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PARTE II – Projetos desenvolvidos

1.8. O papel do farmacêutico comunitário x

Com o intuito de implementar na população várias medidas de prevenção, bem como alertar e motivar para o desenvolvimento de atividades que ajudem a prevenir ou retardar o aparecimento da osteoporose, optei por partilhar panfletos informativos, com linguagem simples, para os utentes da farmácia. A recetividade foi bastante positiva, de facto houveram várias pessoas a levar o panfleto para ler a colocar questões sobre algumas das medidas abordadas pelo mesmo.

Para além disso, organizei uma caminhada no parque da cidade de Guimarães direcionada aos utentes da farmácia, para estimular a praticar exercício físico. Infelizmente a adesão foi muito reduzida, no entanto, fizemos a caminhada na mesma. Tendo em conta a baixa adesão na caminhada organizada na farmácia, contactei o presidente da junta da freguesia de São Mamede

xl de Negrelos para organizar junto da população da aldeia uma nova caminhada e distribuir os panfletos sobre osteoporose salientando a importância da atividade física para a prevenção da doença e desta forma foi possível alcançar um numero superior de pessoas, de faixas etárias variadas.

Ainda direcionado para os utentes da farmácia a fazer terapia para a osteoporose, como, bifosfonatos, cálcio, vitamina D, entre outros, resolvi conceber um inquérito de forma a avaliar a sua qualidade de vida atual e aconselhar pessoalmente algumas medidas a adotar. A recetividade por parte dos utentes inquiridos foi boa, a maioria dos utentes abordados aceitou e gostou de realizar o inquérito. No entanto, o número de respostas foi reduzido, uma vez que a farmácia se encontrava com dificuldades na aquisição de medicamentos e consequentemente o número de utentes era reduzido. Todavia, analisando um total de 9 inquéritos realizados a utentes na faixa etária compreendida entre 60-85 anos, pode concluir-se que efetivamente a osteoporose é uma doença limitante ao nível de tarefas simples como arrumar a casa ou vestir-se, afeta também o componente social devido às dificuldades motoras que vão surgindo com o avançar da doença e, efetivamente há um aumento de suscetibilidade para o desenvolvimento de outras patologias concomitante, tais como, a depressão e ansiedade.

Em suma, a osteoporose é uma doença restritiva, que afeta um elevado número de pessoas e infelizmente, a baixa adesão à terapêutica, seja ela convencional ou não farmacológica, leva a que estes doentes percam qualidade de vida. O farmacêutico é muitas vezes a primeira pessoa a quem os doentes se dirigem em casos de dor ou limitação física, como tal, é nossa função motivar estes doentes na adesão à terapêutica, informar sobre os efeitos adversos mais comuns e explicar que são muitas vezes transitórios e que a terapia não cura mas melhora muito a sua qualidade de vida. Para além disso é importante transmitir informação sobre todas as medidas não farmacológicas que podem implementar no seu dia-a-dia e que vão ter um impacto positivo nas suas vidas.

Considero que o meu projeto foi uma mais-valia para os utentes da farmácia, na medida em que houve uma sensibilização dos mesmos para a temática da osteoporose bem como para a prática das medidas não farmacológicas abordadas nos panfletos informativos.

xli

2.Proteção Solar

O segundo projeto desenvolvido na farmácia Horus teve como temática a proteção solar. A ideia surgiu pelo facto de se aproximar a época primaveril em que a exposição solar aumenta e consequentemente os riscos associados à mesma.

Assim sendo, o meu objetivo com este projeto é informar a população de uma faixa etária mais jovem, através de uma exposição pública sobre o tema num infantário próximo da farmácia, uma vez que estes nem sempre se apercebem dos riscos inerentes a uma exposição solar desprotegida.

2.1.A pele

A pele é o maior órgão do corpo humano e tem não só a seu cargo a proteção dos órgãos internos mas também o controle do fluxo sanguíneo, regulação térmica, proteção contra agentes do meio ambiente e ainda exerce função sensorial, sendo responsável pela sensação de calor, frio, pressão, dor e tato. Ter uma pele bonita e saudável tem não só importância fisiológica mas também estética e por esse motivo é importante que se tomem medidas desde cedo para prevenir qualquer dano.

