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2. O ENSINO E APRENDIZAGEM EM MATEMÁTICA

3.3 O Jogo e a Avaliação em Matemática

Em nosso trabalho docente convivemos com uma série de avaliações, temos as realizadas externamente como: Saeb, Prova Brasil, ENEM, Pisa, e as provas estaduais como o IDEB PB em nossa região. Além do mais, no nosso dia a dia da sala de aula é necessário realizarmos as avaliações internas, onde nesse sentido pretendemos diante dos diversos

métodos avaliativos verificar o desempenho de nossos alunos, para que a partir dos resultados possamos propor mudanças para a melhoria da aprendizagem e/ou até mesmo modificar a nossa própria prática caso seja preciso, a fim de nos tornamos cada vez mais comprometidos com a aprendizagem de nossos estudantes.

Muitas vezes os resultados das avaliações realizadas no âmbito nacional causam desestímulo ao corpo docente que almeja conduzir os alunos a uma aprendizagem com compreensão, isso porque os professores não veem nesses resultados frutos satisfatórios de seus trabalhos e esforços.

É nesse sentido que Nacarato (2010) discute a frequência com que se tem pensado em soluções que auxiliem os alunos a obterem melhores resultados nas avaliações, para ele a maioria das ações que visa melhorar o desempenho dos alunos, das escolas que apresentam baixo rendimento, são baseadas em atividades de classes de reforço, projeto de recuperação, atividades extraclasse, entre outros, porém dificilmente refletem os tipos de provas realizadas, o que elas permitem ou não avaliar, não questionam as limitações dessas avaliações.

Isso também acontece nas mais diversas salas de aulas de Matemática, muitos estabelecimentos de ensino se preocupam com o baixo desempenho dos alunos, mas não param para estudar o método avaliativo realizado pelo professor em sala de aula. Sabemos que não é tarefa fácil discutir sobre avaliação e esse não será nosso foco principal nesse trabalho de pesquisa, contudo dentro da Educação Matemática sentimos a necessidade de refletir intensamente os tipos de avaliação realizados e concordamos que há inúmeras maneiras de verificar o que e como os alunos aprendem. Na presente pesquisa, por exemplo, utilizamos o jogo para esse fim, realizamos duas atividades fazendo o uso desse recurso com o objetivo de analisar a compreensão de Função apresentada por alunos do 1º ano do Ensino Médio de uma escola pública estadual do município de Rio tinto-PB, além do mais os estudantes tiveram um espaço para expor suas opiniões acerca do instrumento avaliativo utilizado.

As práticas avaliativas têm estado sobre diferentes olhares, e tem se apresentado de diversas formas, dependendo do entendimento de cada docente ou de cada instituição de ensino. Como educadores precisamos refletir como tem ocorrido a aprendizagem em nossas aulas, de que forma os educandos estão pensando acerca de sua própria aprendizagem e também precisamos rever, sempre que necessário, a própria prática. Para isso, precisamos criar procedimentos avaliativos que possibilitem ao aluno ter informações sobre seu aprendizado, de forma que sejam conscientes da importância de seu papel na sua

aprendizagem, que forneça ainda informações ao estabelecimento de ensino e à família do avaliado. Para Lopes (2010),

[...] um processo de avaliação precisa explicitar os objetivos propostos para o ensino e a aprendizagem; as capacidades que se pretende desenvolver durante o processo pedagógico; e quais conteúdos conceituais, procedimentais e atitudinais serão desenvolvidos. (LOPES, 2010, p. 136)

O autor ao discutir sobre ações avaliativas nas aulas de Matemática afirma que, os resultados oriundos do processo avaliativo devem nos direcionar a uma adequada intervenção pedagógica, com o objetivo de melhorar a aprendizagem, e o aluno precisa rever suas ações no desenvolver dos estudos.

É comum percebermos nas aulas de Matemática práticas avaliativas que levam apenas em consideração os conteúdos conceituais, referentes a abordagem de conceitos, sendo deixados em segundo plano, ou até excluídos do processo, os conteúdos procedimentais e atitudinais, onde este segundo leva em consideração o saber fazer, e o último refere-se aos valores, normas e atitudes.

No que se refere a avaliação Matemática devemos considerar os objetivos dessa disciplina e os objetivos de cada conteúdo estudado, a fim de que possamos criar um procedimento avaliativo que contemple tais objetivos quando determinado conteúdo estiver em ação, os estudantes precisam aprender a acompanhar a construção do próprio saber, o que torna-se essencial ao ensino da Matemática, tendo em vista as dificuldades evidenciadas diante a complexidade presente no conhecimento matemático. Sabemos o quão são abstratos alguns conceitos dentro dessa ciência, entre eles está o conteúdo de Função, abordado por nós na presente pesquisa, que se apresenta fundamental a formação do cidadão e mesmo assim os alunos encontram muitas dificuldades na aprendizagem desse tema, ficando até certo ponto desmotivados.

