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O papel do associativismo profissional na promoção da coesão de grupo

3. ESTUDO EMPÍRICO

3.5 O papel do associativismo profissional na promoção da coesão de grupo

Ao chegarmos à análise do papel do associativismo profissional na promoção da coesão do grupo, começamos por constatar que os profissionais entrevistados têm conhecimento da existência de Associações de Intérpretes em Portugal. No entanto, apenas uma entrevistada é de facto associada sendo que as restantes têm a consciência da importância do papel das Associações mas não são sócias, conforme ilustram os discursos.

“Não, não sou [Membro de uma Associação] (...) Por acaso não sou sócia, mas devia ser, é um facto, reconheço [hum] não calhou, não…cá está fica longe e olha sinceramente, mas é uma vergonha também me sinto envergonhada por isso” (E1);

“ Sim, de duas pelo menos. Uma no Porto que não sei o nome, e a ANAPI que é a

que está em Leiria, Coimbra uma coisa assim” (E4);

“tenho conhecimento que existe uma outra Associação a funcionar, sobretudo na zona norte que é a ATILGP. Portanto neste momento, as Associações de Intérpretes a funcionar existe a ANAPI-LG, que é a Associação Nacional e Profissional da Interpretação de Língua Gestual e a ATILGP que é Associação de Tradutores e Intérpretes de Língua Gestual Portuguesa e acho que é muito importante que existam associações que representem esta classe profissional” (E8).

“realmente é a única Associação que agora temos na nossa área aqui mais próximo, temos no Porto, mas a única que temos mais próxima é mesmo a ANAPI então é fundamental e é uma Associação que representa e que defende os nossos direitos, eu acho que sim, devemos ter e é importante ter alguém que nos represente” (E12);

Por outro lado, duas das entrevistadas fizeram-se sócias das Associações. No entanto, a uma das entrevistadas relata que o fez mas que atrasou a decisão durante muito tempo devido à história das Associações, em que no passado existiram mas não cumpriram com os objetivos pretendidos. Outra entrevistada afirma já ter sido sócia mas devido a problemas com os

50 membros da Direção não voltou a pagar cotas deixando assim automaticamente de pertencer à Associação.

“Porque já houve outras tentativas, houve mas é assim, quando a associação foi criada de inicialmente eu percebi havia um determinado objetivo e acho que acaba por ter não cumprir na totalidade o objetivo que eu tinha idealizado inicialmente… (...) Sou. Há um mês, coisa que andava a protelar há muito tempo” (E2);

“Porque eu já me inscrevi, eu já paguei cotas, já precisei de ajuda e como não tinha pago as cotas não me ajudaram a resolver um problema aqui na escola, na escola onde eu trabalho hoje e acho que isso é muito injusto e é muito mau da parte do carater das pessoas que estavam na Associação naquela altura, acho eu ou do carater da Associação não sei” (E5);

Temos também entrevistadas que conhecem o trabalho que tem vindo a ser realizado pelas Associações e consideram que o trabalho produzido até agora tem tido um impacto positivo no exercício da profissão.

“Eu acho que sim, acho que até tem conseguido, tem conseguido fazer alguma coisa por nós, pela nossa profissão” (E1);

“Sim. Vamos ver como é que as coisas correm mas eu acho que sim, neste momento, agora parece-me que a associação está no sentido cruzeiro” (E2);

“neste momento eu conheço melhor é o trabalho da ANAPI-LG que faço parte dos órgãos sociais, eu sou presidente da mesa da Assembleia e a ANAPI neste momento está envolvidíssima em diferentes projetos de debate a nível político como a nível de nova regulamentação da lei 89/99 que foi a primeira lei que criou a profissão” (E8); “Eu também sei eu sei que eles, no Porto eu não conheço muito a realidade do trabalho que eles estão a desenvolver lá em cima agora a nível do que é feito pela ANAPI apesar de eu não ser sócia tenho colegas de profissão que são sócias e que me tem dito que sim, que eles tem trabalhado” (E12);

Temos também duas entrevistadas que devido à sua participação nas Associações têm perspectivas opostas, em que uma entrevistada revela que não entende como é que são feitos os pedidos de requisição de intérpretes e que tendo sido sócia nunca foi chamada a realizar qualquer tipo de serviço. Em contrapartida outra entrevistada afirma que uma das Associações, a ATILGP, apoia os intérpretes e que a partir da criação da lista, é possível fazer uma melhor gestão das competências dos profissionais e claramente colocá-la em prática (Sousa, 2015).

“já fui sócia de uma Associação nunca recebi um convite por parte da Associação para trabalhar seja no que for e isto é outra coisa que acho muito mal, que eu não concordo porque acho que se é uma Associação e se os trabalhos são todos enviados para lá, os pedidos são feitos lá havia de haver uma divisão de trabalho

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para todos os intérpretes poderem trabalhar à parte dos seus trabalhos, de fazer outro tipo de serviços” (E5);

“ATILGP eles fazem isso, fazem avaliações das intérpretes para os diferentes contextos e dependendo dos serviços que são pedidos a ATILGP, tem uma lista com as intérpretes e vão seguindo uma a uma e se uma não puder passa a seguinte mas as intérpretes associadas vão trabalhar para a ATIGLP” (E6).

Uma entrevistada, devido à realidade da profissão, decidiu por opção não continuar a seguir carreira como intérprete de língua gestual e portanto afirma que não conhece a realidade das Associações nem o trabalho que têm vindo a desenvolver.

“Eu não sei realmente o trabalho que eles estão a fazer, se é o trabalho correto, e se estão a lutar pelos direitos dos intérpretes. Ainda bem que existe mas eu estando fora da comunidade, neste momento estando fora da comunidade não tenho noção realmente do trabalho que elas estão a fazer mas é importante que exista, neste momento não sei que tipo de trabalho que elas fazem” (E7).

Por último, é importante referir também que o facto das Associações se localizarem no Porto e em Leiria, leva a entrevistada a afirmar que a sua participação na Associação não será tão assídua devido a incompatibilidade da vida familiar e profissional. O motivo da adesão à Associação deve-se à necessidade de melhorar as condições de trabalho e confia no movimento associativo para o fazer.

“Para mim o objetivo de uma associação é além de defender os interesses dos intérpretes neste caso, dos seus profissionais é promover condições para que o seu trabalho seja, decorra, que as condições de trabalho existam. Eu sei que não é fácil… (...) associei-me agora com esse objetivo, com essa intenção de poder ajudar a contribuir para que a associação possa criar condições para verificar realmente se as condições de trabalho dos intérpretes estão a ser cumpridas” (E2).

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