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2.8 FORMAS DE MEDIR O CRESCIMENTO E O DESENVOLVIMENTO

2.8.2 O IDEB como parâmetro de desenvolvimento municipal

Avaliar a qualidade do ensino e, por conseguinte, da educação deve ser uma das metas prioritárias dos gestores públicos. Para o monitoramento do desempenho do ensino no Brasil podem-se utilizar indicadores de desempenho de dois tipos. O primeiro são os indicadores de fluxo que avaliam situações como a entrada, a repetência e a evasão escolar. O segundo são os

indicadores de pontuação em provas específicas realizadas nas séries finais de cada ciclo (4ª e 8ª séries do ensino fundamental e 3º ano do ensino médio). (FERNANDES, 2007).

Um sistema educacional deve ter a qualidade suficiente para que os alunos consigam cumprir a sua jornada sem reprovações constantes, que estimulam a evasão escolar, no entanto, sem que ao final dessa jornada o aluno não seja proficiente naquilo que aprendeu. Nem sempre é fácil combinar esses dois fatores. Muitas vezes os alunos, quando demandados em um método mais qualitativo de ensino, sofrem com as repetências e, muitas vezes, levando-os ao abandono dos estudos. Por outro lado, quando as condições de ensino facilitam o fluxo do aluno nas séries de cada etapa, estes podem chegar ao final do ciclo sem conhecimentos necessários a uma educação de qualidade.

Para Fernandes (2007, p. 7) “No Brasil, a questão do acesso está praticamente resolvida, uma vez que quase a totalidade das crianças ingressa no sistema educacional”. Ainda para o autor “Nosso problema ainda reside nas altas taxas de repetência, na elevada proporção de adolescentes que abandonam a escola sem concluir a educação básica e na baixa proficiência obtida por nossos estudantes em exames padronizados”. (FERNANDES, 2007, p. 7)

O IDEB foi então criado buscando associar em um mesmo indicador a avaliação do fluxo escolar e da proficiência dos alunos nas séries finais de cada ciclo. De acordo com o INEP:

O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) foi criado em 2007 para medir a qualidade de cada escola e de cada rede de ensino. O indicador é calculado com base no desempenho do estudante em avaliações do Inep e em taxas de aprovação. Assim, para que o Ideb de uma escola ou rede cresça é preciso que o aluno aprenda, não repita de ano e freqüente a sala de aula.

Para que pais e responsáveis acompanhem o desempenho da escola de seus filhos, basta verificar o Ideb da instituição, que é apresentado numa escala de zero a dez. Da mesma forma, gestores acompanham o trabalho das secretarias municipais e estaduais pela melhoria da educação.

O índice é medido a cada dois anos e o objetivo é que o país, a partir do alcance das metas municipais e estaduais, tenha nota 6 em 2022 – correspondente à qualidade do ensino em países desenvolvidos. (INEP, 2009).

O IDEB é calculado a partir de dois componentes: taxa de rendimento escolar (aprovação) e, médias de desempenho nos exames padronizados aplicados pelo INEP. Os índices de

aprovação são obtidos a partir do Censo Escolar, realizado anualmente pelo INEP. As médias de desempenho utilizadas são as da Prova Brasil (para IDEB de escolas e municípios) e do

Saeb (no caso dos IDEB dos estados e nacional).

A forma geral do IDEB é dada por:

IDEBji =Nji.Pji

onde,

i = ano do exame (Saeb e Prova Brasil) e do Censo Escolar;

N ji = média da proficiência em Língua Portuguesa e Matemática, padronizada para um indicador entre 0 e 10, dos alunos da unidade j, obtida em determinada edição do exame realizado ao final da etapa de ensino;

P ji = indicador de rendimento baseado na taxa de aprovação da etapa de ensino dos alunos da unidade j;

Não se pode negar a importância da utilização de indicadores que representem efetivamente a situação do ensino para que esses possam servir de base para a aplicação de políticas públicas que visem a melhoria da qualidade do ensino no país. Nesse contexto, Mallmann e Eyng (2008) avaliam as ações nos Sistema Estadual de Educação do Estado do Paraná desencadeadas após a divulgação do IDEB 2005 e suas contribuições para a elevação do IDEB 2007.

Dentre as ações detectadas pela citada pesquisa pode-se identificar: a) visita técnica nas escolas com gráficos apresentando os resultados (esse foi o ponto de partida); b) acompanhamento periódico das ações escolares; c) estudo aprofundado, dos dados que compuseram o IDEB dos diferentes estabelecimentos de ensino; d) encontro de reflexão sobre os dados do IDEB; e) acompanhamento, apoio e contribuições da equipe pedagógica aos professores nas escolas.

Essas e outras ações levaram, conforme identificou a pesquisa ao fato de 75% das escolas terem superado as metas do Ministério da Educação - MEC para o IDEB de 2007. Mostra-se então a utilização do indicador como ponto de apoio às ações governamentais para a melhoria do ensino e, em conseqüência, do desenvolvimento local.

Observe que as ações detectadas na pesquisa citada são de cunho interno ao âmbito educacional. A Pesquisa que aqui se apresenta busca apoiar os gestores para ações de cunho mais macros em áreas de atuação governamental específicas, que não só a educacional, para a melhoria do desenvolvimento municipal como um todo.

Feitosa (2007) ao analisar a utilização de indicadores na gestão municipal, esclarece:

O IDEB tem sido utilizado pela grande maioria dos dirigentes municipais de educação como um alerta e um chamamento para novas tomadas de decisão, desde o planejamento estratégico de seus programas, projetos, atividades e ações, até a sua implementação e execução. Também compreendem que, como indicador de resultados, ele não os permite visualizar processos e aspectos históricos e culturais que contribuíram até aqui para conformar a estrutura educacional que temos.(FEITOSA, 2007, p. 37).

Essa dissertação buscou, a partir do resultado do IDEB 2009, se existe relação entre os gastos públicos evidenciados por função de governo com o resultado do IDEB. Ao utilizar indicadores como o IDEB para avaliar o desenvolvimento da educação local, associado à escolha das áreas de atuação governamental que melhor colaboram para o desempenho das escolas, pretende-se subsidiar o gestor público municipal nas suas decisões de alocação de recursos públicos.