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Parte II: Estudo Empírico

4. Aspetos metodológicos

4.2 Os Instrumentos de recolha de dados

4.2.1 O inquérito por questionário

O inquérito por questionário é uma das técnicas mais utilizadas quando pretendemos colher dados de uma forma mais uniforme e anónima. Ghiglione e Matalon (1993, p. 188) consideram que o questionário deverá ser um instrumento rigorosamente estandardizado, quer no texto das questões quer na sua ordem, sendo indispensável que cada questão seja colocada a cada pessoa da mesma forma, sem adaptações nem explicações suplementares resultantes da iniciativa do entrevistador, garantindo, assim, a comparabilidade das respostas de todos os indivíduos. Concebemos dois questionários multidimensionais, autopreenchíveis, aplicados de forma simultânea em contexto de biblioteca a alunos do 9º ano.

Começámos por “delimitar […] el propósito básico del questionário […] detallar las áreas específicas que abarcarán todo el contenido […] especificar un conjunto de aspectos concretos para cada área específca” (Del Rincón, Arnal, Latorre e Sans, 1995, p. 208). Nesta fase, procurámos explicitar com rigor os objetivos do questionário para acedermos à informação procurada, porque, segundo Lima (1981), os métodos devem adaptar-se aos objetivos da investigação.

Como podemos verificar nos Anexos I e II, utilizámos preferencialmente questões fechadas, mas também questões abertas, no caso do segundo questionário. Relativamente às primeiras, seguimos as indicações de Ghilglione e Matalon (1993, p. 127), pedindo à pessoa inquirida para:

 indicar várias respostas, sendo fixo o número de respostas possíveis;

 indicar a resposta mais adequada (dicotómica, escolha múltipla ou por escalas). Através desta última tipologia de questões foi possível caracterizar os intervenientes, relativamente às variáveis clássicas (sexo, idade e aspetos socioculturais do agregado familiar). No que diz respeito às escalas, optámos por escalas nominais que traduzem um sistema de notação dos dados de natureza qualitativa. Servimo-nos da escala psicométrica de Likert, usada habitualmente em pesquisas de opinião, com cinco

níveis de resposta. Ao responderem a um questionário baseado nesta escala, os inquiridos especificam o seu nível de concordância com uma afirmação.

Introduzimos algumas questões abertas, especialmente no segundo inquérito, para dar “à pessoa a impressão, justificada ou não, de que de facto está a ser ouvida”. (Ghilglione, e Matalon, 1993, p.129), mas também porque era difícil conceber uma lista pré-estabelecida de respostas que cobrisse a totalidade das opiniões que cada um tem acerca do âmbito do estudo, pelo que a forma aberta “abre a possibilidade a várias codificações diferentes” (idem). Além disso, estas questões abertas serviram-nos para validar resultados de questões anteriores.

Na construção dos questionários, respeitámos as recomendações de Gravitz (1984), Quivy & Campenhoudt (2005), Lima (1981), Almeida e Pinto (1980) e Ghiglione e Matalon (1993) que enumeram um conjunto de procedimentos a ter em atenção, tais como: número de perguntas adequado ao estudo a realizar; perguntas preferencialmente fechadas, de maneira a objetivar as respostas e afastar ambíguidades; número razoável de respostas-tipo, evitando excessos, de forma a não dispersar os inquiridos; instruções claras e precisas sobre o modo de responder a cada pergunta; respostas padrão sem ambíguidades ou passíveis de leituras subjetivas.

A elaboração dos questionários obedeceu às seguintes matrizes de tópicos/objetivos, conforme se pode ver nos quadros 1 e 2.

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Parte II – Capítulo 4

Quadro 1- Matriz do 1º questionário aplicado à turma C do 9º ano

Quadro 2 - Matriz do 2º questionário aplicado à turma C do 9º ano

Tópicos Objetivos Questões

Identificação de hábitos e contextos de leitura na infância e eventual relação com o álbum ilustrado

 Conhecer:

- hábitos de leitura em casa;

- práticas de leitura no jardim de infância; - livros mais familiares.

Parte 2 Questões 1, 2 e3 Conhecimento de hábitos de leitura no período pós alfabetização.

 Identificar eventuais mudanças de hábitos de leitura quando os inquiridos passaram a dominar o código verbal.

 Verificar se a imagem foi preterida em relação ao código verbal Parte 2 Questão 4 O papel dos elementos textuais e paratextuais que influenciam a leitura.

 Sinalizar a preferência/aversão por elementos paratextuais ou materiais que influenciam, facilitando/dificultando, as opções de leitura dos inquiridos.

 Identificar possíveis aproximações ao álbum ilustrado através da valorização de elementos paratextuais e materiais do livro.

 Identificar causas de desmotivação para a leitura que possam ser colmatadas com a proposta de leitura de álbuns ilustrados.

Parte 3 Questão 1 Questões 2 e 3 Os inquiridos e as suas escolhas de leitura na atualidade.

 Assinalar preferências de leitura dos inquiridos no presente.

 Averiguar se a ilustração está presente nas preferências de leitura assinaladas.

Parte 3 Questão 4

O olhar dos alunos sobre o(s) papel(éis) da ilustração.

 Conhecer a(as) função(ões) que os inquiridos

atribuem à ilustração. Parte 3

Questão 5

Tópicos Objetivos Questões

O olhar dos alunos sobre o(s)

papel/papéis da ilustração.

 Comparar a(s) função(ões) que os inquiridos atribuem à ilustração após o projeto de intervenção com a informação recolhida no início do mesmo. Parte 2 Questão 1 O álbum ilustrado como recurso pedagógico.

 Percecionar o entendimento dos alunos relativamente à utilização do álbum ilustrado em contexto de sala de aula.

Parte 2 Questão 2

A dimensão emocional do álbum ilustrado.

 Entender até que ponto o álbum ilustrado

mobiliza competências emocionais nos alunos. Parte 2 Questão 3

A diversidade da coleção da biblioteca escolar.

 Avaliar, na perspetiva dos alunos, a pertinência da existência de álbuns ilustrados na coleção da biblioteca escolar.

 Identificar interesses dos alunos neste tipo de leitura.

Parte 2

Questões 4,5,6,7,8

O papel dos álbuns ilustrados não ficcionais.

 Perceber até que ponto os álbuns ilustrados, não ficcionais, escritos na primeira pessoa, são promotores de empatia pelas vivências dos protagonistas. Parte 2 Questão 9 Avaliação global do projeto de intervenção.

 Apreender, de forma não dirigida, a perceção dos alunos relativamente ao trabalho desenvolvido nas sessões e suas implicações no seu processo de crescimento/formação pessoal.

Parte 2 Questão 10

Elaborámos questionários-piloto seguindo-se a realização de um pré-teste para cada um dos questionários com o objetivo de otimizar a sua fiabilidade. Recorremos, assim, a cinco alunos do 9º ano fora do grupo de participantes. Para Ghiglione & Matalon (1993), este tipo de teste corresponde a todo o conjunto de verificações através das quais o investigador garante que o questionário pode, de facto, ser aplicado e que responde, efetivamente, aos problemas formulados. O pré-teste procurou, entre outros aspetos, avaliar a percetibilidade da formulação das perguntas, a adequação e suficiência das opções de resposta, a clareza das instruções, a eventual inutilidade de algumas questões, a adequação da sequencialidade entre blocos de questões, bem como o tempo de preenchimento. Estas contribuições externas ao estudo propriamente dito possibilitaram aprimorar o questionário definitivo, de modo a aumentar a validade do instrumento, assim como proceder a alguns ajustes em termos de layout.