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1.1- As Concepções de Educação Infantil no Contexto da

Educação Brasileira

(...) ergueu-se nossa simplicidade de aço, mostrando o que é possível fazer sem nos deixar esquecer o que ainda não foi alcançado.

BERTOLT BRECHT

Para a realização deste estudo, utilizei-me das referências bibliográficas de autoras e autores que estudaram a história da instituição creche no contexto da educação brasileira e o histórico da constituição profissional das educadoras de creche no Brasil e no mundo, além dos dados coletados na realidade específica da educação pública do município de Guarulhos. Os estudos realizados por Maria Malta Campos (1993), Fúlvia Rosemberg (1984), Ana Beatriz Cerisara (2002), Cristina Bruschini (1981), além de Moisés Kuhlmann (1998), foram importantes fontes para a pesquisa bibliográfica.

As referências históricas da creche afirmam em unanimidade que este modelo foi construído para cuidar das crianças pequenas, cujas mães saíam para o trabalho, estando portanto, intimamente ligado ao trabalho extradomiciliar da mulher.

As origens eminentemente assistencialistas da Educação Infantil, assim como as divergências presentes nesta modalidade de ensino e a consequente dualidade que historicamente se estabeleceu entre cuidado e educação, de certa forma têm trazido diversos desafios àqueles que estão envolvidos de alguma forma com as

crianças pequenas24, sejam educadoras, mães ou formuladores/as de políticas públicas para esta etapa do desenvolvimento humano.

A gradual e morosa transição democrática do golpe militar à abertura política culmina tardiamente na Constituição Federal de 1988, o primeiro documento oficial a proclamar o direito da criança à creche e à pré-escola, que em seu Art. 227 afirma: as creches e pré-escolas deixam de ser apenas um direito das mães que

trabalham fora e passam a representar um direito das crianças.

Esse direito é confirmado pela legislação posterior, no também tardio Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), de 1990 e em seguida, com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN 9394/96).

Se a Constituição garantiu o direito, a LDBEN não só cunhou o termo Educação Infantil, para se referir a creches e pré-escolas, como finalmente também a reconheceu como a primeira etapa da Educação Básica Brasileira. Ou seja, as creches e pré-escolas, depois de pertencerem a tantas e diferentes áreas, das ações das primeiras-damas às áreas trabalhista, previdenciária e assistencialista,

passam, então, definitivamente para a responsabilidade da área educacional:

Art. 62. A formação de docentes para atuar na educação básica far- se-á em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em universidades e institutos superiores de educação, admitida, como formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nas quatro primeiras séries do ensino fundamental, a oferecida em Nível Médio, na modalidade Normal. LEI DE DIRETRIZES E BASES

DA EDUCAÇÃO NACIONAL (1996)

Com essa mudança, as profissionais que atuavam e continuam atuando na Educação Infantil, principalmente as da creche, passaram a ser reconhecidas como profissionais, com direito à formação inicial e continuada. De forma que, se compararmos os dados referentes a estas educadoras será possível, ainda, encontrar um número comparativamente maior das professoras de pré-escola e

Educação Básica, no que se refere à formação profissional, do que em relação às professoras de creche.

Isto deve-se, muito provavelmente em decorrência do percurso histórico da creche, uma vez que o atendimento em creches consolidou-se na área da Assistência Social, sem exigência de profissionais com uma habilitação específica para o exercício da docência, caminho um pouco diverso das pré-escolas, ambiente no qual o atendimento, desde sempre, se desenvolveu a cargo da educação demandando profissionais habilitadas para o exercício do Magistério.

Esta nova abordagem legal da educação infantil pode ser interpretada como valorização das profissionais da creche e, juntamente com isso, a garantia de uma profissão para aquelas mulheres que há muito tempo, assim como as crianças com as quais trabalham, ficaram à margem de políticas públicas.

No entanto é perceptível, nas observações em campo, que as professoras que atuam na Educação Infantil e Fundamental, ainda gozam de maior prestígio e

status do que as professoras que atuam somente na creche.

