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6 DELINEAMENTO DA TRAJETÓRIA DO ESTUDO

6.1 O Hospital das Clínicas da UFPE como campo empírico

O desenvolvimento desta investigação teve como campo empírico o Hospital das Clínicas da UFPE. A escolha por essa instituição decorreu, em primeiro lugar, por ser um hospital universitário federal filial da Ebserh, cujos campos de prática são utilizados para a formação de residentes e de estudantes de graduação e, em segundo lugar, pela facilidade de acesso aos dados, possibilitada pela inserção profissional da pesquisadora na instituição.

Figura 03 – Foto da fachada do Hospital das Clínicas da UFPE

Fonte: HC-UFPE ([201-]a).

O HC-UFPE (Figura 03) foi fundado em 14 de setembro de 1979, data que marca o início da transferência da primeira unidade hospitalar ligada à Universidade Federal de Pernambuco – o então Hospital Pedro II – para a edificação localizada no campus da Cidade Universitária. Vale mencionar que recentemente – no dia 28 de dezembro de 2017 – o HC-

UFPE ganhou a nova denominação de “Hospital das Clínicas da UFPE – Professor Romero Marques” em virtude de um projeto de autoria do ex-deputado federal José Chaves, que deu origem à Lei nº 10.307/2001, com o objetivo de homenagear o trabalho do Prof. Dr. Romero Marques (1903-1997), um notório cirurgião e acadêmico da instituição.

No dia 11 de dezembro de 2013, depois de passar pela aprovação no Conselho Universitário no dia 02 do mesmo mês, ocorreu a assinatura do contrato de adesão da UFPE com a Ebserh para administrar o HC. A partir de então, deu-se início a implantação do Plano de Reestruturação do HC-UFPE, cujo objetivo foi, dentre outros, a recomposição do seu quadro de pessoal, que conta atualmente com 1.217 servidores estatutários, 990 empregados públicos, 63 voluntários, 314 residentes e 479 terceirizados (HC-UFPE, [201-]b). Vale mencionar que, no que diz respeito aos servidores estatutários, o número era razoavelmente maior em 2013 quando o hospital não pertencia à Ebserh – 1.518 servidores (HC-UFPE, [201- ]b) –, indicando que o objetivo é que o quadro funcional das filiais da Ebserh sejam gradativamente renovados com empregados contratados via regime celetista.

Do ponto de vista organizacional, o HC-UFPE possui uma estrutura física que compreende 64 mil metros quadrados de área construída, composta por seis blocos que integram, dentre outros: anfiteatros para aulas e eventos; setores administrativos; enfermarias; ambulatórios; centros cirúrgicos e unidades de diagnóstico e de tratamento. Além disso, a estrutura física do HC ainda acomoda alguns cursos, departamentos e áreas acadêmicas do Centro de Ciências da Saúde (CCS) e do Centro de Ciências Médicas (CCM), a saber: toda a estrutura do curso graduação em Enfermagem e da Pós-Graduação em Enfermagem do CCS; o Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva; o Programa de Pós-Graduação em Cirurgia; o Programa de Pós-Graduação em Medicina Tropical; e cinco áreas acadêmicas do curso de medicina do CCM11.

Como órgão suplementar da UFPE, o HC-UFPE tem a missão de apoiar o ensino do CCS, do CCM e de outros centros acadêmicos da Universidade, atuando também na pesquisa, na extensão e na assistência à saúde.

No ensino, seu foco é servir como campo de prática para a formação de profissionais de saúde no âmbito da graduação e da pós-graduação lato sensu. Na graduação, apoia as atividades de ensino (estágio obrigatório, atividades práticas e visitas técnicas) de 20 (vinte)

11 O CCM, aprovado pela UFPE em 31/10/2018, foi criado, segundo o Pró-Reitor para Assuntos Acadêmicos, Prof. Paulo Sávio Angeiras de Góes, para repensar o curso de medicina do campus Recife – antes integrado ao CCS –, de modo a adequá-lo às diretrizes curriculares do MEC (UFPE..., 2018). Com a mudança, os sete departamentos integrados ao curso passam a constituir áreas acadêmicas e os docentes passam a ser vinculados diretamente ao novo Centro.

cursos de graduação da UFPE, sendo 16 (dezesseis) do campus Recife: Biomedicina, Ciências Biológicas (Bacharelado), Enfermagem, Engenharia Biomédica, Engenharia Civil, Engenharia da Computação, Engenharia Elétrica, Engenharia Mecânica, Farmácia, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Medicina, Nutrição, Psicologia, Serviço Social, Terapia Ocupacional; 3 (três) do campus Vitória de Santo Antão: Enfermagem, Nutrição e Saúde Coletiva e 1 (um) do campus Caruaru: Medicina12. Na pós-graduação lato sensu, oferece quatro residências em saúde: a Residência Médica – composta por 42 programas –, o Programa de Residência em Enfermagem, o Programa de Residência em Nutrição e o Programa de Residência Multiprofissional em Saúde – que engloba seis categorias profissionais: Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Nutrição, Psicologia e Terapia Ocupacional.

Na pesquisa, busca desenvolver novos conhecimentos na área da saúde, estimulando a produção científica e apoiando as pesquisas desenvolvidas pelos programas de pós-graduação stricto sensu do CCS, do CCM, bem como de outras instituições de ensino superior. Para tanto, foi criado em 2016 o Núcleo de Apoio à Pesquisa (NAP), com o objetivo de orientar os estudantes de graduação, especialização, mestrado, doutorado, pós-doutorado, residentes, professores, servidores e empregados que desejam realizar pesquisa científica no hospital, conforme normativas do Conselho Nacional de Saúde, do Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos da UFPE (CEP/UFPE) e do Comitê de Ética em Seres Humanos do HC- UFPE. Além do NAP, a área de pesquisa e inovação tecnológica do HC conta também com o Núcleo de Cirurgia Experimental, composto pelo Laboratório Multiusuário de Ensino, Treinamento e Pesquisa em Cirurgia, que desenvolve atividades de ensino e pesquisa.

