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2.8 FORMAS DE MEDIR O CRESCIMENTO E O DESENVOLVIMENTO

2.8.1 O IDH como parâmetro de desenvolvimento municipal

O Índice de Desenvolvimento Humano – IDH compõem um rol de indicadores que se preocupam com uma forma de estabelecer critérios de comparação entre os diversos países,

acerca do nível de desenvolvimento das sociedades, avaliando, para isso, fatores como a longevidade, a educação e a renda.

Conforme estabelecido pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD:

O objetivo da elaboração do Índice de Desenvolvimento Humano é oferecer um contraponto a outro indicador muito utilizado, o Produto Interno Bruto (PIB) per capita, que considera apenas a dimensão econômica do desenvolvimento. Criado por Mahbub ul Haq com a colaboração do economista indiano Amartya Sen, ganhador do Prêmio Nobel de Economia de 1998, o IDH pretende ser uma medida geral, sintética, do

desenvolvimento humano. Não abrange todos os aspectos de desenvolvimento e não é uma representação da "felicidade" das pessoas, nem indica "o melhor lugar no mundo para se viver". (PNUD, 2003)

Para calcular o IDH de uma localidade, faz-se a seguinte média aritmética:

L + E + R 3 IDH = Onde: L = Longevidade E = Educação R = Renda

Os três componentes da fórmula acima são calculados conforme os seguintes indicadores:

EV - 25 60 L = 2TA + TE 3 E = Log10PIBpc - 2 2,60206 R =

Onde:

EV = Esperança média de vida TA = Taxa de Alfabetização TE = Taxa de Escolarização

Log10PIBPC = Logarítimo decimal do PIB per capita.

Embora não o desconsidere no processo de avaliação de desenvolvimento humano, Biswas e Caliendo (2002) expõem as suas preocupações quanto ao cálculo desse indicador:

Embora os componentes do IDH são aspectos importantes do desenvolvimento humano, o processo de ponderação é certamente preocupante. Existe alguma razão para suspeitar que a educação é exatamente como importante na determinação do desenvolvimento humano como o PIB ou a expectativa de vida? Este postulado decorre necessariamente, no entanto, se a média simples é o método escolhido combinando os componentes. Além disso, o índice de um componente de medida tem uma variação diferente que o outro pesos iguais parecem insatisfatórias. Maior variabilidade no índice de componentes em relação a outro representa a informação que não é utilizada ou ignorada em média simples. Além disso, as variáveis econômicas e sociais por natureza são interdependentes. A correlação cruzada entre os índices é importante componente de informação ainda não utilizados a menos que métodos multivariados que os pesos selecione em consequência, sejam empregados7. (BISWAS; CALIENDO, 2002, p. 1).

Não se pode negar também que ao tentar mensurar o desenvolvimento humano e, por conseguinte o desenvolvimento social pode-se avaliar esse desenvolvimento separando duas componentes importantes. Primeiro os componentes individuais e depois os componentes sociais.

Scarpin (2006, p. 43) destaca que, ao se analisar o desenvolvimento humano pode-se perceber que “o homem não é um ser puramente biológico, destinado apenas ao ciclo de vida que corresponde ao nascimento, crescimento e morte, mas sim um ser em constante desenvolvimento”. No campo do desenvolvimento social, Scarpin, (2006, p. 47) elege as instituições sociais como aquelas que fazem o homem ser capaz de viver em sociedade e as transformações que se operam na sociedade são graduais e nem sempre podem ser diretamente percebidas.

Deste prisma, as instituições, aqui entendida como as instituições governamentais podem operar de diversas formas para proporcionar o desenvolvimento do homem e da sociedade

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como um todo. A alocação de recursos públicos em áreas que efetivamente garantam esse desenvolvimento é uma das maneiras de proporcionar o desenvolvimento humano e social.

Do ponto de vista teórico, podem-se associar algumas funções de governo diretamente ligadas a cada um dos indicadores componentes do IDH-M. O Quadro 9 mostra possíveis associações, sendo que, entretanto, faz-se necessário um estudo empírico para comprovação ou não delas. Esse estudo é o que se propõe este trabalho.

Ao tentar associar esta ou aquela função de governo a determinado indicador, corre-se o risco de estabelecer relações inadequadas, nas quais itens que são de responsabilidade de um ente da federação estejam sendo supridos por outro em função de deficiências do ente obrigado ou por razões outras.

Longevidade - L Educação - E Renda - R

Segurança Pública Educação Trabalho

Assistência Social Cultura Ciência e Tecnologia

Previdência Social Ciência e Tecnologia Agricultura

Saúde Desporto e Lazer Indústria

Urbanismo Comércio

Saneamento Serviços

Gestão Ambiental Energia

Agricultura Transporte

Quadro 9: Associação teórica entre componentes do IDH e as funções de governo Fonte: Elaboração própria, 2010

Componente do IDH F u n çã o d e G o v er n o

Nem sempre é fácil identificar as relações que possam existir entre os gastos públicos por função de governo com os componentes do IDH-M. Nessa pesquisa, buscou-se um modelo econométrico consistente para que as relações possam ou não ser validadas. A Figura 1 mostra o esquema básico do cálculo do IDH pelo PNUD.

Figura 1: Esquema básico de cálculo do IDH Fonte: PNUD, 2003

Para o cálculo do IDH-M, ou seja, o IDH para os municípios, o Atlas de Desenvolvimento Humano estabelece algumas alterações na sistemática principal e assim se pronuncia:

O IDH foi inicialmente idealizado para ser calculado para uma sociedade razoavelmente fechada, tanto do ponto de vista econômico (no sentido de que os membros da sociedade são os proprietários de, essencialmente, todos os fatores de produção) como do ponto de vista demográfico (no sentido de que não há migrações temporárias). Municípios, no entanto, são espaços geopolíticos relativamente abertos e por esse motivo foram realizadas algumas adaptações nos indicadores. (PNUD, 2003).

Sacrpin (2006) identifica que essas alterações ocorreram nos índices das dimensões renda e educação. Na dimensão renda o Produto Interno Bruto per capita foi substituído pela renda familiar per capita média do município. Justifica-se essa alteração pelo fato de que nem sempre, aquilo que é produzido no município foi influenciado por fatores de produção pertencentes a moradores do município. Na dimensão educação a matricula no município é substituída pela freqüência à escola. Essa substituição justifica-se pelo fato de muitas vezes o ensino é concentrado em poucos municípios de determinada região e os dados de freqüência são coletados diretamente nas famílias e não nas escolas.