Basta para isto, lembrar os diferentes nomes usados para se referir a essas

trabalhadoras: auxiliares, monitoras, berçaristas, babás, recreadoras,

recreacionistas, animadoras, pajens, tias, cuidadoras entre outros:

(...) Até a promulgação da LDBEN 9394/96, os cursos que preparavam os profissionais para atuarem nos sistemas educacionais não tinham como tarefa implícita incorporar temas relativos aos cuidados e à educação de bebês ou sobre a proposta pedagógica adequada ao atendimento em período integral, mesmo que eventualmente o fizessem. (MACHADO, 2002 p. 99).

Para tentar evitar as indesejáveis universalizações trato o tema da história da constituição da creche no Brasil, sem considerar as particularidades e diversidades encontradas em um país tão continental quanto o Brasil, e em razão dos limites desta dissertação de mestrado, cuja preocupação central é analisar as trajetórias

profissionais das educadoras de creche da cidade de Guarulhos, tendo o gênero como categoria de análise, acredito que serão necessários estudos posteriores, os quais devem elucidar melhor e de forma mais aprofundada esta outra problemática: a abordagem do desenvolvimento profissional das educadoras de creche e suas especificidades regionais, tendo em vista que trata-se de uma pesquisa-ação, cujo intuito não é promover generalizações, mas apontar caminhos possíveis que podem se cruzar nas trajetórias profissional de outras professoras de creche.

Até o início do século XX, a profissão de professor gozava de certo prestígio, o professor era visto como um intelectual, porém houve um momento de feminização em massa da profissão de professor, provocada, basicamente, em razão do desinteresse dos homens, que podiam ganhar mais em outras atividades. Para Demartini e Antunes (1993) há a necessidade de registrar como a mulher vai entrando para o magistério primário e tornando o exercício dessa profissão predominantemente feminino já na virada do século XX, em São Paulo.

Isso não foi um fenômeno exclusivo do caso brasileiro, no caso francês Cacoualt (1987), ao estudar a realidade francesa, afirma que a imagem do magistério como profissão feminina tornou-se uma forma de resolver as contradições entre o privado e o público, ou seja, entre a mulher-mãe e a mulher-educadora. Os estudos realizados por Luis Pereira em “Magistério Primário numa sociedade de classes” (1969), e Aparecida Joly Gouveia em “Professoras do Amanhã” (1965), são ricas fontes para o estudo destes fenômenos.

Porém é necessário ressaltar que, no caso específico das professoras de creche, não é possível realizar uma análise a partir da feminização, visto que a trajetória profissional das educadoras de creche apontam para mulheres como a maioria no segmento desde sempre. Concordando com o que constata Auad (1998):

Questiono esta utilização do termo “feminização”, pois ainda que o curso e a carreira tenham uma maioria feminina, culpabilizada por ter acarretado a baixa do status profissional e a expulsão dos homens, não se tem notícia de produção que aponte, com precisão, quando e como o magistério, então majoritariamente masculino foi feminizando-

se. Assim como não existe produção que comprove o tempo em que o trabalho docente era remunerado igualmente ou de modo superior às ocupações que exigissem o mesmo grau de qualificação. (AUAD, 1998, p.15)

Rosemberg (1984) afirma que a recente história da creche, como instituição, tem se dado por ciclos sucessivos de expansão e retraimento, fato que diverge da história da escola. Isto mostra que a proposta da creche não tem conseguido romper de maneira definitiva com a representação social que se faz a respeito da

socialização da criança pequena através da maternagem25 compulsória, o que em

muito dificulta seu estabelecimento como instituição destinada a todas as crianças, mas apenas como um equipamento acessório destinado a certas mães: àquelas que trabalham fora de casa.

Colocar a creche em um perigoso terreno de comparação ao da maternagem, considerando-a como substituta da mãe tem encerrado a instituição em um desvantajoso processo de desvalorização de suas atividades e um não- reconhecimento de práticas pedagógicas ali existentes, aparecendo à creche como

um “mal menor”26 e conseqüentemente como um perigoso concorrente para as

mães.

Pode-se dizer que a origem das atuais instituições médico-assistenciais e educacionais, incluindo as creches, está nos abrigos e asilos, nos quais desde a Idade Média, recolhiam-se os diferentes tipos de desvalidos, para que pudessem ser alimentados e não ficassem expostos à violência, ou seja, tinham caráter filantrópico e assistencialista.

