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A oferta de gás natural no Brasil é bastante recente, uma vez que em 1970 o combustível representava apenas 0,1 % da matriz energética nacional. A partir da década de 1980 grandes descobertas de petróleo e de gás em território nacional aliado a implantação de rede de gasodutos impulsionou o consumo do gás. As maiores reservas brasileiras de gás natural estão localizadas na Bacia de Campos, (VAZ, MAIA e SANTOS, 2008).

Para combater o racionamento de energia elétrica ocorrido no ano de 2001, o governo federal criou o Programa Prioritário de Termoeletricidade (PPT), priorizando a utilização do gás natural para a geração termelétrica. Tal programa vislumbrava a implantação de 43 projetos térmicos capazes de gerar 15.319 MW de energia elétrica. A implantação deste programa levou o governo a considerar que o gás natural iria atingir o patamar de 12 % de participação na matriz energética nacional (VAZ, MAIA e SANTOS, 2008).

Porém, indefinições quanto à regulação do setor do gás, conjuntamente com oscilações de preço que vem ocorrendo nos últimos anos, criaram instabilidades nos investimentos privados para a construção de usinas termelétricas. Estas usinas envolvem grandes investimentos de capital, dependendo ainda de contratos de longo prazo para o fornecimento do gás. Diante deste cenário, a meta do governo de 12 % de participação do gás natural na matriz energética, prevista inicialmente para 2010, ainda não foi atingida (VAZ, MAIA e SANTOS, 2008).

De acordo com o Balanço Energético Nacional BEN 2013, ano base 2012 (EPE, 2013), o gás natural atingiu o patamar de 11,5 % da matriz energética brasileira. A oferta interna bruta de energia atingiu o valor de 283.607 mil tep, sendo que a oferta de gás natural chegou ao valor de 32.598 mil tep.

Conforme pode ser observado na Figura 34, a principal fonte de energia primária no Brasil é o petróleo, seguido pelos produtos da cana e pela energia hidráulica. O gás natural é a quarta principal fonte de energia.

Figura 34 – Matriz energética brasileira Fonte: EPE, 2013

A Figura 35 apresenta a participação percentual das fontes de energia primária na matriz energética brasileira. É importante observar que nos últimos anos a participação do petróleo e de seus derivados sofreu uma pequena redução, sendo que em 2003 o petróleo representava mais de 40 % da matriz energética. Por outro lado a participação do gás natural tem seguido uma trajetória ascendente, sendo que em 2011, pela primeira vez, o gás natural superou o patamar de 11 %. Entre os anos de 2003 e 2012 o consumo de gás natural no Brasil mais que dobrou, passando de 15.512 mil tep para 32.598 mil tep.

A análise das séries históricas permite observar que em 2009 houve uma queda considerável do consumo de gás natural no Brasil. Essa baixa foi causada pela crise internacional que acarretou uma significativa diminuição na demanda por energia. A partir do ano de 2010 o consumo do gás natural apresentou recuperação. Esse aumento no consumo está relacionado diretamente com condições hidrológicas não favoráveis que provocaram um aumento de 180 % na geração termelétrica a gás natural (incluindo autoprodutores e usinas de serviço público). O consumo médio de gás natural no setor elétrico em 2009 atingiu a marca de 5,3 milhões m³/dia. Já no ano de 2012 o volume de gás natural para produção de energia elétrica foi de 38,9 milhões de m³/dia (EPE, 2013).

Os novos empreendimentos hidrelétricos brasileiros, especialmente os localizados na região norte do país, estão sendo projetados, ou construídos, no sistema fio d´água, ou seja,

sem reservatório de acumulação de água. São exemplos deste tipo de empreendimento as Usinas de Belo Monte, Santo Antônio e Jirau. Este sistema apresenta menor impacto ambiental, porém deixa as instalações mais vulneráveis ao regime de chuvas, que pode ser bastante irregular ao longo do ano. A irregularidade do regime de chuvas aliada ao pequeno reservatório das novas hidrelétricas culmina com um menor fator de capacidade das instalações (FIRJAN, 2013). Ainda de acordo com a Firjan (2013) o novo modelo que vem sendo adotado nos últimos anos implicará na maior necessidade de despachos térmicos, de forma a manter a regularidade da geração de eletricidade. Fica evidente desta forma que o maior despacho térmico irá elevar o custo da energia elétrica e também ampliará a emissão de gases de efeito estufa para a atmosfera, uma vez que a queima de combustíveis fósseis, como o óleo combustível ou o gás natural, produz CO2 que é lançado na atmosfera (BAIRD e CANN, 2011).

Figura 35 – Evolução da matriz energética brasileira a partir do ano de 2003 Fonte: EPE, 2013

A Figura 36 apresenta o balanço do gás natural no Brasil. É possível observar que nos últimos anos as importações de gás aumentaram, assim como a produção nacional. A Petrobras tem reduzido a queima de gás na produção, com o intuito de ampliar a oferta de gás natural para o mercado. Além do grande crescimento observado no consumo em usinas térmicas, a demanda industrial, que apresentou crescimento de 1,6 % entre os anos de 2011 e 2012, também tem contribuído para o aumento da participação do gás natural na matriz energética (EPE, 2013).

Figura 36 – Balanço de gás natural no Brasil (milhões de m³/dia) Fonte: MME, 2014a

Porém, mesmo com a grande ampliação na produção e no consumo do gás natural, a sua participação na matriz energética brasileira ainda é bastante inferior ao observado no restante do mundo. Em 2013, o gás natural representou 24 % do consumo total de energia primária, sendo a terceira principal fonte de energia (BP, 2014).

As previsões da BP (2012) indicam que o Brasil deverá deixar de ser um país importador de energia para ser, até o ano de 2030, um exportador de energia. A principal razão desta mudança de cenário reside no fato de que o Brasil passará a ser o maior produtor de petróleo da América Latina. A produção de energia poderá crescer quase 90 % no período compreendido entre 2012 e 2030. Os biocombustíveis poderão liderar o crescimento da produção, com um aumento superior a 200 %, seguido pelo gás natural, com crescimento próximo dos 150 %. A produção de petróleo também pode crescer em cerca de 85 %. Já a demanda de energia no Brasil, para o mesmo período, poderá crescer próximo dos 60 %, sendo que para o gás natural espera-se um crescimento superior a 130 %. Mesmo com o grande aumento da produção de gás prevista, as importações do produto poderão dobrar. Tais números indicam que a parcela da matriz energética pertencente ao gás natural deverá sofrer um incremento considerável nos próximos anos (BP, 2012).

5. VANTAGENS OPERACIONAIS E AMBIENTAIS DA