A pele é formada por três camadas distintas entre si, nomeadamente, a epiderme, a derme e a hipoderme.

A epiderme é a camada mais externa da pele e tem na sua constituição células epiteliais designadas queratinócitos. Estas células são constantemente eliminadas e substituídas devido à constante renovação celular e são produzidas na camada basal, mais inferior, da pele e passam por processos de queratinização que origina uma camada impermeável, a camada córnea, devido à sua principal constituição em queratina. Para além destas células é possível encontrar na epiderme melanócitos que produzem melanina e conferem tonalidade à pele e células de

xlii Langerhans responsáveis pela defesa imunológica. Ainda na epiderme podemos encontrar os designados “anexos” cutâneos, sendo estes, as unhas, formadas por queratina e cuja função é a proteção das extremidades das mãos e pés; os pêlos, que se encontram em quase toda a superfície cutânea e que sofrem processo de renovação; as glândulas sudoríparas responsáveis pela produção de suor e regulação da superfície corporal; e glândulas sebáceas responsáveis pela produção de sebo e oleosidade da pele [40].

A derme está localizada entre a epiderme e a hipoderme e tem como função conferir elasticidade e resistência à pele. Na sua constituição tem tecido conjuntivo, nomeadamente fibras de colagénio, vasos sanguíneos e linfáticos, nervos e terminações nervosas. Tal como a epiderme contém também glândulas sebáceas e sudoríparas. Em suma, esta camada de pele é responsável pela regulação da temperatura corporal, tato, produção de oleosidade e pêlos e irrigação da pele. A camada mais interna da pele é designada de hipoderme e é constituída por tecido conjuntivo que rodeiam os adipócitos e a sua função é controlar a temperatura corporal e proteger os músculos e ossos contra choques e quedas através da produção de gordura subcutânea e fazer a ligação entre a derme e os músculos e ossos [40].

2.2.O Sol e a pele

As radiações solares são essenciais para a sobrevivência da vida na Terra, uma vez que está envolvida em variados processos como a fotossíntese que produz o oxigénio essencial à vida humana, promove na população uma sensação de bem-estar e contribui para a produção de vitamina D no organismo. A radiação que atinge a superfície terrestre é constituída por cerca de 95% de raios ultravioleta (UVA) e 5% de raios ultravioleta (UVB) [41].

A pele é o órgão que está diretamente exposto à radiação solar e dessa forma é também aquele que sofre mais sequelas. Uma exposição continuada e desprotegida a grandes quantidades de radiação UV pode originar eritema e queimaduras, uma vez que o sol provoca vasodilatação e aumento do volume sanguíneo a nível da derme. Fatores como o tipo de pele (representado na tabela 2), a espessura, a quantidade de melanina produzida na epiderme e intensidade de radiação podem determinar a gravidade do eritema, estando este dependente de cada individuo [41].

Tabela 3- Tipos de pele, adaptado de [41].

Tipo de pele Caracterização quanto à pigmentação e capacidade de formação de eritema

I Sofre facilmente queimaduras e nunca bronzeia;

xliii

II Sofre facilmente queimaduras e bronzeia minimamente;

III Sofre moderadamente queimaduras e bronzeia gradual e uniformemente; IV Sofre queimaduras mínimas e bronzeia

facilmente;

V Raramente queima, bronzeia intensamente; V Nunca se queima e produz muita melanina

(raça negra).

O bronzeado é uma resposta protetora da pele à exposição solar. Após exposição à radiação UVA e visível ocorre oxidação da melanina presente na epiderme e a pele começa a escurecer ao fim de algumas horas, no entanto, um bronzeado mais prolongado surge ao fim de 2-3 dias e pode durar semanas ou meses e é resultado de nova melanina que é formada após exposição à radiação UVB. De acordo com estudos recentes o bronzeado poderá ser evidencia de que houve um dano no DNA na pele [41].

O fotoenvelhecimento é outra das consequências mais temidas pela população após exposição prolongada e desprotegida à radiação solar, este é caracterizado por alterações dos componentes das células e da matriz extracelular em que há acumulação desorganizada de elastina e fibrina e perda acentuada de colagénio. Uma exposição desprotegida a raios UV promove a produção de espécies reativas de oxigénio que levam a progressivos danos no DNA das células estaminais epidérmicas que perdem a sua capacidade de “autorrenovação” o que conduz à perda de elasticidade da pele, flacidez, rugas profundas e despigmentação ou hiperpigmentação de algumas zonas da pele [41,42].