Com o processo de industrialização, as creches passaram a apresentar também características de uma instituição destinada a permitir a utilização da força

25 Maternagem é um vocábulo traduzido do inglês mothering. Os trabalhos de Chodorow (1979,

1990) analisam a questão da maternagem sob a ótica da socialização das meninas para atividades de cuidado e sentimento de responsabilidade com os outros. Badinter (1993, p. 178), contrapõe esta idéia afirmando que “a maternagem não tem sexo”, ou seja, a maternagem é algo aprendido no fazer diário. Reconhece que homens e mulheres são capazes de cuidar de crianças e que isto depende das experiências socioculturais, ao que concordamos.

26 Conforme o que coloca Vieira (1988) em seu artigo denominado: Mal Necessário: creches no

Departamento Nacional da Criança (1940-1970). Cadernos de Pesquisa, SP, nº 67, p. 3-16, Nov.

de trabalho feminina. Para as mulheres da população de baixa renda que trabalham fora, a creche passou a ser essencial para a viabilização da dupla jornada de trabalho.

A creche manteve, e de certa forma sua imagem social ainda reflete isso, suas concepções filantrópicas e de práticas assistencialistas por muito tempo, com políticas públicas voltadas à assistência social e à saúde, não se valorizando por diversas vezes o trabalho dirigido à educação e ao desenvolvimento da criança.

Para Didonet (2001), a recente constituição e reconhecimento da escola de

educação infantil, como lugar onde a criança tem direito à educação, em substituição ao antigo modelo dos espaços guardadores de crianças pobres, filhas de mães trabalhadoras, que precisam deixar seus filhos aos cuidados de outrem para garantir o sustento da família, ainda permeia a mente e o imaginário da sociedade.

Até mesmo27, o Referencial Nacional para a Educação Infantil (1996) –

RCNEI – assinala o cuidado como atividade permanente e essencial, ao firmá-lo como um dos componentes da proposta curricular da Educação Infantil. O que se pretende não é a simples transposição do cuidado doméstico para o ambiente institucional, mas sim a construção de uma prática de atendimento cujo principio seja garantir as melhores oportunidades de desenvolvimento às crianças.

Rosemberg (1984) afirma que as creches públicas passaram por uma revisão de sua orientação higienista e medicalizada por pressão dos pais e dos técnicos, mas que por vezes essa visão ainda persiste no imaginário das pessoas através do discurso da superioridade dos saberes médicos.

Vieira (1988) ao abordar a creche como um “mal necessário” faz um análise da creche ao longo do século XX, que em um conjunto de países, a educação de crianças pequenas passou do domínio privado para o público e em graus diferenciados acordou-se o papel das famílias e das instituições no que se refere ao cuidado e educação destas crianças. No Brasil, este fenômeno torna-se muito mais visível a partir de 1970, sobretudo com crianças maiores de três anos nas periferias dos grandes centros urbanos, nas famílias pobres e com mães trabalhadoras.

27Arce (2001) tece críticas aos RCNEI, considerando que prevalece no trabalho uma concepção

São esses fatores históricos que determinaram as principais características do modelo tradicional de creche, e que continua ainda ditando as suas principais demandas. E que pode ser verificado ainda, infelizmente, mas que, porém aos poucos vem sendo substituído, também no caso de Guarulhos, é que a condição social, econômica e de trabalho da mãe ainda continua sendo critério para entrada

na creche28, enquanto não se dá a universalização do acesso e permanência de

todas as crianças à creche, o que é esperado por todas as mulheres e deveria ser desejado por toda a sociedade.

Outro fator importante a se considerar é o de que as creches se originaram agregando o atendimento às crianças abandonadas, órfãs e filhas de mães-solteiras. Isto levou durante um longo período à associação de creche e orfanato como quase sinônimos.

