• Nenhum resultado encontrado

O ministérioAjudou o vencido, porém conclamou-o ao soergui-

No documento Dias Venturosos_francisco de Assis (páginas 64-67)

mento íntimo e à vitória sobre si mesmo.

Não acusou, não condenou, nem anuiu com o crime, a devassidão, a promiscuidade moral.

Pão da vida, Ele é saúde integral, alimento de sabor eterno.

Os galileus não poderiam, naquela época, entendê-lO. O mesmo ocorre com os modernos fariseus que hoje O depreciam, que O subestimam e que, presunçosos, se es- condem nas catilinárias de palavras rebuscadas, em sofismas bem-urdidos, em falsas ciências, para não se transformarem moralmente, enquanto, jactanciosos, marcham para o tú- mulo inexoravelmente, onde despertarão para a realidade...

Jesus é o pão da vida perene.

Aqueles que souberem alimentar-se dEle, nutrir-se-ão e viverão na paz de consciência e na realização espiritual.

Nota da autora espiritual: (*) João: 6-22 a 40

Dias Venturosos

Divaldo Franco /Amélia Rodrigues

também foi à Batanéia, à Cesaréia de Filipe e atravessou a Samaria repetidamente...

Não há documentação histórica, nem apoio escri- turístico para encontrá-lo na índia, no Egito – na idade adulta – entre os essênios. Se a esses últimos visitou, foi para ensiná-los, desvelar-se-lhes...

Ele não conheceu repouso.

Raramente demorava-se no mesmo lugar.

À semelhança de uma aragem perfumada, percorreu as distâncias sem cessar.

Não havia tempo a perder.

As multidões acolhiam-nO, seguiam-nO.

A sua voz arrebatava, a sua lógica perturbava os astu- tos, que O queriam pegar em equívoco, dúbios e venais.

...E das suas mãos as energias renovavam, curando, libertando os enfermos e os infelizes.

Nunca a Terra experimentou presença igual. E não voltaria a tê-la, incorporada às demais criaturas.

Ele fazia-se semelhante a todos, e agigantava-se. Buscava apagar-se, e refulgia.

Calava, e o silêncio comovia.

Falava, e alterava o comportamento dos ouvintes. Ninguém que O encontrasse ficava-lhe indiferente, jamais O esqueceria.

Picados pelo despeito da própria inferioridade, ou O detestavam, afastando-se, ou, abrasados pelo Seu amor, se Lhe entregavam.

Indiferença é a morte da emoção, decadência da vida.

Com Jesus, não havia meio termo: aceitação ou recu- sa, entrega ou distância.

Novamente Jesus visitou Caná da Galiléia, onde dei- xara as evidências do seu ministério, sensibilizando os con- vidados presentes no casamento.

Antes da sua chegada, vieram as notícias do que reali- zara em Jerusalém, durante a festa... (*)

Ali residia um régulo, que O buscara por diferentes lugares, ansioso por encontrá-lO, pois era pai, e o seu filho estava enfermo em Cafarnaum.

Tomado de júbilo e ansiedade, foi procurá-lO, soli- citando socorro para o doente, para que Ele descesse à sua casa e curasse o jovem, que estava a morrer.

Penetrando-lhe a alma sofrida, Jesus disse-lhe: – Se não virdes milagres e prodígios não acreditareis! O homem angustiado, porém, suplicou:

– Senhor, vem, antes que o meu filho morra.

As lágrimas escorriam-lhe dos olhos em borbotões, e a voz apagava-se nas constrições do sofrimento.

O Mestre penetrou-lhe os sentimentos angustiados. Tomado de compaixão, o Mestre redarguiu-lhe com ternura:

– Vai, o teu filho vive.

Os olhos brilhavam como estrelas divinas na sua face. O homem, convencido da sua força, retirou-se, e vol- tou ao lar.

Cantavam na sua alma expectativas de alegria e de ansiedade.

Antes de chegar a casa, acercaram-se alguns servos, que lhe vieram dizer que o filho estava vivo e passava bem.

Recordando-se do diálogo com o Rabi, indagou-lhes a que hora sucedera a sua recuperação, e eles responderam:

Dias Venturosos

Divaldo Franco /Amélia Rodrigues

Aquela havia sido, exatamente, a hora em que Jesus lhe afirmara que o seu filho estava vivo. Esse admirável fe- nômeno de cura a distância foi o segundo que Jesus realizou

ao voltar da Judéia para a Galiléia.

Há volumosa necessidade de fenômenos no mundo. O homem sensorial quer ver, tocar para crer, quando, em realidade, é imperioso primeiro crer, para depois ver.

Os sentidos físicos, em razão de sua pequena capaci- dade de percepção, se enganam, perdem detalhes e profun- didades, para permanecerem na superfície.

