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3 A ESTRATÉGIA METODOLÓGICA

3.2 O FLUXO DO PROCESSO DE INVESTIGAÇÃO

O fluxo do processo de investigação organiza um conjunto de procedimentos que sustentam a operacionalização do método, neste caso a Grounded Theory. Além disso, na organização da proposta

metodológica em descrição, também se utilizam as bases propostas por Oliveira (2016) que se apoia na visão de Strauss e Corbin (2008), considerando-a como elemento norteador para o desenvolvimento de uma teoria substantiva.

Nessa perspectiva, as fases se apresentam a partir das seguintes orientações:

• Fase 1-Delimitação do Problema de Pesquisa: É a fase em que é importante elencar a área sob a qual a pesquisa vai se realizar, que pode vir do pretexto do pesquisador, motivado por uma demanda específica e que apresente um certo grau de complexidade. De acordo com Strauss e Corbin (2008), uma Grounded Theory não parte de um aprofundamento literário ou de um conjunto de suposições, mas sim do reconhecimento de que o fenômeno que será estudado é amplo, abrangente e complexo. Sob a ótica proposta por Oliveira (2016), essa fase pode se apoiar na experiência do pesquisador, que nesta tese é justificada no capítulo introdutório;

• Fase 2-Definição dos elementos de estudo: Ao adentrar esta fase, identifica-se um momento que pode ser considerado “chave” no desenvolvimento de uma Grounded Theory. Percebe-se que nesta fase se estabelece uma pergunta norteadora, de caráter gerativo, aberto e abrangente. Essa formulação requer uma análise pontual da pergunta, para que se evitem questões focalizadas que induzam uma construção descritiva, sem profundidade;

• Fase 3-Pesquisa de campo: Sob a ótica de Oliveira (2016) e Strauss e Corbin (2008), o fato de utilizar perguntas contribui para que os dados possam ser analisados de diversas formas. Ao utilizar a Grounded Theory, é importante considerar a possibilidade de manusear um conjunto de instrumentos para coletar dados, ancorados em uma série de procedimentos. É possível conhecer os limites do interacionismo simbólico e também os que se envolvem com a codificação, o que indica a utilização do instrumento e dos procedimentos mais adequados. Importa destacar

que nesta fase são enumerados os sujeitos da pesquisa e os caminhos para os trânsitos iniciais no campo; • Fase 4-Codificação aberta: Seguindo as diretrizes dos

autores já nominados, é salutar destacar que as fases anteriores são pontos importantes para a geração da teoria substantiva. O material produzido gera reflexões importantes que conduzem a coleta de dados, a gestão das entrevistas, a análise documental e as observações, que ocorrem de maneira convergente à codificação. Aqui cabe evidenciar que a codificação aberta é um elemento norteador das temáticas que orientam as próximas entrevistas, e deve ser considerada fundamental para ampliar a amostragem teórica e subsidiar a qualidade dos memorandos. Neste primeiro nível analítico, tem início o processo de transcrição das entrevistas, seguindo diretrizes estabelecidas pelo pesquisador que ajudam a identificar as unidades de significado, que podem se consolidar em categorias, propriedades e dimensões. A codificação aberta é fundamental devido ao minucioso processo analítico necessário para extrair os códigos necessários, integrando-os com nomenclaturas comuns para atribuir significado coerente a eles;

• Fase 5-Elaboração de memorandos: Os memorandos são considerados instrumentos norteadores do pesquisador no campo e se aplicam a todas as fases do processo de pesquisa. De acordo com Strauss e Corbin (2008) e Oliveira (2016), neles devem ser registradas as observações e que orientam na amostragem teórica. Os memorandos, portanto, são documentos descritivos que justificam as decisões do pesquisador e auxiliam a redação dos relatórios, já que o exercício de produção deste elemento deve ser sistemático e indutor de considerações que auxiliem a produção do relato de pesquisa;

• Fase 6-Amostragem teórica: Nesta etapa, o desafio é fazer a teoria tomar consistência ne medida em que as comparações são realizadas, de modo que os resultados possam indicar novos locais, pessoas ou documentos que possam ser consultados. Na amostragem teórica,

portanto, torna-se possível identificar elementos cujas contribuições possam preencher as lacunas na teoria, movimento que ocorre até o processo de saturação teórica (STRAUSS E CORBIN, 2008);

• Fase 7-Codificação Axial: Seguindo as diretrizes dos autores já destacados, esta etapa compreende o processo de agrupar as categorias em torno de um eixo central, relacionando-as com subcategorias, estabelecendo o movimento coerente da teoria;

• Fase 8-Codificação Seletiva: Esse é o momento em que a teoria é validada, por meio da comparação com os dados brutos e (ou) pela validação das proposições pelos informantes. Dessa forma, a codificação seletiva é o movimento de refinamento da teoria, integrando-a em torno de um conceito central. Importa ressaltar que aqui também é possível, por meio de amostragem teórica adicional, apresentar maiores indícios que possam tornar uma categoria mais consistente.

• Fase 9-Elaboração do relatório: Esse processo acompanha todas as fases da investigação e estabelece o último nível de análise do processo. É um movimento interpretação e conceituação, sob uma perspectiva “regulatória”, mas também processual, em que ocorre o diálogo com os resultados e com a teoria que os sustentam;

• Fase 10-Avaliação da pesquisa: Este processo deve ocorrer sob a orientação da validade, confiabilidade e credibilidade dos dados, nos termos dos procedimentos e dos caminhos utilizados para a construção de seus resultados..

Em se tratando dos procedimentos que envolvem o desenvolvimento de uma Grounded Theory, sobretudo no âmbito da corrente proposta por Strauss e Corbin (2008), um dos pontos que também podem justificar sua utilização nesta tese é o fato de que a proposição dos autores confere importância à etapa de validação da teoria. Os autores ainda apresentam elementos que permitem julgar a legitimidade dos resultados da teoria, e que giram em torno do ajuste da teoria à realidade, da compreensão, da generalização e do controle, cujos movimentos são retratados no quadro 07 e na figura 01, a seguir.

Quadro 07: Critérios para avaliar uma Grounded Theory Fonte: Elaborado pelo Autor (2017).

Ainda cabe ressaltar que as fases se referem à produção de uma teoria substantiva, as quais se referem a um fenômeno específico, advindo de um processo social, o que reflete a materialização de um movimento que se complementa;

A figura 01 demonstra o movimento do processo de avaliação de uma Grounded Theory, sob a ótica da corrente defendida por Strauss e Corbin (2008):

Figura 01: Movimento dos critérios de avaliação de uma Grounded Theory Fonte: Elaborado pelo autor (2017).

Ademais, há que se complementar o fato de que os softwares ATLAS T.I e XMIND foram utilizado como instrumentos de apoio para a intepretação e a organização dos dados, seguindo as diretrizes estabelecidas por Bandeira-de-Mello e Cunha (2003) e Strauss e Corbin (2008). No contexto da construção de uma teoria substantiva, é importante ressaltar o que Santos et al. (2016) destacam quando tratam

dos artefatos tecnológicos aplicados em tratamento de dados qualitativos. Os autores asseveram que eles não são requisitos de sucesso, sobretudo em se tratando de uma Grouded Theory.

Os autores ainda destacam que a proposição estabelecida em 2008 é de caráter sistemático e estruturado, facilitando a aprendizagem e a utilização do método para àqueles que buscam uma base para a utilização da Grounded Theory.