Didonet (2001), numa análise a respeito da constituição da creche no Brasil identifica as preocupações médicas com crianças atendidas pelo sistema filantrópico como presentes desde a década de 70 do século XIX. Pediatria e Filantropia aliam- se, mas somente a partir de 1930 ampliam-se as atuações dos profissionais de saúde, com propostas higienistas, num revezamento e mescla entre o discurso sanitarista, assistencialista e moral.

Oliveira (2001) nos aponta um breve histórico da instituição de educação infantil de zero a três anos de idade desde suas origens, em resposta a condição de abandono e precariedade das crianças pequenas no surgimento da sociedade industrial, tornando possível identificar uma concepção adultocêntrica, baseada no binômio cuidado/educação, ambos identificados com o universo feminino. Em nosso país a educação, infantil tem sido tratada do ponto de vista do cuidado ou da educação, dependendo da classe social a que a instituição se destina. (OLIVEIRA, 1993).

Também em relação à creche, Oliveira (2001) ressalta que o aprofundamento da discussão do caráter pedagógico só se dá a partir do momento em que a classe média começa a buscar os serviços desta instituição, exercendo

28 Nos anexos segue a Portaria SME 30/2010, que dispõe sobre o atendimento em creche na rede

municipal e conveniada do município de Guarulhos, onde a condição financeira e de trabalho ainda classifica as crianças para preferência na destinação das vagas disponíveis.

sua força de pressão para a construção de conhecimentos e a preocupação com o desenvolvimento infantil.

Conforme nos aponta Machado (1991), a importância da creche e da educação infantil, deve ser dada às relações desenvolvidas entre os pequenos, tendo o adulto como um mediador nas interações que a criança realiza o que pode ser percebido nas relações sociais, não só em ambiente escolar, como em outros espaços onde a criança raramente é vista como produtora de cultura, uma cultura própria a seu desenvolvimento e seus centros de interesse.

Torna-se necessário perceber as lutas para ganhar clareza a respeito de nossa coleção de referenciais, para a nossa conformação, ao passo que nos instrumentalizamos para as discussões sobre os sentidos prontamente estabelecidos.

Em 1940, com a criação do Departamento Nacional da Criança é que se ampliam as formulações de políticas de Estado para a criança. Neste sentido, podemos apreender que a recente constituição e reconhecimento da escola de educação infantil como lugar onde a criança tem direito à educação, em substituição ao antigo modelo dos espaços guardadores de crianças pobres ainda encontra ecos na mente e no imaginário de grande parte da sociedade.

Recentemente, pode-se perceber nas práticas e discursos que a criança começa a assumir o seu lugar na história da creche, através da percepção de que a infância tem um valor em si mesma. A infância começa a ser notada, tendo uma contribuição para o sentido da humanidade, modificando e dando sentido as instituições. A consideração da infância como categoria cria sentimentos, desperta pensamentos e abre campos de ressignificação das práticas de vida adulta e de velhice.

Levar isto em consideração nas formulações de diretrizes e na consideração das demandas populares, as quais chegam aos formuladores e formuladoras de políticas públicas de diferentes maneiras, sejam pelos movimentos sociais, associações de bairros, grupos de mulheres ou cidadãos e cidadãs individualmente. Esse fenômeno e essa escuta há de ser considerada na implantação e consequente

organização de creches, se se almejar que tais espaços sejam formadores e formativos para crianças, mães, pais, professores e professoras.

1.2 - A cidade de Guarulhos: expansão territorial e

crescimento populacional.

Torna-se importante situar o leitor sobre a constituição, localização e importância econômica que o município de Guarulhos alcançou hoje, dentro do cenário paulista, até mesmo para entender a constituição da rede pública de educação no município, como resposta necessária às crescentes demandas populacionais da cidade.

Guarulhos está situada na Região Metropolitana de São Paulo, a 17 km do centro da Capital. Possui uma população de 1.258.205 habitantes em um território

de 320,5 km2. Guarulhos atualmente possui características essencialmente urbanas:

alta densidade demográfica são 3.768,08 hab. / km2 (Seade/2006), infra-estrutura de

serviços básicos como fornecimento de água, coleta de esgoto, gás, eletricidade, telefonia, transporte, escolas, serviços de saúde, três importantes rodovias (a BR- 381 - Rodovia Fernão Dias – que liga São Paulo a Minas Gerais, a BR 116 - Rodovia Presidente Dutra – que liga São Paulo ao Rio de Janeiro e a SP-70 - Rodovia Ayrton Senna que leva ao Vale do Paraíba e Litoral Norte do Estado), e um aeroporto internacional, o Aeroporto de Cumbica (AISP-GRU). Além de muitas indústrias, centros comerciais e de distribuição de mercadorias.

