O FUTSAL

Numa das versões sobre a criação do futebol de salão, em sua primeira designação como modalidade desportiva, é possível observar que seu surgimento ocorreu no Uruguai no início da década de 30 e foi criado na Associação Cristã de Moços (ACM) de Montevidéu. Naquela época, o futebol era uma “febre” nas ruas da cidade, pois o Uruguai tinha-se sagrado campeão mundial de Futebol em 1950. O professor Juan Carlos Ceriani percebeu, nesta altura, que havia

muitas crianças que jogavam Futebol em campos de Basquetebol, por não ter campos livres para jogar futebol, e isso resolvia o problema. Adaptou-se então o futebol a um campo pequeno. Utilizaram-se as regras de outras modalidades desportivas, tais como do polo aquático (toda a regulamentação relacionada aos goleiros), do handebol (as medidas do campo de jogo, bem como a proibição de se rematar à baliza de qualquer posição do campo), do basquetebol (o número de jogadores) e como não poderia deixar de ser do próprio futebol, redigindo, assim, as regras de um novo jogo anunciando a criação de uma nova modalidade de JDC.

Numa segunda versão publicada sobre o futsal observa-se a definição que a modalidade começou a ser praticada no Brasil, no início dos anos 40, por jovens frequentadores da ACM, em SP, pois havia uma grande dificuldade em encontrar campos de futebol livres para jogar. Assim, começaram a fazer as suas “peladas” nos campos de basquetebol e hóquei. O futebol de salão começou então a expandir-se por toda a América do Sul e, posteriormente, Europa e resto do Mundo.

Segundo Sampedro (1997), em 25 de julho de 1971, no RJ, foi criada a Federação Internacional de Futebol de Salão (FIFUSA), que passou a superintender os destinos da modalidade em nível mundial. A Federação Internacional de Futebol (FIFA), entidade que gere o futebol no mundo, receosa em relação ao desenvolvimento da FIFUSA, promoveu em 1985, a criação de uma variante do futebol de salão, o futebol de 5. Posteriormente, a FIFA sentiu a necessidade de aproximar as características do futebol de cinco às características do futebol de salão, para atrair os praticantes ligados à FIFUSA. Assim, surge o Futsal, tão difundido nos dias de hoje no Brasil e no Mundo.

A partir de 1990, a FIFA passou a ser o principal impulsionador da nova modalidade. Atualmente, o Futsal é praticado em todos os continentes, com o desenvolvimento de várias competições internacionais sob direção da FIFA e da União das Federações Europeias de Futebol (UEFA) e a uniformização das regras em nível mundial. Esse é um dado que mostra que essa modalidade se desenvolve num bom ritmo, tendo a sua continuidade no futuro assegurado. Em 2002, surge a Associação Mundial de Futsal, buscando manter campeonatos mundiais com as regras no padrão FIFUSA, o que continua acontecendo atualmente, mas não apresentam a mesma força dos eventos organizados pela FIFA. Em 2004, diante do enfraquecimento causado pela disputa na organização de eventos, a FIFUSA foi extinta.

Segundo Santana (2008), o futsal, seguramente, é o esporte coletivo que mais sofreu alterações regulamentares nos últimos dezoito anos. Para Arestigüi (2001), as mudanças buscaram favorecer o espetáculo do jogo, eliminando-se os seus aspectos negativos e aumentando o interesse para os praticantes como também para o público que assiste. É inegável

que todas as mudanças verificadas desde a fusão do futebol de salão para o futsal, como também as mudanças na própria modalidade, contribuíram para um maior dinamismo do jogo, ampliando o gosto popular, e aumentando o número de praticantes e espectadores. O futsal atualmente constitui-se em um desporto rico em diversidade de situações, permeado de imprevisibilidade e de aleatoriedade (GARGANTA, 1997). Essas características podem ser visualizadas na Figura 3.

Figura 3 - Traços característicos do jogo de futsal (SANTANA, 2008, adaptado de BLAZQUEZ SÀNCHES, 1996; HERNÁNDEZ MORENO, 1998).

Santana (2008), baseado nas ideias de Chavez Chavez e Ramírez Amor (1998), Dias e Santana (2006), Saad (1997) e Santana (2004), escreve sobre os resultados ocasionados acerca das alterações das regras no futsal:

As mudanças contribuíram para um novo jogo: dinâmico, de alta incidência de gols, de passes acelerados, de repetidos deslocamentos sem bola, de marcação intensa independentemente do local da quadra, de transições rápidas entre o ataque e a defesa, de constante perda e recuperação da posse de bola, de momentos de igualdade e

desigualdade numéricas, de alta incidência de bolas paradas (SANTANA, 2008, p. 19).

Os dois países que apresentam maior destaque na modalidade atualmente são Brasil e Espanha. Segundo Osimani (2004), no Brasil a aprendizagem do jogo se processa mediante o método analítico, aprendizagem das técnicas básicas, gestos motores etc. Na Espanha, utiliza- se mais o método global partindo do jogo, aglomerando conteúdos. Talvez por isso se perceba em competições internacionais que o Brasil apresenta um time mais técnico, enquanto a Espanha apresenta um jogo coletivo altamente competitivo.

Barbero (2002) diz que o futsal é considerado um esporte para jogadores com uma grande habilidade técnica, sendo de vital importância o correto domínio da bola, assim como a velocidade de execução das diferentes ações técnicas. Osimani (2003) refere-se ao jogador moderno de futsal, dotado do ponto de vista físico-atlético, sabendo imprimir qualidade técnica com altíssima velocidade e, sobretudo, ser capaz de ler, antecipar e reagir às situações inusitadas de forma muito rápida em função dos inúmeros estímulos que ocorrem constantemente à sua volta. Segundo Souza (2002), as capacidades técnicas no futsal podem ser representadas como os instrumentos que os jogadores possuem para resolver as tarefas/problemas com que se deparam nas diferentes situações de jogo, quais seriam os meios que utilizam para alcançar um objetivo previamente estabelecido.

Santana (2008) destaca também a interfase estratégico-tática do futsal, apoiando-se em Garganta (2006) no que o autor afirma que o jogo emerge da confluência de dimensões mais previsíveis, induzidas pelas leis e princípios, com outras menos previsíveis, geradas a partir da autonomia dos jogadores, que introduzem a diversidade e a singularidade dos acontecimentos. Diante de todas essas características apresentadas, torna-se fundamental a figura do treinador, aquele que é o principal mediador do processo de aprendizagem do futsal.