A sequela mais grave da exposição solar é a estimulação do fenómeno de carcinogénese. A radiação UVB é genotóxica e quando absorvida através da pele pode causar danos diretos no DNA das células, que se não tiverem capacidade de reparação dos mesmos, pode dar origem a mutações nas células epidérmicas contribuindo assim para o aparecimento de cancro na pele. Por outro lado, a radiação UVA é capaz de penetrar mais profundamente a pele atingindo a camada basal da epiderme e os fibroblastos e provocando danos oxidativos e aumentando a propensão de ocorrência de mutações nas células da pele [41, 43]. Existem diferentes tipos de cancro de pele, entre eles, o cancro de células basais e de células escamosas da pele, mais conhecidos por cancros não-melanoma, que são cancros que raramente formam metástases e que respondem razoavelmente bem ao tratamento standard; por outro lado, o melanoma é um cancro mais

xliv agressivo, que pode formar metástases quando não diagnosticado atempadamente e cujo número de casos tem vindo a aumentar nos últimos anos, bem como o número de mortes pela doença [41, 43, 44]. Vários estudos comprovam que o aparecimento de melanoma é diretamente proporcional à exposição solar precoce, particularmente, durante o período de infância e adolescência e daí a importância de sensibilizar e consciencializar a população desta faixa etária para esta temática da proteção solar.

2.3.Protetor solar

Os protetores solares são produtos constituídos por diversos ingredientes que previnem o contacto da radiação UV com a pele. O nível de proteção varia consoante o nível do fator de proteção solar (FPS), que se caracteriza por uma medida da capacidade dos protetores solares de proteger a pele dos danos causados pela radiação UVB. Os protetores solares com maior FPS apresentam uma proteção mais duradoura. Um exemplo prático que permite perceber melhor o funcionamento do FPS é: se numa pele que geralmente demora 30 minutos a ficar vermelha usarmos protetor com FPS 15, esta demorará 15 vezes mais tempo até adquirir tonalidade vermelha, ou seja, em vez de 30 minutos demoraria 450 minutos (cerca de 7,5 horas) [45].

Os principais constituintes dos protetores solares são derivados de PABA, salicilatos, cinamatos para a absorção da radiação solar UVB e benzofenonas, dióxido de titânio, ou óxido de zinco para proteção contra a radiação UVA [45].

Embora os protetores solares sejam muito eficazes na filtração da radiação solar, não há nenhum que a consiga filtrar por completo, no entanto, há um aumento da percentagem de radiação filtrada proporcional ao FPS, por exemplo, um protetor com FPS 15 filtra cerca de 93%

Figura 12 - Lesão típica de carcinoma das células basais,

adaptado de [40].

Figura 13- Lesão típica de carcinoma das células escamosas,

adaptado de [40].

Figura 14 - Lesão típica de melanoma, adaptado de [40].

xlv da radiação, por outro lado um protetor com FPS 50 filtra cerca de 98% da radiação. As diferenças de percentagem não são aparentemente significativas, no entanto, pessoas com peles sensíveis e claras e com historial de cancro na família devem usar sempre protetor FPS 50. De salientar que, independentemente do FPS do protetor solar aplicado, este deve ser reaplicado ao fim de 2 horas [45].

2.4.Medidas preventivas

O sol é importante para a sobrevivência humana, no entanto, é também um perigo para a saúde pública. Como tal, é importante adotar medidas preventivas que garantam a segurança aquando da exposição solar. Primeiramente é importante perceber que a exposição aos raios UV acontece não só na época de verão e na praia, mas também, durante o inverno e durante a exposição ao ar livre, logo, deverá ser aplicado o protetor solar durante todo o ano; durante o verão, a exposição deve ser ainda mais cuidadosa e evitando as horas de maior calor, entre as 12h00 e as 16h00; usar sempre chapéu, camisa ou t-shirt de cor escura e óculos de sol; praticar uma exposição solar gradual para que a pele possa adaptar-se gradualmente; 30 minutos antes de ir para a praia ou piscina, mesmo quando o tempo está nublado, aplicar um creme protetor com um fator de proteção no mínimo de 30 e renovar as aplicações de 2 em 2 horas e após o banho, mesmo que o protetor seja à prova de água; evitar queimaduras solares e escaldões; avaliar e vigiar a pele para possíveis alterações na sua aparência; manter os bebés protegidos do sol, uma vez que uma queimadura na infância duplica o risco de desenvolver cancro de pele; aumentar o aporte de fruta, legumes e água para manutenção do equilíbrio do organismo [46,47].

