• Nenhum resultado encontrado

4. A Nova Museologia: políticas e práticas do Novo Museu

3.1. O Museu enquanto estabelecimento auxiliar de ensino

3.1.1. O Museu Technologico

Embora o Museu Tecnológico tenha sido criado pelo decreto de 1864 (ver Anexo B), em 1856 temos referência, numa carta (ver Anexo C) enviada pelo Ministério das Obras Públicas-Repartição de Contabilidade para o Diretor¸ da existência na alfândega do Porto de quatro caixas que vieram de Paris, no navio Sacramento¸ com loiças e vidros para o Museu da Escola Industrial do Porto. Pelo decreto de 20 de Dezembro de 1864, capítulo IX, artigo 41.º, p. 962, assistimos à criação, nos Institutos Industriais, dos seguintes estabelecimentos auxiliares: “1.º Uma biblioteca; 2.º Um laboratório chimico; 3.º Um gabinete de physica; 4.º Um museu technologico, compreendendo modelos, desenhos, instrumentos, diferentes produtos e materiaes e todos os objectos próprios para ilustrarem o ensino industrial; 5.º Uma oficina de instrumentos de precisão, unicamente junto ao instituto industrial de Lisboa.” Para além de serem enumerados quais os estabelecimentos auxiliares a serem criados, no artigo 42.º, p. 962 do mesmo decreto, e ainda relacionado com os museus tecnológicos dos Institutos lemos o seguinte: “todos os instrumentos com relação à industria, modelos, desenhos e mais objectos pertencentes ao estado, que não forem necessários nos estabelecimentos em que existirem serão depositados nos museus technologicos dos institutos.”

Desta forma, o objetivo destes museus era o de ilustrar o ensino industrial através da criação de uma coleção tecnológica composta por, exemplares de modelos industriais de diferentes ordens, exemplares das máquinas mais perfeitas e recentes da época, coleções de matérias-primas, e que, por sua vez, contribuíssem para facilitar a instrução das classes industriais, e auxiliar nos diversos trabalhos da indústria manufatora.

1974 Instituto Superior de Engenharia do Porto Ministério da Educação e Cultura Decreto nº 830/74. Diário do Governo nº 31/12/1974.

55 Apesar da sua importância, em 1872 o museu technologico ainda não se encontrava instalado. A questão passava sobretudo pela falta de espaço e pela necessidade de instalações condignas. Devido a estes problemas, os vários instrumentos, ferramentas e modelos encontravam-se ainda na sua maior parte em caixotes e sem catalogação. Somente em 1873 é que o museu começa a ser instalado, no local onde funcionava até então a 1ª cadeira (Aritmética, álgebra, geometria, trigonometria e desenho linear), por iniciativa do então Diretor do Instituto, apesar de este, considerar, na altura, que a sala era de acanhadas dimensões para o fim a que estava destinado. Já no ano de 1874, o museu mereceu da parte do Conselho Escolar alguma atenção especial, já que foi adquirido algum material para o museu, tendo-se continuado a empregar uma grande parte da verba autorizada para a ampliação deste estabelecimento auxiliar de ensino. Ao longo dos anos, muitos foram sendo os instrumentos adquiridos para o museu. Apesar do notório investimento neste estabelecimento, este apresentava um lento crescimento, situação explicada, não só pela falta de recursos mas, também, pela contínua falta de espaço para a sua instalação, sendo esta última causa apontada como o principal obstáculo para o seu desenvolvimento. De notar, que para além destes fatores, por vezes a verba anual dotada “para a acquisição de modelos, machinas, aparelhos e collecções dos museus technologicos, dos gabinetes de physica e de geologia, e do laboratório chimico, nos dois institutos” que rondava os “8:000$000” (Decreto de 20 de Dezembro de 1864, capítulo XI, artigo 48.º, p. 963) era utilizada para liquidar pagamentos de aquisições feitas nos anos anteriores, ou para o pagamento do aluguer das casas, iluminação, ordenados dos serventes e despesas de expediente. Estas afirmações são sustentadas pelas informações fornecidas pelo Diretor do Instituto à Direção Geral do Comércio e da Indústria, onde são quase sempre referenciadas aquisições de objetos, como é o caso da importante da coleção de modelos de cinemática, Sistema Reuleaux, adquirida em 1883. Todas estas aquisições para o museu, efetuadas quase ao longo de meio século, demonstram a preocupação que existia por parte do Instituto de passar uma ideia de modernidade e evolução de tudo o que poderia ser exposto.

Já em 1891, encontramos uma referência a um Museu e Laboratório, para o estudo de mercadorias, situação que se mantém até 1919, onde a referência a um museu enquanto estabelecimento auxiliar de ensino deixa oficialmente de existir. Várias foram as tentativas de instalação de pequenos museus ao longo dos anos por iniciativa dos próprios docentes, sendo que, por volta de 1970-71, foi apresentado ao Diretor do Instituto e por iniciativa do docente Rogério Paula do Grupo de Física, um projeto para

56 a constituição de um museu de Física localizado no próprio departamento. Já nos primeiros anos da década de 80, o museu de Física tornou-se uma realidade, acabando por ficar instalado numa das salas do departamento de Física, cuja coleção era composta por exemplares de máquinas e de modelos científico-didáticos sendo que muitos deles datados de meados do século XIX, aquando da criação da Escola Industrial do Porto. Apesar da sua criação, este museu de Física acabou por ser desmontado devido à falta de espaço para se acomodar os objetos, como também por necessidade da sala para a atividade letiva. Um último exemplo, e este mais recente, é o museu de Mineralogia, que de momento se encontra instalado no departamento de Geotécnica, sendo composto por inúmeros exemplares de rochas e minerais, entre outros materiais ligados à área. A função deste dito museu de Mineralogia é estritamente didática, uma vez que serve e apoia as aulas, sendo apenas utilizado pelos professores do departamento como complemento prático das aulas. Desta forma, este museu encontra-se fechado ao público em geral, sendo a sua entrada apenas permitida a professores do departamento, conforme já foi dito, e à equipa do Museu do ISEP, que de forma gradual tem vindo a acomodar, limpar, organizar, catalogar e inventariar o acervo do mesmo. Este é o único exemplo de um museu de departamento ainda existente no seio do ISEP, já que as restantes coleções dos diversos departamentos foram já incorporadas no Museu do ISEP.