhecimento.

O trabalho inicial consiste em criar condições para que os alunos analisem os problemas textos, envolvendo atividade contextualizada. Uma vez que os alunos são capazes de compreender o problema, passa-se à etapa da busca por soluções. Para isso, há uma série de procedimentos que devem se levar em conta: reler o problema, verificar se o problema tem informações desnecessárias e listar as informações importantes do problema. É interessante apresentar uma situação-problema que leve os alunos a buscarem estratégia para que possam resolvê-la discutindo idéias utilizadas dentro das situações apresentadas. Este trabalho ajuda o aluno a expressar claramente seus pensamentos, defender opiniões, entender o ponto de vista das outras pessoas. O professor durante a troca de informações deve dar ênfase à forma apresentada que cada educando apresenta de acordo com seu aspecto sociocultural, às suas expectativas e o nível de seus conhecimentos.

Durante a troca de informações, o professor deve observar as duplas, mas nunca apresentar a solução-problema. É importante acompanhar as discussões, fazendo perguntas que direcionem os alunos no sentido de perceber possíveis variantes no encaminhamento do raciocínio.

Descoberta a solução, algumas duplas apresentam as estratégias que adotaram, representando à sua maneira o caminho percorrido para resolver o problema.

Confira em seguida, os princípios básicos para apresentar uma situação-problema que desafie sua classe:

• A situação-problema é o ponto de partida da atividade matemática. Os conteúdos podem ser abordados com apresentação de problemas. As situações devem exigir dos alunos algum tipo de estratégia para resolvê-las;

• O problema não deve requerer um ato de resolução mecânica, com a simples aplicação de fórmulas ou processos operatórios aprendidos durante a aula. Um problema só existe quando o aluno for levado a interpretar a questão e a estruturar e contextualizar a situação apresentada. Lembrar de que a solução não deve estar disponível de início, mas ser construída;

• O saber matemático deve ser considerado como um conjunto de idéias. A situação- problema tem que privilegiar esse aspecto. Assim, o aluno percebe que para resolver a questão é necessário recorrer ao conhecimento já aprendido e que precisa estar interligado;

• A resolução de problemas não deve ser apresentada como uma finalidade em si. Ela é uma orientação para a aprendizagem. Com base nela, é possível desenvolver conceitos, procedimentos e atitudes matemáticas;

• Ao aluno, estando diante de um problema, proporcionar-lhe elaborar um ou vários procedimentos de resolução, comparar o resultado com os colegas e validar seus procedimentos. PCN, 2000.

Assim, na forma de intervenção, o modelo intercultural implica uma dialética em constante contradição, assegurando a diferença sem a sustentar. Desse modo, o interculturalismo implica reconhecer as diferenças e, também, fazer com que seja origem de inovações e situações de enriquecimento recíproco pela troca. (Vieira, 1995, pág 44).

Ao se deparar com um problema, o ser humano se questiona, questiona outros seres humanos, pesquisa, buscam respostas possíveis para solucionar o desafio que está a sua frente, testa suas hipóteses, confirma-as, reformula-as, nega-as, abandona-as, retoma-as, etc. Por meio desse movimento, realiza o esforço da aprendizagem para construir o seu saber, relacionando conhecimentos anteriores aos atuais, ampliando, construindo novos conhecimentos e novos saberes. A cada solução, novos problemas se impõem. Estas respostas, as experiências que vão acumulando ao buscá-las, constituem o conhecimento de um indivíduo ou um grupo. Nesta concepção, o conhecimento nasce da ação, da relação entre os seres e com sua intervenção no mundo em que vive, novo conhecimento vai sendo construído.

Nessa perspectiva, o professor de Matemática deve buscar a reflexão em todos os momentos de sua ação. Ser educador na área de Matemática nos dias atuais é enfrentar as barreiras e transpor a cortina que inviabiliza a boa formação do aluno, levando a uma incredulidade na aprendizagem matemática.

Aqui a contextualização está diretamente conectada com a interdisciplinaridade, não há como separar uma da outra, exatamente para dinamizar a educação passada ao aluno. Há necessidade de terem estudado as aplicações da matemática no cotidiano do aluno, o que neste caso envolveria todas as demais disciplinas.

A prática educacional sustentada no cotidiano do aluno pode contribuir para uma melhor compreensão do conteúdo matemático, ou seja, levar para a sala de aula o que é vivenciado pelo aluno, isso trás sentido para ele do porquê de se estudar a matemática. É importante que não se deixe de trabalhar o conteúdo programático, é exatamente partindo deste que deverá ser trabalhado o que os alunos observam nas ruas, o que fazem no trabalho,

ou seja, uma real aplicação da matemática, assim não se tornaria tão abstrata e ficaria mais fácil de ser compreendida.

É de suma importância lembrar, que a falta da contextualização da matemática é apenas um dos pontos que levam os alunos a terem dificuldade de assimilar os vários pontos críticos que provoca todo esse declínio na educação; problemas familiares, indisciplina nas aulas, desinteresse e até mesmo problemas de saúde e outros. Enfim o objetivo aqui foi analisar a contextualização.

Podemos fazer várias intervenções consideráveis para a melhoria na educação, mas também devemos ser reflexivos e flexíveis quanto às possíveis mudanças.

A forma de apresentação dos problemas influencia no nível de sucesso dos alunos. Sabemos que alunos têm mais sucesso com problemas apresentados de maneira prática, mas precisamos trabalhar com problemas apresentados esquematicamente, por meio de desenhos ou instruções orais.