Mas o caminho percorrido para chegar à urbanização e expansão territorial passou pelo ciclo do ouro. A primeira atividade econômica da cidade foi a extração

de ouro, a descoberta do metal ocorreu no final do século XVI, em 159729,

totalizando um ciclo de aproximadamente 200 anos de atividade de mineração. Ouro, caminhos, tropeiros e pousos, assim iniciou-se o processo econômico e a expansão territorial da cidade.

A caça ao ouro foi o início da expansão territorial da cidade e da ocupação de suas localidades: escravos, ferramentas, abertura de estradas, transporte de carga, armas de fogo, vestiário, alimentos e impostos abriram o caminho para a ocupação

dos territórios da Freguesia de Nossa Senhora da Conceição de Guarulhos30.

A mineração de ouro, entre outros fatores, como as atividades produzidas induzidas pela atividade principal, trouxeram a Guarulhos dois novos elementos que passaram definitivamente a compor sua população, além dos indígenas, os

Maromomis31, originários do território, os colonizadores portugueses e os negros

trazidos da África.

Ao esgotamento do ciclo do ouro, caracterizado pelo fim da escravidão e pela chegada dos imigrantes, sucedeu outro modelo de ocupação dos espaços territoriais em Guarulhos, que volta ao cenário paulista com a produção em larga escala de tijolos, telhas, areia, lenha, frutas e verduras. Com esse deslocamento das atividades econômicas, intensificou-se o povoamento das regiões leste e norte da cidade, principais regiões de extração do minério de ouro, para as regiões próximas

ao rio Tietê, Cabuçu de Cima e Baquirivu-Guaçu32.

A partir de 1870, com o ciclo do tijolo, intermediário entre o ciclo do ouro e a industrialização, e com a imigração subvencionada pelo Estado para ocupação dos territórios paulistas, chegaram milhares de imigrantes à São Paulo, muitos italianos, espanhóis, alemães e portugueses vieram para a cidade de Guarulhos e passaram a

30 Em 1685 é criada a Freguesia de Nossa Senhora da Conceição de Guarulhos, elevada a condição

de Vila da Conceição de Guarulhos em 1880 e a condição de município de Guarulhos em 1906.

31 Diferentemente dos memorialistas tradicionais da história de Guarulhos (João Ranali, Adolfo

Vasconcelos Noronha e Gasparino José Romão), o pesquisador de história indígena Benedito Prézia, baseado na documentação jesuítica e nas atas da Câmara de São Paulo, afirma que os primeiros habitantes do território foram os índios Maromomis, um povo pertencente á família Puri, do tronco lingüístico Macro-Jê, que passaram a ocupar a região de Guarulhos depois de serem expulsos do litoral pelos indígenas da nação tupi-guarani. A partir de 1640, os colonizadores portugueses recém- chegados passaram a chamar os Maromomis por Guarulhos, provavelmente devido a semelhança física e cultural que estes apresentavam com os indígenas que habitavam o litoral norte do Rio de Janeiro, na freguesia de Santo Antonio de Guarulhos.

32 Água, areia, argila, madeira e terra eram condições naturais existentes nas várzeas do Rio Cabuçu

de Cima e Baquirivi-Guaçu em Guarulhos, bem como a proximidade de São Paulo e do vale do Paraíba o que possibilitou a diversificação econômica no município.

compor a população guarulhense. Ainda no sentido de entender a grande expansão territorial do município de Guarulhos é importante relatar que também, em virtude do movimento econômico da cidade e da proximidade com a Capital, imigrantes turcos, libaneses e japoneses completaram o quadro de composição da população da cidade.

O ciclo industrial em Guarulhos começou a formar-se paralelamente ao ciclo

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