2.5.O papel do farmacêutico comunitário

O papel do farmacêutico é muito importante nesta área uma vez que são os profissionais de saúde mais procurados para aconselhamento nesta área e é sua função a promoção da proteção solar e promoção das medidas anteriormente mencionadas junto da população em geral, no entanto, nem sempre é fácil para o farmacêutico comunitário chegar às crianças e o meu projeto consiste em ajudar esta faixa etária a entender o quão importante é a prevenção.

Para tal, realizei uma apresentação expositiva, num infantário próximo da farmácia, destinado a crianças na faixa etária dos 4 aos 5 anos, recorrendo a uma linguagem simples e adequada, e em que o principal objetivo foi alertar para os perigos da exposição solar e as medidas que podem tomar para se protegerem. No final da apresentação, distribui uns jogos

xlvi alusivos ao tema, gentilmente cedidos pela Bioderma®, para cativar as crianças para a

temática abordada.

Ao longo da apresentação coloquei questões para torna-la mais interativa e interessante e a participação por parte dos alunos foi enérgica e a recetividade ao tema foi também muito positiva. De facto, já havia algum conhecimento nesta área, uma vez que era abordado no infantário, no entanto, as crianças admitiram que por vezes havia um descuido por parte dos pais quanto à proteção solar.

Considero que a elaboração deste projeto foi vantajosa tanto para as crianças, na medida em que passaram a conhecer as várias medidas de prevenção a adotar aquando da exposição solar para evitar doenças de pele um dia mais tarde. Como para mim, como futura farmacêutica, uma vez que permitiu um aprofundamento maior do tema e consequentemente a melhoria da capacidade de prestação de um aconselhamento mais cuidado e personalizado aos utentes.

xlvii

3.Obstipação

A obstipação é uma patologia muito frequente na população e durante o período de estágio foi possível constatar que há uma grande procura por MNSRM ou suplementos alimentares disponíveis no mercado para o tratamento da mesma por parte dos utentes da FH. De facto, na maioria dos casos, os doentes não pediam aconselhamento farmacêutico sobre o tema, o que fomentou ainda mais o meu interesse pelo tema, uma vez que considero de extrema importância informar corretamente os utentes acerca desta problemática, sugerindo sempre medidas não farmacológicas a adotar para evitar o desenvolvimento da mesma.

Por consequência, resolvi inserir este tema num dos meus projetos através da distribuição de panfletos informativos com o objetivo de sensibilizar os utentes para a temática e dar a conhecer várias medidas que podem adotar em substituição dos produtos farmacêuticos.

3.1.A obstipação

A obstipação é uma patologia intestinal com elevada incidência na população e que se caracteriza por uma redução do movimento das fezes através do colon originando dificuldade de defecação persistente. A sua fisiopatologia ainda não está completamente definida e pode ter diversas etiologias.

A nível de farmácia comunitária é importante o farmacêutico ter a capacidade de diagnosticar a obstipação. Existem alguns sintomas típicos da doença que facilitam a sua deteção, nomeadamente [48]:

 Defecações infrequentes, menos de três vezes por semana;  Fezes duras ou grumosas, em pelo menos 25% das defecações;  Necessidade de esforço em pelo menos 25% das defecações;

 Recurso a manobras para facilitar a defecação, em pelo menos 25% das defecações;  Sensação de dejeção incompleta, em pelo menos 25% das defecações;

 Sensação de bloqueio anoretal, em pelo menos 25% das defecações.

Esta é uma patologia frequente e estima-se que afeta cerca de 42 milhões de pessoas nos Estados Unidos da América. Estudos comprovam que há maior incidência da patologia em indivíduos do sexo feminino e aumenta com a idade. A obstipação crónica pode afetar entre 2-27% da população mundial. Estes dados confirmam uma vez mais a importância de alertar a população para esta problemática [49,50].