Vale ressaltar, é nessa direção de encaminhamentos que, de algum modo, poderão emergir dos alunos suas maneiras próprias de qualificar, de inferir, de resolver problemas, de entender a sua realidade, a sua matemática, portanto contextualizada.

Uma coisa é a soma do ponto de vista capitalista, e outra é o significado da soma para o trabalhador. O capitalista, na sua soma, inclui uma parte do trabalho assalariado. Na soma do assalariado, esse só pode contar consigo mesmo e com seus companheiros de trabalho. Até a matemática, que parece tão neutra, pode ser contextualizada. Gadotti, 1991.

A seleção e organização de conteúdos não devem ter como critério único à lógica interna da Geometria. Deve-se levar em conta sua relevância social e a contribuição para o desenvolvimento intelectual do aluno. Trata-se de um processo permanente de construção.

Recursos didáticos como jogos, livros, vídeos, calculadoras, computadores e outros materiais têm um papel importante no processo de ensino e aprendizagem. Contudo, eles precisam estar integrados a situações que levem ao exercício da análise e da reflexão, em última instância, a base para a formalização geométrica.

A interação da geometria contextualizada está permitindo a análise crítica e a compreensão dos fenômenos do dia-a-dia, utilizando e formalizando os conceitos empregados na construção do conhecimento. É uma proposta pedagógica possível e viável que valoriza a geometria de diferentes culturas, sem impor supremacias de pensamentos ou construções teóricas.

Possui como objetivo, o despertar da curiosidade do aluno, motivando-o para o trabalho e para a compreensão dos conceitos geométricos, a partir do seu desenvolvimento histórico, uma vez que, vai aumentar a participação ativa do aluno no processo de aprendizagem. (Muller, 1990, pág. 46).

Os alunos vão entender, compreender a matéria, de onde aquilo saiu, ao contrário de muitos que, são colocados em sua cabeça pelos professores, conceitos formulados e regras a serem decoradas; o aluno vai aprender brincando.

Portanto, trabalhar a geometria de forma contextualizada é fazer a relação desta com o cotidiano e entender que, se a dominarmos, a sua aplicação fica muito fácil e mais significativa, além de ser muito mais prazeroso, respondendo a todos os “porquês?”, “para quê” e “como?”.

2.1.1 Importância da Geometria

As origens da Geometria remontam à necessidade de “medir a terra” (geo = terra,

metria = medir). Heródoto e Aristóteles não quiseram se arriscar a propor origens mais

antigas do que a civilização egípcia.

O homem neolítico pode ter tido pouco lazer e pouca necessidade de medir terras, porém seus desenhos e figuras sugerem uma preocupação com relações espaciais, o que abriu caminho para a Geometria. Conceitos de verticalidade, horizontalidade e paralelismo, entre outros, estão presentes quando o homem sai das cavernas e enfrenta a necessidade de construir a sua morada. O desenvolvimento de habilidade em engenharia com a utilização de uma Geometria prática corresponde às antigas civilizações de beira-rio (Nilo, Tigre, Eufrates, Indo).

A utilização de formas geométricas com grande riqueza e variedade aparecem nas cerâmicas, cestarias (objetos de decoração e utensílios) e pinturas (criação de desenhos) de diversas culturas.

Percorrendo a história da Humanidade, tem-se contato com diferentes culturas. De certa maneira, a agricultura, a pecuária e o artesanato caracterizam esta diversidade cultural. A forma encontra-se presente nas criações do homem para aproveitar ou conviver com as peculiaridades de cada região, e manifesta-se na maneira de trabalhar com a terra, de produzir utensílios e ornamentos. Se a Geometria é entendida como estudo da forma, cada região tem um vasto campo a ser estudado. Este estudo resgataria as raízes étnicas e culturais. O aprendiz envolvido neste processo sente-se enraizado e aumenta a sua auto-estima.

Esta metodologia, chamada por uns de Modelagem Matemática e por outros de Etnomatemática, permite uma livre interpretação, uma aprendizagem através do erro, uma observação de padrões e posterior generalização e, ainda, um resgate da cultura na qual o aprendiz encontra-se inserido.

Explorar a diversidade cultural do nosso país influi no fazer Geometria. Clubes, igrejas, escolas, museus, teatros, shoppings, bancos, empresas, ruas, casas comerciais e tantas outras fazem parte de uma extensa listagem de obras arquitetônicas que marcam no espaço o tempo que foram construídas, convidando pessoas a conhecerem sua história e geometria, de ontem e de agora, projetando um luminoso porvir.(Lições Curitibanas, 1994, pág 48).

A habilidade cartográfica acompanha a evolução do pensamento humano em Matemática, particularmente em Geometria. O mapa, hoje, como em qualquer cultura, tem por objetivo representar pontos e acidentes da terra e a relação que se estabelece entre esses pontos e acidentes e os homens. São muitas vezes confeccionados por computadores, que captam imagens de satélites. A Geometria colabora na elaboração de mapas. Conceitos como latitude, longitude, fusos horários são maneiras de representar o espaço tridimensional.

A confecção de plantas ou mapas é uma atividade geométrica que envolve contextos matemáticos, como semelhança, números múltiplos, razão e proporção, divisão, escalas, relações de área e perímetro, etc.

A Arquitetura é a arte de construir, de criar espaços organizados para abrigar diferentes atividades humanas. Nas obras de Arquitetura pode-se observar muita Geometria.

As manifestações artísticas tendo a Geometria como tema motivante também fazem parte do cotidiano. O exame e o estudo das obras e dos seus autores constituem um excelente recurso para o despertar do pensamento geométrico.

No documento Aula 10 o aprendizado da geometria (páginas 43-53)

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