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2. OBJETIVOS DO ESTUDO E OPÇÕES METODOLÓGICAS

2.2 Opções metodológicas

A investigação quantitativa e a investigação qualitativa recorrem a métodos distintos que nos permitem conduzir uma investigação. O método de investigação quantitativa, segundo Fortin et al (2009), é sem dúvida o mais conhecido dos dois métodos, caraterizando-se pela medida de variáveis e pelos resultados numéricos facilmente interpretados pelas populações ou pelos contextos. Por outro lado, o método de investigação qualitativa assenta na descrição “de modos ou de tendências e visa fornecer uma descrição e uma compreensão alargada do fenómeno” (Parse, 1996 cit in Fortin et al, 2009:27). No entanto, os autores afirmam que independentemente da abordagem adotada a finalidade da investigação é a de dar resposta a questões relacionadas com o que se pretende investigar.

Stake (2012) afirma que o que separa a investigação quantitativa da qualitativa é o tipo de conhecimento e, por isso, apresenta-nos três diferenças principais entre métodos qualitativos e quantitativos: a primeira é a distinção entre explicação e compreensão como objetivos da investigação, a segunda é a diferença entre o papel pessoal e impessoal do investigador e, por último, a diferença entre o conhecimento descoberto e o conhecimento construído. Para Stake

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(2012:55), os “investigadores quantitativos apreendem o que está a acontecer com escalas e medidas”, enquanto os “investigadores qualitativos apreendem o que está acontecer em episódios chave ou testemunhos, representam os acontecimentos com a sua interpretação direta”.

2.3 Técnicas de recolha de dados

Durante o processo de recolha de dados existem várias técnicas que podem ser utilizadas como por exemplo a recolha documental, a observação, a entrevista ou o questionário que, por norma, são os mais utilizados.

A entrevista é considerada uma forma de interação social, que ocorre entre duas ou mais pessoas em que o investigador apresenta uma serie de perguntas com o intuito de obter dados para a sua investigação sendo que uma das partes coleta dados e a outra apresenta-se como fonte de informação (Bardin, 2011). O objetivo da entrevista na investigação qualitativa é compreender o tema que se encontra em estudo, sendo o que se procura a diversidade dos sujeitos e não a homogeneidade (Guerra, 2010 cit in Dias, 2015).

No presente trabalho irá ser utilizada como técnica de recolha de informação a entrevista semi- directiva ou semi-dirigida (Quivy e Campenhoudt, 2008) uma vez que permite ao investigador efetuar um conjunto de perguntas-guia, que, por norma, são abertas para que possa compreender os aspetos que influenciam os vários interlocutores que facultam a informação sobre a situação que está a ser investigada (cf. Apêndice I e II). Será utilizada a recolha documental para suportar algumas análises no que respeita a dimensões factuais do estudo permitindo alguma triangulação de fontes.

Através da entrevista procuramos conseguir obter respostas relacionadas com o porquê, como, quando, entre outras, que nos permitam adquirir um conhecimento da realidade dos intérpretes de língua gestual portuguesa, a entrevistar, principalmente entender o modo como se posicionam na profissão, a perceção que têm das mesmas e a importância das associações na sua vida profissional. Para além das entrevistas, foram também utilizados como técnicas de recolha de dados, a leitura e a análise de documentos relacionados com a problemática do estudo e assume uma importância fundamental para a compreensão dos dados recolhidos e para a interpretação dos resultados.

A flexibilidade da entrevista torna-se numa vantagem para o entrevistador, visto que poderá moldar a conversa, em prol da sua investigação, para que possa aproveitar o máximo do conhecimento do informante e enriquecer a investigação. Quivy e Campenhoudt (2008) referem que a entrevista permite uma maior profundidade dos elementos de análise e flexibilidade em recolher os testemunhos e interpretações. Na mesma perspetiva Marconi e Lakatos (2003) defendem que a flexibilidade permite ao entrevistador repetir ou esclarecer perguntas, formular de maneira diferente ou especificar algum significado.