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3.2.Causas

A obstipação pode ter diversas causas que se distinguem entre si, desde alterações no estilo de vida, falta de atividade física ou alimentação inadequada a disfunções neuropáticas ou miopáticas. Esta pode também ser uma consequência de problemas de evacuação, como espasmos involuntários do músculo anal [51].

As causas de obstipação podem dividir-se em dois grupos distintos, causas primárias, que incluem distúrbios funcionais do organismo e causas secundárias, resultantes de patologias cuja sintomatologia é a obstipação [51,52].

As causas primárias podem ser trânsito intestinal lento, que resulta de uma deficiente atividade motora do colon e um atrasado na defecação; outra causa comum é a disfunção do pavimento pélvico, que resulta num anormal funcionamento do esfíncter anal aumentando desta forma a resistência ao fenómeno de defecação e contribuindo para a obstipação; outra causa comum é a síndrome do intestino irritável, existe uma percentagem destes doentes que apresentam atrasos no trânsito intestinal resultando em obstipação [51,52].

As causas secundárias são, na maioria dos casos, patologias cuja sintomatologia envolvida é a obstipação. Estas podem dividir-se em categorias, tais como, fármacos, nomeadamente, anticolinérgicos, antidepressivos, analgésicos opioides, antihipertensores, entre outros; distúrbios neuropáticos e miopáticos como por exemplo, a diabetes mellitus, doenças autoimunes, amiloidose, entre outras; de origem idiopática, devido a paralisias motoras, doença de Parkinson ou enfartes; e pode também estar associado a outras condições, alguns exemplos são a anorexia, desidratação, dieta pobre em fibras, hiperglicemia, sedentarismo, gravidez e hipotiroidismo [51,52].

Para um aconselhamento correto e profissional por parte dos farmacêuticos é necessário um conhecimento alargado sobre as possíveis causas da obstipação, para tal, é necessário colocar as questões pertinentes de modo a obter o máximo de informação possível sobre o utente.

3.3.Medidas não farmacológicas

A abordagem inicial mais indicada para o tratamento da obstipação é a adoção de várias medidas higieno-dietéticas que permitam regular a atividade intestinal, evitando o aparecimento da doença e as complicações associadas à mesma.

O aumento do aporte de fibras na dieta é uma das medidas mais importantes a tomar. As fibras tem a capacidade de absorver água, o que confere às fezes maior volume e maleabilidade, permitindo que haja um aumento da velocidade do trânsito intestinal. É recomendado que um adulto ingira diariamente entre 22 a 34 g de fibra, no entanto é de salientar que os efeitos só serão

xlix percetíveis ao fim de cerca de 4 semanas e que tem que haver simultaneamente um aumento da ingestão de água [53,54]. Em doentes cuja etiologia da obstipação é o trânsito intestinal lento, a ingestão de grandes quantidades de fibra pode provocar dores abdominais e flatulência. Os alimentos com maior quantidade de fibra são os feijões, cereais, pão, alguma fruta como maçã, pêra e framboesas, e ainda alguns vegetais, como a batata-doce, abóbora, brócolos e legumes verdes [55,56].

A prática de atividade física, principalmente aeróbia, como caminhadas, corrida ou natação, tem também um papel importante na prevenção da obstipação. Embora não existam estudos científicos que comprovem que o aumento da atividade física aumenta a motilidade gástrica, estudos epidemiológicos indicam que o sedentarismo é um dos fatores de risco para o desenvolvimento de obstipação, assim sendo, o aumento da atividade física será importante na prevenção desta patologia [53, 57].

Outra das medidas importantes a adotar por um doente com frequentes crises de obstipação é a criação de hábitos de defecação. Está comprovado que as pessoas com padrão regular de defecação têm menor tendência a desenvolver obstipação. Para tal os indivíduos têm que tentar defecar todas as manhãs ou 30 minutos após as refeições, período do dia em que os movimentos intestinais são mais intensos, e desta forma criar uma rotina de defecação [53].

A terapia de biofeedback é útil para doentes que sofreram uma contração inapropriada dos músculos do pavimento pélvico e do esfíncter anal aquando da defecação. Este tratamento

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