Geralmente os alunos sentem-se desanimados quando percebem que o seu desempenho não foi considerado bom num determinado conteúdo, as vezes tem tantas oportunidades de melhorar e não se esforçam verdadeiramente, muitos atribuem esse baixo desempenho ao julgamento do professor e não procuram promover as modificações ao longo dos estudos, isso por que, como diz Muniz (2010) em uma de suas obras, os alunos não reconhecem a sua responsabilidade na própria avaliação, e não se percebem como parceiro do professor na busca dos caminhos eficazes para a melhoria da aprendizagem.

A autora enfatiza que isso muitas vezes ocorre porque algumas práticas avaliativas são centradas no professor e controladas por ele, vinculadas as suas crenças e baseadas na vivência dele enquanto aluno, fato que ocorreu com a mesma quando percebeu que suas práticas avaliativas seguiam esse modelo, e os resultados apresentavam-se muito aquém do esperado, ela relata que na sua prática as reclamações dos alunos só aumentavam no final de cada bimestre.

Muniz (2010) confessa que a partir desses acontecimentos foi ao encontro de teorias que contemplasse uma efetiva mudança, buscou mudar sua prática realizando avaliações, que se propunham compartilhar com os alunos a prática avaliativa, baseada em registros feitos pelos alunos e por ela de forma compartilhada ao longo dos bimestres.

Na presente pesquisa, os jogos utilizados assumiram o papel de instrumentos avaliativos da compreensão do conceito de Função apresentada por alunos do 1º ano do Ensino Médio, e assim como Muniz (2010), procuramos permitir que os estudantes investigados pudessem compartilhar entre eles e com a pesquisadora as informações referentes ao aprendizado de cada um, os mesmos tiveram a oportunidade de avaliar o próprio conhecimento durante o desenvolver da atividade, compartilhando uns com os outros a construção do saber.

Acreditamos que o jogo pode ser utilizado como um recurso-didático pedagógico que permite analisar os diferentes procedimentos utilizados pelos alunos, para Macedo (2009) os jogos permitem observações e análises, que podem ser feitas à medida que os alunos estão em ação no desenvolvimento do jogo aplicado. Percebemos que este método de avaliação tira o do foco da avaliação em forma de teste, onde é verificada a resposta escrita de cada aluno e deixa de lado todo processo de descoberta, de interação e socialização do conhecimento.

Acreditamos que por meio da diversidade de métodos avaliativos, dentre eles uma atividade fazendo o uso de jogos em sala de aula, podemos permitir ao aluno colocar em prática seu próprio método de resolução, auxiliando-o para que tenha autonomia em expor o que aprenderam sobre o conteúdo matemático abordado, dessa forma podemos nos aproximar de como esses estudantes estão se apropriando do conhecimento matemático.

Outro ponto positivo com relação ao uso do jogo como recurso avaliativo é o fato dele não permitir que o erro dos alunos seja algo determinante de futuros traumas no ensino da Matemática. Santos e Buriasco (2008) ao tratar da avaliação e da Educação Matemática enfatizam que geralmente os testes escolares aplicados no Ensino Médio visam contabilizar o acerto ou o erro dos estudantes, por exemplo, os testes de múltipla escolha, ou outros tipos de avaliação que, automaticamente, caracterizam os estudantes pelo que lhes falta e não pelo que

eles já têm, dessa forma tentam analisar o que os alunos sabem sobre determinado conteúdo com base nos erros deles.

Os autores nos trazem suas considerações sobre esse tipo de avaliação, onde enfatizam que,

[...] não são analisadas as interpretações feitas pelos alunos para o enunciado da questão, as estratégias elaboradas e os procedimentos utilizados, ou seja, o “como” esses alunos lidam com as questões, quais conhecimentos eles utilizam ou constroem para resolvê-las. (SANTOS; BURIASCO, 2008, p. 87)

Concordamos com os autores quando afirmam que esse tipo de avaliação, que visa rendimentos, nos leva a ter um olhar limitado para deduzir o que os alunos sabem ou não sabem, nesse sentido devemos utilizar métodos avaliativos que nos permita uma visão mais além e propiciem reflexões sobre a aprendizagem dos alunos e a prática dos professores.

Poderíamos em nossa pesquisa aplicar um tipo de avaliação como esse, para tentar identificar o que os alunos compreendem acerca do conceito de Função, mas nosso objetivo é avaliar esse conhecimento de forma a verificar quais estratégias eles usam para lidar com questões que abordam o conteúdo de Função, como eles analisam as informações das funções graficamente, quais hipóteses eles levantam, como é a linguagem Matemática usada por eles no momento da atividade, a linguagem especifica de funções, como eles interagem e socializam o conhecimento matemático, e o jogo pode nos permitir ter esses indicativos para serem estudados e analisados.

Não queremos nesse trabalho enfatizar que uma atividade baseada no uso de jogos deve ser o único o método avaliativo usado pelo professor em sala de aula, mas acreditamos na potencialidade desse recurso para atingirmos nosso objetivo geral da pesquisa e para ser trabalhado com seriedade nas aulas de Matemática.

Portanto, utilizamos o jogo como instrumento avaliativo da compreensão do conceito de Função apresentada por alunos do 1º ano do Ensino Médio de uma escola pública estadual.