Em contrapartida, a entrevista semi-directiva apresenta também algumas limitações, em que, segundo Quivy e Campenhoudt (2008), a informação não fica totalmente acessível devido à

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elevada flexibilização do método, fazendo com que a espontaneidade e neutralidade do entrevistado sejam colocadas em questão. Para Bardin (2011:91), o resultado final “será uma abstração incapaz de transmitir o essencial das significações produzidas pelas pessoas, deixando escapar o latente, o original, o estrutural, o contextual”.

No que se refere à recolha documental, Quivy e Campenhoudt (2008) consideram que o investigador recolhe documentos para os estudar por si próprios ou porque espera encontrar informações uteis para estudar outro objeto os quais poderão ser documentos manuscritos, impressos ou audiovisuais, oficiais ou privados, pessoais ou de algum organismo, contendo números ou texto. A recolha documental é constituída pela apreciação de materiais que ainda não receberam especial atenção ou que ainda podem ser reexaminados com vistas a uma interpretação nova ou complementar. Esta técnica de recolha de informação poderá oferecer uma base útil para a investigação em curso, possibilitando assim ao investigador um complemento importante.

Segundo Gil (2008), a recolha documental permite oferecer um conhecimento mais objetivo da realidade, e visto que as sociedades estão em constante mudança bem como as formas de relacionamento social, não basta observar as pessoas ou interroga-las acerca do seu comportamento e, por isso, é de realçar a importância das fontes documentais para detetar essas mudanças na população, na estrutura social, nas atitudes e valores sociais.

A recolha documental permite também uma obtenção de dados a baixo custo. Assim as pesquisas elaboradas a partir de dados existentes, requerem, por norma, uma quantidade bem menor de recursos humanos, materiais e financeiros e tornam-se mais viáveis. No entanto, o autor afirma que é necessário ter atenção a qualidade das fontes utilizadas, porque a utilização de dados equivocados reproduz ou amplia os erros.

A leitura de documentos oficiais, estatutos e legislação que regulam as associações e a profissão do grupo dos intérpretes de língua gestual portuguesa suportam a análise documental para este trabalho. Quanto aos estatutos e à legislação utilizada identificam os requisitos que aprovam a regulamentação do reconhecimento de funções e qualificações, que estabelecem os parâmetros de habilitação profissional para a interpretação e tradução de língua gestual portuguesa. Pretendemos portanto que com a revisão da literatura, a leitura e análise dos estatutos e da legislação relacionados com esta investigação, os dados recolhidos através das entrevistas e, posteriormente, tratados com recurso à análise de conteúdo nos venha a permitir proceder à triangulação dos resultados.

Relativamente aos procedimentos para a realização das entrevistas começámos por contactar dezasseis pessoas com base em contactos pessoais, e destes contactos em apenas doze obtivemos resposta. Posteriormente foram esses participantes que nos forneceram os outros contactos. Foi prestada informação, oral e escrita, a todos os participantes, relativa aos objetivos do estudo assim como foram garantidos o anonimato e a confidencialidade das respostas, tendo sido dado consentimento por parte dos entrevistados. As entrevistas

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realizaram-se entre março e maio de 2017, altura em que os entrevistados se encontravam em atividades letivas, o que permitiu que sete das entrevistas fossem concretizadas no local de trabalho e quatro realizadas em contexto fora do local de trabalho.

Os diversos locais em que ocorreram as entrevistas (sete em salas das escolas onde os entrevistados estão colocados, duas realizadas após o I Encontro de Intérpretes de Língua de Gestual Portuguesa, uma na sede da Associação e duas na ESE) reuniam as condições necessárias, sem ruído e sem a presença de terceiros, facilitando a gravação em registo áudio. A duração de cada entrevista variou em função do tempo que cada um dos entrevistados necessitou, sendo que a mais curta teve a duração de 9 minutos e a mais longa de 40 minutos. Para garantir o anonimato e a confidencialidade das informações prestadas pelos entrevistados procedemos à codificação de cada um com a letra E e numerados de 1 a 11 – E1, E2. E3. E4. E5, E6, E7, E8, E9, E10 e E11- respeitando a sequência das entrevistas.

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