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4. OS LIVROS DIDÁTICOS E O ENSINO DE GRAMÁTICA NA ESCOLA DE

4.6 A organização dos livros didáticos Porta Aberta: letramento e alfabetização (1º ao 3º

4.6.1 O livro didático Porta Aberta: letramento e alfabetização– 1º ano

Para as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) da educação básica é nos anos iniciais que a criança "desenvolve a capacidade de representação, indispensável para o desenvolvimento da leitura, dos conceitos matemáticos básicos e para a compreensão da realidade que a cerca" (DCN, 2013, p. 110). Diante disso, quando a criança desenvolve a linguagem, ela também desenvolve habilidades de reconstruir pela memória as suas ações, descrevendo e planejando-as.

Nos anos iniciais, com a criança em fase de aquisição de leitura e escrita, o ensino deve estar relacionado aos usos sociais da escrita que a criança já traz do seio familiar, o que pode demandar tempo e esforço diferenciado para cada aluno da mesma faixa etária. É nessa fase que ela tem maior interação com espaços públicos, entre eles, a escola.

O primeiro livro didático de português selecionado para este estudo é o manual Porta Aberta:letramento e alfabetização-1º ano, da editora FTD, em seguida se fará um estudo dos manuais do 2º, 3º, 4º e 5º anos recebidos pela escola no ano de 2014, ambos das autoras Angiolina Bragança e Isabella Carpaneda. Neste manual, dentre tantas atividades, destacamos: o exercício 3 do texto "O caminho da escola: os símbolos e as palavras". Veja a figura:

Figura 7: Explanação sobre o cotidiano da criança e a leitura de imagens (BRAGANÇA, A.; CARPANEDA

I. Porta Aberta: letramento e alfabetização. 1º ano do ensino fundamental. São Paulo: FTD, 2011, p. 26).

Nesta figura verifica-se que a explicação dada pelas autoras sobre o contato da criança com a oralidade e a escrita, não que a mesma já não tenha tido contato com outros suportes, devem levá-la, com a ajuda do professor, a perceber que há muitas imagens presentes no nosso dia a dia e que essas imagens são chamadas de símbolos e transmitem mensagens, Piaget estudou bastante a vida e o comportamento das crianças e seu processo de raciocínio.Segundo Soares, Aroeira e Porto (2010, p. 11), baseadas neste psicólogo e filósofo suíço, "a criança é a própria construtora ativa do conhecimento, e o conhecimento é construído e desconstruído a todo momento".

Para Soares, Aroeira e Porto (2010, p. 11), a teoria piagetiana funda no desenvolvimento intelectual humano a constante interação entre o indivíduo e o mundo exterior, em um constante equilíbrio e desequilíbrio, e, quando esse equilíbrio se restabelece, tem-se uma adaptação. Esta, passa por dois processos diferentes, porém indissociáveis: assimilação e acomodação. A assimilação ocorre "quando há a incorporação dos elementos do mundo às estruturas do conhecimento" e a acomodação pode acontecer quando "alguns

objetos não se encaixem nas estruturas cognitivas em desenvolvimento, tendo que se ajustar a ação do objeto sobre suas estruturas, modificando-as, ou mesmo criando outras" (SOARES, AROEIRA &PORTO, 2010 p. 12).

Para nós, há a necessidade de explicar que o indivíduo passa por estágios de desenvolvimento que dependem das características biológicas, culturais e dos estímulos oferecidas pelos pais, pela escola e pelos espaços que frequenta (SOARES, AROEIRA &PORTO, 2010 p. 13).

Segundo Piaget, (apud SOARES, AROEIRA &PORTO, 2010 p. 13-14), no período sensório-motor, que vai de zero a 2 anos, as crianças passam por um processo de interação e desenvolvimento biológico, psicológico, afetivo e cultural, nesse período a criança constitui- se como ser independente e estabelece relações com pessoas e interage autonomamente. No período pré-operatório, que vai de 2 a 7 anos, a criança já aprende a falar e expressa seu pensamento através da linguagem verbal; ligando o signo ao símbolo, a criança começa com frases simples e vai ampliando seu vocabulário. Nesta fase a criança só pensa do seu próprio ponto de vista, não sendo capaz de colocar-se na perspectiva do outro; os momentos de brincadeiras, faz de conta e as histórias contadas ou representadas proporcionam excelentes ganhos na oralidade da criança;também é quando ela interage com um número maior de pessoas e se utiliza do artifício da linguagem (SOARES, AROEIRA &PORTO, 2010, p. 15- 16). É nessa fase que a criança de 6 e 7 anos já percebe as palavras e as letras e constrói representações aprimoradas, atribuindo significado à sua realidade, como observamos na página 29, em "As palavras e as letras" a seguir, na figura 8:

Figura 8: Explicação sobre as palavras e as letras (BRAGANÇA, A.; CARPANEDA, I. Porta Aberta:

letramento e alfabetização. 1º ano do ensino fundamental. São Paulo: FTD, 2011, p. 29).

As autoras apresentam diversos suportes onde podem ser encontradas palavras escritas, entre tantos: o jornal, a revista, o gibi, o livro de receita e o livro de literatura infantil. Nestes suportes, os alunos e os professores podem observar que um dos objetivos da leitura é fazer com que o aluno conte o que ele lê em casa e percebam que as palavras podem ser escritas com vários tipos de letras. Assim, estes podem tomar consciência do mundo em sua volta, do seu cotidiano e da escrita do nome de objetos. Para ampliar os conhecimentos dos alunos, o professor poderá pedir que tragam rótulos de casa, como na imagem abaixo:

Figura 9: Explicação sobre as palavras e as letras (BRAGANÇA, A.; CARPANEDA I. Porta Aberta:

letramento e alfabetização. 1º ano do ensino fundamental. São Paulo: FTD, 2011, p. 31).

Como informam as autoras, no momento da escrita, os alunos poderão escrever o nome de produtos e compararem com o que está escrito nas embalagens.Neste momento, será importante informar para os alunos que a escrita é feita da esquerda para a direita e de cima para baixo. Quando a criança entra no 1º ano, as suas produções escritas apresentam hipóteses diferentes em relação ao sistema de escrita, alguns grafam o nome e algumas palavras da memória, outros escrevem omitindo letras e alguns se omitem na escrita, isto constitui um desafio para o professor que deverá garantir diversas situações de escrita em que todos possam participar. Agora, será importante informar o local onde devem iniciar a escrita de cada palavra, uma embaixo da outra (não necessariamente nessa ordem) para que se possa sondar a hipótese de escrita dos alunos. Feita essa verificação, o professor poderá partir para a

apresentação do alfabeto maiúsculo e minúsculo, em letra de forma e em letra cursiva, para que os educandos possam consultá-lo e distingui-lo de outros sinais escritos.

Primeiramente, observou-se que a organização da obra destinada à criança de 6 anos, 1º ano, Bragança e Carpaneda (2013), apresenta um arranjo particular que permite ao aluno acessar e conhecer o mundo da escrita, assim como ferramentas para decifrar e empregar essa forma de linguagem. Para as autoras, o compromisso de alfabetizar, letrando, assume todas as suas nuances neste volume, que, gradativamente, mostra a realidade que será cotidiana na vida do aluno a partir de agora: a escola e o que nela se aprende. Neste volume, explora-se o ambiente escolar e, na sequência, o sistema de escrita.