O mais importante é sempre invisível aos olhos nus e, não raro, muito daquilo que se vê, já não existe mais na- quela forma.

Certas estrelas vistas hoje fulgurantes, desintegra- ram-se ou consumiram-se há milênios...

O maior fenômeno produzido por Jesus, e mais im- portante, é o da renovação do ser, da sua transformação mo- ral para melhor.

A integração da criatura harmonizada no equilíbrio cósmico é a sua meta.

As vestes orgânicas decompõem-se, são substituídas ou transformadas, mas o ser que as mantém é imperecível.

A mensagem essencial, profunda, é a que produz o bem eterno, impregnando de paz e de sabedoria. E ela se en- contra ínsita no amor, do qual ninguém foge para sempre.

V

Agora ele não mais se detém. Já não há silêncio. Os fenômenos multiplicam-se ali: a cura do morféti- co, a pesca maravilhosa, a recuperação do paralítico descido pelo telhado...

As multidões se avolumavam à sua volta, exigentes, sedentas.

A leviandade aplaudia os feitos e não escutava as pala- vras, que curavam por dentro, quando assimiladas e vividas. O entusiasmo cercava os seus passos, e a inveja e a malícia preparavam armadilhas.

Conjurações entre fariseus e herodianos faziam-se mais frequentes.

Desejavam matar o Idealista, porque não conseguiam apagar as ideias, deter a marcha do pensamento.

Tal é o recurso dos homens pequenos, dos pigmeus diante do gigantes.

Inimigos entre si, uniam-se contra Jesus, pois que os seus eram interesses comuns – manter a treva, aumentar a ignorância, dividir para governar.

Os acordos políticos interesseiros pareciam ameaçá-lO... A astúcia era posta em vigília para vencer a razão. O ódio crescente surgia para afogar o amor.

vãs tentativas de vitória aparecem como infelizes triunfos da ilusão.

O mundo transitório sonhava esmagar a vida perene. As ideias que Ele espalhava aos ouvidos das multidões vencem as distâncias.

Mercadores e viajantes, pastores e agricultores, prín- cipes de sinagogas, soldados vulgares e publicanos, fariseus hipócritas e sacerdotes, chegados de todo lugar desejando vê-lO, após ouvirem falar a seu respeito, escutavam os seus conceitos, com reações diferentes.

O Semeador semeava, e a semente era luz.

Jamais se apagaria essa claridade, multiplicando-se na sucessão dos tempos.

Divaldo Franco /Amélia Rodrigues

O inverno cedia lugar à primavera e esta ao verão, enquanto a Presença prosseguia outono afora, anunciando uma eterna primavera.

O reino dos Céus está dentro de vós.

Vedes o argueiro no olho do vosso próximo e não vedes a trave no vosso.

Nenhuma das ovelhas que o Pai me confiou se perderá. Ninguém entrará no reino dos Céus sem pagar a dívida ceitil por ceitil.

As virgens prudentes aguardam os noivos e poupam o azeite das suas lâmpadas, enquanto as loucas...

Prudência e loucura!

A canção incomparável estava vibrando no ar. Tempos novos surgiam que logo se instalariam. vitória da vida, em forma de ressurreição após a morte. Toda aquela trajetória Ele a planejara antes de mergu- lhar nos fluidos densos do planeta terrestre.

... E antes que Abraão fosse eu já era.

Construtor do mundo, veio, Ele próprio, caminhar e conviver com as pessoas, experimentar suas lutas e estoi- cismos, suas misérias e grandezas, suas mesquinharias e altruísmos.

A estrela brilhava no charco à noite e o Astro-Rei o beneficiava durante o dia.

Jamais será esquecido o seu ministério!

N

um intervalo das agudas perseguições, retornando da Samaria, onde falara para muitos conversos e curara com João, Pedro foi procurado por um jo- vem, que trazia o corpo coberto de pústulas nauseantes, no afã da Casa do Caminho, sempre repleta de necessitados.

Desfigurado pela inflamação da face, eram apenas os olhos miúdos que brilhavam e a voz rouca suplicando comiseração.

Quando o apóstolo se aproximou, o enfermo proster- nou-se, e exclamou:

– Homem santo de Deus!

Pedro interrompeu-o com veemência: – Sou apenas um homem impuro como tu...

– Mas podeis curar-me – choramingou o visitante em desequilíbrio – Eu acabo de ser expulso da cidade, do convívio dos sãos, em razão da lepra que me devora o corpo e a alma infeliz...

Não pôde prosseguir. Quase em convulsão, tartamu- deou:

– Tudo começou ... no templo ... no apedre... jamento... Pedro quase recuou horrorizado. Recordava-se da- queles olhos perversos, frios, e dos gritos do agitador, que Nota da autora espiritual:

(*) João: 4-43 a 54

20

No documento Dias Venturosos_francisco de Assis (páginas 64-67)