Na extensão, o hospital busca aproximar a universidade da sociedade por meio de ações que favoreçam a troca de saberes e que contribuam para a formação acadêmico- profissional-cidadã dos estudantes de graduação e de pós-graduação da UFPE e de instituições de ensino conveniadas. Assim, enquanto campo para o desenvolvimento das práticas de extensão, principalmente em saúde, o HC busca fortalecer a relação indissociável entre o ensino, a pesquisa e a extensão, firmando o compromisso social da UFPE com a formação humana, cultural e social.

Na assistência à saúde, o HC-UFPE atua como prestador de serviços para o SUS, atendendo a população do estado de Pernambuco e da região Nordeste. Em sua estrutura

12 O curso de Medicina da UFPE de Caruaru iniciou sua inserção acadêmica no HC-UFPE a partir do ano de 2018, utilizando os campos de prática do hospital para o rodízio opcional do internato nas especialidades de Clínica Médica e de Clínica Cirúrgica, que ocorrem sempre entre os meses de novembro e dezembro, com duração de 6 (seis) semanas.

assistencial, conta com 27 habilitações para atendimentos especializados, 175 consultórios ambulatoriais, 413 leitos (sendo 10 de UTI Adulto/ UTI Cirúrgica e 15 de UTI Neonatal/ Cuidados Intermediários), 20 salas cirúrgicas e 13 unidades de diagnóstico e de tratamento (HC-UFPE, [201-]b). Assim, presta atendimentos de média e de alta complexidade nos níveis de ambulatório, internação e de exames de diagnóstico.

A partir da instituição da Ebserh no hospital, nova estrutura organizacional (Figura 04) foi implementada e muitas denominações de cargos e setores sofreram alterações. Essa nova estrutura é composta de três partes (EBSERH, 2013b): (1) Governança – integrada pelo Superintendente, pelo Colegiado Executivo e pelas três Gerências, a saber: Gerência de Atenção à Saúde (GAS), Gerência de Ensino e Pesquisa (GEP) e Gerência Administrativa Financeira (GAF); (2) Apoio à Gestão – composto pelo Setor Jurídico, Setor de Gestão de Processos e Tecnologia da Informação, Unidade de Planejamento, Unidade de Comunicação Social, Unidade de Controle Interno, Ouvidoria, Secretaria e Comissões; e (3) Controle e Fiscalização – composto pela Auditoria e pelo Conselho Consultivo.

Figura 04 – Novo Organograma do Hospital das Clínicas da UFPE

Fonte: HC-UFPE ([201-]a).

organizacionais para atender as demandas específicas de cada área. À GAS compete, dentre outras atividades, “coordenar o planejamento, a organização e administração dos serviços assistenciais” (EBSERH, 2013b, p. 9), sendo responsável pela área assistencial do hospital, bem como pela condução do contrato com a gestão local do SUS. À GEP compete “analisar e viabilizar a execução das propostas de ensino e pesquisa no âmbito do hospital” (p. 11) de forma articulada com a assistência. À GAF compete “gerenciar e implementar as políticas de gestão administrativa, orçamentária, financeira, patrimonial e contábil no âmbito do hospital [bem como] de logística, infraestrutura hospitalar e de gestão de pessoas” (p. 11).

Particularmente com relação à estrutura organizacional da GEP – dado que compreende a área que delimitamos para o nosso enfoque analítico, ou seja, o ensino – percebe-se que, após a Ebserh, têm-se um novo e mais amplo arranjo organizacional para essa área em relação à configuração anterior da antiga Diretoria de Ensino, Pesquisa e Extensão (DEPEx) (Figura 05) que possuía apenas um diretor, duas assessorias e uma secretaria. Esse novo arranjo organizacional permitiu, a nosso ver, um melhor acompanhando e apoio às atividades-objeto da referida Gerência.

Figura 05 – Organograma da Diretoria de Ensino, Pesquisa e Extensão do HC-UFPE

Fonte: HC-UFPE (2013).

A Figura 06 mostra que as atividades de graduação, de pós-graduação, de pesquisa e de extensão passaram a ter, após a Ebserh, uma gestão mais focada e personalizada no ensino, na pesquisa e na extensão, o que inexistia antes. Vale destacar que a estrutura organizacional da GEP leva em conta a natureza de grande porte do HC-UFPE, que o contempla com 5 (cinco) chefias de unidade e 2 (duas) chefias de setor. Para os hospitais de pequeno e médio porte e para as maternidades e hospitais especializados, por sua vez, há apenas 3 (três) chefias de unidade e 2 (duas) chefias de setor.

Figura 06 – Organograma da Gerência de Ensino e Pesquisa do HC-UFPE

Fonte: HC-UFPE ([201-]a).

Vale salientar ainda que a funções gratificadas pela Ebserh dizem respeito somente às células nas cores azul, amarela e vermelha. As células na cor cinza já existiam no HC-UFPE antes da Ebserh e não são funções gratificadas pela Ebserh, mas foram incorporadas no organograma tão somente para indicar vinculação à GEP e subordinação à respectiva Unidade.

Definido o campo empírico, partiremos agora para os procedimentos metodológicos utilizados para perseguir os objetivos e examinar a realidade.