• Nenhum resultado encontrado

O impacto do envelhecimento populacional na sociedade/Envelhecimento ativo

1. O ENVELHECIMENTO NA SOCIEDADE E O SEU IMPACTO

1.3. O impacto do envelhecimento populacional na sociedade/Envelhecimento ativo

O crescente envelhecimento populacional a que assistimos, leva as Instituições de apoio à terceira idade a repensarem as suas políticas assistenciais aos nossos idosos, e dotarem-se de equipamentos e serviços diferenciadores com recursos humanos qualificados de forma a promover o envelhecimento ativo, apoiando e estimulando as competências dos idosos.

Num contexto de mudanças demográficas, associam-se as mudanças sociais e familiares das últimas décadas. Contudo o posicionamento, face à “velhice”, está a “rejuvenescer”, ou seja, a percepção da pessoa sobre si como “idosa” é progressivamente mais tardia e,

16

simultaneamente, a vivência da velhice aparece como mais satisfatória do que as expectativas expressas pelas gerações anteriores. A melhoria das condições de vida associada à melhor qualidade de vida contribui para o aumento da longevidade o que, grosso modo, é vivido com uma esperança de vida longa e com bem-estar. (Soeiro,

2010, p. 14)

O envelhecimento ativo é um aspeto central, devendo ser promovido quer a nível individual, quer a nível coletivo.

Individualmente, o envelhecimento ativo pode ser entendido como o conjunto de atitudes e acções que podemos ter no sentido de prevenir ou adiar as dificuldades associadas ao envelhecimento. As alterações físicas e intelectuais que ocorrem com o envelhecimento variam de pessoa para pessoa e dependem das características genéticas e hábitos tidos durante a vida. É sempre oportuno salientar a alimentação saudável, a prática adequada de desporto, uma boa hidratação, repouso e exposição moderada ao sol, não esquecendo as consultas de seguimento do médico assistente. O bem-estar psíquico e intelectual (memória, raciocínio, boa disposição) – ambos fundamentais no envelhecimento ativo e saudável − também se mantém e promove com cuidados permanentes: leitura regular, participação ativa na discussão dos assuntos do quotidiano, realização de jogos que estimulam raciocínio, manutenção de atividades dentro e fora de casa (passeios, visitas, voluntariado…), participação em tarefas de grupo ou eventos de associativismo, entre outros.

Segundo Silva (2008), os espaços de participação das pessoas mais velhas na sociedade portuguesa atual, cidadania ativa, devem implicar, o exercício de poder, capacidade de decisão nos processos coletivos, participação no exercício de governação das comunidades, voz ativa sobre os mais variados domínios económicos, sociais e políticos.

Fala-se no problema do envelhecimento como fenómeno que preocupa o Governo e que se faz acompanhar de um espetro de dificuldades relacionadas com o encargo dos idosos sobre as gerações futuras. Os vários custos do envelhecimento populacional, a fraca sustentabilidade atual da Segurança Social e o aumento do índice de dependência, obrigam a pensar em novas formas de aliviar estes impactos.

Em 2006, 81,1% da população residente recorria essencialmente ao Serviço Nacional de Saúde (SNS) para obtenção de serviços de saúde, valor ligeiramente inferior ao registado em 1999 (82,5%). O segundo subsistema mais referido correspondia à Assistência na Doença

17

aos Servidores do Estado (ADSE), sendo utilizado por 10,1% dos residentes em 2006 e por 8,8% em 1999 (INE/INSA, 2009).

A maioria da população portuguesa em 2006 não tinha seguro de saúde: apenas 10,5% dos residentes em Portugal Continental declarou a posse de um seguro desta natureza. Todavia, verificou-se que entre 1999 e 2006 a proporção de residentes com seguro de saúde quase duplicou (de acordo com o 3º INS estimou-se que 5,5% dos residentes tinha seguro de saúde em 1999). Dos residentes em Portugal Continental com seguro de saúde em 2006, 30,8% referiu que o seguro abrangia os riscos de internamento, consultas e meios omplementares de diagnóstico e terapêutica; 40,3% optou por incluir adicionalmente a opção medicamentos.(PNS 2012-2016, 2012, p. 17).

Cada vez mais se verifica que os cidadãos, idosos ou não, recorre à alternativa privada em deterimento do SNS para manter saúde e bem-estar, mas o investimento individual da pessoa idosa (e respectivas famílias) carece obviamente de políticas e infraestruturas comunitárias.

O envelhecimento vai exercer pressões significativas no que toca às políticas sociais de cada Estado Membro, no sentido do aumento das despesas públicas, nomeadamente na saúde e nos serviços aos idosos. As finanças públicas globais correm o risco de insustentabilidade, podendo comprometer o equilíbrio futuro dos regimes de pensões e de protecção social, e em consequência ser dramático ao crescimento económico, bem como a prazo, exigir uma dramática reconsideração das reformas e das prestações de saúde. (Soeiro 2010, p.45)

No entanto, na União Europeia estão a ser tomadas medidas e a ser transferidas para os cidadãos responsabilidades e papeis mais ativos, no que concerne às recentes reformas, na redução dos regimes públicos de pensões, do pagamento de taxas moderadoras os serviços de saúde, no aumento da idade de reforma, entre outras.

O sistema de Protecção Social constitui um dos principais instrumentos sobre os quais esta realidade tem maior impacto, quer pela pressão que o envelhecimento populacional exerce ao nível do seu financiamento, quer pelo maior esforço que requer no apoio na velhice e nos cuidados de saúde. A vertente demográfica constitui, assim, um importante desafio com que se confrontam os sistemas de protecção social e de sistema Nacional de Saúde Português. (ibidem)

O Plano Nacional de Saúde contempla também aspetos relacionados com a dimensão do envelhecimento populacional, nos seus indicadores e metas para 2012-2016 (2012, p.3):

Estado de Saúde - permite analisar quão saudável é uma população através de dimensões como a mortalidade, morbilidade, incapacidade e bem-estar;

18

Determinantes de saúde - possibilita o conhecimento sobre os fatores para os quais há evidência científica quanto à influência sobre o estado de saúde e da utilização dos cuidados de saúde (comportamentos, condições de vida e trabalho, recursos pessoais e ambientais); (PNS, 2012, p.3)

No âmbito do acesso e equidade,

A despesa com serviços e tratamento pode ser uma barreira no acesso aos cuidados de saúde.

Situações de doença com os custos que daí decorrem e opções entre a saúde e bens essenciais podem ser fatores precipitantes de pobreza, sobretudo para doentes crónicos, desempregados e idosos. Estes grupos são os que mais necessitam de cuidados de saúde, ficando duplamente fragilizados. (PNS,

2012, p.3).

A Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados criada, em 2006, pelos Ministérios do Trabalho e da Solidariedade Social e da Saúde tem como objetivos:

Prestação de cuidados de saúde e de apoio social de forma continuada e integrada a pessoas que, independentemente da idade, se encontrem em situação de dependência. Os Cuidados Continuados Integrados estão centrados na recuperação global da pessoa, promovendo a sua autonomia e melhorando a sua funcionalidade, no âmbito da situação dedependência em que se encontra.