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O Legislativo e a Constituição de

No documento TEXTO PRONTO PAULO FIORILO (páginas 32-37)

Nesse processo de fortalecimento dos Municípios, as Câmaras Municipais também restabelecem, a partir da

12 Partido político é entendido como uma associação cujo objetivo é a conquista do

poder político através do processo democrático. Para Giovani Sartori um partido é: “qualquer agrupamento político identificado por um rótulo oficial que apresente em

Constituição Federal de 1988, suas prerrogativas, deixando de ser apenas um poder homologatório ou figurativo para desempenhar a função legislativa e fiscalizadora estabelecida pela própria Constituição da República13. Segundo Abrucio (1998 – 88), uma das mudanças mais importantes trazidas pela redemocratização do país foi o fortalecimento do Poder Legislativo dentro do sistema presidencialista. A CF de 1988 consolidou legalmente essa mudança, tornando o Legislativo, por um lado, locus das decisões terminativas do sistema político e, por outro, aumentando seu poder de fiscalizar o Executivo.

A função principal do Poder Legislativo é a elaboração e aprovação de leis, além de tratar de assuntos da competência do Estado nas matérias administrativas, tributárias e financeiras, exercendo seu papel fiscalizador, de acordo com a Constituição Federal. Segundo Cláudio Gonçalves Couto (1998-58), a partir de 1988 o Legislativo ganhou mais poder, passando a ter capacidade decisória em muitas questões que antes lhe eram vedadas, como a modificação da Lei Orçamentária. Também foram extintos os mecanismos do decurso de prazo e do decreto-lei, de modo que o Executivo passou a depender do Parlamento para a aprovação de inúmeras medidas necessárias para a condução do governo.

Essas modificações refletem diretamente no papel que o Legislativo passa a ter a partir da Constituição de 1988, conquistando maior autonomia com o fim dos Atos Institucionais e com o restabelecimento de algumas de suas prerrogativas, deixando de ser apenas uma instância homologatória e figurativa. A nova Constituição permite ao Legislativo contribuir com a formulação de políticas públicas, no processo orçamentário e no controle das finanças públicas, atribuindo ao legislador um papel relevante no processo político.

No entanto, se a Constituição de 1988 por um lado ampliou a autonomia dos entes federados 14, atribuindo ao Poder Legislativo co-responsabilidade nas principais iniciativas de governo, por outro manteve os amplos poderes de agenda do executivo. Segundo Santos (2000-113), se é verdade que a Constituição Federal de 1988 devolve ao Legislativo algumas das prerrogativas perdidas durante o período autoritário, é também verdadeiro que vários instrumentos procedimentais em favor da Presidência foram mantidos, o que torna incerta a

14 Segundo Hely Lopes Meirelles (1998-36), a Carta Magna altera as bases institucionais

do sistema político nacional, além de “ampliar a autonomia municipal, nos aspectos político, administrativo e financeiro, dando aos municípios a prerrogativa de elaborar a

afirmação de que o Congresso teria voltado a ser locus relevante do processo decisório.

As prerrogativas dos parlamentares para iniciar o processo legislativo são muito restritas e em vários casos eles só podem se manifestar a partir das proposituras do Poder Executivo. O legislador não pode apresentar projetos sobre fixação ou modificação dos efetivos das Forças Armadas; criação de cargos, funções ou empregos públicos; organização administrativa e judiciária, orçamentária, serviços públicos e pessoal da administração dos Territórios, entre outras 15.O legislador só poderá se manifestar nesses casos quando o Poder Executivo apresentar projetos nessas áreas, ou seja, a iniciativa de legislar nesses casos é do Executivo. Esses limites normalmente empurram o legislador para o caminho das proposituras “comemorativas”, como os títulos de cidadãos, datas comemorativas ou semanas de prevenção. Para Renato Lessa (2002-11, in Lanzaro Jorge - org.), o Congresso tem baixa capacidade de agir como contrapeso institucional do Executivo, além de sua reduzida influência na formulação de políticas públicas.

Além disso, o Poder Legislativo não conta com um instrumento regimental importante para acelerar o processo legislativo nas proposituras de parlamentares: o pedido de urgência para o tramite de projetos. Esse mecanismo só está disponível para o Poder Executivo 16, que pode apressar a aprovação de seus projetos criando uma distorção temporal muito grande entre a aprovação das proposituras do parlamentar e do governo.

Portanto, é inegável a supremacia do Executivo sobre o Legislativo nas atribuições e prerrogativas legislativas, nos limites constitucionais reservados ao Poder Legislativo e nos recursos de legislar mantidos para o Poder Executivo. Segundo Figueiredo e Limongi (2001-42), no que diz respeito ao Poder Legislativo, a Constituição Federal de 1988 aprovou dois conjuntos distintos e, pode-se dizer, contraditórios de medidas. De um lado, os constituintes aprovaram uma série de medidas tendentes a fortalecer o Congresso, recuperando assim os poderes subtraídos do Legislativo ao longo do período militar. De outro lado, a Constituição manteve muitos dos poderes legislativos de que foi dotado o Poder Executivo ao longo do período autoritário, visto que não se revogaram muitas das prerrogativas que lhe permitiram dirigir o processo legislativo durante o regime militar.

Em suma, a Constituição Federal de 1988 manteve importantes prerrogativas legislativas para o Poder Executivo, resquícios do regime militar, estabelecendo prioridades de legislar em áreas fundamentais para a administração. Essas prerrogativas garantem ao Executivo um forte poder de agenda e interferência na condução do processo legislativo por um lado e, por outro, encontram um Poder Legislativo revigorado constitucionalmente, obrigando uma busca constante pelo equilíbrio dos poderes na produção dos outputs. Segundo Santos (2003-32), o Executivo, após expansão de sua capacidade decisória durante o domínio militar, não teve suas prerrogativas suficientemente reduzidas.

1.3 Os instrumentos para governar no presidencialismo

No documento TEXTO PRONTO PAULO FIORILO (páginas 32-37)